Por que consumir alimentos orgânicos?

A agricultura orgânica visa principalmente produzir alimentos saudáveis e proteger o meio ambiente, uma vez que não usa insumos químicos como fertilizantes e agrotóxicos, além de sementes modificadas e mecanização intensa.

A ideia da agricultura orgânica surge em oposição aos modelos convencionais, que são conhecidos por poluir cursos d’água, esgotar os nutrientes do solo, não oferecer condições de trabalho justas e salários dignos aos trabalhadores e, por fim, produzir alimentos que não fazem bem ao organismo humano.

Os alimentos orgânicos não se resumem apenas a agricultura, mas também fazem parte na pecuária, de modo que os animais não recebem hormônios.

O foco da agricultura orgânica não é a quantidade de alimentos, mas sim, a qualidade deles.

Geralmente possuem mais vitaminas, minerais e antioxidantes do que os convencionais. Ou seja, a agricultura orgânica preza muito pela saúde dos consumidores.

Para exemplificar, podemos citar menos gorduras saturadas no gado orgânico, maior nível de ômega-3 em frango orgânico, acréscimo de 29% de magnésio em vegetais orgânicos e aumento de resveratrol em vinhos orgânicos. Como você pode perceber, esses alimentos são mais saudáveis, e assim contribuem para a prevenção de doenças (inclusive o câncer) e fortalecem o sistema imunológico.

Ao eliminar o uso de agrotóxicos, o agricultor tem economia financeira. A agricultura convencional faz um forte uso de máquinas, que acabam substituindo o trabalho humano.

Portanto, a agricultura orgânica também tem o benefício de empregar muitos trabalhadores, e muitas vezes é praticada por famílias.

A desvantagem é que para produzir alimentos nesse modelo, os custos são mais elevados, e o preço final dos alimentos nos mercados e feiras acaba ficando mais caro também, podendo ficar até 40% mais caro. Mas de uma forma geral, os alimentos orgânicos não são acessíveis a boa parte da população.

O Brasil é um dos países que mais usa agrotóxicos no mundo. Muitas substâncias proibidas em diversos países são permitidas por aqui. Por outro lado, a produção orgânica vem crescendo no país. Atualmente, existem cerca de 15 mil propriedades certificadas e alguns estados que se destacam são Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Além dos produtores que cultivam para vender, também vêm crescendo o número de pessoas que cultivam alimentos orgânicos dentro de casa para o consumo próprio.

O cultivo pode acontecer em quintais ou até mesmo no interior da residência, sob a forma de um jardim vertical, por exemplo.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Como economizar água e manter a produtividade nas plantações

O tema da irrigação nas lavouras merece atenção, pois 70% da água potável utilizada no mundo é pela agricultura.

Você sabia que se a agricultura economizasse 10% de água isso seria suficiente para abastecer duas vezes a população mundial?

Felizmente é possível economizar água e ao mesmo tempo manter a produtividade nas plantações.

É muito comum que haja desperdício ou então carência do recurso na agricultura. Ou seja, algumas plantações sofrem com estiagens, enquanto outras desperdiçam muita água. A irrigação adequada também é importante para render boas colheitas.

É importante captar e usar água das chuvas para irrigar as plantações. A água da chuva é rica em nutrientes benéficos para as plantas. Por exemplo, é rica em nitrogênio, que é um nutriente essencial para o desenvolvimento das plantas. Uma técnica é a instalação de cisternas para captar a água que cai nos telhados da propriedade. Assim o produtor pode economizar com abastecimento. A água das chuvas também pode ser usada para lavar máquinas.

Cada espécie de planta possui uma necessidade de irrigação, algumas necessitam mais, outras menos.

Por isso é importante ter esse conhecimento. Por exemplo, cactos e suculentas conseguem se desenvolver com pouca água, enquanto plantas tropicais e de folhas largas necessitam de mais.

Além das características das plantas, outros fatores determinam a quantidade de regas.

Por exemplo, em dias mais quentes a água tende a evaporar, sendo necessário regar mais.

Plantas em épocas de floração necessitam de mais água do que em épocas de dormência. Solos argilosos retêm mais água do que os arenosos.

Uma boa técnica para economizar água na agricultura e usá-la de forma eficiente é a irrigação por gotejamento. Tubos com pequenos furos são instalados de modo que esses furos fiquem bem próximos às raízes das plantas, aplicando apenas algumas gotas. Assim é possível economizar até 60% de água.

A irrigação em excesso pode encharcar o solo e prejudicar as plantas. A oferta de oxigênio para as plantas pode ficar reduzida e as raízes podem ser sufocadas.

Existem sensores de umidade do solo que indicam quando as plantas estão precisando de mais água. O uso de telas para sombrear as plantas pode reduzir a evaporação da água no solo.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Conheça os incríveis benefícios do adubo orgânico

O adubo orgânico é produzido a partir da compostagem. A compostagem é uma técnica que transforma resíduos de origem animal e vegetal em adubo. É uma alternativa barata para os agricultores. Além do adubo orgânico fertilizar o solo, pelo fato de ser produzido a partir de resíduos vegetais e animais, evita que esses resíduos sejam destinados a aterros sanitários e lixões, onde produzem gás metano e chorume, que possuem graves impactos ambientais.

O adubo orgânico serve principalmente para fornecer nutrientes às plantas. Serve também para corrigir, conservar e recuperar a fertilidade do solo.

Além dos macronutrientes fósforo, potássio e nitrogênio, também fornece micronutrientes como cálcio, magnésio e enxofre. Pode ser aplicado em qualquer cultura e o ideal é que seja adicionado após uma análise de solo, pois assim é possível identificar quais nutrientes estão mais em falta e escolher o tipo de adubo mais adequado.

Outro tipo de adubo é o químico, que é produzido a partir da extração mineral ou refino do petróleo. Entre os tipos de adubos químicos mais conhecidos estão os carbonatos, cloretos e fosfatos.

Os adubos químicos são muito utilizados pois são absorvidos de forma mais rápida que os orgânicos, porém podem causar danos e desequilíbrio aos solos.

Também podem ser escoados pela água da irrigação, ficam disponíveis por menos tempo e os nutrientes podem ser perdidos para a atmosfera.

Quais são os benefícios do adubo orgânico?

  • Retém água no solo
  • Reduzem as oscilações de temperatura ao longo do dia, uma vez que não são bons condutores de calor
  • Melhoram a circulação de ar no interior do solo
  • Em comparação com o adubo químico, o orgânico é absorvido mais lentamente, mas possui efeitos mais duradouros e saudáveis

De uma forma geral, podemos dizer que o adubo orgânico favorece o crescimento das raízes, a floração, a frutificação e a resistência a doenças e pragas.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Como plantar e cuidar de cerejeiras com sucesso

Para plantar cerejas com sucesso, é importante entender as necessidades específicas dessa fruta. As cerejas são uma fruta delicada e requerem uma atenção especial para crescerem saudáveis e saborosas. Neste artigo, você aprenderá os passos necessários para plantar cerejas em sua própria casa e colher frutas frescas e deliciosas.

Antes de começar a plantar, é importante escolher o local certo para o seu pomar de cerejas. As cerejeiras precisam de solo bem drenado e rico em nutrientes para crescerem saudáveis.
Além disso, elas precisam de muita luz solar direta para florescer e produzir frutas.

Se você não tem um espaço adequado em seu quintal, considere plantar cerejas em vasos ou recipientes grandes. Com as técnicas adequadas, é possível cultivar cerejas mesmo em áreas urbanas.

Escolha das Mudas

Ao plantar cerejas, a escolha das mudas é um passo importante para garantir o sucesso no cultivo. Nesta seção, abordaremos alguns pontos importantes a serem considerados na escolha das mudas.

Tipos de Mudas

Existem dois tipos principais de mudas de cereja: enxertadas e produzidas por sementes. As mudas enxertadas são mais recomendadas, pois apresentam maior resistência a doenças e pragas, além de produzirem frutos de melhor qualidade e mais cedo do que as mudas produzidas por sementes.

Melhor Época para Plantio

O plantio de mudas de cereja deve ser realizado no outono ou no inverno, quando as temperaturas são mais amenas e a planta está em dormência.

Isso permite que a planta se estabeleça melhor no solo antes do início da primavera, quando ocorre a brotação e o início do crescimento.

Ao escolher as mudas de cereja, é importante observar a qualidade das raízes e da parte aérea da planta. As raízes devem estar bem desenvolvidas e saudáveis, sem sinais de podridão ou doenças. A parte aérea da planta deve apresentar um bom equilíbrio entre o sistema radicular e a copa, com ramos fortes e saudáveis.

Lembre-se de escolher mudas de cereja de variedades adequadas ao clima e ao solo da sua região, para garantir um cultivo saudável e produtivo.

Preparo do Solo

Antes de plantar cerejas, é importante preparar o solo corretamente para garantir o desenvolvimento saudável das plantas. Nesta seção, vamos discutir a análise do solo, a adubação e o pH.

Adubação e pH

Para o cultivo de cerejas, é importante que o solo tenha um pH entre 6,0 e 6,5.

Se o pH do solo estiver abaixo desse intervalo, é necessário corrigi-lo adicionando calcário ao solo. É importante lembrar que a correção do pH do solo deve ser feita com antecedência, cerca de seis meses antes do plantio.

Além disso, é importante adubar o solo com fertilizantes ricos em potássio e fósforo para garantir o desenvolvimento saudável das plantas. A adubação deve ser feita com antecedência, cerca de três meses antes do plantio, para que os nutrientes possam se incorporar ao solo.

Lembre-se de seguir as recomendações específicas para o seu tipo de solo e para as variedades de cerejas que você pretende plantar. Com o preparo do solo correto, você estará dando o primeiro passo para uma colheita de cerejas saudáveis e saborosas.

Plantio

O plantio da cereja é uma etapa crucial para garantir uma boa colheita. É importante escolher um local com solo bem drenado e fértil, com pH entre 6,0 e 7,0. Além disso, é necessário escolher mudas saudáveis e com boa procedência.

Espaçamento

O espaçamento entre as mudas de cereja deve ser de 5 a 6 metros na linha e 3 a 4 metros entre as linhas. Isso garante que as plantas tenham espaço suficiente para se desenvolverem e que a colheita seja facilitada.

Irrigação

A cereja é uma fruta que necessita de um bom suprimento de água para se desenvolver bem. Durante o plantio, é importante fazer uma irrigação abundante para que as mudas se estabeleçam bem. Depois disso, é necessário manter a irrigação regular, especialmente em períodos de estiagem.

É importante lembrar que o excesso de água pode prejudicar o desenvolvimento das raízes e favorecer o aparecimento de doenças. Por isso, é recomendado fazer a irrigação de forma moderada e evitar encharcar o solo.

Com essas informações, você está pronto para realizar o plantio da cereja e garantir uma colheita saudável e abundante.

Cuidados Pós-Plantio

Após plantar suas cerejeiras, é importante tomar alguns cuidados para garantir que elas cresçam saudáveis e produzam frutos saborosos. Nesta seção, vamos falar sobre a poda e o controle de pragas.

Controle de Pragas

As cerejeiras podem ser afetadas por diversas pragas, como pulgões, cochonilhas e ácaros. Para evitar infestações, é importante manter suas árvores saudáveis e bem nutridas. Além disso, você pode utilizar produtos naturais, como óleo de neem e sabão de potássio, para controlar as pragas.

Outra técnica eficaz é a utilização de armadilhas adesivas para capturar insetos voadores, como moscas-das-frutas. As armadilhas devem ser colocadas próximo às cerejeiras e trocadas regularmente.

Lembre-se de sempre seguir as instruções dos produtos utilizados e não exagerar nas doses. Com esses cuidados, suas cerejeiras vão crescer saudáveis e produzir frutos deliciosos.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Silvopastura: por que devemos plantar árvores no pasto?

Os sistemas silvipastoris oferecem uma alternativa para a diversificação de rendimentos e uma abordagem mais sustentável à pecuária. Ao combinar intencionalmente a produção animal e forrageira com as árvores, este sistema contribui para o aumento da produtividade, do retorno financeiro, do aumento da diversidade biológica e da preservação dos processos ecológicos nas áreas utilizadas para a pecuária.

Os sistemas silvipastoris caracterizam-se por integrar árvores, pastagens e animais em uma mesma área, visando a obtenção de produtos e serviços a partir desses componentes. Servem como uma valiosa ferramenta de gestão da paisagem, ajudando a mitigar os impactos negativos da agricultura e a promover a conservação da biodiversidade e a estabilidade dos processos ecológicos.

Como construir um sistema silvipastoril?

Supondo que o agricultor já possua produção animal baseada em pastagens, podem ser seguidos os seguintes passos:

  1. Escolha das espécies arbóreas: As árvores proporcionam sombra aos animais durante os períodos de alto calor e oferecem oportunidades adicionais de renda para o agricultor. Eles também melhoram a biodiversidade ambiental e do solo. As árvores podem servir como segunda alternativa de rendimento, produzindo madeira ou outros produtos como frutas. Considere a mão-de-obra necessária para o cultivo de árvores e a extração de recursos. A escolha de múltiplas espécies de árvores promove a biodiversidade e um ambiente equilibrado. Sempre priorize mudas de alta qualidade.
  2. Mapeamento dos locais de plantio de árvores: Considere o posicionamento do sol, a cobertura de sombra, entre outros fatores essenciais para o manejo posterior à seleção dos locais de plantio de árvores. As árvores podem estar dispostas em fileiras simples ou duplas, em uma floresta (bosque), ou espalhadas pela pastagem.
  3. Construção de cercas: Dependendo do tamanho das mudas de árvores, das práticas de manejo dos animais e das espécies selecionadas, construa cercas ao redor das áreas de plantio de árvores para protegê-las dos animais que pastam. As cercas (eletrificadas) aumentam a probabilidade de estabelecimento bem sucedido das árvores jovens.

Apesar dos inúmeros benefícios, é fundamental considerar o custo de implementação dos sistemas silvipastoris. Embora as mudas de árvores possam ser obtidas gratuitamente, a construção de cercas acarreta um custo. Contudo, a introdução de árvores gera rendimentos adicionais, compensando estes custos iniciais ao longo do tempo.

Ao implementar um sistema silvipastoril, avaliar a compatibilidade das espécies forrageiras com a sombra. Evite cobrir todo o pasto com sombras e escolha espécies tolerantes à sombra. É importante manter partes do campo abertas (sem sombra) para que os animais possam ficar ao sol para se aquecerem nos dias frios.

Exemplos amplamente utilizados de sistemas silvipastoris incluem a integração de árvores de eucalipto plantadas em fileiras (devem ser preferidas grandes distâncias de plantio) em pastagens. Os eucaliptos funcionam como quebra-ventos e proporcionam sombra aos animais. Após a maturação, essas árvores podem ser vendidas para produção de madeira e novas mudas são plantadas no local. A diversificação de espécies de árvores, como a combinação da produção de madeira com bananeiras, proporciona múltiplas fontes de rendimento, mas requer espécies adaptadas à região.

Conclusão

Os sistemas silvipastoris aumentam a produtividade ao combinar a produção animal com o cultivo de plantas na mesma área. A inclusão de árvores nas pastagens serve como segunda fonte de rendimento, quebra-vento e sombra para os animais, ao mesmo tempo que contribui para a redução da erosão do solo, conservação da água e da umidade e diminuição da dependência de fertilizantes minerais. Se for devidamente gerido, este sistema também pode capturar e fixar carbono, abordando preocupações de sustentabilidade e emissões de dióxido de carbono.

Fonte: Portal WikiFarmer

Como compor e usar biofertilizantes com segurança e eficácia

O que é um biofertilizante?

O Biofertilizante é um adubo orgânico líquido que pode ser produzido dentro de qualquer propriedade rural, com materiais fáceis de encontrar na própria propriedade (esterco de animais e restos vegetais). Seu preparo é muito fácil e ocorre em um tempo relativamente curto, sendo ideal para complementar a fertilização com adubo.

Produzido e composto a partir de organismos vivos, é um fertilizante natural que contém os principais minerais que alimentam diretamente as plantas, aumentando a absorção de nutrientes e a biomassa radicular ao mesmo tempo em que auxilia as plantas no controle de pragas e doenças.

O biofertilizante é inofensivo ao ser humano, aos animais e ao meio ambiente em geral e é definido como: economicamente viável, ecologicamente correto, socialmente justo, culturalmente adequado, tecnologicamente adequado e cientificamente comprovado.

Assim, torna-se ideal para pequenos produtores e/ou agricultores familiares, principalmente aqueles que produzem alimentos básicos e fundamentais para consumo humano.

A utilização crescente de fertilizantes químicos e pesticidas, como motivação para o alegado aumento da produção agrícola, tem provocado uma acumulação nociva de pesticidas nos alimentos e a contaminação da água, do solo e da atmosfera, envenenando sobretudo os próprios agricultores, mas também as populações em geral. Paralelamente, destaca-se a seleção perversa de pragas resistentes e a consequente necessidade de doses maiores ou de novos produtos ainda mais tóxicos.

A crescente demanda atual por alimentos saudáveis e livres de tóxicos e a necessidade de utilização de insumos agrícolas que não tragam riscos à saúde humana, aos animais e ao meio ambiente em geral aumentaram e se constituem em uma questão premente que impulsiona mudanças significativas no setor.

Nesse contexto, os Biofertilizantes e Biopesticidas surgem mais uma vez como soluções seguras para a produção de alimentos saudáveis e proteção socioambiental.

Toxicidade do biofertilizante:

Biofertilizante pronto para uso

Os biofertilizantes, em princípio, têm baixíssima toxicidade para pessoas, animais e meio ambiente. Mesmo assim, recomenda-se não entrar em contato com a boca, nariz, ouvido e olhos e, como medida de precaução, lavá-los com água limpa se entrarem em contato com a pele. Recomenda-se prioritariamente manter as crianças afastadas quando os biofertilizantes são produzidos, manuseados, armazenados e utilizados. Adultos que estiverem manuseando biofertilizantes, mesmo que não haja contato aparente, devem lavar as mãos, braços e todo o rosto com água limpa após manusear os biofertilizantes. Se houver contato com qualquer parte do corpo, esta parte deve ser lavada com água limpa.

ATENÇÃO: Estas recomendações são apenas preventivas. Em princípio, os biofertilizantes têm baixíssima toxicidade.

Os biofertilizantes podem ser usados em qualquer cultivo, mas seu uso deve ser controlado para evitar o uso excessivo

Apesar de suas inúmeras vantagens, o uso excessivo de Biofertilizantes pode causar desequilíbrios químicos, físicos e biológicos, tornando o solo impróprio para o cultivo de determinadas espécies, da mesma forma que os fertilizantes químicos.

De qualquer forma, o agricultor deve aplicaro biofertilizante após as regas ou chuvas e nas horas mais frescas do dia.

Aplicação costeira/manual do biofertilizante

A frequência e o tempo de aplicação dependem da espécie. A melhor forma de decidir o momento da aplicação de biofertilizantes na lavoura é observando o desenvolvimento das plantas. Em geral, essas aplicações podem ser repetidas semanalmente até o segundo mês de cultivo. A partir do terceiro mês, o agricultor pode aplicá-los a cada 15 dias.

Aplicações foliares não são recomendadas durante a floração das plantas. As aplicações são recomendadas antes da floração ou após a fertilização e podem ser aplicadas em frutas em crescimento. Quando pulverizado diretamente sobre as folhas de hortaliças ou sobre frutos a serem colhidos em breve (quase maduros), deve-se permitir um mínimo de 45 dias para o consumo humano dessas matérias-primas. Mesmo assim, recomenda-se lavar legumes e frutas com uma solução de vinagre a 2% em água potável antes de consumi-los. Produtos minimamente processados com fervura, torrefação, panificação ou outros são mais seguros.

Suponha que o biofertilizante seja obtido apenas de produtos vegetais, ou seja, SEM o uso de esterco animal*. Nesse caso, os produtos vegetais crus podem ser consumidos após um período de carência de sete dias e após terem sido suficientemente lavados com água corrente limpa. No entanto, como mencionado anteriormente, o ideal é usar uma solução de vinagre a 2% para lavá-los antes do consumo.*Biofertilizante SEM esterco animal é uma alternativa viável para comunidades que rejeitam o biofertilizante com esterco animal, mas desejam praticar Agroecologia para eliminar o uso de agrotóxicos.

No caso dos biofertilizantes serem produzidos apenas com esterco animal, os prazos de carência para consumo são rígidos. Assim, em caso de dúvida ou desconfiança do agricultor: para hortaliças de consumo imediato, recomendamos apenas a FERTIRRIGAÇÃO, ou seja, a aplicação de qualquer biofertilizante diretamente no solo, diluído (Diluir 1L de biofertilizante em 05 a 10L de água limpa) em água limpa. Na forma de Fertirrigação, o biofertilizante aplicado diretamente no solo também proporciona excelente crescimento das plantas. O consórcio “SPRAYING + FERTIRRIGATION” é possível e altamente recomendado.

Em pastos: Recomenda-se um período de carência de sete dias antes que os animais residentes voltem a pastar no local de aplicação.

Sementes: Também podem ser tratadas com biofertilizante puro antes do plantio, imergindo-se na calda pura por 20 minutos. Antes da semeadura, as sementes tratadas precisam secar (em local ventilado e à sombra) antes da semeadura.

Por fim, não é recomendável aplicar toda a quantidade de biofertilizantes em uma única aplicação, pois podem ocorrer perdas de nutrientes por erosão e lixiviação.

Recomenda-se aplicá-lo até o início da colheita para cobrir as necessidades da planta ao longo das fases de crescimento. Lembre-se sempre que a dose de diluição é o que diferencia o “remédio” do veneno.

Como produzir e aplicar biofertilizantes?

Diluição básica de biofertilizantes:

Fertirrigação: Para uso direto no solo. Diluir 1 litro de biofertilizante em 0,5 a 10 litros de água limpa. Aplicar uniformemente a mistura diluída com regador manual até que se observe um contínuo molhamento superficial do solo cultivado, sem escorrimento.

Spraying: Para uso foliar. Diluir 1 litro de Biofertilizante em 10 a 20 litros de água limpa. Aplique a mistura diluída com um pulverizador costal comum banhando a planta sem escorrimento.

Produção de Biofertilizantes – Receita Completa

Ingredientes básicos:

  • Canister (tanque/lata/cilindro/barril) de 200L. Reserve um local fresco, protegido e de fácil acesso, protegido das intempéries.
  • 20 litros de estrume fresco: Preferencialmente bovino/cabra/coelho/cavalo (portanto não curtido, sendo permitida mistura ou mistura aleatória). O esterco de galinha e porco exige maiores cuidados com a saúde, por isso seu uso é evitado. Em hipótese alguma use esterco de cachorro e gato. Certifique-se de que os animais não receberam antibióticos na última semana antes da produção dos dejetos.
  • Água limpa (mínimo 200L). A qualidade da água é essencial.
  • 40L de material vegetal não processado (cortado e não triturado).

Você pode usar materiais vegetais facilmente disponíveis no local, ou seja, não necessariamente todos listados abaixo.

De fato, poderemos produzir biofertilizantes com quantidades de material vegetal que variam de 0 (zero) a 40L, e com a quantidade de esterco animal sempre mantida em 20L nos mesmos 200L de água.

Biofertilizante em preparação

Material vegetal recomendado ou aditivo vegetal:

  • Folhas verdes de vegetação nativa e/ou folhas verdes de qualquer espécie da região (exceto eucalipto);
  • Ervas daninhas residentes (inteiras);
  • Vinhas (incluindo os ramos finos);
  • Folhas de bananeira;
  • Folhas de bambu;
  • Frutos caídos (verdes, maduros, velhos) de qualquer espécie nativa da região (ou não nativa). Inflorescências também estão incluídas;
  • Cama de aviário, cama de cunicultura;
  • Cana-de-açúcar picada (incluindo folhas);
  • Plantas de mandioca picadas (incluindo folhas);
  • Cinzas de forno a lenha (máximo 1Kg e evitar restos de carvão).

MUITO IMPORTANTE: Se na propriedade do agricultor houver plantas resistentes a doenças da lavoura e que possam crescer facilmente mesmo em solos pobres, então é altamente recomendável usar suas folhas na mistura e aplicá-las como aditivo vegetal.

Modo de Preparo: Passo a Passo

  • Deposite todo o estrume fresco na botija de 200L;
  • Deposite todo o material vegetal picado logo em seguida;
  • Complete com água limpa até preencher todo o volume do canister;
  • Vire com um palito e tampe ou apenas tampe a vasilha e deixe fermentar;
  • Vire o conteúdo com um palito todos os dias até a fermentação terminar, o que levará aproximadamente 30 dias;
  • Filtrar o produto final em peneira de malha fina ou pano de algodão;
  • Engarrafar garrafas pet lavadas internamente com tampa bem vedada e armazená-las em local fresco e protegido das intempéries.

Filtragem/engarrafamento de biofertilizante

ATENÇÃO: O biofertilizante filtrado e engarrafado não deve mais entrar em contato com o ar atmosférico e pode ser armazenado por um ano, até o momento exato de seu uso no campo, quando será diluído em água limpa conforme explicado anteriormente.

NOTE: A parte sólida do biofertilizante (o material retido na peneira ou no tecido após a filtragem) também é uma excelente fonte de matéria orgânica e nutrientes para as plantas e pode ser utilizada diretamente no solo cultivado.

Por fim: O uso contínuo de biofertilizante e biofertilização ALIADO À COMPOSTAGEM permitirá que cada comunidade adapte sua produção às suas necessidades, encontrando os componentes ideais bem como suas respectivas quantidades.
Biopesticídas:

Se você deseja um biofertilizante com função de defesa natural, basta adicionar no tanque plantas inteiras (folhas, flores, frutos, raízes, cascas e caules finos) que sejam reconhecidas por suas propriedades inseticidas/bactericidas/fungicidas/nematicidas/acaricidas, etc.. Tais plantas são: tithonia, calêndula, etc, e até folhas de tabaco.

  • Para jardins, vasos de flores, hortas e hortas caseiras, recomendamos esmagar 5 dentes de alho com 5 dentes de pimenta em um litro de água.
  • Deixe a solução em repouso por 24 horas.
  • Em seguida, filtre a solução com um pano de algodão.
  • Diluir a solução filtrada em 5 litros de água e aplicar por pulverização nas plantas atacadas pelas pragas. Se o ataque da praga for muito intenso, dilua a solução com menos água. Em casos extremos, é possível aplicar a solução pura obtida imediatamente após o esmagamento do alho e da pimenta, ou aumentar a quantidade de alho e pimenta a ser esmagada.
  • Tenha cuidado para que o produto pulverizado não entre em contato com os olhos.

ATENÇÃO: Você não deve usar folhas de tabaco repetidamente porque causa dependência química. Deve ser usado apenas ocasionalmente.

Informamos também que o biofertilizante puro pode ser utilizado como auxiliar no combate a formigas e insetos mastigadores. Basta inundar os formigueiros ou ninhos de insetos com o produto puro até que fiquem totalmente encharcados de dentro para fora.

O diálogo permanente entre os produtores e a extensão rural possibilitará a resolução de todas as dúvidas de fabricação e uso, bem como de todos os assuntos correlatos.

Outros importantes aliados do agricultor para a produção sustentável de alimentos são: Controle Biológico e Associativo (Cooperativismo), que serão abordados em futuras publicações.

Fonte: Portal WikiFarmer

O que é Agricultura Sintrópica e como os agricultores podem se beneficiar

O que é a Sintropia? (e o que isso tem a ver com agricultura?)

Resumidamente, sintropia é o oposto complementar da entropia. Enquanto a entropia governa as transformações termodinâmicas que libertam energia à custa da complexidade, a sintropia governa a vida, que acumula e organiza a energia. A agricultura sintrópica se apoia nos processos cumulativos de vida (tendência sintrópica) para restaurar a fertilidade dos agroecossistemas.

O que é a Agricultura Sintrópica?

A Agricultura Sintrópica é um conjunto de princípios e práticas – criados pelo geneticista e agricultor suíço Ernst Götsch – que ajudam os agricultores a aprenderem a ler as estratégias naturais de regeneração de cada determinado local e a traduzi-las na forma de intervenções agrícolas. A Agricultura Sintrópica é uma prática que respeita e imita a natureza, tal como muitas outras práticas afirmam fazer. A diferença, porém, é que para os praticantes da Agricultura Sintrópica é bastante claro qual o aspecto natural que deve ser respeitado: a tendência da vida a acumular e organizar a energia, o que se expressa sob a forma de maior diversidade e complexidade, tal como acontece em uma floresta natural.

Principais pilares conceituais:

  • Sintropia
  • Sucessão ecológica
  • Estratificação

Práticas em destaque:

  • cobertura constante do solo tanto por matéria orgânica como por plantio em alta densidade
  • grande produção de biomassa e intenso manejo por meio de poda e/ou roçagem
  • distribuição espacial sistemática das plantas e sincronização do seu crescimento ao longo do tempo

Principais objetivos perseguidos:

  • Independência de irrigação e de insumos externos – sejam eles sintéticos ou orgânicos
  • Alta produção, biodiversa e resiliente
  • Restauração da fertilidade do solo e da saúde das plantas alcançada por meio de processos naturais
  • Autonomia do agricultor para tomar decisões adequadas à sua realidade particular, independentemente de pacotes tecnológicos ou modelos de design pré-definidos

Como organizar as plantas em um sistema sintrópico

Todo ecossistema natural equilibrado é composto por diversas plantas que crescem juntas. Nessa diversidade, existem espécies com diferentes ciclos de vida e diferentes exigências de luz ou resistência à sombra. Apesar de cada planta ter suas características específicas, elas não só crescem juntas como também estabelecem uma relação dinâmica de colaboração mútua. As espécies de crescimento rápido protegem e alimentam as de crescimento mais lento de forma que cada grupo de plantas cria condições para o aparecimento do grupo seguinte. Este é o processo natural de regeneração de florestas. A Agricultura Sintrópica traduz estas características – na sua forma, função e dinâmica – em práticas agrícolas que organizam a distribuição das plantas no espaço, tanto horizontal como verticalmente e também no tempo, de acordo com os ciclos de vida. Isto é feito de uma forma que otimiza a fotossíntese e a produção de biomassa, aumentando a fertilidade total do campo.

Os parâmetros que orientam esta organização são Sucessão e Estratificação.
Organização das Plantas no Espaço – A Estratificação

A distribuição das plantas num plantio sintrópico considera não só a ocupação horizontal, mas também os andares verticais. Cada espécie ocupa o seu próprio estrato de acordo com a posição em que ocorre em condições naturais. Existe também uma proporção ideal de ocupação de cada andar, de forma a otimizar a captação da luz solar e, portanto, a fotossíntese total da área. Imagine a copa das plantas como se fossem painéis solares. Se quiséssemos instalar diferentes painéis solares em um mesmo espaço, esta seria a maneira mais eficiente de o fazer.

As classificações por estratos e as taxas de ocupação são:

  • Emergentes (ocupação aprox. de 20%)
  • Estrato alto (ocupação aprox. de 40%)
  • Estrato médio (ocupação aprox. de 60%)
  • Estrato baixo (ocupação aprox. de 80%)
  • Estrato rasteiro (ocupação aprox. de 15-20%)

A soma das taxas de ocupação mostra que o espaço útil do campo aumenta para aproximadamente 220% devido às sobreposições entre diferentes estratos, como se pode ver na imagem abaixo (figura 1). Isto significa um melhor aproveitamento da área produtiva.

Figura 1. Ocupação dos estratos proposta por Ernst Götsch para Sistemas de Abundância. Tal distribuição aumenta a taxa de fotossíntese por área, facilita os processos termodinâmicos que resfriam e a retenção de água.

Organização das Plantas no Tempo – A Sucessão

A Sucessão na Agricultura Sintrópica acontece em etapas. O ciclo de vida das plantas é a característica fundamental para a sua classificação em: Placenta, Secundária, Clímax e Transicionais.

Passos da Sucessão:

  • Placenta (espécies anuais e bianuais)
  • Secundária (árvores e arbustos de ciclo de vida curto e médio)
  • Clímax (espécies com ciclo de vida longo)
  • Transicionais (espécies com ciclo de vida muito longo).

Cada passo da sucessão conta com uma composição completa de espécies com o seu respectivo ciclo de vida, mas esta ainda não é a história completa. Em uma perspectiva temporal mais ampla, sucessivos consórcios fazem parte de um determinado estágio de desenvolvimento dos Sistemas – estes classificados de acordo com o nível inicial de fertilidade do local. Estamos falando dos grandes passos sucessionais que Ernst Götsch classifica da seguinte maneira:

Fases de sucessão:

  • Sistemas de Colonização: fase em que não há plantas, apenas bactérias, fungos, e pequenas formas de vida)
  • Sistemas de Acumulação: fase em que aparecem as primeiras plantas rústicas, mas água e nutrientes ainda são escassos, e o ecossistema é capaz de sustentar apenas pequenos animais
  • Sistemas de Abundância: fase com um grande fluxo de água e nutrientes, e agora o ecossistema pode sustentar grandes animais e plantas mais exigentes.

Em todo o mundo, a maioria das terras agrícolas encontra-se em algum estágio dos Sistemas de Acumulação. Isto significa que, nessas condições, não podemos cultivar a grande maioria (se não todas) das nossas culturas, a menos que utilizemos muitos insumos (sejam eles de origem sintética ou orgânica). Ao invés de utilizar insumos externos, a abordagem da Agricultura Sintrópica propõe começar com as espécies adequadas para aquele estágio de fertilidade. A ideia é que com a sucessão de consórcios, acelerados por meio dos manejos, será possível acumular capital natural e ativar as dinâmicas naturais de disponibilização de nutrientes, empurrando assim o ecossistema para estágios mais avançados de fertilidade, rumo aos Sistemas de Abundância, como representado na Figura 2.

Não se trata de uma “corrida” ou uma competição. Trata-se de sincronização. A constante poda e organização da matéria orgânica são práticas chave para garantir uma constante produção de biomassa e para manter o solo coberto durante todo o ano. Isso alimenta a microvida do solo, evita o superaquecimento e o protege do impacto direto da chuva e da erosão. Essa prática também substitui a necessidade do uso de herbicidas, uma vez que a ocupação de todos os estratos e a cobertura por matéria orgânica oriunda de poda não deixam nenhum nicho para o aparecimento de plantas não desejadas.

Figura 2. Esquema de sucessão proposto por Ernst Götsch, ilustrando como acontecem, em condições naturais, os intervalos de ocupação dos consórcios sucessionais (placenta, secundária, clímax e transicionais) entre ciclos de distúrbio (clareiras). Em sistemas manejados é possível acelerar a sucessão por meio da poda e da remoção da vegetação envelhecida.

Como funciona o sistema sintrópico?

Um plantio sintrópico ideal inclui um consórcio estratificado de plantas para cada etapa sucessional (exemplos na Figura 3). Portanto, os agricultores devem identificar as espécies adequadas para preencher todas as lacunas no espaço e no tempo, com base no seu comportamento e ciclo de vida. Todos os consórcios – seja placenta, secundária, ou clímax – devem ter espécies que ocupem a maior parte dos andares: baixo, médio, alto e emergente – na taxa de ocupação acima já descrita. Idealmente, todas as espécies de todos os estratos e fases da sucessão são plantadas ao mesmo tempo, de modo a causar o mínimo de distúrbio no solo e as melhores condições para que as relações sinérgicas se estabeleçam.

Figura 3. Exemplos de espécies mediterrânicas e da Caatinga ao longo das etapas e fases de sucessão. (Desenho por Ursula Arztmann).

Por exemplo, um consórcio de placenta de rúcula ou feijão preto (estrato médio-baixo), alface (médio), brócolis (alto), e crotalária (emergente) pode ser sucedido por um consórcio de ciclo mais longo composto por melancia (baixo), cenoura (médio), tomate (alto) e milho ou girassol (emergente). Ainda é possível ir mais longe na fase da placenta com gengibre ou abacaxi (baixo), alho, inhame, pimentão (médio), mandioca (alto), mamona e/ou papaia (emergente). Após a fase de placenta, que pode demorar até 24 meses, as plantas secundárias tomam conta da área, seguindo o mesmo padrão de estratificação – por exemplo, alecrim (baixo), romã (médio), abacate (alto), e eucalipto (emergente), e assim sucessivamente até atingir o próximo consórcio de ciclo de vida mais longo.

Uso da Poda Técnica para Orquestrar Crescimentos e Acelerar Processos

A poda técnica pode ser necessária para sincronizar o crescimento e/ou produção das plantas e para estimular a produção de biomassa suficiente para manter o solo coberto durante todo o ano. Em ambientes deciduais e semideciduais, é possível incluir espécies de placenta todos os anos à medida que as árvores naturalmente perdem suas folhas. Nas florestas perenifólias, a repetição de ciclos de placenta (anuais e bianuais) é possível, embora nem sempre recomendado. Nestes casos é necessária a intervenção por meio de podas drásticas para garantir uma maior entrada de luz no sistema.

A Agrofloresta de Ernst Götsch

Antes de ficar conhecido como Agricultura Sintrópica, o trabalho de Ernst Götsch foi também descrito sob diferentes terminologias, tais como Agrofloresta Sucessional, Agrofloresta Dinâmica, e Agrofloresta Analógica Regenerativa. Especialmente na América do Sul (onde sua abordagem começou a ser disseminada nos anos 90), é possível reconhecer uma forte influência das ideias de Götsch em muitas experiências agroflorestais. Um novo impulso de difusão da agricultura sintrópica de Ernst Götsch ocorreu após 2015, quando foi lançado o mini vídeodocumentário Life in Syntropy. Desde então, a prática tem sido adotada em diferentes ecossistemas na América Latina (Bolívia, Colômbia, Chile, México), Caribe (Martinica, Ilhas Curaçao), Europa (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Grécia), África (Moçambique, Gana), e Oceania (Austrália).

Fonte: Portal WikiFarmer

O que é multi-cropping?

Multi-Cropping é o cultivo de duas ou mais culturas sucessivamente na mesma trama na mesma estação de crescimento. Os agricultores aplicam essa prática, pois sua renda é impulsionada pela segunda safra que será cultivada. Geralmente, os campos capazes de várias culturas dentro do ano são as áreas irrigadas.

Um exemplo bem-sucedido de Multi-Cropping é o cultivo do milho de maturidade precoce após a colheita de uma leguminosa, como a ervilha. O cultivo do milho se beneficia da fixação de nitrogênio da ervilha, enquanto o produtor se beneficia financeiramente dessas duas culturas. Outro exemplo de Multi-Cropping é o crescimento de vegetais folhosos após os vegetais do verão.

Fonte: Portal WikiFarmer

O que é plantio de companhia?

O plantio de companhia é uma prática agrícola, segundo a qual agricultores ou jardineiros cultivam plantas nas proximidades.

Um exemplo típico de plantio de companheiros é a combinação de feijão, milho e abóbora. Nesta técnica, o milho e o feijão são semeados nas proximidades em montes para o feijão subir no pistalo de milho, enquanto os feijões fornecem nitrogênio ao milho, graças à fixação de nitrogênio. A abóbora é semeada entre os montes para aproveitar o sombreamento, enquanto mantém a umidade do solo e compete com as ervas daninhas.

O plantio complementar promove a sustentabilidade, produzindo maior rendimento total e melhor qualidade e reduzindo as populações de pragas.

Fonte: Portal Wikifarmer

O que é o waterlogging?

O alagamento é a condição de saturação completa do solo com água e desaparecimento da fase gasosa. A saturação do solo depende da sua composição granular, da sua profundidade, da compressão a que foi submetido e da intensidade da chuva.

O desenvolvimento de condições anaeróbias causa danos às raízes, pois necessitam do oxigênio da fase gasosa para sua respiração. As raízes e toda a planta correm risco de morte se a saturação persistir. A condição adversa de excesso de água favorece o desenvolvimento de doenças nas lavouras.

Fonte: Portal Wikifarmer

Cultivando solos ricos e um planeta saudável

Os sistemas agroflorestais têm um papel crucial na conservação ambiental, especialmente quando se trata da saúde do solo e do clima. Em contraste com a agricultura convencional, que frequentemente degrada a terra, as agroflorestas promovem a regeneração natural ao incorporar árvores, arbustos e culturas em um sistema integrado.

Uma das grandes vantagens é o aumento da fertilidade do solo. As árvores em sistemas agroflorestais capturam nutrientes das camadas profundas do solo e os redistribuem para a superfície através de suas folhas e galhos em decomposição. Além disso, as raízes de diferentes espécies ajudam a reduzir a compactação do solo e promovem a infiltração de água, prevenindo a erosão.

No contexto climático, as agroflorestas são verdadeiras campeãs no sequestro de carbono. As árvores absorvem grandes quantidades de CO2, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, esses sistemas ajudam a regular a temperatura local e a umidade, criando um microclima mais ameno e favorável ao cultivo.

Ao unir produção agrícola com restauração ambiental, as agroflorestas demonstram que é possível produzir alimentos de maneira sustentável enquanto se combate a degradação ambiental e as mudanças climáticas.

Fundamentos que regeneram a natureza

A agricultura sintrópica é uma abordagem revolucionária que imita os processos naturais para promover a produção sustentável e a regeneração ambiental. Desenvolvida pelo agricultor e pesquisador Ernst Götsch, essa técnica se baseia em princípios como a sucessão natural, que respeita o ciclo de vida das plantas, e a estratificação, que organiza diferentes espécies em camadas que coexistem e se beneficiam mutuamente.

Um dos pilares da agricultura sintrópica é a utilização de plantas pioneiras e adubadoras para recuperar solos degradados. Essas plantas enriquecem o solo com nutrientes, criando condições ideais para o desenvolvimento de espécies mais exigentes. Além disso, a prática da poda constante é essencial, pois o material orgânico gerado serve como adubo natural e protege o solo contra a erosão.

Outro conceito-chave é a cooperação entre as espécies. Em vez de competir, as plantas em um sistema sintrópico colaboram para o bem-estar do ecossistema. Essa sinergia permite maior produtividade e resiliência, além de criar um habitat favorável para a fauna local.

A agricultura sintrópica vai além da produção de alimentos; é uma forma de regenerar ecossistemas e restaurar o equilíbrio ambiental. Seu impacto positivo não se limita ao meio ambiente, mas também melhora a qualidade de vida dos agricultores, tornando-a uma prática essencial para o futuro.

Cajá fresco em seu jardim: um passo a passo para o cultivo doméstico

Para plantar cajá, é importante seguir alguns passos simples, mas essenciais para garantir que a planta cresça saudável e dê frutos saborosos. Primeiramente, escolha um local adequado para plantar. O cajazeiro precisa de bastante luz solar e solo bem drenado, por isso, escolha um lugar onde ele possa receber sol pleno durante a maior parte do dia e onde a água não fique acumulada.

Ao escolher a muda de cajá, verifique se ela está saudável e sem danos. Em seguida, prepare o solo, adicionando adubo orgânico e misturando bem. Faça um buraco no solo com profundidade e largura suficientes para acomodar a muda. Coloque a muda no buraco e preencha com terra, apertando levemente para firmar.

Depois de plantar, é importante regar a muda regularmente, especialmente nos primeiros meses. Mantenha o solo sempre úmido, mas não encharcado. Com os cuidados adequados, em alguns anos você poderá desfrutar dos deliciosos frutos do cajazeiro.

Escolha do local

Ao plantar cajá, é importante escolher um local adequado para garantir o bom desenvolvimento da planta. Aqui estão algumas considerações que você deve ter em mente ao escolher o local ideal.

Tipo de solo

O cajazeiro se adapta bem a solos arenosos, argilosos ou mistos, desde que sejam bem drenados e ricos em nutrientes.

Evite solos encharcados, pois isso pode levar ao apodrecimento das raízes.

Se você não tem certeza sobre o tipo de solo em seu quintal, é recomendável fazer um teste de solo para determinar a acidez e os nutrientes presentes. Isso pode ajudá-lo a escolher as melhores práticas de adubação e irrigação.

Exposição solar

O cajazeiro prefere sol direto, mas também pode crescer em áreas parcialmente sombreadas.

Certifique-se de que o local escolhido receba pelo menos 6 horas de sol por dia. Se você mora em uma região muito quente, pode ser necessário fornecer alguma sombra para a planta durante as horas mais quentes do dia.

Além disso, evite áreas com ventos fortes e constantes, pois isso pode prejudicar o crescimento da planta. Escolha um local protegido, mas que ainda permita uma boa circulação de ar.

Adubação

Antes de plantar cajá, é importante preparar o solo com adubação orgânica. Você pode utilizar esterco de gado, aves ou suínos, ou ainda adubos orgânicos compostados. A quantidade de adubo a ser utilizada depende do tipo de solo e da idade da planta no momento do plantio.

Espaçamento e profundidade

O espaçamento ideal para o plantio de cajá é de 5 a 6 metros entre as plantas e 6 a 7 metros entre as linhas. A profundidade do plantio deve ser de cerca de 50 centímetros, para garantir que as raízes se desenvolvam adequadamente.

Irrigação inicial

Após o plantio, é importante irrigar as mudas de cajá regularmente, especialmente durante os primeiros meses.

A irrigação deve ser feita de forma a manter o solo sempre úmido, mas sem encharcá-lo. À medida que as plantas crescem, a frequência de irrigação pode ser reduzida, mas é importante continuar monitorando a umidade do solo e irrigando sempre que necessário.

Colheita e armazenamento

Para colher cajás, você deve esperar até que as frutas estejam maduras e com uma cor amarela ou laranja.

As frutas maduras são mais doces e suculentas. É importante colher os cajás com cuidado para não danificar a polpa.

Após a colheita, os cajás devem ser armazenados em local fresco e seco, protegidos da luz solar direta. As frutas podem ser mantidas por até uma semana em temperatura ambiente. Se você precisar armazenar os cajás por mais tempo, é recomendável congelá-los.

Antes de armazenar os cajás no freezer, lave-os e seque-os cuidadosamente. Em seguida, retire a polpa da fruta e coloque-a em um recipiente hermético. A polpa pode ser armazenada no freezer por até seis meses.

Lembre-se de que os cajás são frutas delicadas e devem ser manuseados com cuidado para evitar danos à polpa. Seguindo essas dicas simples, você poderá desfrutar de cajás frescos e saborosos por mais tempo.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Damasco em casa: o guia definitivo para plantio e cuidados

Plantar damasco é uma atividade gratificante e pode ser feita com sucesso em pequenos espaços. Se você está pensando em plantar damasco, é importante escolher a variedade certa e preparar o solo adequadamente. Neste artigo, vamos guiá-lo pelo processo de plantio de damasco, desde a escolha da variedade até a colheita.

Antes de começar a plantar damasco, é importante escolher a variedade que melhor se adapta ao seu clima e solo. Existem muitas variedades de damasco disponíveis, cada uma com suas próprias características. Alguns são mais resistentes a doenças e pragas, enquanto outros são mais adequados para climas quentes ou frios. Além disso, é importante escolher uma variedade que produza frutas de qualidade e saborosas.

Escolha do local

Antes de plantar damasco, é importante escolher o local adequado para garantir o bom desenvolvimento da planta e a produção de frutos saudáveis.

Tipo de solo

O damasco se adapta bem a solos profundos, bem drenados e ricos em matéria orgânica. É importante evitar solos compactados e com excesso de umidade, pois isso pode comprometer o crescimento da planta e a qualidade dos frutos.

Exposição solar

O damasco é uma planta que necessita de muita luz solar para se desenvolver bem e produzir frutos.

Portanto, escolha um local com exposição direta ao sol durante a maior parte do dia. É importante lembrar que a falta de luz solar pode afetar o crescimento da planta e reduzir a produção de frutos.

Para garantir o sucesso no cultivo do damasco, é fundamental escolher um local com solo adequado e exposição solar adequada. Com essas condições favoráveis, você poderá desfrutar de frutos saborosos e saudáveis.

Preparação do solo

Para plantar damasco, é necessário um solo bem preparado e rico em nutrientes. Antes de tudo, é importante fazer uma análise do solo para verificar seu pH e nutrientes disponíveis. Com essa informação, é possível fazer a correção do solo, se necessário.

Uma boa opção é utilizar um adubo orgânico rico em matéria orgânica, como esterco de gado ou de galinha. Além disso, é importante adicionar fósforo e potássio, que são nutrientes essenciais para o desenvolvimento das raízes e frutos.

Após a adição de adubo, é necessário preparar o solo para o plantio. Para isso, é indicado fazer sulcos com cerca de 20 cm de profundidade e espaçamento de 3 a 4 metros entre as linhas de plantio. Em seguida, é preciso nivelar o solo e compactá-lo levemente.

Uma dica importante é evitar o plantio em áreas com excesso de umidade, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das raízes e causar doenças nas plantas. Além disso, é fundamental manter o solo sempre úmido, mas sem encharcá-lo.

Com essas medidas, você estará preparando o solo de forma adequada para o plantio de damasco e garantindo um bom desenvolvimento das plantas.

Plantio

O plantio do damasco é um processo relativamente simples, mas que requer alguns cuidados para garantir o sucesso da colheita. Nesta seção, vamos abordar a época ideal e o método de plantio para que você possa cultivar damascos em sua propriedade.

Época ideal

O plantio do damasco deve ser realizado durante o outono ou inverno, quando a planta está em dormência e as temperaturas estão mais amenas.
O período ideal para o plantio é entre maio e agosto, evitando-se dias chuvosos ou muito quentes.

Método de plantio

Para plantar damascos, siga os seguintes passos:

  1. Escolha um local ensolarado e com solo bem drenado para o plantio.
  2. Prepare o solo, removendo todas as pedras, raízes e outras impurezas.
  3. Adicione adubo orgânico e misture bem com o solo.
  4. Faça um buraco com cerca de 50 cm de profundidade e 60 cm de largura.
  5. Coloque a muda de damasco no centro do buraco, tomando cuidado para não danificar as raízes.
  6. Preencha o buraco com a mistura de solo e adubo, pressionando levemente com as mãos para deixar a muda firme.
  7. Regue abundantemente após o plantio e mantenha o solo úmido nos primeiros meses.

Lembre-se de que o damasco é uma planta que requer cuidados especiais, como poda e irrigação adequadas. Com os cuidados certos, você poderá desfrutar de uma colheita abundante de damascos frescos e saborosos.

Cuidados pós-plantio

Depois de plantar seus damascos, é importante cuidar bem deles para garantir que cresçam saudáveis e fortes. Aqui estão alguns cuidados pós-plantio que você deve ter em mente:

Rega

Os damascos precisam de água regularmente para crescerem bem. Durante os primeiros anos, regue suas árvores pelo menos uma vez por semana.

Certifique-se de que o solo esteja úmido, mas não encharcado. Se você mora em uma área com clima seco, pode ser necessário regar com mais frequência.

Adubação

Os damascos precisam de nutrientes para crescerem bem. Adube suas árvores pelo menos uma vez por ano, no início da primavera.

Use um adubo orgânico de liberação lenta para fornecer nutrientes gradualmente ao longo da temporada de crescimento. Certifique-se de seguir as instruções do fabricante e não exceder a quantidade recomendada.

Com esses cuidados pós-plantio, seus damascos devem crescer fortes e saudáveis, proporcionando uma colheita abundante de frutas deliciosas.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Gergelim fresco do jardim: como plantar e colher essa semente nutritiva

Você já se perguntou como plantar gergelim? O gergelim é uma semente rica em nutrientes e é amplamente utilizada na culinária em todo o mundo. É fácil de cultivar e pode ser uma adição valiosa ao seu jardim. Neste artigo, vamos fornecer um guia passo a passo sobre como plantar gergelim em seu próprio jardim.

Antes de começar, é importante entender que o gergelim é uma planta que prefere climas quentes e secos.

É uma cultura anual que pode ser cultivada em solos bem drenados e ricos em nutrientes. Se você vive em uma área com invernos frios e úmidos, pode ser necessário cultivar gergelim em vasos em um ambiente interno controlado. Com essas informações em mente, vamos começar a explorar como plantar gergelim com sucesso.

Escolha do local

A escolha do local para plantar gergelim é muito importante para garantir uma boa colheita. Você deve procurar um local que tenha boa exposição solar e seja bem drenado.

Tipo de solo

O solo ideal para plantar gergelim é aquele que é bem drenado, fértil e rico em matéria orgânica.

É importante evitar solos muito argilosos ou muito arenosos, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das plantas.

Condições climáticas

O gergelim é uma planta que se adapta bem a diferentes condições climáticas, mas prefere climas quentes e secos. É importante evitar locais com muita umidade ou que sejam muito frios, pois isso pode afetar o desenvolvimento das plantas.

Preparo do solo e plantio

O gergelim é uma planta que se adapta bem a diferentes tipos de solo, desde que sejam bem drenados e ricos em matéria orgânica. Antes de plantar, é importante preparar o solo adequadamente para garantir uma boa colheita.

Adubação

A adubação é uma etapa crucial para o sucesso do plantio de gergelim. Recomenda-se aplicar adubo orgânico antes do plantio, misturando-o bem ao solo. É importante seguir as instruções de dosagem e aplicação do adubo para evitar danos às plantas.

Espaçamento e semeio

O espaçamento entre as plantas deve ser de aproximadamente 30 cm, e entre as linhas, de 50 cm. As sementes de gergelim devem ser semeadas a uma profundidade de 2 a 3 cm. Recomenda-se semear as sementes em sulcos, para facilitar o manejo e a colheita.

Após o plantio, é importante manter o solo úmido, mas sem encharcar. A germinação das sementes ocorre em cerca de 7 a 14 dias, dependendo das condições climáticas. Quando as plantas atingirem cerca de 10 cm de altura, é recomendado fazer o desbaste, deixando uma planta a cada 30 cm.

Cuidados pós-plantio

Após o plantio do gergelim, é importante tomar alguns cuidados para garantir um bom desenvolvimento das plantas e uma colheita satisfatória. Nesta seção, vamos abordar os principais cuidados pós-plantio que você deve ter ao cultivar gergelim.

Irrigação

A irrigação é um fator importante para o desenvolvimento do gergelim. As plantas precisam de água regularmente para crescerem bem e produzirem sementes de qualidade.

É recomendável que você faça a irrigação pelo menos uma vez por semana, dependendo das condições climáticas e do solo.

Para evitar o desperdício de água e garantir que as plantas recebam a quantidade adequada, é recomendável que você faça a irrigação pela manhã ou no final da tarde, quando a temperatura é mais amena e a evaporação é menor. Além disso, é importante evitar o encharcamento do solo, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das raízes.

Colheita e armazenamento

Após o plantio do gergelim, você precisará aguardar cerca de 90 a 110 dias para que as cápsulas das sementes comecem a amadurecer. Quando as cápsulas começarem a se abrir, é hora de colher o gergelim.

A colheita do gergelim é feita manualmente, cortando as plantas na base e deixando-as secar ao sol por alguns dias. Em seguida, as sementes são retiradas das cápsulas e colocadas em sacos de juta para serem armazenadas.

É importante armazenar o gergelim em local seco e fresco, para evitar a proliferação de fungos e insetos. As sementes também devem ser mantidas em sacos de juta ou em recipientes de vidro ou plástico bem fechados, para evitar a exposição à umidade e ao ar.

Ao armazenar o gergelim, é necessário verificar regularmente as condições de armazenamento e descartar as sementes que apresentarem sinais de deterioração, como manchas ou mau cheiro. Mantendo o gergelim adequadamente armazenado, você poderá desfrutar de suas propriedades nutricionais por um longo período.

Perguntas frequentes

Quais são as condições ideais para o cultivo do gergelim?

O gergelim cresce melhor em solos bem drenados e com pH entre 6,0 e 7,5. Ele precisa de sol pleno e água suficiente para manter o solo úmido, mas não encharcado. O gergelim é uma planta resistente à seca, mas precisa de água suficiente para germinar e crescer.

Como identificar um pé de gergelim maduro para a colheita?

O gergelim está pronto para a colheita quando as cápsulas começam a se abrir e as sementes ficam expostas. As cápsulas devem ser colhidas antes que as sementes comecem a se soltar, para evitar perdas. As sementes devem ser deixadas para secar ao sol por alguns dias antes de serem armazenadas.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Implantação de um sistema agroflorestal no semiárido para agricultura familiar

A experiencia da implantação de um sistema agroflorestal no semiárido, dentro do projeto gerenciado pela We World Brasil, intitulado Projeto Alimento no Semiárido. O projeto tem o objetivo de construir espaços educativos de experimentação, integrados à produção de alimentos e à prática de uma agricultura agroecológica e participativa, na busca da redução de vulnerabilidade às mudanças climáticas.

A implantação ocorreu na Escola Família Agrícola Dom Fragoso, criada em 2002 , no município de Independência/CE, a EFA Dom Fragoso atua em 42 comunidades e assentamentos de 12 municípios do estado do Ceará. Realiza curso técnico de nível médio integrado, presencial, com habilitação em agropecuária para jovens.

Fonte: Canal Ecoar Floresta / YouTube

 

Como podemos ajudar a floresta a se recuperar (Webinar)

Deixar as florestas se regenerarem por si só – contando com um pouco de assistência humana – em muitos casos é a forma mais eficiente de restaurar paisagens e florestas no Brasil e no mundo. Essa abordagem, conhecida como Regeneração Natural Assistida (RNA), possibilita que as pessoas usem o conhecimento local para remover barreiras e permitir que as árvores voltem a crescer naturalmente.

WRI Brasil, Imazon, ICV e Suzano lançaram o estudo “O papel da regeneração natural assistida na aceleração e no ganho de escala da restauração de florestas e paisagens”. A publicação traz estudos de casos de projetos na Amazônia, na Mata Atlântica e em outros países com florestas tropicais ao redor do mundo. A publicação mostra o potencial de acelerar o progresso da recuperação de ecossistemas de forma a atender necessidade das comunidades rurais, respeitar o meio ambiente e com bom custo-benefício.

A nota prática tem como objetivo compilar e disseminar casos potencialmente bem-sucedidos de regeneração natural assistida (RNA) em ecossistemas florestais, apontando os fatores-chave que incentivam e facilitam a sua implementação.

A abordagem da regeneração natural encontra apoio em métodos que procuram remover distúrbios ambientais causados por humanos, como o fogo e a supressão da vegetação, a fim de facilitar e acelerar esse processo de regeneração. A RNA se encontra no ponto intermediário entre a regeneração natural e os diferentes níveis de assistência, a depender do grau de intervenção a que a área foi submetida anteriormente e de sua resiliência.

Fonte: Canal WRI Brasil / YouTube

Saiba quais são os benefícios da rotação de culturas

A rotação de culturas consiste no cultivo de diferentes culturas de forma alternada em uma mesma região agrícola. O principal benefício é a conservação do solo. O que acontece é que cada espécie tem necessidades nutricionais diferentes, portanto, quando cultivadas de forma alternada, não esgotam os nutrientes do solo. Outro grande benefício dessa técnica é a menor incidência de pragas, pois os insetos costumam infestar em cultivos de monocultura.

Assim é possível não utilizar pesticidas!

Vamos agora a um bom exemplo. Suponha que o agricultor queira impulsionar o crescimento da cana-de-açúcar, e esse tipo de cultura necessita de muito nitrogênio. O feijão por sua vez adiciona muito nitrogênio ao solo, portanto, uma boa ideia é alternar o cultivo de feijão e cana-de-açúcar em uma mesma região. Como você pode perceber, as diferentes espécies de plantas interagem de formas distintas com o solo, liberando e absorvendo nutrientes específicos. Na verdade existem diversos outros fatores a serem levados em consideração na hora de escolher quais cultivos alternar, como características físicas, padrões de crescimento, épocas de colheita, etc.

Os benefícios da rotação de culturas não param por aí! Essa prática melhora a aeração do solo, aumenta a retenção de água no solo, conserva a biodiversidade, aumenta a atividade biológica do solo e evita a erosão. Quando a técnica é combinada com a adubação orgânica, os ganhos são potencializados. Essa técnica não pode ser feita de qualquer maneira, é preciso considerar aspectos como clima e condições do solo, por exemplo. A escolha da sequência das espécies a serem cultivadas requer conhecimentos técnicos. Ou seja, é necessário realizar um bom planejamento, se possível com a ajuda de um engenheiro agrônomo.

Além de ter o objetivo de conservar o solo, a escolha das espécies também deve ser pensada de acordo com os interesses comerciais dos agricultores, ou seja, não adianta fazer bem ao solo mas não ter retorno financeiro.

Muitos agricultores resistem à rotação de culturas pois muitas vezes um tipo de cultivo está dando bons lucros e assim não há intenção de mudar o cultivo.

Mas por outro lado, o fato de não depender de apenas um tipo de cultura, também faz com que o agricultor tenha menos riscos econômicos. Muitos dos benefícios da rotação de culturas são obtidos a longo prazo.

A rotação de culturas surge em contraposição à monocultura.

A monocultura consiste no cultivo de uma única cultura na mesma região por um tempo prolongado. Essa prática, a longo prazo, acarreta em degradação do solo e logo em redução da produtividade. Quando a monocultura é praticada, costuma esgotar o solo, e assim é necessário realizar desmatamento para abrir novas áreas para o plantio.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Restaurar área degradada de Terras Indígenas com agrofloresta poderia gerar R$153,3 bilhões, diz estudo

Regenerar as porções degradadas das Terras Indígenas (TIs) brasileiras com sistemas agroflorestais (SAFs) poderia gerar uma receita de R$ 153 bilhões em produtos agrícolas como frutas e legumes, afirma estudo do Instituto Escolhas publicado esta semana.

A pesquisa estima em 1,3 milhão de hectares a área de TI que, após ser invadida e prejudicada por atividades como o garimpo e a extração de madeira, não teria condições de se regenerar sozinha. O total de área degradada em áreas indígenas é de 2,4 milhões de hectares.

As TIs do Brasil ocupam pouco mais de 118 milhões de hectares e abrigam as áreas de florestas mais preservadas do país. De 1985 a 2023, estes territórios perderam menos de 1% de sua vegetação nativa, enquanto em terras privadas foram 28% de “encolhimento” das áreas naturais, apontam dados recentes da plataforma MapBiomas.

Segundo a pesquisa, a Amazônia é o bioma que se destaca pelo alto potencial de regeneração natural, abrigando 82% de toda a área com essa característica entre as terras degradadas no território brasileiro.

No Cerrado, por exemplo, a situação se inverte: 96% das áreas que podem ser restauradas em TIs nesse bioma (ou 650 mil hectares) apresentam baixo potencial de regeneração natural da vegetação, e portanto necessitam de intervenção humana, gerando custos maiores.

Segundo cálculos do instituto, a adoção de sistemas agroflorestais com foco na produção de alimentos exigiria um investimento de R$ 27,7 bilhões que gerariam R$ 153,3 bilhões de receita líquida.

Potencial de 10 toneladas em alimentos por ano

Na mesma área das TIs considerada pelo estudo, o potencial de produção de alimentos é de 317,8 milhões de toneladas ao longo de 30 anos, sendo 88% espécies perenes, como frutos in natura, polpa de frutas, amêndoas, sementes e palmitos. Apenas 12% da produção dos SAFs, ou 38 milhões de toneladas, teriam origem em culturas anuais como milho, feijão e mandioca.

“Nesse contexto, a produção média de alimentos será de 248,2 toneladas por hectare em 30 anos”, detalha a pesquisa.

Crédito de carbono

A regeneração de áreas degradadas nas TIs tem potencial também de geração de créditos de carbono. O levantamento do Instituto Escolhas afirma que, caso toda a área disponível para a recuperação nas TIs do país seja de fato recuperada, seriam removidas 798,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera em até 30 anos.

A remoção de carbono anual das TIs, com regeneração e agroflorestas, seria equivalente a mais de seis vezes a poluição de gases estufa gerada pela cidade de São Paulo no mesmo período.

Fonte: Portal Um só Planeta

Agrofloresta, sistema agroflorestal ou SAF: o que é, como funciona e qual o seu potencial de tornar a agricultura mais sustentável

A associação de dois tipos de plantas, como gramíneas e árvores, já pode ser considerada um sistema agroflorestal, embora se possa atingir complexidades muito maiores, com uma dúzia ou mesmo 30 espécies diferentes em uma única agrofloresta, apontam especialistas.

As mudanças climáticas pelas quais passa o planeta vêm impondo consequências severas à agricultura, provocadas por fenômenos extremos como tempestades, secas e inundações, por exemplo. Culturas uma vez consideradas absolutas, como café e vinho, hoje se reinventam em diferentes pontos do globo, buscando novas técnicas de plantio, manejo e comercialização de forma sustentável. Outro exemplo são as plantações de cacau.

Ao adotar um sistema agroflorestal, o produtor vai aliar árvores (que podem ser frutíferas e também de boa qualidade de madeira, por exemplo) a plantas de menor porte, como legumes, hortaliças, cereais e leguminosas. Como aponta o instituto WRI Brasil, as diferentes culturas enriquecem o solo e melhoram a qualidade dos alimentos e da água, trazendo benefícios também no viés econômico.

“Hoje, áreas extensas de monocultivo têm risco de se tornar improdutivas. Plantios como o de algodão, que demanda muita água, vão aos poucos se tornado inviáveis [como monocultura]. Então, produtores de grande escala também estão apostando em aumentar a sua biodiversidade”, afirma Márcio Armando, analista da Embrapa em Brasília com 30 anos de experiência em SAFs.

Apesar de a monocultura ter potencial produtivo inegável, a exaustão do solo e o uso insustentável de recursos naturais, principalmente a água, além da pressão do desmatamento, são alguns dos fatores apontados como características que fazem com que esta forma de produção esteja com os dias contados, afirmam especialistas.

Dentro do escopo da agricultura regenerativa, que busca preservar a saúde do solo e sua riqueza mineral, grandes marcas mundiais sinalizam investimentos de grande porte para gradualmente mudar seus métodos de produção com foco na sustentabilidade e adaptação climática.

O Brasil ocupa uma posição de protagonista neste movimento, com grande corpo de pesquisa no assunto e vasta área de cultivo. Contudo, grandes mercados como Estados Unidos e União Europeia já têm no radar as agroflorestas dentro de um repertório de soluções para a produção de alimentos e matéria-prima.

O desafio da produtividade

Talvez o maior desafio para os SAFs seja garantir a produtividade na comparação com as monoculturas. A vantagem econômica das agroflorestas está em sua diversidade, apontam especialistas. Ao planejar o plantio de espécies adequadas à região escolhida, é possível ter colheitas variadas, além da opção da madeira de qualidade fornecida pelas árvores cultivadas.

“Os sistemas agroflorestais são uma sofisticação do manejo. Você pode ter 30 espécies, com quatro potencialmente comerciais e outras fazendo a sua função no ecossistema”, observa Armando.

A Courageous Land, empresa com projetos de agricultura florestal em Roraima, Bahia e São Paulo, é especializada em levar a modalidade para a larga escala usando tecnologia para monitorar produtividade e lucratividade de forma sustentável. O CEO do escritório destaca que, além de produzir frutos, hortaliças e madeira de impacto positivo, uma propriedade com sistemas agroflorestais ainda tem potencial para lucrar no mercado de créditos de carbono.

“Uma novidade no mercado é consorciar a produção da agrofloresta com financiamento atrelado aos créditos de carbono. Este mercado surgiu para estimular projetos que sequestram carbono e não sairiam do papel sem esse incentivo. As agroflorestas dividem sua biodiversidade com a atratividade financeira do crédito de carbono”, avalia Philip Kauders, CEO e cofundador da Courageous Land.

Transformar a monocultura em uma produção sombreada, por exemplo, com pasto e eucalipto, pode ser considerado agrofloresta. Porém, mais atraente pode ser cultivar na propriedade árvores que produzam castanhas, frutas, além da madeira e da absorção de carbono. Comparado à monocultura, é possível que haja queda de produtividade, mas a sua resiliência econômica aumenta com variedade de produção, afirma Kauders.

Outro ponto observado pelo executivo é de que não é preciso radicalizar, ou ter uma “selva” para iniciar um sistema agroflorestal. Em uma plantação de soja em larga escala, por exemplo, pode-se colocar a cada 400 metros uma fileira de árvores, que já terão poder de impactar a biodiversidade de fauna e flora no local, entre outros benefícios.

Sobre o caráter socioeconômico dos SAFs, um destaque é o estímulo à geração de postos de trabalho no campo no Brasil, dada à escassez de mão de obra vivida pelo setor.

No país, a maior parte das agroflorestas hoje está em pequenas propriedades rurais. Porém, o desenvolvimento deste modelo como forma de descarbonização de grandes empresas, e da própria economia brasileira, faz com que os SAFs sejam um candidato ao título de “agricultura do futuro”.

Fonte: Portal Um só Planeta

Iniciativas de agroecologia nas cidades promovem saúde e geram renda

A prática da agricultura nas cidades, que pode ser individual ou coletiva, é bem diversa. Ela acontece tanto em espaços privados (quintais, lajes das casas, áreas cedidas por empresas ou pessoas físicas) quanto em espaços públicos (escolas, unidades básicas de saúde, canteiros centrais, parques, entre outros ambientes).

Além de ser realizada em diferentes locais, chama atenção o fato de uma única iniciativa de agricultura agroecológica na cidade poder gerar variados benefícios sociais, econômicos e ecológicos. A experiência do grupo Mulheres do Gau, que acontece há 12 anos no Bairro União de Vila Nova, região Leste de São Paulo (SP), nos ajuda a entender a relação da agricultura urbana com uma grande diversidade de atividades e temas.

O trabalho do grupo começou no início do processo de urbanização do bairro, quando alguns moradores se organizaram para dialogar com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) e reivindicar um espaço para fazer a horta. O local conseguido pelo grupo, que era destinado para descarte de entulho e lixo, foi limpo e deu lugar à horta.

“Os moradores se uniram e restauraram o espaço para poder plantar, porque antes falavam que não dava para plantar nada, devido à degradação do solo. Hoje, a gente pede para fazer exame de solo no laboratório e o resultado dá super satisfatório”, explica a agricultora urbana e integrante do grupo Aldineia Pereira da Silva, mais conhecida como Leia.

A agricultora conta que, depois de certo tempo, as mulheres buscaram outras formas para ampliar a renda das integrantes do grupo, já que o valor arrecadado na horta não era suficiente. Aos poucos, começaram a produzir mudas em um viveiro. “Na verdade, o viveiro se tornou uma agrofloresta, porque tem árvores frutíferas, PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), ervas medicinais. A gente tem uma diversidade muito grande de plantas em um espaço que chega a aproximadamente 2 mil metros quadrados”, descreve Leia.

E a diversificação dos trabalhos do grupo não parou por aí. Após a horta e o viveiro, as Mulheres do Gau tiveram a ideia de implantar uma cozinha, aproveitando os alimentos que são produzidos no local. Os almoços e lanches são servidos tanto no espaço do grupo quanto em eventos ou atividades de instituições de São Paulo que contratam os serviços. “A mulherada se desdobra em várias atividades pra conseguir ter a renda no final do mês”, justifica Leia, acrescentando que, no momento, o dinheiro arrecadado é dividido entre oito mulheres.

Promoção da saúde

Além da produção de alimentos sem agrotóxicos e da geração de renda, as atividades de agricultura urbana também podem ser analisadas sob o viés da promoção da saúde. No município de Paulista, Região Metropolitana de Recife (PE), a iniciativa do Centro de Educação e Formação em Medicina Popular (Cefomp), criado há 30 anos, associa o trabalho da medicina popular com o cultivo de alimentos agroecológicos em área urbana.

Segundo Gerlúcia José dos Santos, coordenadora do Centro, a instituição desenvolve um trabalho de promoção da saúde com os remédios à base de plantas medicinais. Além disso, tem uma forte atuação de mobilização social para garantia de direitos nas áreas da saúde, educação, cultura e meio ambiente, principalmente quando estão relacionados à questão da agroecologia.

“A instituição está no Centro de Paulista, em uma área urbana. Eu digo que é um pontinho verde, porque a gente tem uma horta, tem algumas árvores nativas e ervas que a gente planta. E a gente tem uma área verde muito grande atrás do Cefomp, que estamos cercando para construir um SAF (Sistema Agroflorestal). Vamos plantar milho, feijão e outras árvores, como urucum, angico, barbatimão, que a gente utiliza na produção dos remédios”, relata Santos.

O Cefomp tem sete pessoas trabalhando mais ativamente, todas voluntárias, sendo que seis são mulheres. E a manutenção do Centro se dá, principalmente, por meio da comercialização dos remédios fitoterápicos na própria instituição, nas feiras agroecológicas e em eventos esporádicos nos quais participam. “O Cefomp tem um laboratório. Então, colhemos da nossa horta agroecológica, manipulamos as ervas, fazemos os remédios e vendemos”, explica Santos.

As ações desenvolvidas pelo Centro incluem, ainda, a realização de rodas de conversa e oficinas sobre temas como boas práticas de manipulação e técnicas de plantio. De acordo com Gerlúcia Santos, os depoimentos das pessoas dizendo que melhoram a saúde depois que se envolveram nas atividades do Cefomp são um grande estímulo para seguirem trabalhando.

E a melhora na saúde não acontece somente por meio do uso dos remédios de plantas medicinais. “A gente tem muitos depoimentos nessa questão da alimentação saudável. Pessoas dizendo que mudaram totalmente o hábito alimentar, porque participaram com a gente das oficinas. E tem também muita gente que vai pra instituição para ajudar na horta, porque diz que é uma terapia”, analisa Santos.

A coordenadora do Cefomp ressalta ainda como o trabalho realizado com a agroecologia teve impacto na alimentação da própria família. “Veja a mudança: na minha casa, a gente consumia 20 kg de açúcar por mês, numa família de 6 pessoas. Hoje, a gente consome só 2 kg. A gente traz a agroecologia pra vida da gente. Não é só como a gente planta, é como você convive com as pessoas, é o que você faz ao seu redor. Eu digo sempre que viver agroecologia não é só plantar de forma saudável, é você viver de forma saudável onde está inserido”, avalia Santos.

Redes de solidariedade

Gerlúcia Santos lembra que os remédios produzidos são importantes para manutenção do Centro e que as hortaliças são utilizadas, principalmente, para consumo na instituição. Mas sempre que chega alguém precisando, sem condições de pagar, os produtos são distribuídos gratuitamente. “A gente sempre distribui para nossos voluntários e para comunidade do entorno, que precisa. Temos essa preocupação na questão social”, argumenta.

Em São Paulo, as Mulheres do Gau também estão engajadas em projetos na comunidade, participando de iniciativas onde doam ou comercializam seus produtos com preços mais acessíveis e incentivando a adoção de práticas de alimentação saudável. Entre as atividades realizadas pelo grupo estão as aulas de educação ambiental, palestras e oficinas nas escolas.

Além dos laços de solidariedade, que são criados com as comunidades e entre as integrantes de um mesmo grupo, a articulação entre as organizações também é um ponto que deve ser destacado. Leia conta que o grupo Mulheres do Gau faz parte da Rede de Agricultoras Paulistanas Periféricas de São Paulo (RAPPA) e da Associação dos Agricultores da Zona Leste (AAZL). Segundo ela, esses são espaços importantes, pois fomentam a troca de experiências e de informações, a participação em editais de financiamento e a mobilização para reivindicarem coletivamente ações do poder público.

Já em Pernambuco, o Cefomp integra, com outros quatro Centros, a Associação dos Manipuladores de Remédios Fitoterápicos Tradicionais e Semiartesanais (AMARFITSA/PE). Também participam do fórum de economia solidária e de uma rede de agroecologia da Região Metropolitana de Recife.

Para Santos, as ações em rede são muito relevantes para os grupos se conhecerem e se fortalecerem: “Existem muitas pessoas que fazem agricultura urbana dentro do município de Paulista. Hoje, a gente conhece nossos pares e se sente um pouco mais forte.”

A atuação articulada com outras organizações também favorece a incidência na construção de leis e políticas públicas nos municípios. Em 2021, por exemplo, o prefeito de Paulista (PE) sancionou a Lei 5014/2021, que instituiu a Política Municipal de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana, após uma ação coletiva de várias organizações e agricultoras e agricultores do município.

“A gente também conseguiu 16 emendas no orçamento do município, tanto para agricultura urbana como para farmácia viva, que é o trabalho do Cefomp. Agora, a gente está se reunindo pra ver como vamos fiscalizar pra que essa lei seja efetivada de fato”, planeja Santos.

Você conhece o Agroecologia em Rede?

O Agroecologia em Rede (AeR) lançou uma plataforma de consulta com informações sobre agroecologia, reunindo cerca de três mil experiências acerca do tema no Brasil e na América Latina.

De acordo com o site, na plataforma estão registradas “experiências de agricultoras e de agricultores, seus relatos de vida, as memórias de projetos e organizações, entre outras informações sobre os movimentos pulsantes da agroecologia em diferentes territórios e temporalidades”.

A construção da plataforma começou ainda em 2018, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Agora é possível acessá-la de três maneiras: por meio de um mapa interativo, através da listagem completa dos cadastros e por panoramas e esquemas gráficos que “possibilitam um olhar amplo e completo da potência da agroecologia no Brasil”.

“Além disso, o novo sistema de consulta possibilita a pesquisa por meio de diversos filtros, podendo visualizar as experiências por identidade dos sujeitos envolvidos, pela abrangência territorial, pela data em que foi cadastrada na plataforma, pelos temas relacionados à agroecologia e muito mais! Agora, ficou muito mais fácil, dinâmico e completo a busca por informações e a possibilidade de ampliar ainda mais a construção coletiva do conhecimento agroecológico”, descreve a organização em seu site.

Agroecologia em Rede (AeR)

Como o acúmulo de saberes agroecológicos pode ajudar outras localidades do país e do mundo? Foi a partir desse questionamento que nasceu o Agroecologia em Rede (AeR), uma plataforma interativa que em abril de 2021 já registrava mais de 3 mil experiências agroecológicas no Brasil e na América Latina.

Ao longo de duas décadas de existência, o Agroecologia em Rede manteve sua essência na perspectiva de uma ecologia de saberes, ou seja, na perspectiva de uma horizontalidade na área do conhecimento. Além do acervo de experiências do campo e da cidade, o AeR registra políticas públicas conquistadas pelo movimento agroecológico nos municípios.

Fonte: Brasil de Fato

Abastecer escolas com agricultura local e familiar é alternativa para transição agroecológica

Em resposta à crise do atual modelo agroindustrial dominante, que produz em larga escala para consumo em massa, o abastecimento de alimentação escolar com produtos frescos e orgânicos oriundos da agricultura local e familiar é uma promessa para uma transição ecológica para novos modelos de produção, os chamados Sistemas Agroalimentares Alternativos (SAA) que causam menor impacto ambiental. Essa foi a constatação de uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, feita em parceria com a Université Paris 8 Vicennes-Saint-Denis (França), que analisou duas leis, uma brasileira e outra francesa, de incentivo ao abastecimento sustentável de escolas em várias regiões de São Paulo e Paris.

Os SAA surgiram nos anos 2000 a partir de reivindicações de movimentos sociais. Segundo a pesquisa, o termo agrupa diferentes iniciativas que se caracterizam por práticas agrícolas de comercialização e de consumo que buscam soluções frente aos problemas causados pelo sistema agroindustrial vigente.

A agroecologia, por exemplo, inclui a substituição do uso de agrotóxicos e adubos químicos por insumos naturais e orgânicos em suas produções, e os agricultores devem estar comprometidos com inúmeros procedimentos técnicos que vão desde a conservação do solo, manejo ecológico de pragas e doenças à destinação adequada de resíduos sólidos.

Além da questão agrícola, os SAA propõem a construção social de um mercado orgânico agroecológico, que privilegia agricultores locais e familiares em pequenas propriedades rurais próximas a grandes regiões metropolitanas, de forma a diminuir a distância entre quem produz e quem consome.

O estudo franco-brasileiro foi baseado na análise comparativa de duas leis promulgadas em 2009 que apoiam a agricultura alternativa, uma do Brasil e outra da França, países agroexportadores e cuja balança comercial tem se mantido equilibrada pelo setor agrícola. Um dos objetivos do estudo foi compreender em que medida as políticas públicas que incentivam o abastecimento sustentável das escolas, implementadas nas duas regiões metropolitanas, contribuem para a mudança do modelo agroindustrial para sistemas agroecológicos alternativos.

Ao analisar as duas leis, a engenheira agrônoma e autora da pesquisa, Morgane Isabelle Hélène Retière, avaliou que lei brasileira é mais avançada que a francesa, por trazer orientações mais claras e objetivas sobre a aquisição de produtos locais e orgânicos.

No Brasil, a Lei 11.947, que diz respeito ao programa de alimentação escolar, impõe, por exemplo, que no mínimo 30% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação, sejam destinados à compra direta da agricultura familiar.

Já na França, a Lei Grenelle 1 é mais genérica e sugere que no mínimo 20% das aquisições nas escolas sejam feitas de produtos orgânicos, bem como daqueles com baixo impacto ambiental, mas não especifica de que sistemas tais produtos provêm. Na lei francesa, a pesquisadora verificou também que a vinculação entre a alimentação escolar e a política alimentar governamental não aparece de forma tão clara quanto na lei brasileira.

Os textos da política alimentar francesa, ao contrário da lei brasileira, não recomendam explicitamente a redução do consumo de alimentos industrializados, embora se reconheça que os produtos possam conter teores excessivos de açúcar, sal e gordura.

Outra ressalva positiva feita pela pesquisadora em relação à lei brasileira foi a dispensa de licitação pública para a compra de alimentos da agricultura familiar, um processo que, em geral, é burocrático e demorado, tendo como um dos critérios o menor preço. Pela Lei 11.947, a aquisição dos alimentos pode ser realizada por chamada pública, procedimento administrativo mais rápido, utilizado para firmar parcerias com organizações da sociedade civil, como ONGs. “Na hora da aquisição dos produtos, ficam em primeiro plano outros critérios que não o preço, como a origem geográfica, a produção ecológica e a inclusão social”, diz.

Sobre a trajetória das duas leis, Morgane Retière diz que a brasileira teve origem em movimentos de combate à fome e à desigualdade social, no início nos anos de 1940, foi intensificada após a redemocratização do País e ganhou apoio institucional durante o governo do Partido dos Trabalhadores, em 2003.

Já a lei francesa foi criada a partir do controle de segurança sanitária dos alimentos, principalmente os de origem animal e, a partir dos anos 2000, passou a ter enfoque também no combate à má alimentação do ponto de vista nutricional, que culminou no aumento da obesidade populacional gerada pelo consumo de alimentos industrializados.

Sistema agroindustrial renovado

Por fim, a engenheira agrônoma analisou a implementações destas leis em nível local. Ela observou que, apesar dos objetivos ambiciosos das leis favoráveis aos sistemas alternativos, as escolas de ambas as regiões (São Paulo e Paris) também recorreram a uma modalidade chamada “sistema agroindustrial renovado”, que são os atacadistas e a grandes cooperativas que funcionavam dentro do modelo do sistema agroindustrial vigente.

A pesquisadora explica que pelo sistema agroindustrial renovado, apenas uma dimensão alternativa dos SAA é considerada. No caso da França, foi a aquisição de produtos orgânicos, porém, não local; e no Brasil, a compra da agricultura familiar, porém não local. “Esta predominância de lógicas agroindustriais renovadas pode ser explicada pelas características das grandes cidades onde as áreas de produção estão localizadas a uma distância geográfica significativa, enquanto que o setor de alimentação escolar está afastado do mundo agrícola”, diz. “No entanto, muitas estruturas situadas no coração da metrópole poderiam compensar a distância geográfica criando cargos de agentes públicos dedicados especificamente à implementação de sistemas territorializados”, avalia.

“Nichos verdes”: por que fazer transição agroecológica?

O Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC-2019) aponta que as atividades agropecuárias e industriais estão entre as principais causas de mudanças climáticas. De acordo com o relatório, se a dinâmica agroindustrial se mantiver no patamar nos próximos anos – promovendo desmatamento, usando indiscriminadamente fertilizantes e agrotóxicos e promovendo monoculturas -, é altamente provável que a insegurança alimentar no mundo se amplifique.

Morgane Retière explica que as políticas públicas (baixos impostos, subsídios, normas específicas) bem estruturadas são essenciais para o desenvolvimento dos “nichos verdes”. “E é nesse contexto que os mercados institucionais como escolas, creches, hospitais, restaurantes populares, sacolão e lar de idosos se tornam alavanca para o desenvolvimento de sistemas agrícolas alternativos, porque apresentam vantagens para os agricultores familiares no que diz respeito à negociação de volumes maiores de produtos, na obtenção de melhores preços e menos tempo nos circuitos curtos entre o produtor e o consumidor”, diz.

Para Paulo Eduardo Moruzzi Marques, um dos orientadores da pesquisa e professor da Esalq, o trabalho de Morgane Retière é rico e muito consistente, além de permitir a renovação de parcerias internacionais como aquela do Programa de Pós-Graduação Interunidades (Cena-Esalq) em Ecologia Aplicada com a Université Paris 8, Vincennes-Saint Denis. Ele considera o percurso acadêmico de Morgane exemplar e isso pode ser confirmado pela atribuição à sua tese do Prêmio Tese USP Destaque, 2023, na categoria Grande Área Interdisciplinar, que premiou trabalhos originais e relevantes para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social.

Logo após a defesa da tese, Morgane se tornou professora da Université Paris 10 Nanterre, passando a atuar no Laboratoire Mosaïques, unidade de investigação reconhecida pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS).

Quanto ao conteúdo da tese, o professor Marques diz se tratar de um estudo estimulante sobre a ação pública relativa à alimentação escolar, que pode ser considerada como alavanca indutora de processos de transição social e tecnológica para sistemas agroalimentares alternativos.

Escrita em português e francês, a tese “Políticas de abastecimento da alimentação escolar no Brasil e na França: a transição dos sistemas agroalimentares posta à prova das metrópoles” foi elaborada sob a orientação do professor Paulo Marques (PPGI-EA/USP) e Nathalie Lemarchand (Université Paris 8).

Para Morgane Retière, os resultados do estudo mostram a importância de se ter um marco legal que seja favorável ao desenvolvimento territorial sustentável. Isso aparece particularmente nas áreas metropolitanas que estão distantes do mundo agrícola em termos geográficos e relacionais e cujos recursos locais nem sempre são suficientes, por si só, para impulsionar a relocalização dos sistemas de abastecimento. Estas leis aumentariam as margens de manobra dos atores locais e legitimariam alternativas agroalimentares que precisam de apoio para existir frente às logicas agroindustriais que estão em posição dominante.

Fonte: Revista Analytica

Novo curso de agroecologia no IFRS

Promover uma agricultura mais sustentável. Esse é um dos objetivos do curso de Agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Desenvolvido no campus Restinga da instituição, a graduação estará disponível a partir do primeiro semestre de 2025 e surgiu de uma demanda dos próprios estudantes.

A Agroecologia já é lecionada como um curso técnico no IFRS desde 2017, mas a grande oferta de temas de estudo fez com que os alunos quisessem um maior aprofundamento na área;

— Nós vimos que os estudantes que faziam o técnico almejavam fazer o superior na área, pois queriam aprender mais assuntos relacionados à agroecologia. A demanda, então, foi surgindo aos poucos — descreve Jovani Zalamena, futuro coordenador do curso.

O curso, que terá 15% da carga horária desenvolvida por meio da Educação à Distância (EAD), será composto por seis semestres, que correspondem a três anos de graduação. As disciplinas trarão uma perspectiva de cuidado ao meio ambiente no cotidiano da agricultura, como no plantio de produtos sem agrotóxico, na criação de hortas comunitárias e no desenvolvimento da compostagem, por exemplo. Jovani ainda destaca que os temas que serão discutidos em sala de aula serão multidisciplinares, o que contribui para a construção de um profissional mais qualificado:

— Terão aquelas disciplinas voltadas à informática básica, biologia dos organismos, matemática para agroecologia, comunicação e expressão aplicados à agroecologia. Então, não é só agroecologia no sistema de produção, são várias disciplinas que vão auxiliar.
Extensão

Um dos diferenciais do curso é a contribuição com a comunidade. Com uma alta carga horária de extensão, os alunos terão que realizar projetos externos para finalizar os estudos.

— O plano é que, no final do curso, eles implementem algo e criem um produto final, como uma horta comunitária — exemplifica Jovani.

E, para o coordenador, encontrar espaços com maior vulnerabilidade socioeconômica para atuar, tanto na graduação, quanto depois de formados, como na própria Restinga, é uma forma de contribuir ativamente para o desenvolvimento da comunidade:

— Muitos dos estudantes vão ser do entorno do bairro e podem ajudar a fortalecer as famílias. Muitas delas têm um pequeno terreno e vão começar a aprender na teoria e na prática como produzir seu próprio alimento. E isso é muito importante em uma comunidade periférica.

Somado a isso, além da extensão, o coordenador explica que, desde 2018, estão sendo feitos investimentos na infraestrutura do campus, para que as aulas sejam cada vez mais práticas e proveitosas:

— Estamos preocupados em criar espaços de educação no campus, de inclusão, para possibilitar espaços de aulas práticas, como estufas, hortas, locais para criação de abelhas sem ferrão, laboratórios e pomares.
Do lazer à profissão

A artesã Jussara Elisabete Farias, 65 anos, sempre gostou de plantar, mas com o curso técnico de Agroecologia aprendeu a aperfeiçoar esse hobby. Depois de finalizar seu Ensino Médio, por meio do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), iniciou os estudos e se apaixonou pela área. Agora, está inscrita no processo seletivo do curso de graduação para continuar sua jornada no ramo de agricultura sustentável.

— Quando eu entrei, eu até me assustei, porque gostei demais do curso técnico. Agora quero a faculdade. Para isso, terei que fazer a prova, mas vai valer a pena todo o sacrifício e a luta — relata Jussara.

Entre as atividades do curso técnico que mais agradaram a artesã está a criação de hortas comunitárias em escolas em áreas de vulnerabilidade socioeconômica. Para ela, um dos seus objetivos com o curso é passar o conhecimento que adquire no IFRS para as comunidades, ensinando a importância do cuidado com a natureza:

— Nós vamos lá e ensinamos as crianças, ajudamos elas a plantar. Eu adoro essa troca. Em casa, eu planto bastante coisa e passo adiante, até pra manter a natureza viva, que é o que eu mais gosto.
De volta à sala de aula

O estudante Cleberson Silva Baumgarten, 29 anos, viu no curso de Agroecologia uma oportunidade de retomar seus estudos. Diferentemente de Jussara, a única relação que tinha com as plantas eram algumas mudas cuidadas por sua mãe. Assim, pôde utilizar o conhecimento adquirido na sala de aula para expandir seus horizontes sobre qual graduação seguir. Cleberson é bolsista no IFRS e, no seu projeto de pesquisa, está criando uma semeadeira, para agilizar o processo de construção de mudas. Além disso, está inscrito no processo seletivo da graduação em Agroecologia.

— Estamos estudando para trabalhar na área. Então, tivemos aulas e práticas sobre solos, técnicas de cultivo e maneiras de fazer as podas corretamente, por exemplo. Ainda aprendemos a utilizar bioinsumos no combate de pragas e a fazer compostagem — diz o estudante.

Com os aprendizados adquiridos, Cleberson também transformou sua rotina dentro de casa. Para ter um cotidiano mais sustentável, o estudante começou a prestar mais atenção no descarte dos seus resíduos, o que o fez perceber como a Agroecologia contribui para a preservação da natureza.

— Eu comecei a fazer a separação do lixo, o orgânico eu junto e levo no campus para fazer a compostagem e tento também fazer a reciclagem de materiais que iriam pro lixo normalmente. A Agroecologia nos ensina a sermos mais conscientes no cuidado que temos que ter com o nosso planeta — finaliza Cleberson.

Forests4Farming: uma rede internacional de apoio mútuo

Conheça a Forests4Farming (ou Florestas para a Agricultura), instituição sem fins lucrativos criada para ensinar sobre a implantação e manejo de agroflorestas reais, com agricultores profissionais, que produzem floresta e comida ao mesmo tempo, tudo explicado nos mínimos detalhes para que todos possam ter a independência a as florestas que o mundo precisa.

Fonte: CEPEAS / Youtube

Café: um futuro possível para o Brasil e para o mundo

O descontrole do clima se torna mais evidente a cada ano. Muitas regiões do mundo, que por séculos foram locais propícios para diversas culturas agrícolas, sofrem agora com as mudanças climáticas e estão se tornando áreas impróprias para agricultura. Quando uma região chega nesse ponto, o próximo passo é a expulsão dos seres humanos desse lugar, e assim nossa civilização criou milhares de quilômetros de desertos. Precisamos despertar e agir, vivemos uma urgência climática que clama por socorro.

Fonte: CEPEAS / YouTube

Cultivo de tomate orgânico consorciado com coentro em estufa agrícola promove sustentabilidade no Brejo paraibano

Sustentabilidade, cuidado com o meio ambiente, manejo adequado de culturas, combate a pragas e produtos saudáveis. Com essas características um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA), Câmpus II da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado em Lagoa Seca, tem mostrado como o conhecimento pode mudar a realidade da região, ajudar a identificar, manejar pragas e doenças, além de promover a sustentabilidade a partir do cultivo orgânico de tomate.

Resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Agroecologia, a pesquisa consiste no cultivo de tomate orgânico consorciado com coentro em ambiente protegido (estufa agrícola) na area Agroecológica. O projeto é desenvolvido pela estudante de Agroecologia, Maria Valdeane Caetano da Silva, orientado pela professora Elida Barbosa Corrêa e conta com muitos colaboradores, entre discentes e técnicos(as) administrativos(as) da Universidade.

A pesquisa faz parte dos estudos quanto a produção agroecológica de alimentos realizados pelo Grupo de Pesquisa Agrobiodiversidade do Semiárido, coordenado pela professora Elida Barbosa. A primeira colheita do plantio superou as expectativas de toda equipe. O tomate, conforme explicou a docente é uma das hortaliças mais consumidas e também uma das mais contaminadas por resíduos de agrotóxicos, pelo uso intensivo de agrotóxicos no ciclo da cultura.

Diante da problemática de saúde coletiva devido à contaminação por agrotóxicos, pesquisas vêm sendo realizadas na UEPB e em propriedades rurais do Agreste, Cariri e Seridó paraibano desde o ano de 2019, com a aprovação do Centro Vocacional Tecnológico Agrobiodiversidade do Semiárido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Conforme explicou a professora Elida, os estudos realizados pelo grupo de pesquisa evidenciaram a broca como principal praga da cultura, causando perdas de até 90% da produção em campo aberto. No entanto, a mariposa, que coloca o ovo na flor do tomateiro, onde eclode a larva e penetra no fruto jovem, não consegue passar pela tela da estufa, sendo o cultivo protegido como uma forma de controle da praga.

No experimento de produção de tomate orgânico está sendo avaliada a capacidade de bactérias benéficas (Bacillus spp.) quanto à promoção de crescimento e de produção das plantas. O estudo é pioneiro na região, visto que está sendo utilizado o tomate híbrido, que tem elevada demanda nutricional, e o manejo das doenças e pragas em ambiente estressante para o desenvolvimento da planta, com temperaturas de até 48 graus.

O cultivo do tomateiro está sendo realizado com irrigação por gotejamento, aplicação de biofertilizante, húmus líquido, calda bordalesa e calda de cal e cinza para o controle de doenças. Uma aplicação foi feita para o controle de ácaro branco com óleo de nim. A pesquisa, segundo a professora Elida, demonstrou que apesar dos desafios e pontos a serem melhorados no cultivo, quanto à nutrição e manejo de doenças, é possível produzir tomate orgânico de elevada qualidade em estufa agrícola no Agreste paraibano.

Fonte: UEPB

Plataforma de inteligência agroflorestal promete transformar setor

A Courageous Land lançou nesta terça-feira (25) sua nova plataforma de inteligência agroflorestal durante a Semana do Clima de Nova York. A iniciativa promete transformar o setor ao oferecer suporte completo a proprietários de terras e organizações para implementação de sistemas agroflorestais.

A proposta da plataforma é fornecer diagnósticos, planejamento, financiamento, assistência técnica e acesso ao mercado para produtos e créditos de carbono. Além disso, a ferramenta também apoia empresas parceiras no processo de descarbonização de suas cadeias produtivas. Com o apoio financeiro de R$ 6 milhões do Fundo Vale, o objetivo é aprimorar a tecnologia e expandir o capital humano necessário para sua operação.

A empresa está em discussões com a ONU para implementar projetos de restauração em larga escala na Mata Atlântica, começando com 100 mil hectares e com potencial de expansão global para milhões de hectares. Segundo a Courageous Land, as agroflorestas desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas, na segurança alimentar e na preservação da biodiversidade, além de contribuírem para a redução da pobreza.

As agroflorestas contribuem para mitigar as mudanças climáticas, aumentar a segurança alimentar, manter a biodiversidade, além de apoiar a retirada das pessoas da pobreza.

“A agrofloresta, quando implementada em larga escala, é a única solução que conheço que pode simultaneamente enfrentar as mudanças climáticas, a pobreza, a segurança alimentar e hídrica, e a perda de biodiversidade, ao mesmo tempo em que oferece retornos financeiros atraentes. Agradecemos a doação e a parceria com o Fundo Vale para escalar as agroflorestas o mais rápido possível, e alcançar nossa missão de mitigar as mudanças climáticas”, diz Philip Kauders, CEO e cofundador da Courageous Land.

O grande diferencial da plataforma é unir tecnologia e capital humano para apoiar todas as fases da implementação de agroflorestas, desde a identificação de áreas até a comercialização de produtos.

O mercado global para as soluções agroflorestais é vasto. No Brasil, onde a agricultura é responsável por mais de 70% das emissões de CO2, a conversão de 90 milhões de hectares de pastagens degradadas em agroflorestas poderia gerar bilhões de dólares em receita, além de sequestrar grandes quantidades de carbono da atmosfera.

Gustavo Luz, diretor executivo do Fundo Vale, destacou que a parceria com a Courageous Land é uma continuidade dos esforços da Vale para promover uma economia florestal mais sustentável e inclusiva. Ele afirmou que a plataforma é uma ferramenta essencial para acelerar a escala de agroflorestas, conectando produtores a mercados e financiamento, e gerando valor compartilhado por meio do uso sustentável do solo.

A parceria também contribui para a Meta Florestal da Vale, que tem como objetivo recuperar e proteger 500 mil hectares até 2030. Destes, 100 mil hectares serão destinados à restauração de áreas degradadas. Até o momento, a Courageous Land já contribuiu com 82,45 hectares, com planos de atingir 10 mil hectares até o fim da década.

O evento de lançamento foi organizado pela UpLink, plataforma de inovação do Fórum Econômico Mundial. A Courageous Land foi reconhecida como um “Top Innovator” e o Fundo Vale como um “Top Investor”, exemplificando o impacto positivo que a união de tecnologia e investimentos pode gerar no combate às crises climáticas e ambientais.

Fonte: ECOA Uol

Agroforestry Carbon capta R$ 1 milhão para vender serviços das agroflorestas do Brasil na Europa

Na corrida pela diminuição de gases de efeito estufa na atmosfera, grandes iniciativas de regeneração florestal vêm despontando no Brasil, movimentando bilhões de reais em créditos de carbono em uma verdadeira indústria de plantio de árvores nativas. Paralelo a esse movimento, startups de sistema agroflorestal complementam o cenário com projetos focados no impacto, melhorando a qualidade de vida de agricultores com áreas menores, produzindo alimentos de alta qualidade e movimentando milhões de reais.

A Agroforestry Carbon é um exemplo deste nicho e seu potencial de crescimento rápido. A empresa pulou de um faturamento inicial de R$ 56 mil em 2022 para R$ 2,5 milhões no ano passado, e agora arrisca uma expansão na Europa em busca de clientes com cheques maiores.

Em vez de seguir o caminho dos créditos de carbono, que requer investimentos de milhões na aprovação de projetos, compra de áreas e capacitação de pessoal, por exemplo, a startup com base em Santa Catarina se coloca como um intermediador entre empresas que precisam compensar suas emissões e agricultores com prática comprovada em sistemas agroflorestais (SAF). Atualmente são quase 500 propriedades rurais parceiras, produzindo sete toneladas de alimentos ao ano. A meta é chegar a 70 mil agricultores cadastrados até 2030.

Ano após ano, estudos vêm enfatizando a produtividade da agrofloresta. Neste mês de agosto, o Instituto Escolhas publicou pesquisa que aponta que apenas na parte degradada de terras indígenas no país (1,3 milhão de hectares), os SAFs gerariam uma receita anual de R$ 153 bilhões em produtos agrícolas como frutas e legumes, com potencial de produção de 10 milhões de toneladas de alimentos por ano. O Brasil tem a meta de recuperar 12 milhões de hectares de florestas degradadas até 2030.

Raio-X Agroforestry Carbon

  • 470 propriedades agroflorestais parceiras
  • 205 famílias de agricultores impactadas
  • 387 hectares de sistemas agroflorestais
  • 280 mil árvores plantadas
  • 583 espécies diferentes de plantas
  • 6.996 toneladas de alimentos

Mais R$ 1 milhão em caixa

Agosto foi o mês de conclusão da primeira rodada de investimento da startup, que finalizou arrecadando R$ 1,08 milhão, vindo de 101 investidores diferentes. A empresa optou por uma modalidade de investimento em que os interessados podiam entrar no negócio com aportes pequenos, a partir de R$ 1.000.

A opção mirou um investidor que, além do lucro, buscasse também uma motivação maior. “Várias pessoas questionaram a escolha de financiamento, mas acho que foi uma escolha muito legal, pois quando a gente fala de impacto, ter pessoas advogando pela causa é muito importante”, explica a diretora de operação, Clara Johannpeter.

Esse dinheiro é o segundo aporte da história da empresa, que operou em seus dois primeiros anos com o investimento-anjo de R$ 300 mil da Regenera Ventures, investidora ligada ao grupo Viva Regenera, de produtos de origem natural. O CEO da Agroforestry, Gabriel Neto, literalmente bateu na porta dos investidores durante um passeio de bicicleta em Palhoça (SC), sem saber exatamente do que se tratava. Viu a palavra “regenera” no letreiro, pensou que ia achar um cliente, e acabou com seu primeiro investidor.

A verba dos novos investidores deve estruturar o aumento de escala nos negócios da empresa, que pretende expandir sua atuação para 100 mil hectares até 2030, com potencial de produção de 900 mil toneladas anuais de alimentos e um plantio total de 10 milhões de árvores. A Europa é um passo importante nesse caminho, explica Neto. “É onde vamos nos transformar em unicórnio”, aposta, com uma agenda que inclui pítches em bancos, instituições de governos e também ONGs na Holanda, primeiro mercado aberto pela startup no Velho Mundo. A ideia é compensar no Brasil o carbono emitido por companhias europeias, trazendo esse recurso para os pequenos agricultores parceiros.

Quatro frentes de negócio

O mais recente produto da empresa, em fase de desenvolvimento no time de tecnologia, é o rastreamento dessa cadeia de suprimentos que todo o projeto da Agroforestry Carbon ajuda a fomentar. Uma vez que possui controle digitalizado sobre tudo que produz em suas agroflorestas, o próximo passo será acompanhar esses alimentos colhidos e explorar oportunidades comerciais, que podem estar tanto na medição de emissões de escopo 3, por exemplo, para empresas que querem cortar o impacto também de seus fornecedores, quanto entregar produtos ao consumidor com garantia de origem, com a possibilidade de selos atestando a neutralidade de carbono, por exemplo, além do cultivo orgânico.

“Falar em cadeias produtivas é importante, pois precisamos de empresas consumindo e fazendo produtos de floresta, e não de monocultura. Quando a gente fala de cadeia, fala na verdade de gerar incentivos econômicos para que a floresta fique em pé, para que as pessoas vivam de floresta. Quanto mais marcas fazendo produtos com matéria-prima de floresta, e não fontes esgotáveis, mais florestas vamos ter preservadas, por isso trazer o supply chain, temos que conectar a indústria e gerar matéria-prima de florestas para gerar produtos florestais”, analisa Johannpeter.

A Agroforestry Carbon entrou no mercado como provedora de projetos de compensação, administrando serviços florestais, no caso, os SAFs, pagos por companhias que precisam abater suas emissões de gases intensificadores do aquecimento global e dos eventos extremos das mudanças climáticas. Além de fornecer agroflorestas com selo de certificação, em que todo esse processo é auditado e certificado, a startup faz o levantamento das emissões das companhias clientes, e assim oferece projetos que equivalem ao impacto ambiental negativo registrado. A equipe atende ainda a projetos personalizados, sob encomenda.

“É importante salientar o foco em resolver problemas crônicos de desigualdade, uma crise alimentar pior que a climática, em que ficamos ou sem comida ou com comida envenenada. É algo que atinge a todos, independentemente da classe social, e a agrofloresta trabalha as duas crises em suas duas frentes, social e ambiental”, destaca o CEO.

Desafio da credibilidade

O mercado de soluções baseadas na natureza, especialmente no nicho do crédito de carbono, vem sendo questionado há anos, pela dificuldade em medir seu impacto real na diminuição de gases estufa, ou ainda por ser uma forma de empresas poluidoras pagarem seus “pecados” sem de fato, diminuírem suas emissões.

Escândalos no Brasil, como a recente descoberta de uma quadrilha que teria movimentado R$ 180 milhões usando terras públicas na Amazônia, abalam a confiança e o bolso de investidores, enquanto analistas afirmam que há um lado bom, quando as más práticas são reveladas e coibidas.

No caso da Agroforestry Carbon, a qualidade dos créditos oferecidos, que seriam melhor enquadrados como créditos de sociobiodiversidade, considerando redução de emissões e também a geração de impacto social e na produção de alimentos saudáveis, é feita a partir de investimento em tecnologia.

A startup mantém uma equipe dedicada ao monitoramento de dados geoespaciais, que analisa a evolução das agroflorestas cadastradas usando imagens de satélite, que permitem também analisar possíveis irregularidades de terreno, como instruções em áreas indígenas e terras públicas. A análise de documentação de parceiros em potencial compõe o processo de cadastro, que conta também com times contratados para atender todas as regiões e biomas do Brasil, sendo que a empresa atua em todos. “Sabemos a data do plantio, espécies, nome do agricultor, da propriedade, dados futuros de incremento de biomassa, índice de vegetação, análise da propriedade, cadastro rural, tudo que possa dar credibilidade”, explica Neto.

“Nossa diferença é que nosso foco é impacto, valor real, economia real, e colocar recursos financeiros, educacionais e emocionais para quem realmente está regenerando, em vez de fazer grandes áreas. Sempre temos coisas para ser melhoradas, e a tecnologia está ajudando com rastreabilidade e confiança”, avalia a diretora de operações.

Fonte: Portal Um Só Planeta

Live Agroflorestas Brasileiras: Terra Planta Orgânicos

Entrevista realizada pela Ecoar Agrofloresta com Eduardo Carrica, que junto com sua esposa Gabriela Scolari, são o coração da Terra Planta Orgânicos. @terraplantaorganicos

A Terra Planta é referência em Sistemas Agroflorestais no Sul do Brasil. Além de produzir hortaliças, frutas e madeira, tem agora como foco a produção de café sombreado em larga escala em sistema agroflorestal. É uma das 20 salas de aulas do MAIS (Movimento de Agroflorestores e Inclusão Sintrópica) no Brasil.

Já recebeu professores como Juã Pereira, Nat Muguet, Cobi Shalev, Namastê Messerschmidt e Ernst Gotsch. Ao todo são mais de 15 cursos, e esse ano seriam realizados 23 eventos relacionados a alimentação, educação e agrofloresta.

Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube

Aprenda a plantar uma agrofloresta com foco em hortaliças

Neste vídeo, você vai acompanhar a implantação de um sistema agroflorestal voltado para hortaliças, dividido em 8 partes:

  1. Introdução ao sistema agroflorestal
  2. Bosqueamento da área
  3. Limpeza da área
  4. Preparo do solo e adubação
  5. Marcação dos canteiros
  6. Preparo dos canteiros
  7. Cobertura do solo
  8. Plantio das hortaliças

Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube

Plantar capim para não ter capim na agrofloresta

Você já ouviu falar em ‘Plantar capim para não ter capim?’

Essa prática consiste em plantar uma espécie de gramínea nas entrelinhas do sistema e usá-la para a produção de biomassa.

O capim cortado é usado como cobertura nas linhas de árvore e os seus benefícios são:

  • Mantém o solo úmido por mais tempo
  • Ajuda no controle do aparecimento de ervas espontâneas
  • Abriga milhares de espécies vivas no solo, que contribuem para diversos processos de vida
  • Devolve nutrientes importantes para o solo por meio da sua decomposição
  • Acelera processos de crescimento por meio dos cortes frequentes.

Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube

Agricultura sintrópica: onde o cultivo está em sintonia com a natureza

O fruto não cai longe do pé. Ao fazer valer o dito popular, o agrofloresteiro Namastê Messerschimidt repete a história do pai, um alemão criado no nordeste brasileiro, que começou a plantar respeitando os ciclos da natureza e devolvendo ao solo aquilo que produz. Baseado nessa lógica, o paulista que aprendeu a semear aos 16 anos está rodando o mundo para ensinar a técnica da sintropia e, com ela, instigar produtores rurais a repensarem a sua relação com o ambiente.

De facão em punho, ele corta, capina e revolve a terra. A lógica é nutrir sem aditivos. Em plantio associado com árvores – agrofloresta –, as mudas seguem o ciclo e cada planta só pode dá fruto na época ditada pela natureza. Para manter o solo úmido, usa cobertura de folhas e material decomposto.

– A agrofloresta tem a cara de seu dono. Trará frutos de acordo com os cuidados que a ela foram destinados – diz o agricultor que já estagiou com índios do Xingu e hoje é consultor da Fazenda Da Toca, de propriedade do ex-piloto e empresário Pedro Paulo Diniz, e do Instituto Socioambiental (ISA).

Namastê é um dos disseminadores do conceito criado pelo suíço Ernst Götsch, que coloca a árvore como componente decisivo na produtividade. A sintropia recupera solos seguindo a lógica de nutrir a plantação com biomassa da poda de árvores do próprio terreno.

Na Europa, Götsch estudou e trabalhou com melhoramento vegetal até a década de 1970, antes de vir ao Brasil e encontrar araucárias centenárias sendo derrubadas para dar lugar a lavouras de soja. Anos depois, o cientista voltou e, em parceria com donos de fazendas, trabalhou até ter sua própria terra e fazer dela um laboratório experimental. Passados 15 anos, a propriedade, em Piraí do Norte, na Bahia, deixou de ser infértil para dar lugar a 350 hectares de reserva particular de patrimônio natural, 120 hectares de reserva legal e 10 hectares de lavouras.

A fazenda, além de gerar alimento para a família, serve de exemplo para pesquisas e estudos internacionais. São 3,5 mil quilos de cacau por safra, produto de maior qualidade exportado com valor quatro vezes superior ao tradicional. O destino é a Amedei, na Itália, fabricante de um dos melhores chocolates do mundo. Antes chamada Fugidos da Terra Seca, a área recuperou fauna e flora e reativou mananciais hídricos, o que a fez ser rebatizada como Fazenda Olhos D´água. Dizem ainda que a presença de árvores e biodiversidade também “produziu” chuva, mudando o microclima do local.

– Buscamos a otimização de processos de vida de todo o ecossistema. E trabalhamos para que a nossa participação se transforme em fator benéfico e enriquecedor para o macroorganismo Planeta Terra – diz o suíço.

Foi nesse ambiente que Namastê entendeu que manter a agrofloresta produtiva é como fazer a própria casa funcionar:

– Se cuidar bem, tratar, arrumar, tudo dá – afirma.

O local onde a cooperação é diretriz para a produção de alimentos serve de berço para o aprendizado de novos empreendedores da sustentabilidade agrária.

Meta é produzir em larga escala

Felipe Villela, 24 anos, estudante paulista criado no Rio Grande do Sul, pretende aplicar a tecnologia em sistemas agroflorestais. Criador do projeto Foodrone, planeja usar drones para a dispersão de sementes (aos moldes do americano Lauren Fletcher, da BioCarbon Engineering). Após viagem para a Amazônia, deixou o curso de Engenharia na UFRGS para ir à Holanda aprender técnicas de plantio. Agora, junto com colegas e incentivo do governo holandês, testará o uso da água em um hectare na cidade de Den Bosch, e ver como a sintropia evita os efeitos das mudanças climáticas.

Na Europa Vilella teve contato com Götsch. Seu propósito agora é usar a tecnologia para viabilizar a agricultura sintrópica em larga escala, e com isso, buscar recursos estrangeiros para desenvolver projetos no Brasil.

– Eles estão mais conscientes lá fora, entendem que a economia não existe sem os recursos naturais. Aqui, as pessoas ainda apresentam resistência a essa corrente por colocarem o lucro na frente – afirma o estudante.

Fonte: Zero Hora

Consumidor é conscientizado a valorizar trabalho realizado em campo

Plantar respeitando os ciclos da natureza e devolvendo ao solo parte do que ele produz. Baseado nessa lógica, a técnica da sintropia instiga produtores rurais e consumidores a repensarem a sua relação com o ambiente.

Foi de fora do país que a arquiteta Ana Livi e o administrador Mauro Weber Rosito trouxeram a vontade de dedicar-se à terra. Fundadores do sítio Arvor(e)Ser e do clube orgânico Horta Alegre, viabilizam o cultivo sintrópico de alimentos com a cultura de relacionamento com os consumidores – a Community Supported Agriculture (CSA). Após viajarem por países da África e da Ásia, fincaram raízes na propriedade da família no bairro Aberta dos Morros, zona rururbana (ocupação urbana mesclada com produção primária) da Capital, e lá vivem da agroecologia.

Aos poucos, aplicam o que aprenderam e, por meio de cursos de eco alfabetização, ensinam outras pessoas. Foi lá que Namastê Messerschimidt compartilhou seus conhecimentos durante aula para estudantes e agricultores do Estado, no final de julho. E é lá também que eles tentam reinventar a agricultura para criar a filha Ananda, 10 meses, e experienciar um estilo de vida mais natural.

– Não abrimos mão da tecnologia, mas vivemos no campo, onde é possível fazer essa reconexão pelo alimento. Queremos mudar a cara do consumo na cidade, e mostrar que esse estilo de vida é possível – disse Ana, durante palestra no festival de inovação Black Sheep Project.

Eles já começaram a colher os frutos. Criada há nove meses, a iniciativa tem 30 associados, para quem realizam entregas de cestas semanais em cinco diferentes pontos da cidade. Atualmente, os kits incluem hortaliças, temperos, frutas da estação e flores comestíveis. Tudo fresco e orgânico.

Como funciona

  • Na produção sintrópica, a árvore é decisiva na produtividade recuperação do solo.
  • A regeneração segue a lógica de nutrir a plantação com biomassa da poda das árvores do próprio terreno.
  • Papel do agricultor: O produtor é um dispersor de sementes, encaminhador e catalizador de processos favoráveis ao macroorganismo.
  • Perfil dos produtores: A maioria dos agrofloresteiros são pequenos e médios, mas os grandes também estão começando a se interessar pelo conceito.
  • Interesse crescente: A Agenda Götsch é a entidade que dissemina o conhecimento do suíço Ernst Götsch.

Saúde pela boca

Um dos associados e motivadores do Horta Alegre é o consultor de negócios Eduardo Tremarim que, a partir de um problema de saúde em 2014, buscou entender sobre como os alimentos chegavam a sua mesa. O primeiro passo foi buscar um local para produzir. Depois, ajudou a criar o sistema onde o consumidor compromete-se com o trabalho do agricultor a longo prazo, inspirado no CSA:

– Os associados devem permanecer, pelo menos, cinco meses, que é o tempo dos ciclos. É um meio inovador que envolve saúde, praticidade, consciência e logística.

O contato com a agricultura sintrópica trouxe para Tremarim novidades que ele aplica na horta do apartamento onde mora, no bairro Bela Vista, e na casa da família, em Nova Prata.

– Entendo que a sintropia é a tentativa de usar a natureza como proteção. Em vez de brigar com a formiga, que ataca a alface, você alimenta ela com outra planta de modo que ela deixe suas alfaces em paz – brinca.

Manejo integrado de pragas e diversificação de variedades fazem o controle fitossanitário. A prática segue o que ensina o idealizador Ernst Götsch: “não existe praga, existem espécies com funções distintas”. O nível máximo de interação entre o agricultor e o meio é que determinará o grau da prosperidade do ecossistema.

Manejo integrado de pragas faz a diferença na produção

Manejo integrado de pragas e diversidade de variedades fazem o controle fitossanitário. A prática segue o que ensina o idealizador Ernst Götsch: “não existe praga, existem espécies com funções distintas”. O nível máximo de interação entre o agricultor e o meio é que determinará o grau da prosperidade do ecossistema.

É o que acontece na propriedade de Iara Dutra, agricultora de Santiago, na Região Central. Ela investe tempo conhecendo e administrando cada tipo de planta que aparece na terra, por acreditar que esse manejo faz toda a diferença na qualidade do produto:

– Você precisa interagir, conhecer, saber as causas de algum desequilíbrio que exista na produção. Tem de criar condições diferenciadas para driblar a falta ou excesso de água, por exemplo.

A produtora acredita que a fruticultura trabalhada de forma integrada com a floresta garante mais sanidade para a lavoura e para o agricultor.

Fonte: Zero Hora

Pequenos e grandes produtores reduzem custos a partir da agricultura sintrópica

Estratificação do solo e associação de culturas. A mesma técnica que aplica em pequenas propriedades ou em assentamentos onde presta consultoria, Namastê Messerschimidt desenvolve na Fazenda Da Toca, de Pedro Paulo Diniz, onde foi criado o Núcleo Agroflorestal de Pesquisa Aplicada em Agricultura Sintrópica. Testes mostraram como se comportavam as laranjeiras no sistema florestal e, nas palavras do próprio Diniz, “a lavoura custa menos e produz mais”.

– As agroflorestas sequestram mais carbono, e geram mais energia para o solo – detalha Namastê.

Como a matéria orgânica mantém a umidade do solo, a irrigação torna-se quase desnecessária ou até 75% inferior à agricultura convencional. Assim, o alimento produzido por meio da sintropia que chega ao consumidor está financiando toda a floresta.

Caminho natural para os orgânicos

Se para o público leigo o tema é novidade, no campo o sistema ganha notoriedade. Técnico da Emater que auxilia produtores na Região Metropolitana do Rio Grande do Sul, o agrônomo Luís Paulo Ramos diz que a agricultura sintrópica é a grande tendência na produção de orgânicos:

– Trata-se de um consórcio de cooperação e interação entre plantas, homem e animais e pode ser utilizada também para recuperar florestas e áreas degradadas.

Ramos recorda experiências em sistemas agroflorestais no Estado, algumas originadas com a ajuda do acaso, como pomares de citros abandonados onde cresceram árvores e arbustos nativos, que passaram a ser manejados juntamente com o pomar.

No Litoral Norte do RS, agricultores observaram que as bananeiras conviviam bem com a palmeira-juçara e outras árvores, produzindo e tornando-se menos suscetíveis às doenças.

Fonte: Zero Hora

Sistema agroflorestal com o foco em galinhas

Você já ouviu falar que as galinhas são seres de floresta? Você já comprou ovos que tem dizeres como ‘galinhas livre de gaiolas’ ou ‘galinhas criadas soltas’?

E se eu te falar que existem sistemas agroflorestais com o foco na criação de galinhas?

Na Vioaves Caipiras os piquetes das galinhas tem árvores, frutas e capins para as aves, proporcionando um ambiente mais parecido com o original de onde os parentes mais próximos das galinhas que conhecemos vieram.

Mesmo sendo um dos animais mais trabalhados industrialmente, ainda sim tem memórias genéticas em seu DNA sobre sua origem, e se sente muito mais feliz e satisfeita em ambientes assim.

Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube

Proteção de nascente: passo a passo do método Caxambu

Confirma o passo a passo para salvar uma nascente com o método Caxambu.

  1. Achar a nascente
  2. Limpar a nascente
  3. Preparar a massa solo-cimento
  4. Subir a barragem (colocar o cano para continuar a drenagem)
  5. Colocar cano de captação de água
  6. Colocar cano ladrão
  7. Testar se está impermeável
  8. Encher o interior da barragem com pedras
  9. Colocar cano de sanitização
  10. Batizar a nascente e colocar telas

Fonte: Canal Campo & Produção / YouTube

Minhocário – Parte 2: Telhado do minhocário

No vídeo coloco a telha no abrigo para as minhocas. Tudo no melhor estilo DIY, faça você mesmo! Depois de termos colocado as pilastras principais precisávamos colocar as travessas de suporte para o telhado. Usamos telhas de fibrocimento de reaproveitamento, e travamos também com madeiramento de reaproveitamento, que já tínhamos pelo Sítio.

Motosserra e travamento

Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube

Minhocário – Parte 1: Fazendo um abrigo

Nesse vídeo começamos a estrutura para o minhocário, um abrigo todo feito com material que já tínhamos no Sítio. Telhas, mourão de eucalipto, madeira de reaproveitamento. Um abrigo com telhado no melhor estilo DIY- Faça você mesmo! Tudo para garantir o melhor bem estar possível para as minhocas, que irão concluir a última etapa da compostagem transformando o esterco em húmus.

Projeto e pilar para o telhado

Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube

A enorme importância da polinização e porque está ameaçada

A polinização é um fenômeno de extrema importância, pois possibilita que as plantas se reproduzam, fornecendo assim sementes e frutos para os humanos.

Para se ter uma ideia, estima-se que 75% da alimentação humana depende da ação dos insetos polinizadores.

Existem duas formas de transferência do pólen: a biótica, que é por meio de animais como aves, mamíferos (como os morcegos) e insetos, e a abiótica, que é por meio do vento e da água.

A principal forma de transferência do pólen biótica é por meio das abelhas, ou seja, elas são os principais animais polinizadores.

A polinização pelas abelhas acontece da seguinte forma: esses insetos são atraídos pelas cores, cheiros e a presença do néctar, que é um líquido doce cheio de energia. Ao pousar sob a flor, seu corpo fica cheio de pólen, e ao visitarem outra flor o pólen é recebido por ela e assim acontece a fecundação.

A polinização pelas abelhas é tão importante que o benefício pode gerar 43 bilhões de reais para a agricultura brasileira.

Alguns exemplos de cultivos que são altamente dependentes da polinização são café, laranja, maçã e soja.

A polinização por animais está ameaçada devido a fatores como perda de habitat, agrotóxicos, mudanças climáticas e espécies invasoras. Isso pode ameaçar seriamente a produção agrícola mundial.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Técnicas sustentáveis aumentam rendimento da produção

Especialistas destacam boas práticas agropecuárias, preservação do solo e a necessidade de mapeamento do território brasileiro.

Fonte de alimentos, nutrientes, água e diferentes formas de vida, o solo é um dos recursos naturais que mais tem sofrido com a degradação causada por uso inadequado. Problemas como erosão, perda de matéria orgânica e de biodiversidade desafiam produtores e especialistas a desenvolver técnicas sustentáveis de plantio e manejo para preservar os diferentes tipos de solo do país.

Nesta segunda-feira, 15 de abril, é celebrado o Dia Nacional de Conservação do Solo. A data foi instituída pela Lei Federal 7.876/1989 como homenagem a Hugh Hammond Bennett, considerado o pai da conservação do solo nos Estados Unidos. O objetivo é promover uma reflexão sobre a necessidade de utilizar o solo de forma adequada e sustentável.

Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) mostra que mais da metade do solo da América Latina sofre algum tipo de degradação. No mundo, o percentual de degradação é de 33%. Os prejuízos mais evidentes são a compactação da terra, que agrava os impactos de enchentes, a perda de fertilidade e a menor captação de carbono da atmosfera.

Segundo Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cocais) e que integrou o Painel Intergovernamental de Solos da ONU, os solos brasileiros também estão sofrendo com degradação de diferentes tipos.

“Não é só erosão, é salinização, poluição, perda de nutrientes, acidificação. Por exemplo, se você cultiva e não faz uma adubação orgânica mineral, só retirando, sem repor, o sistema não fica em equilíbrio. Quando produz um alimento, você retira nutrientes do solo. E o desequilíbrio criado é um tipo de degradação”, explica.

A especialista pondera que a evolução da agricultura brasileira tem proporcionado o desenvolvimento de boas práticas, como cultivo em rotação de culturas, plantio direto, Integração Lavoura Pecuária e Florestas, fixação biológica de nitrogênio, entre outras. Algumas dessas práticas também ajudam a reduzir o volume de insumos e defensivos aplicados.

O Brasil tem seguido as recomendações do manual voluntário de práticas sustentáveis de manejo do solo, criado no âmbito da Aliança Global pelo Solo, segundo o especialista em ciência do solo, Jefé Leão Ribeiro, integrante da Coordenação de Conservação do Solo e Água, da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“O Brasil sofre dos mesmos problemas globais. Com certeza há problemas de degradação, mas temos um diferencial, porque os sistemas produtivos fomentados pelo governo são sustentáveis. Agora, tem que ampliar o alcance das boas práticas”, disse Ribeiro.

Coberto e conservado

O principal cuidado a ser adotado para preservar o solo é protegê-lo da exposição à chuva, vento e produtos que levam à perda de matéria orgânica e à redução da capacidade de cultivo. “Se a gente não conservar os solos, não vamos ter a produção de alimentos de que necessitamos para a população em crescimento”, comenta Maria de Lourdes.

O engenheiro agrônomo Maurício Carvalho, que também integra a Coordenação de Conservação do Solo e Água do Mapa, reforça que a cobertura do solo, seja com palha ou capim, é essencial quando se trata de conservação. “É preciso manter o solo coberto para permitir a reciclagem de nutrientes”, explica.

Foi com esse objetivo que, há cinco anos, a fazenda “Amigos do Cerrado”, situada no Núcleo Rural Casa Grande, em Ponte Alta do Gama, a cerca de 50 km do centro de Brasília, fez a opção por um sistema de plantio orgânico seguindo os princípios de uma floresta de alimentos.

O carro chefe da produção da fazenda é a fruticultura, com destaque para o limão e a mexerica. Por semana, a fazenda comercializa em média cem caixas com duas toneladas de frutas orgânicas para grandes redes de supermercado e indústrias de sucos naturais.

Junto com o limão e a mexerica são plantados mandioca, banana, eucalipto e mogno. Em alguns pontos, também foram plantadas espécies nativas do cerrado, como baru, e frutos típicos de outras regiões, como o avocado. A fazenda usa capim para proteger as leiras (sulcos) onde são plantadas as sementes. Todo tipo de material orgânico é utilizado para reforçar a cobertura do solo, inclusive restos de poda da cidade que iriam para o lixo. “A gente chega a utilizar 140 toneladas de material para cobrir a leira”, explica Raul Monteiro, engenheiro agrônomo e responsável técnico da fazenda.

Equipe do Mapa visitou a fazenda um dia depois de um temporal e não havia nenhum sinal de terra arrastada pela água da chuva. Embaixo da cobertura de capim, roçado seis vezes por ano, a presença de muitas minhocas e outros animais indicam a alta fertilidade da terra.

Para imitar um ambiente florestal, foram intercaladas aos pés de limão e mexerica outras plantas de maior porte, como eucalipto e bananeiras, que dão sombra, geram insumos e reservam água. O objetivo é que o sistema seja autossustentável e que produza mais recursos do que consome.

“Aqui é um sistema agroflorestal mais voltado para agricultura sintrópica, onde misturamos uma diversidade de plantas, que têm raízes diferentes e emitem seiva para os micro-organismos do solo, permitindo a infiltração da água. Esse solo se torna uma esponja, uma caixa d’água, que vai alimentar o lençol freático e o rio”, explicou Carvalho.

A técnica de plantar diferentes culturas e proteger o solo permite que, mesmo no período de estiagem, o solo continue úmido e não necessite de irrigação diária com a água do poço.

“Eu costumo falar que se você planta banana, você planta água. Na seca, eu exploro a banana e uso como adubadeira. No auge da seca, eu molho por 20 minutos cada ramal por semana”, comenta Pedro.

Buscando viabilidade econômica, a escolha da fazenda Amigos do Cerrado pela variedade de plantas trouxe ainda o benefício de afastar o ataque de pragas e doenças. Antes, a área da fazenda servia apenas para plantio convencional em larga escala de milho e mandioca e boa parte do custo de produção era para comprar defensivos químicos.

“Eu não quero nem pensar naquele tempo, porque eram 150, 200 litros de agrotóxico. No convencional, a gente trabalha com o solo pelado, explorando o solo. Aqui estamos protegendo o solo e conseguindo mais matéria orgânica. Isso significa custo mais baixo e benefício pra terra. Hoje, rende mais pra gente e sem contar o privilégio de trabalhar numa área dessa e a qualidade de vida”, comemora Pedro Monteiro Filho, gerente da Fazenda.

A estratégia de mesclar as culturas também colabora para o surgimento de novas plantas no ambiente, além de diversificar a renda da propriedade. Apesar de ser uma agrofloresta urbana para larga escala, também pode ser replicável na agricultura familiar.

“É um sistema que com potencial muito grande para ajudar a agricultura familiar. Isso aqui é solução para conservação de solo, de água, diversidade e fontes de renda diversas”, comentou Carvalho.

O trabalho da fazenda é desenvolvido com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A fazenda promove visitas guiadas para compartilhar experiência e as conquistas com o novo sistema e almeja dobrar a área de produção este ano.

Integração Lavoura e Pecuária

No interior do Maranhão, outra técnica tem feito a diferença no uso do solo. Em parceria com a Embrapa Meio Norte, a Fazenda Santa Luzia, situada em São Raimundo das Mangabeiras, adota a chamada Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILFP) há mais de anos. Desde que iniciou o processo, a fazenda, que planta basicamente milho e soja, aumentou o percentual de matéria orgânica do solo e aumentou em pelo menos 50% a produtividade.

Basicamente, a prática consiste em fazer o rodízio de diferentes culturas e intercalar os espaços de pastagem do gado com capim braquiária, que forma uma palhada e protege o solo da ação degenerativa. No último veranico que atingiu a região, em que se passaram 32 dias sem chuva, a palhada evitou prejuízos.

“Quando colhe o milho, a braquiária já está grande, aí a gente traz o gado. A palhada traz benefícios para o solo e para os animais. Tem sempre capim para o animal em época de escassez e o solo não fica exposto. Quando vem o próximo plantio, a semente aguenta mais, retém umidade e germina”, explica a técnica agropecuária da fazenda, Marcileia Guimarães.

A fazenda adota a integração na área total de seis mil hectares e se tornou referência na técnica na região. Atualmente, está desenvolvendo de forma mais intensa a pesquisa na área de floresta, plantando eucaliptos e outras árvores que fazem sombra ao redor das palhadas para evitar que o solo e os animais fiquem expostos ao sol.

O grupo também tem feito, em parceria com a Embrapa, cruzamentos de várias raças de boi para chegar ao chamado ‘boi tropical’, que é mais adaptado às pastagens naturais da região Nordeste e não degrada tanto o solo, pois consome menos recursos. “O boi tropical tem rusticidade, precocidade e outras características, come de tudo e não precisa de um pasto especial”, explicou a técnica.

Mapeamento

Um dos maiores gargalos do Brasil para garantir o cuidado mais efetivo do solo é a ausência de um levantamento detalhado sobre as características do território brasileiro. Segundo pesquisadores da área, a falta de dados sobre o recurso natural dificulta a formulação de políticas de conservação e recuperação de áreas degradadas.

“As escalas de conhecimento do nosso solo estão muito defasadas. Nós precisamos de informações mais detalhadas para tomar decisões mais acertadas a respeito do uso, manejo e conservação. O conhecimento é a base da conservação. Em conhecendo os solos, você pode definir o que é melhor para a agricultura, para a paisagem, para conservação”, afirma Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Embrapa.

Para preencher essa lacuna, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha para acelerar o Programa Nacional de Solos (Pronasolos). Liderado pela Embrapa Solos e composto por várias instituições de pesquisa, o programa tem como objetivo desenvolver no prazo de 30 anos um mapeamento que permita conhecer as propriedades do solo, as suas aptidões e os principais riscos a que está exposto.

“Os Estados Unidos, que são nossos concorrentes na balança comercial, já têm isso há muito tempo. Eles conhecem seus solos na escala de um para 20 mil, enquanto que no Brasil nós não temos nem uma escala de um para 100 mil. Ou seja, eles têm informações de solos cinco, dez, cem vezes mais detalhadas do que nós temos, dependendo da região”, comenta a pesquisadora.

Segundo a Embrapa, menos de 5% do território brasileiro conta com mapas de solos em escala de um para 100 mil ou maior. Em alguns estados brasileiros, como o Paraná, já é possível acessar dados sobre o solo na escala de 1 para 25 mil. Mas, na região Norte, por exemplo, os mapeamentos disponíveis ainda são da década de 80, com informações de um para um milhão.

O Pronasolos foi criado em 2015 e ainda aguarda a instalação dos comitês executivo e gestor. O Ministério da Agricultura já recebeu indicações de órgãos parceiros e deve finalizar neste semestre a composição do conselho para dar andamento ao programa.

A expectativa dos pesquisadores é de que o programa permita a formação de uma base de dados para subsidiar políticas públicas no meio rural e nas cidades, como a identificação dos solos e locais mais adequados para construção de casas, rodovias; previsão de catástrofes, planejamento do uso da terra e plantio cada cultura, entre outros benefícios.

No escopo de ações que devem favorecer a qualidade e fertilidade do solo, o Ministério também está ampliando o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e recentemente criou o grupo de trabalho para desenvolver o Programa Bioinsumos, que visa organizar o marco legal dos insumos biológicos para agricultura orgânica.

Fonte: Portal CompreRural 

Foto: Antonio Araujo/Mapa

Um projeto de vida para plantar sem queimar a Amazônia

A prática da coivara, método que utiliza o fogo para preparar a terra antes de um plantio, começou com populações ancestrais, mas até hoje acompanha agricultores na Amazônia. Os índios, no entanto, levavam décadas para retornar a uma mesma área, dando tempo para a floresta se regenerar. Hoje, o fogo frequente acaba por gerar degradação de terras na região.

A partir do empoderamento das filhas mulheres pelo acesso a estudo e conhecimento técnico, a Família Soares descobriu que havia uma solução mais interessante para produzir na Amazônia: os sistemas agroflorestais. Os Soares são responsáveis por uma caprichada casa de farinha e, aos poucos, estão investindo em outros produtos além da mandioca, em um plantio integrado com árvores frutíferas e nativas da Amazônia, capaz de aliar produção e preservação e gerar mais renda para a família.

Fonte: Canal WRI Brasil / YouTube

Adubação orgânica: manejo de esterco de galinha, cavalo e minhocário

Este vídeo mostra o manejo do esterco para adubação orgânica, integrado ao minhocário. Foram utilizados esterco de galinha do galinheiro e o esterco de cavalo. Todo esse material é misturado com serragem ou pó de serra, buscados em uma madeireira. Na última etapa, o material é levado para as minhocas, para que elas o transformem em húmus — um material muito rico e muito fértil. Assim, o solo é o nosso próprio fertilizante orgânico.

Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube

Sistema Agroflorestal: manejo é tudo!

Acompanhe a manutenção e manejo de um SAF (Sistema Agroflorestal). Essa área está com o solo fraco e faltou manejo para que estivesse melhor. Então, a opção foi roçar e passar o tratorito nas entrelinhas, entrando com um pouco de calcário para preparar a área para o plantio quando entrar a chuva.

Manejo é tudo!

Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube

Aproveite a caminhada: Um filme sobre café e agrofloresta

O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, apenas atrás da água. Com mais de 2 milhões de hectares plantados, o Brasil é líder na produção mundial, no entanto, esta superprodução tem um preço. O método empregado pelo agronegócio está empobrecendo o solo, acabando com a água, a biodiversidade e produzindo alimento envenenado.

Porém, existem produtores que já perceberam isso e vão na contra mão deste pensamento, produzindo em um Sistema Agroflorestal. O café é plantado em meio a uma grande diversidade de plantas, garantindo proteção contra doenças e alta produtividade, além de revitalizar nascentes e trazer de volta a vida silvestre.

Com os fertilizantes e a água cada vez mais escassos, o sistema agroflorestal tem se mostrado como a única solução para salvação da agricultura no futuro. Produtores de café do Espírito Santo e Minas Gerais, os dois estados onde mais se produz café no Brasil, já compreenderam que podem melhorar de vida e agregar valor ao produzir desta forma. Os compradores locais e internacionais estão priorizando quem produz assim, ninguém quer participar da destruição da natureza.

A mensagem que fica: O futuro será agroflorestal, ou não será nada.

Fonte: Canal Heitor Delpupo / Youtube

Documentário produzido como Trabalho de Conclusão de Curso.
Curso de Comunicação Social / Universidade Federal Fluminense
2022

Agricultura sintrópica: seleção de áreas

Ernst Götsch é o criador da agricultura sintrópica, prática que visa harmonizar as atividades humanas com os processos naturais de vida existentes de cada lugar. A técnica se baseia na sucessão e estratificação natural de cada espécie considerando o ciclo de vida e o espaço de cada ser vivo.

Fonte: Canal Agenda Gotsch / YouTube

Agricultura sintrópica: uma visita à Floresta Amazônica, com Ernst Götsch

A Amazônia está próxima do ponto de não retorno, ou seja, com a destruição de suas florestas o ambiente se torna mais seco e muito susceptível ao fogo. Sua degradação cria alças de reforço negativo, que nos distanciam cada vez mais das possibilidades de recuperá-la.

Mas existem soluções que podem reverter esse processo, uma delas é a agricultura sintrópica, tecnologia criada pelo pesquisador e agricultor, Ernst Götsch.

Neste filme, Ernst apresenta uma de suas propostas de como recuperar pastos e capoeira degradados com o intuito de recuperar a forma e a função da floresta original, ao mesmo tempo que produzimos muita comida. Sua proposta é digna de um prêmio Nobel, pois pode resolver muitos dos problemas criados por nós mesmos.

Fonte: Canal CEPEAS / YouTube

Transformando resíduos em nutrientes

Você provavelmente já ouviu falar sobre compostagem, mas sabia que esse processo vai muito além de apenas jogar restos de comida em uma pilha de terra?

A compostagem é uma técnica milenar que transforma resíduos orgânicos em nutrientes valiosos para o solo e as plantas. Neste post, vamos explorar algumas curiosidades fascinantes sobre a compostagem e descobrir por que ela é tão importante para o nosso planeta.

Adubo potente, nosso “Ouro Negro”

A compostagem é muitas vezes chamada de “ouro negro” devido à sua capacidade de transformar resíduos em um material rico em nutrientes que pode melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade das plantas.

Redução do Desperdício

A compostagem ajuda a reduzir o desperdício de alimentos e resíduos orgânicos, que são uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa nos aterros sanitários.

Ação dos decompositores

Na compostagem, microrganismos como bactérias e fungos são os verdadeiros heróis. Eles quebram a matéria orgânica em compostos mais simples, transformando-a em um material rico em nutrientes para o solo.

Compostagem em Casa

Você não precisa de um grande espaço para compostar. A compostagem doméstica pode ser feita em pequenas pilhas ou com composteiras específicas para apartamentos e casas sem quintal.

Compostagem em Grandes Escalas

Além da compostagem doméstica, existem usinas de compostagem em grande escala que processam resíduos orgânicos de cidades inteiras, transformando-os em adubo para áreas agrícolas, hortas e jardins. Nós do Ciclo Orgânico, compostamos resíduos residênciais, de empresas, escolas, creches, escritórios etc.

Controle de Odores

Compostagem bem-feita não causa mau cheiro. A presença de ar no processo de compostagem ajuda a evitar a formação de odores desagradáveis.

Compostagem e Agricultura

Agricultores têm usado compostagem por séculos para melhorar a saúde do solo e aumentar a produção de culturas. O composto ajuda a reter a umidade do solo, reduzindo a necessidade de irrigação.

Compostagem na Natureza

A compostagem é um processo natural que ocorre na natureza quando folhas caídas, galhos e outros resíduos orgânicos se decompõem, enriquecendo o solo das florestas e ecossistemas.

Impacto Ambiental Positivo

A compostagem reduz significativamente as emissões de metano, um poderoso gás de efeito estufa, que é produzido quando os resíduos orgânicos apodrecem em aterros sanitários.

Círculo Virtuoso

A compostagem completa um círculo virtuoso, onde os alimentos que consumimos são cultivados em solos saudáveis, enriquecidos pelo composto resultante da decomposição de resíduos orgânicos.

A compostagem é uma prática simples, acessível e com imensos benefícios para o meio ambiente e nossa própria qualidade de vida. Ao adotar a compostagem em casa ou apoiar iniciativas de compostagem em larga escala, estamos fazendo nossa parte para reduzir o desperdício, enriquecer o solo e preservar os recursos naturais do nosso planeta. Vamos juntos fazer a diferença e abraçar essa técnica valiosa que nos conecta com a natureza e nutre o futuro sustentável que buscamos.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Roda de Conversa — Pedro Bial, Thomas Lovejoy, Carlos Nobre e Felipe Pasini

Pedro Bial deu voz à Floresta na série a “A Natureza está Falando”, da Conservação Internacional em 2016, fazendo um aviso: “A natureza não precisa das pessoas. As pessoas precisam da natureza”. Hoje Pedro volta para dar voz às florestas que estão sendo consumidas pelas chamas, trazendo cientistas renomados como Carlos Nobre, Thomas Lovejoy e Felipe Pasini para debater sobre o futuro. Não da floresta, mas da espécie humana.

Fonte: Canal Life in Syntropy / YouTube

O semeador de mercados da agrofloresta

O Vale do Paraíba Paulista já foi uma das regiões econômicas mais importantes do país. Hoje, no entanto, há um grande passivo de áreas degradadas. Essas áreas podem ser restauradas e reflorestadas com espécies nativas e com modelos de produção como os sistemas agroflorestais.

Patrick, produtor rural do Vale, mostra que a agrofloresta e a restauração não são um sonho distante: é possível diversificar a produção e gerar renda, ao mesmo tempo em que se recupera o solo, a água e se planta florestas na fazenda.

Patrick começou sua jornada com o reflorestamento do guanandi, uma espécie de madeira nativa. Hoje, o guanandi pode ser usando para agregar valor em produtos de móveis de designers que, até pouco tempo, não sabiam que era possível usar madeira que não fosse de desmatamento. Depois, embarcou em projetos de agroflorestas, combinando o plantio de árvores com produção agrícola.

Com esse modelo, Patrick espera disseminar os sistemas agroflorestais e incentivar a restauração de 40 mil hectares em todo o Vale do Paraíba, promovendo a economia e criando uma nova Era de Ouro da produção sustentável.

Saiba mais na página:

O Brasil é o país das florestas. Mas a relação com elas precisa mudar. Chegou a hora de restaurar. A série As Caras da Restauração conta cinco histórias de brasileiros que estão plantando árvores e transformando sua relação com a terra a partir da restauração das florestas.

São pessoas de diferentes classes sociais e regiões do país que mostram como estão fazendo a restauração acontecer, vencendo desafios e gargalos, renovando a paisagem e suas histórias de vida. Cada história contém um episódio em vídeo e uma longa reportagem. O Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. A família Soares, Bruno Mariani, Silvany Lima, Patrick Assumpção e o casal Emerson e Viviane ajudam a mostrar como isso é possível.

Acompanhe em wribrasil.org/ascarasdarestauracao

Fonte: WRI Brasil / YouTube

Agricultura sintrópica por Ernst Götsch

A agricultura sintrópica pode ser definida como um modelo em que os processos agrícolas se assemelham aos processos naturais, tanto no que diz respeito à sua função como à sua dinâmica.

Ao contrário do que acontece na entropia, a sintropia é a passagem de algo mais simples para um mais complexo, ou seja, engloba uma série de ações completamente conscientes que têm como finalidade potencializar a reestruturação, o equilíbrio e a aceleração metabólica de um organismo ou sistema concreto.

Em suma, a agrossilvicultura é uma forma de cultivo múltiplo em que se procura satisfazer uma série de condições básicas que são a existência de várias espécies, pelo menos duas, que interagem biologicamente; geralmente pelo menos um dos componentes é uma planta lenhosa perene; e, finalmente, pelo menos dois dos componentes são geridos de forma a atingir os objectivos do agricultor que gere a exploração agrícola.

Os diferentes componentes estão distribuídos em diferentes estratos a nível espacial e temporal. As formas de produção agroflorestal podem ser aplicadas tanto em ecossistemas frágeis como naqueles mais estáveis e à escala desde uma pequena propriedade apenas para fins de subsistência, até grandes áreas cujo objectivo é a comercialização dos produtos obtidos. Los objetivos, por tanto, son lograr una diversificación de la producción, aumentar el nivel de materia orgánica en el suelo, fijar nitrógeno atmosférico, reciclar los nutrientes, optimizar al máximo la producción del sistema y modificar, en parte, el microclima donde están establecidos os cultivos.

Este sistema foi desenvolvido por Ernst Götsch, que da Suíça mudou-se para o Brasil em 1982, após ensinar métodos de agricultura sustentável a refugiados nicaraguenses na Costa Rica, durante a guerra civil nicaraguense, onde se dedicou a aconselhar o proprietário de uma área improdutiva que estava localizado na Bahia e onde comprou a fazenda que se propunha recuperar, por meio de reflorestamento e implantação do cultivo do cacau. Ao longo dos anos treinou diversos agricultores, que estão difundindo seus conhecimentos sobre manejo sintrópico. Embora inicialmente este método só fosse aplicado em pequenas propriedades, em algum momento Ernst mudou para a agricultura em grande escala, com sucesso.

No vídeo, Ernst Götsch fala brevemente sobre os princípios de vida nos quais se baseia a agricultura sintrópica.

Fonte: Ecoportal

 

Agrofloresta: você sabe o que é e como se faz?

Especialistas destacam boas práticas agropecuárias, preservação do solo e a necessidade de mapeamento do território brasileiro.

Fonte de alimentos, nutrientes, água e diferentes formas de vida, o solo é um dos recursos naturais que mais tem sofrido com a degradação causada por uso inadequado. Problemas como erosão, perda de matéria orgânica e de biodiversidade desafiam produtores e especialistas a desenvolver técnicas sustentáveis de plantio e manejo para preservar os diferentes tipos de solo do país.

Nesta segunda-feira, 15 de abril, é celebrado o Dia Nacional de Conservação do Solo. A data foi instituída pela Lei Federal 7.876/1989 como homenagem a Hugh Hammond Bennett, considerado o pai da conservação do solo nos Estados Unidos. O objetivo é promover uma reflexão sobre a necessidade de utilizar o solo de forma adequada e sustentável.

Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) mostra que mais da metade do solo da América Latina sofre algum tipo de degradação. No mundo, o percentual de degradação é de 33%. Os prejuízos mais evidentes são a compactação da terra, que agrava os impactos de enchentes, a perda de fertilidade e a menor captação de carbono da atmosfera.

Segundo Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cocais) e que integrou o Painel Intergovernamental de Solos da ONU, os solos brasileiros também estão sofrendo com degradação de diferentes tipos.

“Não é só erosão, é salinização, poluição, perda de nutrientes, acidificação. Por exemplo, se você cultiva e não faz uma adubação orgânica mineral, só retirando, sem repor, o sistema não fica em equilíbrio. Quando produz um alimento, você retira nutrientes do solo. E o desequilíbrio criado é um tipo de degradação”, explica.

A especialista pondera que a evolução da agricultura brasileira tem proporcionado o desenvolvimento de boas práticas, como cultivo em rotação de culturas, plantio direto, Integração Lavoura Pecuária e Florestas, fixação biológica de nitrogênio, entre outras. Algumas dessas práticas também ajudam a reduzir o volume de insumos e defensivos aplicados.

O Brasil tem seguido as recomendações do manual voluntário de práticas sustentáveis de manejo do solo, criado no âmbito da Aliança Global pelo Solo, segundo o especialista em ciência do solo, Jefé Leão Ribeiro, integrante da Coordenação de Conservação do Solo e Água, da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

“O Brasil sofre dos mesmos problemas globais. Com certeza há problemas de degradação, mas temos um diferencial, porque os sistemas produtivos fomentados pelo governo são sustentáveis. Agora, tem que ampliar o alcance das boas práticas”, disse Ribeiro.

Coberto e conservado

O principal cuidado a ser adotado para preservar o solo é protegê-lo da exposição à chuva, vento e produtos que levam à perda de matéria orgânica e à redução da capacidade de cultivo. “Se a gente não conservar os solos, não vamos ter a produção de alimentos de que necessitamos para a população em crescimento”, comenta Maria de Lourdes.

O engenheiro agrônomo Maurício Carvalho, que também integra a Coordenação de Conservação do Solo e Água do Mapa, reforça que a cobertura do solo, seja com palha ou capim, é essencial quando se trata de conservação. “É preciso manter o solo coberto para permitir a reciclagem de nutrientes”, explica.

Foi com esse objetivo que, há cinco anos, a fazenda “Amigos do Cerrado”, situada no Núcleo Rural Casa Grande, em Ponte Alta do Gama, a cerca de 50 km do centro de Brasília, fez a opção por um sistema de plantio orgânico seguindo os princípios de uma floresta de alimentos.

O carro chefe da produção da fazenda é a fruticultura, com destaque para o limão e a mexerica. Por semana, a fazenda comercializa em média cem caixas com duas toneladas de frutas orgânicas para grandes redes de supermercado e indústrias de sucos naturais.

Junto com o limão e a mexerica são plantados mandioca, banana, eucalipto e mogno. Em alguns pontos, também foram plantadas espécies nativas do cerrado, como baru, e frutos típicos de outras regiões, como o avocado. A fazenda usa capim para proteger as leiras (sulcos) onde são plantadas as sementes. Todo tipo de material orgânico é utilizado para reforçar a cobertura do solo, inclusive restos de poda da cidade que iriam para o lixo. “A gente chega a utilizar 140 toneladas de material para cobrir a leira”, explica Raul Monteiro, engenheiro agrônomo e responsável técnico da fazenda.

Equipe do Mapa visitou a fazenda um dia depois de um temporal e não havia nenhum sinal de terra arrastada pela água da chuva. Embaixo da cobertura de capim, roçado seis vezes por ano, a presença de muitas minhocas e outros animais indicam a alta fertilidade da terra.

Para imitar um ambiente florestal, foram intercaladas aos pés de limão e mexerica outras plantas de maior porte, como eucalipto e bananeiras, que dão sombra, geram insumos e reservam água. O objetivo é que o sistema seja autossustentável e que produza mais recursos do que consome.

“Aqui é um sistema agroflorestal mais voltado para agricultura sintrópica, onde misturamos uma diversidade de plantas, que têm raízes diferentes e emitem seiva para os micro-organismos do solo, permitindo a infiltração da água. Esse solo se torna uma esponja, uma caixa d’água, que vai alimentar o lençol freático e o rio”, explicou Carvalho.

A técnica de plantar diferentes culturas e proteger o solo permite que, mesmo no período de estiagem, o solo continue úmido e não necessite de irrigação diária com a água do poço.

“Eu costumo falar que se você planta banana, você planta água. Na seca, eu exploro a banana e uso como adubadeira. No auge da seca, eu molho por 20 minutos cada ramal por semana”, comenta Pedro.

Buscando viabilidade econômica, a escolha da fazenda Amigos do Cerrado pela variedade de plantas trouxe ainda o benefício de afastar o ataque de pragas e doenças. Antes, a área da fazenda servia apenas para plantio convencional em larga escala de milho e mandioca e boa parte do custo de produção era para comprar defensivos químicos. “Eu não quero nem pensar naquele tempo, porque eram 150, 200 litros de agrotóxico. No convencional, a gente trabalha com o solo pelado, explorando o solo. Aqui estamos protegendo o solo e conseguindo mais matéria orgânica. Isso significa custo mais baixo e benefício pra terra. Hoje, rende mais pra gente e sem contar o privilégio de trabalhar numa área dessa e a qualidade de vida”, comemora Pedro Monteiro Filho, gerente da Fazenda.

A estratégia de mesclar as culturas também colabora para o surgimento de novas plantas no ambiente, além de diversificar a renda da propriedade. Apesar de ser uma agrofloresta urbana para larga escala, também pode ser replicável na agricultura familiar.

“É um sistema que com potencial muito grande para ajudar a agricultura familiar. Isso aqui é solução para conservação de solo, de água, diversidade e fontes de renda diversas”, comentou Carvalho.

O trabalho da fazenda é desenvolvido com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A fazenda promove visitas guiadas para compartilhar experiência e as conquistas com o novo sistema e almeja dobrar a área de produção este ano.

Integração Lavoura e Pecuária

No interior do Maranhão, outra técnica tem feito a diferença no uso do solo. Em parceria com a Embrapa Meio Norte, a Fazenda Santa Luzia, situada em São Raimundo das Mangabeiras, adota a chamada Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILFP) há mais de anos. Desde que iniciou o processo, a fazenda, que planta basicamente milho e soja, aumentou o percentual de matéria orgânica do solo e aumentou em pelo menos 50% a produtividade.

Basicamente, a prática consiste em fazer o rodízio de diferentes culturas e intercalar os espaços de pastagem do gado com capim braquiária, que forma uma palhada e protege o solo da ação degenerativa. No último veranico que atingiu a região, em que se passaram 32 dias sem chuva, a palhada evitou prejuízos.

“Quando colhe o milho, a braquiária já está grande, aí a gente traz o gado. A palhada traz benefícios para o solo e para os animais. Tem sempre capim para o animal em época de escassez e o solo não fica exposto. Quando vem o próximo plantio, a semente aguenta mais, retém umidade e germina”, explica a técnica agropecuária da fazenda, Marcileia Guimarães.

A fazenda adota a integração na área total de seis mil hectares e se tornou referência na técnica na região. Atualmente, está desenvolvendo de forma mais intensa a pesquisa na área de floresta, plantando eucaliptos e outras árvores que fazem sombra ao redor das palhadas para evitar que o solo e os animais fiquem expostos ao sol.

O grupo também tem feito, em parceria com a Embrapa, cruzamentos de várias raças de boi para chegar ao chamado ‘boi tropical’, que é mais adaptado às pastagens naturais da região Nordeste e não degrada tanto o solo, pois consome menos recursos. “O boi tropical tem rusticidade, precocidade e outras características, come de tudo e não precisa de um pasto especial”, explicou a técnica.

Mapeamento

Um dos maiores gargalos do Brasil para garantir o cuidado mais efetivo do solo é a ausência de um levantamento detalhado sobre as características do território brasileiro. Segundo pesquisadores da área, a falta de dados sobre o recurso natural dificulta a formulação de políticas de conservação e recuperação de áreas degradadas.

“As escalas de conhecimento do nosso solo estão muito defasadas. Nós precisamos de informações mais detalhadas para tomar decisões mais acertadas a respeito do uso, manejo e conservação. O conhecimento é a base da conservação. Em conhecendo os solos, você pode definir o que é melhor para a agricultura, para a paisagem, para conservação”, afirma Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Embrapa.

Para preencher essa lacuna, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha para acelerar o Programa Nacional de Solos (Pronasolos). Liderado pela Embrapa Solos e composto por várias instituições de pesquisa, o programa tem como objetivo desenvolver no prazo de 30 anos um mapeamento que permita conhecer as propriedades do solo, as suas aptidões e os principais riscos a que está exposto.

“Os Estados Unidos, que são nossos concorrentes na balança comercial, já têm isso há muito tempo. Eles conhecem seus solos na escala de um para 20 mil, enquanto que no Brasil nós não temos nem uma escala de um para 100 mil. Ou seja, eles têm informações de solos cinco, dez, cem vezes mais detalhadas do que nós temos, dependendo da região”, comenta a pesquisadora.

Segundo a Embrapa, menos de 5% do território brasileiro conta com mapas de solos em escala de um para 100 mil ou maior. Em alguns estados brasileiros, como o Paraná, já é possível acessar dados sobre o solo na escala de 1 para 25 mil. Mas, na região Norte, por exemplo, os mapeamentos disponíveis ainda são da década de 80, com informações de um para um milhão.

O Pronasolos foi criado em 2015 e ainda aguarda a instalação dos comitês executivo e gestor. O Ministério da Agricultura já recebeu indicações de órgãos parceiros e deve finalizar neste semestre a composição do conselho para dar andamento ao programa.

A expectativa dos pesquisadores é de que o programa permita a formação de uma base de dados para subsidiar políticas públicas no meio rural e nas cidades, como a identificação dos solos e locais mais adequados para construção de casas, rodovias; previsão de catástrofes, planejamento do uso da terra e plantio cada cultura, entre outros benefícios.

No escopo de ações que devem favorecer a qualidade e fertilidade do solo, o Ministério também está ampliando o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e recentemente criou o grupo de trabalho para desenvolver o Programa Bioinsumos, que visa organizar o marco legal dos insumos biológicos para agricultura orgânica.

Fonte: Compre Rural

Fotos: Antonio Araujo/Mapa

O Agricultor – Ernst Götsch

A prática da agricultura é aprofundada quando reconhecemos o papel fundamental das plantas e dos animais. Viver de maneira conectada com a natureza nos leva a exercitar o corpo e a mente no sentido mais pleno.

Vídeo produzido pelo canal Agenda Gotsch / Youtube.

Agrofloresta Sintrópica trabalha com a recuperação pelo uso

Trabalhar em equilíbrio com a natureza é foco de sistema que tem destaque a formação do solo, regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo da água Estabelecimento de áreas altamente produtivas e independentes de insumos externos tem como consequência a oferta de serviços ecossistêmicos, com especial destaque para a formação de solo, a regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo da água.

Trabalhar a favor da natureza e não contra ela, associar cultivos agrícolas com florestais, recuperar os recursos ao invés de explorá-los e incorporar conceitos ecológicos ao manejo de agroecossistemas são algumas das características da Agricultura Sintrópica, mas não são exclusivas dela.

Variações desses fundamentos podem estar associados respectivamente à Permacultura, à Agrofloresta, à Agricultura Regenerativa e à Agroecologia, por exemplo.

Certamente encontraremos aderência de objetivos e convergência de práticas entre essas e muitas outras práticas com bases ecológicas e, diante dos desafios ambientais que hoje enfrentamos, são todas muito benvindas e devem ser devidamente celebradas e estimuladas.

Uma primeira e simples distinção que poderíamos fazer seria relativa ao fato de que dentro desse universo de conceitos, alguns se referem a sistemas de uso da terra enquanto que outros são sistemas de design e outros ainda uma ciência ou um movimento social e político.

Detalhes da Agrofloresta Sintrópica

Na Agricultura Sintrópica cova passa a ser berço, sementes passam a ser genes, a capina é a colheita, concorrência e competição dão lugar à cooperação e ao amor incondicional e as pragas são, na verdade, os agentes-de-fiscalização-do-sistema. Esses e outros termos não surgem por acaso, mas sim, derivam de uma mudança na própria forma de ver, interpretar e se relacionar com a natureza.

A Agricultura Sintrópica é constituída por um conjunto teórico e prático de um modelo de agricultura desenvolvido por Ernst Götsch, no qual os processos naturais são traduzidos para as práticas agrícolas tanto em sua forma, quanto em sua função e dinâmica.

Na Agricultura Sintrópica o estabelecimento de áreas altamente produtivas e independentes de insumos externos tem como consequência a oferta de serviços ecossistêmicos, com especial destaque para a formação de solo, a regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo da água.

Fonte: Compre Rural

Cultivando a saúde: hortas fitoterápicas auxiliam no bem-estar da população

O Distrito Federal tem sido o berço de projetos sociais e ecológicos que buscam formas alternativas para cuidar das comunidades usuárias do sistema público de saúde. Pacientes têm a possibilidade de participar dos cuidados no plantio e cultivo de ervas medicinais diretamente nos hortos e se beneficiarem dessa produção. A distribuição ocorre tanto das plantas produzidas pelo próprio paciente, como o insumo é enviado para farmácias, a fim de serem manipulados e distribuídos como fitoterápicos.

Nilda Sena, 66 anos, é uma das participantes do Projeto Terraterapia, na Unidade Básica de Saúde 1 de Águas Claras. “Frequento desde 2021, quando fui ao clínico geral, por questões de saúde, e ele me direcionou à nutricionista, que me convidou para cuidar da horta”, contou. Desde então, ela tem feito parte ativamente dos cuidados com as plantas medicinais. “Plantamos e colhemos para uso próprio. As ervas me ajudam bastante, principalmente a carqueja, que me auxilia com o problema que tenho de retenção de líquido na região das pernas. Além da espinheira santa, que tem efeito diurético e antidepressivo, que eu preparo em forma de chás e consumo.”

Estando frequentemente na horta, ela percebe os efeitos positivos dentro da comunidade que participa. “O pessoal mexe diretamente nos cuidados com a terra e plantam as próprias verduras. As meninas ficam muito felizes em recolher um pé de alface, ver crescer, pôr um cuidado ali”, partilhou sobre a relação das pessoas com o cultivo.

Jesuana Lemos, 45, nutricionista e uma das coordenadoras do projeto, explica que o ato do cuidado com a terra faz parte de um dos objetivos principais da Terraterapia. “O nosso intuito aqui na horta é deixar um espaço interativo em que o paciente tem autonomia para tomar decisões. A horta é deles e a decisão é tomada sempre em conjunto, inclusive o nome Terraterapia foi decidido assim.”

Para a comunidade

Nos hortos medicinais agroflorestais biodinâmicos ocorre o cultivo e produção de plantas medicinais que se tornam fitoterápicos e são distribuídas para a população, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelo Distrito Federal. “Tudo começou em 2017/2018 quando o Lago Norte teve uma situação de epidemia de dengue muito grave e, junto à comunidade, nós buscamos estratégias para fazer um projeto que pudesse, a longo prazo, enfrentar a transmissão da doença e de outras zoonoses”, afirmou o médico Marcos Trajano, 43, um dos idealizadores do projeto.

Um dos primeiros territórios escolhidos para a limpeza e retirada do lixo, que poderia ter focos do mosquito da dengue, foi a UBS do Lago Norte. Por isso, os idealizadores do programa decidiram integrar o espaço, como uma forma de combate ao Aedes aegypti. “Com a ajuda da Fundação Oswaldo Cruz e de outros parceiros, como a Companhia da Nova Capital (Novacap) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), o projeto se expandiu e, hoje, o Distrito Federal conta com 14 unidades do horto localizadas em regiões administrativas, como em Ceilândia, Taguatinga, Brazlândia, Samambaia, e Santa Maria”, destacou.

Marcos Trajano explica que o horto nasce da iniciativa de integrar o cuidado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para além dos procedimentos de saúde oferecidos pelo sistema (consultas, tratamentos e cirurgias), e de poder fazer isso de forma ecológica. A comunidade participa ativamente do cultivo e plantio dos insumos que são destinados à Farmácia Viva, para que sejam remanejados e distribuídos de forma segura. “É um encontro da ciência com o nosso compromisso de atuar contra os problemas causados pela emergência climática. Há o cuidado com a flora e com a fauna no desenvolvimento dos insumos que podem se transformar em medicamentos para a população”, diz Trajano.

Uso consciente

Renata Esotico, fisioterapeuta integral e terapeuta floral, especializada em fitoterapia, explica que o uso das ervas medicinais e fitoterápicos ocorrem de formas variadas, incluindo com pílulas ou chás preparados em casa, e os benefícios são variados. “Por serem naturais, têm um melhor benefício orgânico, gerando o efeito que nós precisamos sem afetar o organismo com o resquício de toxicidade da medicação alopática.” Entre as possibilidades de ação das ervas no organismo, a terapeuta cita as propriedades anti-inflamatórias, antibióticas, calmantes e, em contrapartida, estimulantes.

“Pela visão da medicina tradicional chinesa, há ervas tranquilizantes como a cidreira e camomila que podem auxiliar no tratamento de questões psicológicas, acalmando em situações de frustração e rotinas estressantes. Além de auxiliar no bom funcionamento do fígado.” No entanto, há contraindicações em relação ao uso das plantas, e, segundo a terapeuta, a superdosagem das ervas pode ter um efeito prejudicial ao organismo. “Os riscos vão desde uma intoxicação e sobrecarga do organismo até agitação e insônia, comuns no uso excessivo de ervas estimulantes, como a ginseng e raízes como cúrcuma e gengibre.”

A fisioterapeuta reforça a importância de buscar orientação antes do uso dos fitoterápicos.

Fitoterápicos

Atualmente, o horto trabalha com mais de 120 espécies de plantas diferentes, dentre elas, nove plantas que dão origem a 13 fitoterápicos diferentes, produzidos pelas Farmácia Viva do Riacho Fundo 1 e de Planaltina. Entre eles:

  • Gel de babosa (Aloe Vera)
  • Gel de erva-baleeira (Cordia Verbenacea)
  • Gel de confrei (Symphytum officinale)
  • Gel de alecrim-pimenta (Lippia sidoides)
  • Tintura de alecrim-pimenta (Lippia sidoides)
  • Xarope de guaco (Mikania laevigata)
  • Tintura de guaco (Mikania laevigata)
  • Chá medicinal de colônia (Alpinia zerumbet)
  • Tintura de boldo nacional (Plectranthus barbatus)
  • Tintura de funcho (Foeniculum vulgare)
  • Chá medicinal de guaco (Mikania laevigata)

Fonte: Correio Brasiliense

Agrofloresta se torna alternativa ao método de cultivo convencional

A crise climática tem provocado debates em diferentes setores em economias do mundo todo. Um dos principais é o de produção de alimentos, no qual existem esforços para garantir itens de qualidade para todos, causando o menor impacto possível ao meio ambiente. Os sistemas agroflorestais (SAFs), caracterizados pela diversidade de culturas em um mesmo canteiro, apresenta-se como uma dessas alternativas ao método convencional.

Produção de alimentos orgânicos, geração de renda, conservação do solo e aumento da biodiversidade são algumas das vantagens do modelo, de acordo com Hamilton Favilla, assessor especial da Subsecretaria de Gestão de Águas e Resíduos Sólidos, da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do Distrito Federal. Ele também enumera como aspectos positivos a melhoria na qualidade de vida dos agricultores, a ampliação da ciclagem de nutrientes e o aumento da disponibilidade de água.

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Hamilton detalha que o uso dessa tecnologia contribui para reordenar e restaurar o ambiente natural, por meio de uma produção em comunhão com a floresta. O sistema reúne, em uma mesma área, o plantio de hortaliças, de frutas e de madeiras, o que possibilita a recuperação de espaços degradados, a proteção do ecossistema e dos mananciais de água.

“Nesse tipo de agricultura, não é necessário o uso de defensivos químicos ou agrotóxicos. O ponto principal é a aplicação de adubos orgânicos de origem animal, principalmente oriundos do manejo das próprias agroflorestas”, destaca Favilla.

O projeto CITinova, coordenado pela Sema, implantou 20 hectares de sistemas agroflorestais mecanizados em 37 propriedades rurais do Distrito Federal. A iniciativa, financiada pelo Global Environment Facility — GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) e implementada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), também desenvolveu equipamentos agrícolas, como enxada rotativa subsoladora; ceifadeira-enleiradeira; e podadora em altura. Foram plantados 1.100 indivíduos de 25 espécies de árvores nativas do Cerrado — gerando 52 variedades de alimentos produzidos —, 10.298 árvores frutíferas e 9.424 eucaliptos.

Prosperidade

A professora aposentada Gedilene Lustosa, 51 anos, foi uma das contempladas pelo CITinova. Ela, que vem de uma família de assentados da reforma agrária e o marido é agricultor familiar desde os anos 1980, enveredou pelo caminho do magistério, mas sempre quis ter uma agrofloresta na propriedade onde vive, no Caub, sonho que começou a ser realizado em 2020.

Na chácara, a agrofloresta coexiste com canteiros de agricultura convencional, mas a nova forma de cultivo alterou hábitos no trabalho do marido. “A principal mudança é que não usamos mais pesticidas. Ele ainda usa fertilizante, coisa que eu não faço no meu SAF”, detalha. Para o combate de pragas, Gedilene lança mão de repelentes biológicos, como óleo de neem, calda de fumo, boveril e dipel.

O sonho foi motivado, principalmente, pela busca da preservação das nascentes da região. “Agora, o poço não seca mais na época de estiagem, e tenho maior diversidade de alimentos produzidos”, comemora.

O canteiro é um mosaico de culturas. Crescem, lado a lado, milho, banana, maracujá-pérola, laranja, mandioca, urucum, cúrcuma, cenoura e inhame. A renda da empreendedora foi impactada positivamente, sobretudo, após começar a comercializar cestas de vegetais encomendadas por pessoas de outras cidades do DF.

Saúde e educação

O Coletivo Aroeira adotou a agroecologia como forma de promover saúde mental e educação ambiental. O público-alvo das ações inclui profissionais do sexo, usuários de drogas, pessoas que passaram pelo sistema penitenciário e quem esteve em situação de rua.

No momento, o grupo, fundado em 2018, está em processo de instalação de uma agrofloresta no Parque Ecológico do Riacho Fundo, gerido pelo Instituto Brasília Ambiental, restaurando uma área que estava degradada. “Nosso objetivo é proporcionar diversidade de plantas, de frutas e de ervas medicinais para a população do Riacho Fundo 2. Em 16 de março de 2023, começamos a parte do plantio junto à comunidade, também oferecendo atividades de educação ambiental”, detalha Ana Cavalcanti, psicóloga integrante do coletivo.

A previsão é de que a estrutura tenha mais de 50 espécies, como milho, inhame, abóbora, mandioca, plantas medicinais, espécies frutíferas e nativas do Cerrado. “A vantagem do SAF é que ele nos permite que criemos uma floresta com todos os serviços ecológicos que esse espaço proporciona, como captação de água, limpeza do ar, mais qualidade de vida no solo e para a fauna local — abelhas e outros insetos —, conservação de espécies nativas e criação de um microclima”, elenca.

A psicóloga destaca, ainda, que, fora os benefícios para a comunidade, a educação ambiental, que é imperativo da agricultura agroflorestal, é um elemento central na discussão da crise climática. “Agroecologia sem debate político é apenas apenas jardinagem”, avalia a psicóloga.

Fonte: Correio Brasiliense

Silvicultura de nativas: O que é, tipos, retornos ambientais e econômicos

A restauração de paisagens e florestas é uma das medidas mais importantes para combater a emergência climática. Ao mesmo tempo em que é uma medida eficaz para proteger o solo, recuperar nascentes, deixar o ar mais limpo e a temperatura mais amena, a restauração também traz oportunidades de trabalho e retorno financeiro.

Além do plantio ecológico, existem modelos de restauração que atuam em conjunto com sistemas econômicos, gerando renda no meio rural, desenvolvendo uma economia florestal e, assim, beneficiando toda a sociedade.

O que é silvicultura de nativas e quais são seus benefícios ecológicos

Silvicultura de nativas é o plantio e cultivo de árvores de espécies nativas brasileiras para uso econômico. São plantios planejados para colheita e comercialização de madeira ou produtos florestais não madeireiros, gerando emprego e renda no campo.

Além da sua relevância econômica, a silvicultura de nativas tem presente um importante componente de sustentabilidade: por se tratar de espécies de árvores brasileiras, a atividade traz benefícios para a biodiversidade e contribui com serviços ecossistêmicos como a melhora da qualidade da água e do solo e o fornecimento de abrigo para fauna.

Também desempenham um papel fundamental no combate à emergência climática. Estudo recente publicado na revista Science identificou as florestas como partes importantes na mitigação das mudanças climáticas. Florestas plantadas capturam o carbono da atmosfera, que fica retido na madeira, ajudando a mitigar efeitos das emissões de gases de efeito estufa. A madeira de espécies nativas brasileiras é um produto de alto valor agregado que, em geral, tem um tempo de crescimento maior do que as espécies exóticas tradicionais. Por isso, essas árvores estocam carbono por um período mais longo, tanto durante o crescimento no campo quanto nos produtos de madeira sólida originados destas árvores. O período de crescimento mais prolongado também reduz a quantidade de intervenções que podem causar impactos no ambiente, como a colheita e a manutenção de estradas rurais.

Por fim, ao colocar madeira que foi plantada e cultivada para fins comerciais no mercado, a silvicultura de nativas ajuda a aliviar a pressão do desmatamento em áreas de florestas naturais. O plantio de espécies nativas pode ser feito mais próximo dos centros consumidores, eliminando desperdícios no processamento da madeira, empregando diferentes materiais genéticos, e ainda oferecendo outros benefícios. Dessa forma, o reflorestamento com nativas desempenha o papel duplo de impulsionar a economia por meio da comercialização de madeira de origem responsável e de ampliar a proteção das florestas ao desincentivar que árvores centenárias sejam utilizadas para o mesmo fim.

Silvicultura de nativas faz sentido do ponto de vista econômico?

Se os benefícios ambientais do reflorestamento com nativas estão bem estabelecidos, podemos dizer os mesmos dos resultados econômicos da silvicultura de nativas? Por que um produtor deveria investir em plantar florestas?

A resposta é positiva. O WRI Brasil vem trabalhando nos últimos anos em identificar empresas, produtores rurais e organizações que plantam nativas para fins econômicos, e avaliar o resultado econômico dessas operações.

O projeto Verena, por exemplo, conduzido pelo WRI Brasil em parceria com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e com a Fundação GoodEnergies, desde 2016 trabalha para demonstrar o potencial econômico do reflorestamento com nativas. Em um estudo com 12 propriedades rurais da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, o projeto comprovou que a atividade é competitiva. A análise comparativa mostrou que o uso de espécies nativas gera um retorno econômico maior do que a silvicultura com espécies exóticas, visto que a taxa interna de retorno mediana obtida na análise foi de 12,9% dos modelos com nativas, contra 11% para cultivo de eucalipto.

São vários os modelos de plantio que um produtor rural pode implantar para apostar na silvicultura de nativas. Alguns dos modelos de negócios identificados pelo projeto Verena são:

  • Plantio econômico biodiverso: diferentes espécies nativas, ordenadas segundo um desenho espacial definido de acordo com as condições ecológicas de cada espécie.
  • Plantio econômico monocultura: cultivo de uma única espécie nativa, plantada geralmente em linhas e com manejo semelhante ao do eucalipto.
  • Plantio misto (nativas e exóticas): utiliza espécies nativas e exóticas; por exemplo, mogno africano associado a outras espécies nativas.

Algumas das árvores nativas madeireiras mais utilizadas nos modelos são o paricá, o jequitibá-rosa, o louro-pardo, o louro-freijó, o mogno, o guanandi, a tatajuba e a família dos ipês. Já entre as espécies nativas de produtos não madeireiros estão o cacaueiro, o açaizeiro, a macaúba, a erva-mate, o cumaru, a candeia e a palmeira juçara.

Quem trabalha com silvicultura de nativas no Brasil

Um dos nomes de sucesso na silvicultura de nativas no Brasil é Bruno Mariani. O empresário está à frente da Symbiosis Investimentos, empresa que trabalha com o reflorestamento comercial de espécies nativas da Mata Atlântica para produzir madeira serrada de alta qualidade. Bruno e sua empresa aliam tecnologia ao plantio com fins econômicos, trazendo da ciência e do mercado os instrumentos necessários para instaurar uma economia florestal ao mesmo tempo produtiva e sustentável.

A Symbiosis move uma bioeconomia de produtos florestais madeireiros, promove a restauração da Mata Atlântica, ajuda a recuperar serviços ambientais e realiza a captura de carbono tanto na madeira quanto no solo, sem perder a produtividade e o lucro. A empresa opera em um modelo que mantém 40% das áreas destinadas para conservação e 60% para a produção. Áreas de pastagem pouco produtivas empregam poucas pessoas; a Symbiosis, em comparação, mantém mais de 40 pessoas trabalhando em todas as etapas da cadeia da restauração.

Bruno Mariani não é o único. Empresas como a Futuro Florestal, a Amata e a Fazenda Nova Coruputuba também estão mostrando que é possível obter retorno financeiro com o plantio de árvores nativas.

Pesquisa & Desenvolvimento para impulsionar as nativas

Exemplos como o de Bruno Mariani sugerem o quanto a silvicultura com espécies nativas poderia ser beneficiada com mais investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Para suprir essa lacuna, uma rede de organizações parceiras, entre as quais o WRI Brasil, vem atuando ao longo dos últimos anos em diferentes projetos, estudos e iniciativas.

Investir em P&D pode alavancar ainda mais esse potencial. Para demonstrar o quanto, o WRI Brasil conduziu o estudo “Prioridades e Lacunas de Pesquisa & Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas no Brasil”, analisando diferentes cenários de investimento para estabelecer uma plataforma de P&D para espécies nativas da Amazônia e da Mata Atlântica. Um dos cenários, incluindo 30 espécies de árvores nativas, apontou um retorno de US$ 2,39 para cada dólar investido em um período de 20 anos.

Na esteira desse trabalho, em abril de 2021 a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura lançou o Programa de Pesquisa & Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas (PP&D-SEN). É o primeiro programa nacional de P&D para árvores nativas e vai conectar instituições de pesquisa, universidades, empresas, governos, sociedade civil e financiadores, formando uma rede inicial de 20 sítios para o desenvolvimento de pesquisas de espécies da Amazônia e da Mata Atlântica.

O PP&D-SEN vai abranger pesquisas em três áreas principais: produção florestal; meio ambiente e paisagem; e dimensões humanas. Estudar as relações entre essas áreas vai ajudar a compreender como elas influenciam a restauração na prática e, consequentemente, a promover a silvicultura com árvores nativas.

Silvicultura de nativas: bom para o clima, para a economia e para as pessoas
O Brasil tem o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas, de acordo com Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). A restauração florestal, por meio da silvicultura com espécies nativas, é uma das medidas mais eficazes para alcançarmos esse objetivo.

O investimento em Pesquisa & Desenvolvimento e a parceria entre o projeto Verena, empreendedores e entidades do setor podem ajudar a aumentar a escala da restauração e atrair os investimentos de que atividade precisa para se desenvolver e fazer parte da solução contra as mudanças climáticas. A silvicultura com espécies nativas é um ganho para o clima, para a economia e para as pessoas: a atividade tem o potencial de incentivar uma economia florestal pujante, gerar renda e oportunidades de trabalho no meio rural, além dos evidentes benefícios ambientais, como a captura de carbono e a melhora da qualidade do solo, da água e do ar que respiramos.

Fonte: WRI Brasil

 

iLPF: os benefícios econômicos e ecológicos da integração Lavoura-Pecuária-Floresta para o país

O Brasil tem uma grande oportunidade no setor agropecuário: a de expandir seu rebanho bovino ao mesmo tempo em que cumpre o Código Florestal, protege florestas e regenera áreas naturais. Estudo publicado na revista científica Royal Society Open Science, de Londres, mostrou que a recuperação de pastagens degradadas pode aumentar o rebanho bovino brasileiro no tamanho de um Uruguai.

Para isso, é preciso melhorar a qualidade dos 69 milhões de hectares de pastagens degradadas no país. Recuperar essas áreas pode aumentar a produtividade da pecuária sem colocar em risco as florestas e a biodiversidade, gerando oportunidades de trabalho no meio rural e retornos econômicos para o país. Uma das formas de fazer isso é por meio da integração entre áreas de cultivo com pecuária e florestas.

Em uma série de três artigos, o WRI Brasil mostra modelos de restauração de paisagens e florestas com fins econômicos, identificando o importante papel que eles exercem dos pontos de vista ambiental, econômico e social. Neste texto, entenda o que é e como funciona a integração de lavoura e pecuária com as florestas, conhecida como iLPF.

O que é a iLPF e quais as vantagens para a economia e a natureza

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), também conhecida como sistema silvipastoril, é uma estratégia de produção sustentável que integra pecuária, atividades agrícolas e florestais, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes e otimizando aumentos da produtividade com a conservação de recursos naturais. Essa integração pode ser feita ao mesmo tempo ou de forma sucessiva, plantando um tipo de cultura que é, depois, substituído pela criação de animais ou pela plantação de vegetação nativa. São quatro os arranjos possíveis:

  • Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF)
  • Integração Lavoura e Pecuária (iLP)
  • Integração Pecuária e Floresta (iPF)
  • Integração Lavoura e Floresta (iLF)

Em um país onde a pecuária é responsável por uma parcela importante do PIB do agronegócio, adotar a iLPF permite aumentar a produtividade sem a necessidade de abrir novas áreas de pastagens. Também é uma alternativa atrativa para a restauração porque, assim como a silvicultura de nativas e os sistemas agroflorestais, alia benefícios econômicos e ecológicos.

Segundo nota técnica da Embrapa, entre os benefícios ambientais da iLPF há a melhora os nutrientes no solo, o bem-estar dos animais e a proteção dos recursos naturais, além dos ganhos com o cultivo de alimentos saudáveis. Em termos econômicos, a técnica aumenta a produção de grãos, fibras, carne, leite e produtos madeireiros e não madeireiros e, com isso, gera empregos diretos e indiretos e contribui para a renda dos produtores.

Além disso, a iLPF pode ser uma ferramenta eficaz para que produtores rurais se protejam de eventos climáticos extremos. O estudo Papel do Plano ABC e do Planaveg na Adaptação da Agricultura e da Pecuária às Mudanças Climáticas avaliou o impacto de uma série de tecnologias agrícolas previstas no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), incluindo os sistemas integrados. A análise da iLPF mostra que ela melhora o clima local e a qualidade do solo, reduz eventos extremos e pragas, além de trazer ganhos em produtividade.

Quem está fazendo iLPF no Brasil

A integração Lavoura-Pecuária-Floresta está prevista nas políticas públicas brasileiras, como o Plano ABC e o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). Além disso, o país se comprometeu com uma meta de implementar 5 milhões de hectares de iLPF em todo o país até 2030.

Segundo a Rede iLPF, há no Brasil cerca de 17 milhões de hectares com produção em sistemas integrados. A maior parte (em torno de 80%) integra lavoura e pecuária, sem introduzir árvores no sistema. A parte que integra o componente florestal utiliza predominantemente o eucalipto, pelo seu rápido crescimento e outros fatores que facilitam a implantação pelo produtor. A Rede projeta uma meta de atingir 35 milhões de hectares com o sistema iLPF até 2030, mostrando que há ainda uma grande oportunidade para restaurar e integrar florestas nas produções agropecuárias.

Com a grande biodiversidade e o potencial agrícola que o Brasil tem, é possível aproveitar esta oportunidade com ainda maiores ganhos ecológicos e, inclusive, econômicos, ao se utilizar espécies florestais nativas nos sistemas iLPF. O WRI Brasil levantou mais de 50 fazendas que utilizam diversas espécies nativas em sistemas iLPF.

Integração de pecuária com plantio de árvores nativas

Um caso piloto de como as árvores podem impulsionar a pecuária é o caso bem-sucedido de Vila Velha (ES), com a experiência de Jurandir Melado na Fazenda Ecológica. A fazenda faz o manejo de pastagens ecológicas utilizando o Sistema Voisin Silvipastoril, técnica adaptada por Jurandir a partir do método Voisin, que possibilita o equilíbrio entre solo, pasto e gado, aliado à introdução de árvores para conforto térmico dos animais. A experiência tem apoio do projeto Renovando Paisagem, que em uma de suas frentes de ação implementa unidades demonstrativas utilizando técnicas de produção sustentável.

Outro projeto piloto de pecuária com árvores acontece em Teixeira de Freitas, na Bahia. O Ministério Público Estadual da Bahia, com apoio do WRI Brasil, desenvolve o projeto Pecuária Sustentável, que utiliza a mesma técnica para estimular a atividade pecuária a partir do manejo sustentável das pastagens. Ao permitir a rotatividade do gado em áreas delimitadas previamente, aliando o bem-estar dos animais ao descanso necessário do solo e do pasto, o projeto espera aumentar a produtividade dos produtores locais sem gerar danos ao meio ambiente. Segundo técnicos contratados pelo projeto, a expectativa é que o sistema Voisin Silvipastoril consiga aumentar em até 20% a produção de leite e aumentar em até quatro vezes os ganhos no gado de corte.

iLPF: um ganho para a restauração e para a economia

A pecuária bovina é uma atividade importante para a economia brasileira, e recuperar áreas de pastagens degradadas sem aumentar a pressão sobre os recursos naturais, por meio de alternativas como a iLPF, é a melhor estratégia para expandir o setor.

Segundo estudo da iniciativa Nova Economia para o Brasil, a recuperação de pastagens degradadas é peça-chave para uma retomada econômica verde. O estudo demonstrou que o esforço de recuperação custaria em torno de R$ 25 bilhões – apenas 10% do montante do Plano Safra – e, em dez anos, esse valor não apenas seria compensado como resultaria em um retorno de R$ 19 bilhões.

A recuperação de pastagens degradadas e a expansão da integração Lavoura, Pecuária e Floresta andam juntas. A pecuária bovina é uma atividade altamente produtiva em diversas regiões do Brasil, mas sistemas extensivos e de baixa tecnologia ainda fazem com que o setor não alcance todo o seu potencial de eficiência. Modelos que aliam a produção de alimentos saudáveis à criação de animais e ao cultivo de espécies arbóreas, como a iLPF, ajudam a promover essa mudança mantendo ou aumentando a produtividade, conciliando crescimento econômico e o cuidado com a natureza.

Fonte: WRI Brasil

 

Sistemas Agroflorestais (SAFs): o que são e como aliam restauração e produção de alimentos

O Brasil tem pela frente o grande desafio de restaurar florestas e paisagens, recuperando milhões de áreas degradadas e regenerando florestas. Essa restauração é crucial para cumprir com os compromissos climáticos e ajudar o país a fazer a transição para uma economia de baixo carbono.

Para que essa restauração florestal ganhe escala, é importante que ela gere oportunidades no campo para agricultores e agricultoras familiares, produtores e produtoras rurais, comunidades e empresas. Há formas de gerar melhorias ambientais e, ao mesmo tempo, criar oportunidades de trabalho e renda no campo. Em uma série de três artigos, o WRI Brasil mostra alguns desses modelos, identificando o importante papel que eles exercem dos pontos de vista ambiental, econômico e social. Neste primeiro texto, conheça mais sobre os Sistemas Agroflorestais, também conhecidos como SAFs ou agroflorestas.

SAFs: o que são e quais as vantagens ecológicas e econômicas

Um sistema agroflorestal é uma forma de uso e ocupação do solo em que árvores são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras. Em outras palavras, é um sistema em que o produtor planta e cultiva árvores e produtos agrícolas em uma mesma área, garantindo a melhora de aspectos ambientais e a produção de alimentos e madeira.

Para ser um sistema agroflorestal efetivo, é importante que esse sistema seja desenhado seguindo uma lógica de produção, levando em consideração solo, clima, mercado, composição de espécies, arranjos, operação, objetivo com a produção, custos e a legislação. O objetivo é garantir que as espécies trabalhem juntas. Por exemplo, algumas espécies agrícolas já consolidadas, como cacau, café ou erva-mate, crescem bem na sombra de árvores. O produtor pode combinar esses plantios com árvores como araucárias, seringueiras, açaizeiros, entre outras.

Os benefícios econômicos para os produtores são múltiplos. Primeiro, eles garantem renda ao longo do tempo, porque podem comercializar primeiro as espécies agrícolas de crescimento rápido, depois espécies de médio prazo, como as frutíferas e, no longo prazo, as espécies madeireiras de alto valor agregado. As árvores plantadas no sistema também podem funcionar como uma “aposentadoria” para agricultores familiares – elas podem demorar décadas para crescer e serem comercializadas, mas quando chega a hora da colheita, proporcionam um bom retorno do investimento inicial.

As vantagens ambientais também são grandes. As árvores têm importante papel na redução da degradação, melhora da qualidade do solo e da água da propriedade, entre outros.

Pesquisas recentes mostram também que os Sistemas Agroflorestais podem exercer um importante papel na adaptação a eventos climáticos extremos. As alterações nos padrões do clima são uma ameaça à produção agrícola em todo o mundo. Estimativas indicam que as mudanças climáticas podem reduzir a produtividade global da agricultura em 17%. O IPCC identificou o plantio em sistemas agroflorestais como uma das medidas mais interessantes para a adaptação climática, tornando as propriedades rurais mais resilientes e resistentes a pragas, secas e inundações.

Quem está produzindo com sistemas agroflorestais no Brasil

Os sistemas agroflorestais já são uma realidade no Brasil. Há milhares de iniciativas de agricultores familiares produzindo e restaurando ao mesmo tempo no país todo. Na Amazônia, por exemplo, a Aliança pela Restauração da Amazônia identificou mais de 1.600 iniciativas de restauração por meio de SAFs no bioma. Na Mata Atlântica, o podcast Tom da Mata, do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, teve um episódio exclusivo sobre as agroflorestas. E movimentos sociais também apostam nos SAFs: o MST, por exemplo, colocou as agroflorestas como elemento-chave de seu plano de plantar 1 milhão de árvores.

A série As Caras da Restauração, do WRI Brasil, contou algumas histórias de pessoas que estão fazendo a restauração acontecer – muitas delas se utilizando dos modelos de sistemas agroflorestais. Em Juruti, no Pará, a mandioca, principal fonte de renda, é cultivada junto com árvores em um sistema integrado. A família Soares é uma das que mudaram sua relação com a terra e hoje colhem os frutos do cultivo utilizando SAFs. A família substituiu as práticas de monocultura e o uso do fogo para limpar a terra pelo consórcio entre diferentes espécies. Com isso, deixaram de depender apenas da mandioca. A família está gerando renda com a venda de frutas, óleos, essências e outros produtos agrícolas que oferecem mais segurança alimentar, renda e resiliência.

Outra história de sucesso é a de Patrick Assumpção. Em Pindamonhangaba (SP), Patrick comanda a Fazenda Nova Coruputuba, onde testou diferentes modelos de sistemas agroflorestais. Os testes combinaram o plantio de madeira nativa com leguminosas; madeira, leguminosas e frutas; ou, ainda, o plantio de plantas com valores culturais ou tradicionais. Os resultados indicam quais modelos tiveram melhor desempenho na região, e podem ser adaptados e espalhados por todo o Vale do Paraíba, desencadeando um movimento pela restauração.

Como aumentar a escala dos sistemas agroflorestais

Muitas iniciativas já mostram que SAFs são um bom negócio tanto para os produtores quanto para o meio ambiente. Mas como impulsionar esse modelo para que ganhe escala e se espalhe pelo país? O primeiro passo é aprofundar conhecimentos sobre fatores como taxa de crescimento, produtividade e mercado, além de identificar bons modelos (de negócios e de plantio) para atrair investimentos. Empreendimentos que trazem inovação para o setor também são essenciais para implementar transformações com base nos conhecimentos aprofundados.

Em parceira com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o WRI Brasil criou a ferramenta de investimento VERENA, que permite analisar o retorno financeiro de modelos de reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais. Na mesma linha, a Metodologia de Avaliação de Oportunidades de Restauração (tradução da sigla em inglês ROAM) avalia os fatores da paisagem que podem favorecer a restauração e ajuda a engajar e articular os agentes e entender suas necessidades e desafios, identificando o quê, como e onde empreender esforços de restauração. A metodologia parte da análise de dados para indicar boas oportunidades, avaliando o custo-benefício e assinalando possíveis fontes de recursos públicos e privados.

Fonte: WRI Brasil

 

4 contribuições da agroecologia para a saúde do Brasil

Com apoio da FIOCRUZ e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), listamos quatro pontos fundamentais que fazem do movimento agroecológico um aliado fortíssimo da saúde da população brasileira.

Caminhando de mãos dadas, nossos direitos à saúde e à alimentação têm sido atropelados pelos governos que deveriam promovê-los. Principalmente por meio dos intermináveis incentivos públicos a um sistema alimentar que comprovadamente envenena nossas terras e águas, gera desmatamento e promove injustiças sociais. Tudo isso enquanto joga nas prateleiras dos supermercados alimentos ultraprocessados e banhados de agrotóxicos.

Não é por acaso que os cientistas vêm alertando sobre o risco de surgirem novas pandemias como a da COVID-19, por conta dos desequilíbrios ecológicos gerados com grande contribuição de um modelo de agricultura baseada no lucro. E não é coincidência que as principais causas de morte hoje, no Brasil e no mundo, são doenças ligadas à alimentação: problemas cardíacos, câncer, diabetes e AVC geram gastos à saúde pública que chegam à casa dos trilhões de dólares globalmente.

Ancorado em um agronegócio que mira nos lucros altos e nas exportações de commodities (dá uma olhada neste vídeo com a atriz Alice Braga!), o atual modelo brasileiro de produção de alimentos adoece e mata. Seja pela boca, ou pela devastação que provoca ao meio ambiente e à nossa diversidade cultural.

A saída tem nome: agroecologia

Já faz algumas décadas e crescem cada vez mais as evidências e recomendações científicas confirmando o que povos tradicionais já defendem e praticam há milênios: para garantir a saúde e o bem viver de todas as pessoas, precisamos fortalecer os caminhos de transição para sistemas de produção, distribuição e consumo de alimentos que sejam aliados da natureza, não inimigos. Que sejam diversos, não homogêneos. Que sejam justos, não desiguais. E que sejam saudáveis, não tóxicos.

A boa notícia é que esse modelo já existe, e é colocado em prática em todos os cantos do Brasil, pelas mãos da agricultura familiar, camponesa, e dos povos tradicionais e originários. Com a bênção da ciência e dos saberes populares, esse modelo tem nome: AGROECOLOGIA.

Segue o fio que a gente te apresenta abaixo 4 contribuições fundamentais da agroecologia para fortalecer a saúde da população brasileira – e, quem sabe, do mundo todo.

Agroecologia produz comida de verdade, e sem agrotóxicos

O Brasil está encharcado de agrotóxicos: a cada ano, cerca de 500 mil toneladas de veneno são despejados em território nacional. Desde o início do governo Bolsonaro, mais de 1.228 novos produtos químicos foram autorizados no país. Estamos reféns de um modelo de produção agrícola quimicamente dependente.

Inúmeros trabalhos científicos associam o uso de agrotóxicos a problemas gastrointestinais, respiratórios, malformação congênita de fetos, câncer e inúmeras outras doenças. No Brasil, pelo menos 8 pessoas são intoxicadas a cada dia. Em 2017, o Ministério da Saúde fez um levantamento em 2.600 municípios brasileiros para detectar a presença de agrotóxicos na água distribuída à população: foram encontrados resíduos de veneno em 92% das cidades monitoradas.

Vivemos uma verdadeira ‘epidemia’ do veneno. E ela é insustentável no longo prazo. Não é por acaso que entre 2000 e 2014 o uso de agrotóxicos no Brasil deu um salto de 134%: quanto maior a devastação dos ambientes naturais, mais aditivos químicos são necessários para compensar esse desequilíbrio. E neste ciclo sem fim, os solos ficam cada vez mais pobres, assim como os alimentos que nascem ali.

Mas a agroecologia vem justamente romper com esse sistema que acaba com as terras e com a saúde da população. Afinal, ela tem como princípio a produção de alimentos em solo rico, vivo, saudável. Busca incansavelmente o equilíbrio ambiental, a justiça e a harmonia entre todos os seres visíveis e invisíveis. E é justamente esse equilíbrio fino da natureza que garante uma produção livre de agrotóxicos e aditivos químicos.

Agroecologia protege o meio ambiente

“Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio”. A dica da agrônoma Ana Primavesi é o ponto de partida da prática agroecológica. Enquanto o modelo atual de produção de alimentos precisa desmatar para produzir, a agroecologia depende de uma relação harmônica com a natureza para existir – não é à toa que ela carrega ECOLOGIA em seu nome, né?!

É por isso que os sistemas agroecológicos não esgotam os solos, não desperdiçam água e não contaminam o ambiente com venenos. Ninguém força a barra pro arroz e o feijão crescerem mais rápido, ou para mandioca ganhar mais peso: nesse grande organismo vivo, os ciclos naturais são respeitados, e é da cooperação mútua entre as plantas e demais seres vivos que nasce a proteção natural contra doenças e infestações de insetos, por exemplo. Ou seja: é da diversidade que nasce o equilíbrio.

Ali, quem comanda o expediente não é o lucro: é a natureza e a saúde das pessoas. Colocada em prática por milhões de agricultoras e agricultores familiares e povos tradicionais no país todo, a agroecologia tem um imenso potencial de transformar os sistemas agroalimentares e fortalecer os territórios, promovendo a saúde e melhorando as condições de vida de todo mundo.

Agroecologia preserva nossas culturas alimentares

Na história da humanidade, aprendemos a comer guiados pela cultura. E atravessamos gerações acumulando conhecimentos sobre o que devemos plantar e ingerir para estar com a saúde em dia. Mulheres, em especial, até hoje guardam saberes profundos sobre práticas de cuidado e saúde por meio da agricultura, da alimentação e do uso de plantas medicinais – que atire as primeiras rodelas de gengibre e limão quem nunca tomou aquele xarope ou aquela sopinha revitalizante da avó.

Mas de algumas décadas para cá, as corporações das indústrias farmacêutica e de alimentos nos afastaram desse conhecimento milenar do que é comida, do que nos alimenta e do que nos mantém saudáveis. O agronegócio padroniza e empobrece nossa dieta alimentar porque produz com os olhos voltados para o mercado, não para a saúde e as necessidades da população. A cada campo de monocultura semeado, os tratores vão apagando a diversidade de memórias, gostos, histórias, nutrientes e saberes que teimam em permaencer vivos em todas as regiões do Brasil.

Enquanto isso, a agroecologia vai reacendendo essas lamparinas de conhecimento e saúde por onde passa. Com as mulheres na linha de frente, o movimento agroecológico vem resgatando e tornando visível em todos os cantos do país os saberes e sabores tradicionais que costuram inovação, agricultura, comida, saúde e cuidados que vão além da alimentação. Seja rebrotando sementes esquecidas, espalhando as maravilhas das plantas medicinais ou fincando na terra alimentos que fazem parte da identidade brasileira.

Agroecologia combate a fome

A agroecologia existe para que as pessoas se alimentem bem e vivam com saúde (alô segurança e soberania alimentar e nutricional!). Já o agronegócio está no mundo com outros objetivos. Como o próprio nome já entrega, ele existe para fazer negócios e gerar lucro com as mercadorias agrícolas que produz.

Partindo daí fica mais fácil de entender porque metade da população brasileira adoece com os sintomas da fome enquanto o agronegócio comemora suas cifras bilionárias e seus novos recordes de produção e exportação. Fica mais evidente ainda quando a gente olha para os dados do IBGE e nota que as áreas plantadas de arroz e feijão no Brasil encolheram 53% e 37%, respectivamente, enquanto a soja – a rainha das exportações – expandiu 162% entre os anos 2000 e 2019.

A fome é uma escolha política. E para acabar com ela, precisamos de um modelo de produção que exista para alimentar pessoas, não empresas. Um modelo operado não por corporações, mas por milhões de famílias que valorizam a sociobiodiversidade local e fortalecem a economia solidária para produzir alimentos. Alimentos que vão alimentar outras famílias e a si mesmas.

Fonte: e-Cycle

Trazendo a natureza de volta

Ao participar do REDESER, Auzileide aprendeu sobre cultivo sustentável e ressignificou a relação com o meio ambiente. Ela foi uma das agricultoras envolvidas na iniciativa de combate à desertificação realizada pela FAO e pelo MMA.

Enquanto caminha entre pés de mamão, banana e macaxeira, Auzileide Bezerra da Costa descreve com admiração as transformações ocorridas naquele lugar. O mamoeiro é alto e carregado de frutos. Nas hortas, as folhas verdes de couve, salsinha e alface de vários tipos e tamanhos se destacam em meio ao terreno rochoso do sertão cearense. Há 8 meses, a roça da dona Auzileide era outra. “O papaya era muda. A gente não tinha esses pés de coco, a bananeira era pequena”, conta.

“É gratificante ter em nosso dia a dia alimentos sem agrotóxicos. Tudo o que a gente produz é para o consumo da família. Eu nunca pensei em ver isso aqui na nossa área. Para mim, é um orgulho!”, comemora.

Próxima ao município de Crato, a propriedade de 3 mil m2 cultivada por Auzileide e sua família se tornou exemplo de agrofloresta ao integrar as ações do REDESER, projeto implementado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Ali, as atividades são realizadas com o apoio da Associação Cristã de Base (ACB). Financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), a iniciativa visa o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental em áreas suscetíveis à desertificação em cinco estados da região Nordeste por meio da introdução de sistemas agroflorestais para a recuperação dessas zonas. A agrofloresta é uma prática de cultivo que ajuda a recompor a cobertura vegetal e restaurar a saúde do solo degradado, principalmente pelo desmatamento. Permite também que agricultoras e agricultores tenham garantia de segurança alimentar e nutricional, melhor produção e geração de renda.

Na plantação de dona Auzileide, tudo serve de adubo para a terra: espiga de milho, palha, sabugo, casca do feijão, da fava, de laranja, da banana, folhas e galhos. Já o capim não é mais arrancado, mas cortado para forrar o chão e oferecer uma cobertura que resfria o solo, facilita a retenção das águas da chuva durante os meses de estiagem e aumenta a disponibilidade de micronutrientes. Essa tecnologia é conhecida como roça perene.

“A gente trabalhava do jeito tradicional. Antes eu limpava o caminho com a enxada. Às vezes, quando era uma área maior, colocava fogo. Hoje em dia, não. Veio esse outro modo de a gente trabalhar e estamos trazendo a natureza de volta”, explica.

A mudança na forma de cultivar a terra também transformou a vida do filho de Auzileide. Henrique Costa aprendeu como limpar a área, realizar a poda, entendeu o que se deve ou não plantar e decidiu se tornar técnico do projeto. Agora, ele compartilha com agricultoras e agricultores rurais novos métodos de manejar o solo. “Ensinamos o passo-a-passo para quando a gente não estiver mais ali, a pessoa saiba plantar e multiplicar o que aprendeu”, conta.

Ao descrever as etapas para se implementar uma agrofloresta, Henrique relembra o início dos trabalhos na propriedade da família: “Aqui era um mato enorme. Foi feita uma limpeza geral. Viram que meu foco era hortaliça. Começaram por implementar os canteiros e a roça perene, que liberta o agricultor da enxada, ensina a usar somente o facão, e cada vez mais vai enriquecendo o solo com o capim”.

De lá para cá, ele e a família colheram “5 ou 6 ciclos” de coentro e alface. Cada ciclo leva em média entre 40 e 45 dias. Quando sobram hortaliças, conseguem oferecer para a vizinhança. Hoje, Auzileide planta pimenta dedo-de-moça e Henrique prepara um molho para vender e incrementar a renda.

Enquanto fala com orgulho do filho e da agrofloresta, Auzileide faz questão de afirmar que segue à risca todo o conhecimento adquirido. “Henrique dizia: ‘mãe, quando varrer o terreiro, junte as folhas e jogue onde a gente plantou. E assim estou fazendo. A gente coloca ali para refazer e fazer uma natureza melhor”, comemora.

REDESER

O projeto REDESER: “Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil – Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade” é fruto de parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), tem como objetivo interromper e reverter a desertificação em áreas críticas do semiárido nordestino por meio de ações para enfrentar as causas cada vez mais fortes da degradação do solo e da perda de biodiversidade na Caatinga. Realizada em 14 municípios dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Alagoas, a iniciativa busca promover a gestão sustentável dos recursos naturais, implementando localmente práticas que incentivam a conservação ambiental e uma agricultura resiliente ao clima.

5 coisas que você precisa saber sobre agroecologia

A agroecologia é um pacotão do bem para a nossa saúde, meio ambiente e justiça social. Entenda por que você deve apoiar essa forma de produzir alimentos.

Falar sobre boa alimentação está em alta nos últimos anos, mas, para muitas pessoas, o termo “agroecologia” ainda soa como um palavrão. Fizemos este blog para você entender melhor sobre esse conceito e como sistemas alimentares ecológicos podem contribuir para o bem viver das pessoas e do planeta.

1. A agroecologia cuida da nossa saúde e do meio ambiente ao mesmo tempo

Nada melhor do que se alimentar com algo que faz bem não apenas para o nosso mundo interno (nosso corpo), como também para nosso mundo externo (o planeta). A Adriana Charoux, nossa estrategista sênior de Agricultura, Alimentação e Floresta, gosta de dizer que a agroecologia nutre a um só tempo as pessoas e a terra. Ela explica:

“Ainda que tenham diferenças entre si, os sistemas agrícolas de base ecológica colaboram para cuidar de nossa saúde e, ao mesmo tempo, têm enorme capacidade de aliviar os pesados impactos das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, além de contribuírem com a segurança alimentar e nutricional”.

Vantagens para a sua saúde:

  • Menos exposição a agrotóxicos e outros produtos químicos altamente nocivos e utilizados na agricultura convencional e industrial, que podem causar doenças como câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas;
  • Aumento da nutrição humana, devido à maior variedade e qualidade dos alimentos.

Vantagens para o meio ambiente:

  • A agroecologia vê a natureza como uma aliada na produção de alimentos e não como algo perigoso, que deve ser controlado ou exterminado para que somente uma cultura se desenvolva. A diversidade de espécies é fundamental;
  • Mais respeito aos processos naturais dos ecossistemas, ao solo, à água e às espécies animais e vegetais;
  • Menor dependência de combustíveis fósseis, cuja queima é um dos grandes motores de emissão de gases de efeito estufa.

2. Ao comprar alimentos agroecológicos, você fortalece agricultores e agricultoras familiares

Para quem pode escolher o que comer, optar por alimentos saudáveis e sem veneno já é muito bom. Agora, se você também puder desviar da porta dos grandes supermercados para comprar diretamente de agricultores e agricultoras familiares, melhor ainda!

Vantagens de encurtar o caminho entre a roça e o seu prato:

  • Acesso a alimentos mais frescos e mais baratos;
  • Fortalecimento da conexão entre as pessoas, porque as mãos que cultivam o seu combustível diário ganham um rosto de verdade;
  • O produtor é melhor remunerado e não fica refém de intermediários, como grandes redes de varejo, que impõem condições comerciais bastante injustas para os pequenos agricultores.

Sobre isso, Adriana reforça: “Quando você elimina intermediários entre produtor e consumidor, é provável que gaste menos com alimentação de qualidade. Sem contar que, ao comer de forma saudável, diminui a chance de usar seu dinheiro com remédios de farmácia”.

Além disso, alimentos livres de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas (os polêmicos transgênicos) significam mais autonomia para o agricultor familiar e produtos mais baratos para você, porque esses insumos externos e tóxicos encarecem a produção e deixam os produtores dependentes de empresas ligadas ao agronegócio.

3. Alimentos agroecológicos podem alimentar todas as pessoas

A agricultura de base orgânica e agroecológica é totalmente capaz de alimentar as pessoas no Brasil e mundo afora. Mais do que isso, este tipo de produção é a forma mais segura e sustentável de produzir comida de verdade, saudável para as pessoas e para o meio ambiente no longo prazo.

“Infelizmente, a lógica da produção agrícola atual está concentrada em produzir e exportar commodities, e não em fornecer alimentos saudáveis. Por isso, essa transição precisa acontecer de forma imediata!”, alerta Adriana.

Argumentos em defesa da agroecologia:

  • O problema alimentar do mundo não está no modelo de agricultura em si, seja convencional, industrial ou agroecológico, e sim no conjunto de escolhas políticas e econômicas atreladas a determinada forma de produzir comida. Em outras palavras, se nossos governantes adotarem sistemas de produção, distribuição, comercialização e consumo de alimentos adequados e justos, toda a população poderá ter sua dose de nutrientes diária garantida;
  • O atual sistema de produção de comida, que prioriza o acesso a alimentos industrializados em vez de alimentos in natura, não garante a segurança alimentar. Apesar de o mundo hoje produzir calorias suficientes para alimentar toda a população mundial, os jornais seguem mostrando notícias chocantes sobre dois extremos: de um lado, pessoas literalmente morrendo de fome; de outro lado, toneladas de comida indo para o lixo e aumento da obesidade em algumas populações;
  • Se incentivar a agroecologia direitinho, todo mundo come: mesmo ocupando menos de um quarto das terras usadas para a agricultura no Brasil atualmente, é a agricultura familiar quem mais coloca alimento de verdade na nossa mesa. A maior responsável pela produção agroecológica no país , ela produz cerca de 70% da nossa comida e representa 67% dos empregos da agropecuária do país, segundo o último Censo Agropecuário Brasileiro, de 2017.

Um exemplo de sucesso:

Hoje, o Brasil é o maior produtor de arroz agroecológico da América Latina. Grande parte dessa produção é garantida pelas mãos de 363 famílias assentadas do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), em áreas de reforma agrária distribuídas em 13 municípios do Rio Grande do Sul. Na safra de 2018/2019, a área plantada foi de 3.433 hectares (o equivalente a mais de 4.800 campos de futebol), divididos em 15 assentamentos. A estimativa de colheita foi de cerca de 16 mil toneladas de arroz!

O que parece mágica não aconteceu da noite para o dia. A produção de arroz nos assentamentos começou de forma convencional, há 20 anos. De acordo com Emerson Giacomelli, um dos produtores de arroz da região, motivos bem sérios levaram os camponeses à transição para a agroecologia: “a profunda crise econômica do setor, o surgimento de inúmeros problemas de saúde, a poluição nos assentamentos, o manejo inadequado de recursos naturais devido ao uso abusivo de agrotóxicos e a busca de autonomia no plantio, beneficiamento e comercialização”.

Agroecologia é sinônimo de diversidade

O Brasil é super reconhecido por suas comidas típicas, pelas tradições alimentares com sabores tão particulares e variados, de acordo com a região do país. Em tempos de mudanças climáticas e em que a agricultura industrial vem ditando os sistemas alimentares, essa mistura e variedade têm se perdido. Ou, pelo menos, não está presente nos supermercados. Temos milhares de espécies conhecidas, documentadas, centenas delas comestíveis, mas nossa dieta do dia a dia tem ficado cada vez mais empobrecida.

Na produção familiar, especialmente a de base agroecológica, seja qual for a técnica utilizada, o que reina são sistemas que se beneficiam da biodiversidade, do manejo combinado de alimentos e cultivo de floresta.

Vantagens da diversidade na produção de alimentos:

  • Mais saúde e nutrientes para nosso corpo: uma agricultura diversificada pode facilitar o acesso a uma alimentação balanceada, tanto para os consumidores quanto para os próprios produtores, que passam a depender menos da compra de alimentos. Além disso, a Fiocruz mostrou que a diversidade na alimentação é uma ótima aliada no combate à desnutrição infantil;
  • Ajuda na manutenção dos ciclos da vida. Não é papo de “O Rei Leão”: culturas diferentes plantadas no mesmo espaço se apoiam mutuamente no crescimento e enriquecimento da terra. A variedade de espécies torna tudo mais colorido, tirando a monotonia, e a terra fica abastecida com nutrientes essenciais para que continue fértil, úmida, sequestrando carbono e mantendo serviços essenciais prestados pela natureza, como a chuva, para a continuidade da vida animal e vegetal;
  • Fortalece a soberania e a segurança alimentar. Por exemplo, se uma determinada cultura de feijão for duramente impactada por uma estiagem ou excesso de chuva, outra variedade pode ser mais resistente e vingar, evitando que a população sofra sem este alimento básico da dieta.

A diversificação também é chave para garantir a sobrevivência de quem produz. Se um alimento não estiver em sua época de colheita ou não tiver valor interessante, o produtor poderá ofertar outros, ao longo das diferentes estações.

5. Agricultura com diversidade biológica e social tem enorme potencial econômico

A agricultura de base ecológica é o único caminho possível para uma recuperação econômica que garanta também justiça social e ambiental. Quando incentivamos a transição da agricultura convencional para a agricultura ecológica, estimulamos uma economia baseada na diversidade — biológica e de saberes.

Vantagens da agricultura com a floresta em pé:

  • Valorização de alimentos nativos que a Amazônia, o Cerrado e outros ambientes naturais têm a oferecer, como açaí, guaraná, buriti, castanhas, frutas, sementes e muitas outras culturas;
  • Ajuda a garantir a sobrevivência e autonomia de populações tradicionais, ribeirinhas, agroextrativistas, quilombolas e indígenas, que possuem valiosos conhecimentos sobre sistemas alimentares agroecológicos, acumulados por séculos;
  • Intensificar o combate ao desmatamento faz com que o Brasil ganhe competitividade econômica. Lideranças de outros países já deixaram claro que não querem mais comprar produtos manchados com a destruição florestal;
  • É uma ótima oportunidade para que o Brasil não se limite à exportação de commodities como soja, milho e algodão, e gere mais empregos no setor.

Fonte: Greenpeace

Agroecologia: o que é e características

Agroecologia é uma forma de agricultura sustentável que agrega conhecimentos científicos e tradicionais.

O que é agroecologia

A agroecologia surgiu em 1934 como um conceito desenvolvido pelo pesquisador Howard. No entanto, a partir de 1950, o termo “agroecologia” foi adotado pelo pesquisador Lysenko e passou a ser ensinado em cursos de agronomia até 1964. Nessa época, após o acordo MEC-Usaid, o termo foi removido do ensino.

Entre as décadas de 1960 e 1980, surgiu um movimento em busca de práticas agrícolas sustentáveis. Nesse período, o termo “agroecologia” começou a ser usado para descrever uma abordagem agrícola que leva em consideração aspectos sociais, culturais, éticos e ambientais na utilização dos recursos naturais. Essa abordagem estava presente na agronomia antes do acordo MEC-Usaid, conforme explicado por Carlos Pinheiro Machado em seu livro “Dialética da Agroecologia”.

Além disso, a agroecologia busca soluções para os problemas provocados pela monocultura, que prejudica tanto a biodiversidade quanto a sociedade. Ela se apresenta como uma ferramenta importante para o desenvolvimento sustentável.

Os métodos utilizados na agroecologia envolvem a adoção da agricultura orgânica e o uso de tecnologias sustentáveis, resultando em menos impactos ambientais prejudiciais.

A agroecologia é uma abordagem necessária para lidar com os problemas ambientais, sociais e políticos decorrentes do atual modelo econômico. Ela propõe uma revisão dos métodos convencionais de agricultura em larga escala.

De acordo com pesquisas citadas no livro “Dialética da Agroecologia“, a produção agroecológica tem capacidade para produzir cerca de 6% a 10% a mais do que o agronegócio, sendo mais limpa e barata.

Entretanto, mesmo sendo mais produtiva, a agroecologia refere-se ao estudo da agricultura a partir de uma perspectiva ecológica, tendo como objetivo não só maximizar a produção, mas otimizar o agroecossistema total — incluindo seus componentes socioculturais, econômicos, técnicos e ecológicos.

Em outras palavras, um sistema agrícola pautado pela agroecologia é o principal objetivo da agricultura sustentável, sobretudo para o desenvolvimento rural com a produção de alimentos saudáveis e a melhoria da qualidade de vida.

Em outras palavras, um sistema agrícola pautado pela agroecologia é o principal objetivo da agricultura sustentável, sobretudo para o desenvolvimento rural com a produção de alimentos saudáveis e a melhoria da qualidade de vida.

Agrega a ciência e conhecimento tradicional

O termo “agroecologia” abrange diferentes perspectivas, indo além de uma simples disciplina científica ou prática agrícola, abrangendo também um movimento social e político. A essência da agroecologia reside na integração e sinergia entre conhecimentos científicos e tradicionais.

É uma ecologia dos saberes que reúne diferentes fontes de conhecimento, incluindo o saber popular e tradicional transmitido ao longo de gerações por agricultores familiares, comunidades indígenas e camponesas.

Assim, a agroecologia é uma prática da agricultura que se fundamenta na sistematização e consolidação desses saberes, que podem ser tanto empíricos e tradicionais quanto embasados em evidências científicas. O objetivo é promover uma agricultura que seja ambientalmente sustentável, economicamente eficiente e socialmente justa.

A agroecologia busca aliar o respeito aos processos naturais, a preservação da biodiversidade, o uso responsável dos recursos naturais e a valorização das comunidades rurais, garantindo sua autonomia e segurança alimentar.

Ao reunir a ciência e o conhecimento tradicional, a agroecologia proporciona uma abordagem holística que considera a interação entre os sistemas agrícolas e o meio ambiente, bem como os aspectos sociais, culturais e econômicos envolvidos na produção de alimentos. Essa integração de saberes permite o desenvolvimento de práticas sustentáveis, que buscam equilibrar as necessidades humanas com a preservação dos ecossistemas e a promoção da justiça social no campo.

Apelo à biodiversidade

A proposta da agroecologia faz contraposição a produção centrada na monocultura, na dependência de insumos químicos e na alta mecanização da agricultura, além da concentração da propriedade de terras produtivas, a exploração do trabalhador rural e o consumo não local da produção.

A homogeneização das paisagens de cultivo gerada pela prática da monocultura colocou em risco a biodiversidade, gerando uma crise não somente na diversidade biológica, mas também, e como consequência dessa, no próprio desenvolvimento da sociedade.

Enquanto a agricultura industrial tem, cada vez mais, limitado a diversidade de espécies alimentares disponíveis, a produção agroecológica conta com sistemas que se beneficiam da biodiversidade, do manejo combinado de alimentos e cultivo de floresta.

A diversidade biológica causa impacto social, econômico e ambiental positivos. A prática da agroecologia aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo, tornando a alimentação também mais nutritiva; além de auxiliar na manutenção dos ciclos biológicos, uma vez que viabiliza culturas de diferentes de espécies de plantas.

A agroecologia ainda fortalece a soberania e a segurança alimentar, já que, enquanto alguma variedade de alimento estiver em risco, outras podem se manter resistentes e sobreviver. Outro benefício é a valorização de alimentos nativos de cada região, o que possibilita a competitividade econômica para o país em questão, não se limitando à exportação de commodities, como soja, milho e algodão.

Vantagens para saúde e meio ambiente

A agroecologia fornece diversas vantagens para a saúde e o meio ambiente. Ela vê a natureza como aliada, respeitando os processos naturais do ecossistema e dependendo menos de combustíveis fósseis. Além de oferecer uma variedade de nutrientes, há menos exposição a agrotóxicos e outros produtos químicos nocivos e utilizados na agricultura convencional.

Isso porque na agroecologia e produção orgânica, o controle de pragas é feito por técnicas adaptadas às condições locais. Ademais, não são necessários fertilizantes tóxicos, pois é feita a adubação verde do solo.

A segurança alimentar também é impactada pela agroecologia. A agricultura de produção orgânica e agroecológica é capaz de alimentar as pessoas no Brasil e no mundo de forma saudável, sustentável e segura. A maior produção agroecológica no País, por exemplo, produz cerca de 70% da comida dos brasileiros. Entretanto, há carência de um plano governamental que envolva um sistema de produção, distribuição, comercialização e consumo desses alimentos, funcionando de forma justa para garantir alimentação adequada para toda a população.

Desafios da agroecologia

As técnicas de monocultura são amplamente adotadas, mas é necessário realizar a transição agroecológica em solos degradados pela agricultura convencional.

No entanto, para que a agroecologia, no Brasil e no mundo, se estabeleça como prática convencional de manejo do solo, são necessários fatores como conscientização pública, organização, mercados e infraestrutura. É essencial promover a conscientização sobre os benefícios da agroecologia, fomentar a organização de produtores e criar mercados viáveis para produtos agroecológicos. Além disso, investimentos em infraestrutura adequada, como armazenamento e transporte, são fundamentais para apoiar essa abordagem sustentável.

A pesquisa e a extensão rural também desempenham um papel crucial na geração de conhecimento e no suporte aos agricultores durante a transição agroecológica. Garantir uma distribuição justa de recursos, tanto financeiros quanto técnicos, é necessário para que todos tenham acesso igualitário às práticas agroecológicas.

Por fim, a iniciativa política desempenha um papel fundamental ao estabelecer políticas e regulamentações que promovam a agroecologia e incentivem a transição sustentável da agricultura convencional. Abordar esses desafios possibilitará impulsionar a agroecologia como um modelo de manejo do solo amplamente adotado e benéfico tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade.

Fonte: e-Cycle

Colheitas protegidas: a revolução do manejo integrado de pragas

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma abordagem sustentável para o controle de pragas na agricultura. Essa estratégia busca minimizar os danos causados por pragas de forma ambientalmente responsável, promovendo o equilíbrio dos ecossistemas agrícolas.

O MIP começa com um monitoramento preciso sobre as pragas. Isso envolve a observação regular das pragas para determinar possíveis riscos.

Com base nas informações coletadas neste monitoramento, os agricultores podem tomar decisões assertivas.

O MIP faz o uso de predadores naturais às pragas, ou seja, insetos que se alimentam de pragas.

Além disso, outras medidas são a rotação de culturas e o uso de espécies resistentes a pragas.

O MIP utiliza barreiras físicas, como redes de proteção, para evitar a infestação de pragas.

Quando necessário, são usados produtos naturais, como óleos essenciais, extratos de plantas e feromônios para controlar pragas.

É importante ressaltar que o MIP não faz uso de produtos químicos para conter pragas.

Práticas de Monitoramento de Pragas

As condições climáticas influenciam diretamente na presença de pragas. Os agricultores podem monitorar a temperatura e umidade para prever picos de pragas e tomar medidas preventivas.

Também é possível observar alguns sinais de pragas, como folhas danificadas, frutas roídas ou galhos murchos.

Também é preciso monitorar as quantidades de predadores naturais a pragas. O aumento da presença de inimigos pode ajudar a controlar as pragas.

Controle Biológico

Muitas espécies de insetos se alimentam de pragas, e a inserção desses insetos na área da agricultura pode evitar o uso de insumos químicos. Por exemplo, as joaninhas são predadoras naturais de pulgões.

Em alguns casos, inimigos naturais podem ser criados em laboratório e liberados em áreas afetadas por pragas. Isso é conhecido como liberação de inimigos naturais e é uma estratégia eficaz para o controle de pragas em cultivos.

Algumas plantas são mais naturalmente resistentes a pragas e isso pode evitar a necessidade do controle.

A rotação de culturas é uma prática agrícola que envolve o cultivo de diferentes plantas em diferentes temporadas. Isso pode ajudar a interromper o ciclo de vida de pragas e reduzir sua presença.

Controle Cultural

Práticas de preparo do solo, como aração e gradagem, podem enterrar pragas de solo e interromper seu ciclo de vida. Isso é particularmente eficaz para pragas que passam parte de seu ciclo de vida no solo.

Uso de Plantas Repelentes

Algumas plantas, devido ao seu cheiro ou substâncias liberadas, têm a capacidade de afastar pragas. Por exemplo, o alho e a cebola são plantas conhecidas por suas propriedades repelentes. O odor ou as substâncias químicas liberadas por essas plantas podem afastar insetos prejudiciais, como pulgões e ácaros.

Algumas plantas repelentes também atraem inimigos naturais das pragas, como joaninhas e vespas parasitóides.

Técnicas de Controle Físico

A instalação de barreiras físicas é uma técnica eficaz. Isso pode incluir o uso de telas, redes ou mantas que cobrem as plantas para evitar a entrada de pragas.

A limpeza e remoção de resíduos agrícolas também são essenciais para eliminar possíveis abrigos e fontes de alimento para pragas.

Em situações de infestação localizada, a eliminação manual de pragas, como a coleta de insetos à mão, pode ser uma técnica eficaz e sustentável.

Muitas pragas se desenvolvem em ambientes de muita umidade. Técnicas de irrigação como gotejamento podem reduzir a umidade e afastar pragas.

Aplicação de produtos naturais

Muitas plantas contêm compostos que têm propriedades inseticidas naturais. Extratos de plantas como neem, piretro e sabugueiro são usados para criar produtos que combatem pragas de forma eficaz.

Extratos de alho e cebola são utilizados para repelir pragas.

Desenvolvimento de Cultivares Resistentes

Algumas espécies de plantas são naturalmente resistentes a pragas.

A hibridização envolve o cruzamento controlado de duas variedades de plantas diferentes para criar descendentes com características desejadas, como resistência a pragas. Esse processo permite combinar características de diferentes variedades para criar plantas mais resistentes.

Algumas espécies de pragas podem desenvolver resistência a plantas que até então eram naturalmente resistentes a pragas, o que pode gerar a necessidade de adaptação.

Agricultores e profissionais agrícolas precisam ser treinados em como plantar, cuidar e manter as variedades resistentes. A má gestão pode prejudicar a eficácia da resistência.

Educação e Treinamento de Agricultores

A educação dos agricultores ajuda a tomada de decisões assertivas. Eles aprendem a avaliar a gravidade do ataque de pragas e a escolher métodos de intervenção apropriados.

Os agricultores são treinados para adotar práticas preventivas, como rotação de culturas, seleção de variedades resistentes e otimização de condições de cultivo que reduzam o risco de infestação por pragas.

Benefícios Econômicos e Ambientais

O MIP resulta em economia de dinheiro para os agricultores, pois reduz a necessidade de insumos químicos caros.

A gestão eficaz de pragas pode levar a colheitas mais abundantes e ao aumento da produtividade agrícola.

Em todo o mundo, consumidores estão buscando alimentos cultivados de forma sustentável. Isso representa um maior mercado para esses agricultores.

Desafios do Manejo Integrado de Pragas

O MIP é um sistema complexo que envolve muitos fatores, como identificação de pragas, monitoramento, tomada de decisão e implementação de várias estratégias de controle. Isso pode ser desafiador para os agricultores e requer treinamento adequado.

A eficácia do MIP depende de um monitoramento constante das pragas e de seus inimigos naturais. Isso pode ser intensivo em termos de tempo e recursos.

A implementação do MIP pode exigir custos iniciais, como treinamento, equipamento de monitoramento e educação dos agricultores. Esses custos podem ser vistos como uma barreira.

As condições climáticas podem atrapalhar o MIP. Secas e chuvas intensas podem criar desafios adicionais.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Como fazer um sistema agroflorestal sintrópico sem irrigação

Começou a primavera! E, por aqui, a primavera vem com muito trabalho. É hora de por a mão na massa — ou melhor, na terra — e suar a camisa com muitos plantios. O objetivo é abrir duas novas áreas de SAF (a terceira e a quarta área de agrofloresta aqui de casa).

Esse é o vídeo desse plantio:

Sistema Agroflorestal Sintrópico com frutas e roça sem irrigação

A minha área de Agrofloresta não tem irrigação. Por isso, o início da primavera é tão importante. Aqui no Sudeste é quando as chuvas se tornam mais regulares e é possível fazer alguns plantios anuais de “safra”.

Normalmente, costumamos chamar esse tipo de plantio de “roça”. Ele se diferencia de um plantio de horta pois o foco é em espécies mais resistentes, de ciclo um pouco mais longo, e não em hortaliças — que são mais frágeis e de ciclo curto.

Para o plantio de roça entram várias espécies como, por exemplo, a mandioca, milho, feijão, inhame, batata doce, soja, girassol, cana-de-açucar, entre outras. Mas, como aqui é agrofloresta, as árvores entram na jogada também.

Agrofloresta não tem receita, mas tem algumas dicas que podem ajudar, e a ideia aqui é dividir um pouco dos meus desafios e objetivos nessa área.

Para começar, um dos meus focos esse ano é o feijão. Ano passado, plantei bastante feijão e foi um sucesso. Garantimos nossa alimentação de feijão por uns 6 meses. Esse ano quero plantar feijão pro ano inteiro.

Outro foco nesse plantio é estabelecer árvores frutíferas, e estou investindo em cítricas e macadâmia. A escolha dessas duas tem dois motivos principais: um é eu pessoalmente gostar dos frutos; o outro é por que já temos pés no sítio que se adaptaram bem a região e produzem bem.

Então, nessa área, o plantio foi organizado da seguinte forma:

Canteiros de 80 cm intercalando as culturas e, a cada 3 canteiros, uma linha de árvore.

O plano era esse:

O plantio ficou assim:

  • Linha 1: Feijão na lateral do canteiro (a cada 25 cm) e mandioca no meio (a cada 1 metro).
  • Linha 2: Feijão na lateral do canteiro (a cada 25 cm) e milho no meio (a cada 50 cm).
  • Linha 3: Feijão na lateral do canteiro (a cada 25 cm) e milho e mandioca intercalados – 2 de milho (a cada 50cm) e uma de mandioca (a cada 1 metro).
  • Linha 4: Árvores – Feijão na lateral, milho, feijão guandu e crotalária entre mudas.
  • Linha 5: Soja
  • Linha 6: Cenoura nas laterais e mamão (a cada 2 metros). A cada 2 metros, sementes de árvores Flamboyanzinho e Pata de Vaca intercalando. O Flamboyanzinho e a Pata de Vaca tem como objetivo a diversidade e matéria orgânica. Ambos são leguminosas que também contribuem para o nitrogênio no solo.
  • Linha 7: Feijão na lateral do canteiro (a cada 25 cm) e milho no meio (a cada 50 cm).
  • Linha 8: Árvores – Feijão na lateral, milho, feijão guandu e crotalária entre mudas.
  • Linha 9: Feijão na lateral do canteiro (a cada 25 cm) e milho no meio (a cada 50 cm).

E assim por diante.

Outra linha que também vai entrar é batata doce sozinha, em um canteiro.

A Linha 4 e 5 são novos testes. Nunca plantei essas variedades dessa forma e quero ver como se adaptam nesse sistema.

Linha de Árvores

As minhas linhas de árvore foram desenhadas assim:

Houve algumas mudanças na hora do plantio, principalmente porque eu não tinha as mudas de eucalipto e cedro australiano que queria colocar. Então, para as emergentes usei: Gonçalo Alves, Jequitiba, Figueira e Araucária. O Eucalipto funciona bem no sistema Agroflorestal porque ele cresce rápido, sombreando rapidamente as mudas de estratos mais baixos. E fornece muita matéria orgânica. Mas é preciso podas constantes.

Na linha de árvore vão duas linhas de feijão na lateral, que são super importantes para ocupar o solo. Nesse primeiro momento, entre as mudas, coloquei milho, feijão guandu e crotálaria. Outra opção aqui seria o inhame.

Agora é ver brotar e esperar a colheita.

Três semanas depois do plantio, o feijão já brotou e as árvores estão bem.

Quer ver o como estruturei os canteiros do SAF2?

Bora plantar!

Fonte: Quintal Florestal

Agrofloresta: manejo da linha de árvore

Poda dos eucaliptos

Já estava passando da hora de podar os eucaliptos. Nas duas áreas iniciais de agrofloresta, SAF1 e SAF2, temos diversos eucaliptos — tanto para matéria orgânica, quanto para madeira.

Na área 1, havíamos podado a cabeça dos eucaliptos no meio do ano passado, com uma altura média de uns 5 metros.

Na área 2, alguns eucaliptos já estavam passando de 7 metros e optamos por cortar mais alto, perto de 6 metros.

Na roça, uma das dificuldades é medir. Mas fizemos umas boas estimativas.

Essa poda é muito importante para aumentar a entrada de luz, regenerar o ambiente e liberar matéria orgânica.

Nosso foco nesta área não é necessariamente o eucalipto, mas ele está ali para contribuir com o sistema.

Colheita do Açafrão

Nas linhas de árvore, temos também diversos pés de açafrão e, nessa época — outono/inverno — é hora de começar a colheita.

Um indicador do ponto de colheita do açafrão é quando as folhas ficam amarelas e secam.

Os rizomas são um santo remédio, antibiótico e antiinflamatório. Vamos cortar em tiras e colocar para secar no desidratador. Depois, ele passa no processador para virar pó.

Com o açafrão em pó, costumamos fazer o melhor remédio para gripe: uma colher de chá de açafrão, meia colher de pimenta do reino e uma colher de mel. Mistura-se e toma-se aos primeiro sintomas.

A pimenta do reino melhora a absorção das propriedades do açafrão, o mel ajuda a ficar mais fácil de comer e dá seu toque com suas propriedades.

Fonte: Quintal Florestal

Como fazer canteiros de horta no estilo de agrofloresta

Unir canteiros de horta com agrofloresta é uma ótima opção. Criar as árvores de ciclo mais longo dentro do canteiro da horta, enquanto você colhe hortaliças, costuma dar muito certo. As plantas se ajudam. E com a exigência nutricional e de água das hortaliças você aproveita, água e adubação.

No vídeo abaixo, mostramos o trabalho de incorporar as técnicas no canteiro da horta.

Técnicas da Agricultura Sintrópica

As duas técnicas chave que uso nos canteiros, é usar o pseudocaule da bananeira para fazer cobertura de matéria orgânica e a sucessão e estratos.

Pensar na sucessão tempo e espaço também é possível no canteiro da horta.

Por exemplo: podemos considerar quais hortaliças são estrato baixo, médio e alto. Assim com em uma linha de árvore.

Acredito que isso é um dos conceitos chaves para entender o plantio Agroflorestal Sintrópico. Entender que um Milho e um Eucalipto são do Estrato emergente, e ao mesmo tempo uma acerola, uma couve, uma mandioca e uma beringela são estrato alto, sendo que a diferença é o tempo successional que elas ocupam.

Ou seja, quando a acerola está grande não cabe a couve, e quando o Eucalipto está grande não cabe o milho, por exemplo.

Os canteiros de horta, são um grande aprendizado. Com o crescimento mais rápido, é muito legal para entender a sucessão.

Entender que uma rúcula sai em 30 dias para o alface ter seu espaço. Sendo que elas podem estar bem perto. Me ajuda entender a mesma lógica que vai acontecer na linha de árvore, quando o mogno africano crescer o Eucalipto tem que sair por exemplo.

Fonte: Quintal Florestal

Agrofloresta x Agricultura Sintrópica x Permacultura x Orgânicos

Agroecologia, Permacultura, Agrofloresta, Agricultura Sintrópica, Orgânicos…

É fácil se perder em meio a tantos conceitos e propostas. Mas e ai, o que é cada um?

Começando pela Agrofloresta

O conceito de agrofloresta já está aqui pelo Brasil desde dos anos 80. O conceito evolui da proposta de Agrossilvicultura, onde espécies lenhosas são cultivadas em consórcio com espécies herbáceas e anuais, então basicamente a idéia surge da possibilidade de consórcio de árvores, plantadas para madeira, e herbáceas para alimentação ou pasto.

Na publicação da Embrapa “Sistemas Agroflorestais: Conceitos e Aplicações” por Vera Lex Engel dá para ter uma idéia, nessa publicação tem uma conceituação legal para quem quiser se aprofundar.

Partindo daí vemos a necessidade de evolução do conceito do Ernst Gostch, quando ele aborda seu método como Agricultura Sintrópica sendo diferente de Agrofloresta, ou seja, qualquer produção de madeira atrelada com herbáceas já estariam englobadas no termo Agrofloresta, sendo assim se eu plantasse Eucalipto consorciado com milho e feijão por exemplo eu já estaria fazendo “Agrofloresta”, muito diferente da Agricultura Sintrópica.

Agricultura Sintrópica

A Agricultura Sintrópica, conceito apresentado pelo Ernst Gotsch, mais do que um simples consórcio entre madeira e herbáceas é baseado na Sintropia,

“O princípio da Sintropia (ao qual a entropia está intimamente ligada, dentro de cada sistema do universo, até mesmo os cibernéticos, vivos ou não) faz com que sua existência seja preservada apesar da entropia nesse mesmo sistema. É um processo que opõe-se à perda de energia, e desorganização através de uma injeção de novas energias geradas a partir deste mesmo processo ou de outros, de fora do sistema, e muitas vezes energia inútil nestes. “-Wikipedia

Sendo assim o sistema Sintrópico já é pensado para ser organizado e estabelecer ganho energético.

Na prática é a busca por um sistema em equilíbrio onde todas as espécies tem seu papel. O Eucalipto não está ali apenas para a produção de madeira, ele irá gerar matéria orgânica que vai adubar o solo, descompactar e buscar nutrientes em outras camadas para devolver ao solo na parte superior, e fazer parte de um sistema de interação entre espécies.

Na Agricultura Sintrópica quem gerencia o sistema está constantemente buscando uma sucessão biodiversa acelerando os processos e buscando uma floresta produtiva. De maneira geral a Agricultura Sintrópica é uma Agrofloresta, mas nem toda Agrofloresta é Sintrópica. A Agrofloresta pode estar pautada em propostas tradicionais de aplicações de venenos, herbicídas sendo apenas uma possibilidade de consorcio agrícola.

Permacultura

A Permacultura é um conceito que nasceu na Austrália desenvolvida por Bill Mollison e David Holmgren. O nome tem origem na união das duas palavras Permanente e Agricultura.

Uma Agricultura Permanente, a Permacultura tem como uma das suas principais bases o design de ambientes sustentáveis como Bill Mollinson descreveu:

“Permacultura é um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza.”

A Permacultura abrange diversos conceitos, e vai desde a ocupação de um terreno, a criação de lagos artificiais para a fertirrigação.

Orgânicos

Ahh os orgânicos! com selos bonitos e chamando a atenção nas gôndolas de supermercados.

Entre os conceitos aqui apresentados talvez o mais simples, orgânico, apenas aceita a aplicação do que organicamente foi retirado, extraído ou gerado.

Há muitas exigências das certificadoras, e para ter aquele selinho no produto existe uma enorme lista do que tem que ser feito.

Sempre bom lembrar que o orgânico não é sinônimo de sustentável. O orgânico de certo está na minha lista do menos pior. Ele não recebeu agrotóxico nem adubo químico, porém isso não é tudo no meu modo de ver, acredito na Agricultura Sintrópica e na Permacultura onde a idéia e estarmos permanentemente no local, produzindo de forma sadia com o mínimo possível de elementos externos. Mas e o orgânico?

Não acho a simplicidade do orgânico suficiente para uma mudança de consciência e de forma de produção. O orgânico muitas vezes apenas muda o pacote da agricultura tradicional para um pacote tradicional com insumos orgânicos. A lógica de produção, extrativista sem preocupação com o solo continua mas com insumos orgânicos.

Por Pedro Savério Penna.

Fonte: Quintal Florestal

Agricultura sintrópica nos empreendimentos imobiliários?

A agricultura sintrópica é uma das melhores maneiras de se praticar o reflorestamento no planeta, atualmente. Para quem acha que esse assunto não combina com o mercado imobiliário, fique sabendo que já há iniciativas da utilização dessa técnica em empreendimentos do ramo, unindo dois universos que, a princípio, são extremamente diferentes.

Esse método foi trazido ao Brasil por um suíço, Ernst Götsch, um pesquisador que chegou a comprar terras no estado da Bahia e recuperou-as utilizando a agricultura sintrópica. Assim como diz o seu nome, ele é baseado na sintropia, que prega a organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente.

Saiba que é possível utilizar a agricultura sintrópica não somente para recuperar e preservar o solo, mas também para cultivar algo que seja interessante comercialmente, que são os alimentos que consumimos no dia a dia.

Para que você saiba como isso pode ser usado nos empreendimentos imobiliários, continue acompanhando o restante do texto para compreender melhor sobre a sua importância, bem como as suas vantagens e integração com o mercado imobiliário!

Qual é a importância da agricultura sintrópica?

Muitos questionam sobre qual é a importância de utilizar essa técnica nos dias de hoje. Para contextualizar esse questionamento, trago aqui uma preocupação atual, que é a de cultivar alimentos sem devastar o solo e preservar toda a natureza de uma dada região.

Com a agricultura sintrópica isso é mais que possível, visto que ela utiliza somente recursos do próprio meio ambiente, ou seja, não há o uso de agrotóxicos, por exemplo. Aliás, muitos agricultores que praticam a técnica preferem não irrigar a plantação, pois, dessa forma, o equilíbrio é alcançado de forma natural.

Desse modo, cabe apenas estudar quais são as particularidades do solo para decidir o que deve ser plantado ali. Assim, será possível escolher uma diversidade de sementes que serão semeadas e começar a plantar de modo que, quando crescerem, o próprio ecossistema oferecerá luz, nutrientes, umidade e outros recursos que atendem às suas necessidades.

É esse equilíbrio que faz com que o espaço seja aproveitado de forma muito mais inteligente, além de fornecer uma rentabilização melhor para a atividade.

Quais são as vantagens da agricultura sintrópica?

De cara, você já deve ter percebido inúmeras vantagens ao utilizar a agricultura sintrópica, certo? Para facilitar, criei uma lista reunindo as principais delas. Veja só!

Aumento da biodiversidade
A adesão da agricultura sintrópica faz com que haja o aumento da biodiversidade, visto que, logo de cara, estimula-se o estudo do que pode ser plantado no solo e, partindo para a ação, em que uma variedade de plantas e alimentos são plantadas e estimuladas a crescerem juntas, cria-se um ambiente em que ocorre esse aumento de biodiversidade.

Quando o assunto é reflorestamento e agrofloresta, a agricultura sintrópica é uma das melhores práticas, já que é um estímulo a ter uma variedade maior de alimentos e plantas, fortalecendo a natureza do local.

Recuperação de áreas degradadas
Outra vantagem relevante é a recuperação de áreas degradadas, principalmente pela técnica ajudar para que esse trabalho no solo seja muito mais rápido. Afinal, quando aplicada corretamente, haverá uma maior retenção de água no solo, além de uma geração de oxigênio bem mais eficiente.

Além disso, todo esse tratamento de acúmulo de energia favorece uma menor utilização de combustíveis fósseis na geração de alimentos. Dessa maneira, é possível transformar o carbono que há nos vegetais, por meio de fungos e bactérias, nos nutrientes e na matéria orgânica, recuperando o solo degradado.

Produtos de maior qualidade
Uma das grandes consequências de utilizar a agricultura sintrópica está na produção de itens com maior qualidade. Afinal, um solo com mais nutrientes, com um ambiente em que há uma ajuda mútua entre as plantas, não poderia fornecer outro tipo de resultado, não é mesmo?

Mas, o grande ganho está na ausência da necessidade da utilização de agrotóxicos e outros produtos químicos que empobrecem a qualidade dos alimentos. Ou seja, a agricultura sintrópica é boa para a natureza, para quem está plantando e, também, para quem vai usufruir do alimento que ela oferece.

Controle de pragas e doenças
Por fim, trazemos aqui que é possível controlar pragas e doenças com a agricultura sintrópica, sem precisar recorrer aos agrotóxicos. Isso é possível justamente pelo fato dessa metodologia trabalhar com o acúmulo de energia e o equilíbrio ecológico.

Ou seja, a própria natureza cria um mecanismo de proteção em que tudo funciona perfeitamente, evitando que algum tipo de praga atinja aquela produção de alimentos.

Como utilizar a agricultura sintrópica nos empreendimentos imobiliários?
Hoje, já existe um olhar mais atento do mercado imobiliário em relação à preservação do meio ambiente e todo o seu ecossistema. Já existem algumas iniciativas que mostram que essas duas áreas podem caminhar juntas e em perfeita sinergia.

Podemos citar como exemplo, o Parque Cultural Florata, que faz parte da área de um condomínio em Goiânia. O parque utiliza as técnicas da agricultura sintrópica para ajudar na recuperação da área e proporcionar uma qualidade de vida melhor para os moradores do condomínio.

Outro exemplo é o condomínio Cenário da Montanha em Itaipava, região Serrana do Rio de Janeiro. Ao utilizar a agricultura sintrópica, a equipe do projeto garantirá que o solo será preservado, bem como as espécies da flora local!

Além disso, a ideia é que seja reflorestada uma área seis vezes maior do que é exigido por lei. Isso mostra que há sim uma preocupação do mercado imobiliário com o meio ambiente por meio de iniciativas como essa.

Deu para perceber que a agricultura sintrópica pode ser uma excelente aliada aos desafios que temos atualmente, certo? Espera-se que em um futuro muito próximo, essa e outras práticas sejam cada vez mais comuns não só no mercado imobiliário, mas em todas as indústrias que estão ligadas à urbanização.

Fonte: Blog Rio8

Agricultura Sintrópica: produzir e recuperar

Algumas vezes certos temas importantes e sub-explorados atingem uma parcela ampla e heterogênea da população através de programas de televisão aos quais, normalmente, não se atribui a função de informar, ganhando espaço no senso comum. Não é diferente com temáticas científicas. É o que acontece, atualmente, com o conceito de Agricultura Sintrópica.

Apesar de essencial e urgente, a discussão sobre a sustentabilidade na agricultura acaba se restringindo bastante ao âmbito acadêmico ou de organizações e movimentos ambientalistas. A presença deste tema no horário nobre da televisão é, portanto, digna de nota.

Mas, afinal, o que é Agricultura Sintrópica?

A Agricultura Sintrópica é um modo de produção agrícola que trabalha em total comunhão e sintonia com a natureza e seus recursos. A ideia está fundamentada no conceito de sintropia, que diz respeito ao grau de organização interna de um determinado sistema, seja ele um sistema agrícola, um organismo vivo ou mesmo uma empresa ou organização, por exemplo. No tocante a proposta, aumentando-se o grau de complexificação de um sistema agrícola – com um número grande de plantas, pequenos invertebrados, micro-organismos do solo -, se atinge um arranjo interno adequado à manutenção da produção agrícola. Isso seria possível graças ao processo de sucessão ecológica.

Como se pode deduzir, é uma proposta oposta (e crítica) à monocultura.

Criada no Brasil pelo pesquisador imigrante suíço Ernst Götsch, as técnicas de manejo da Agricultura Sintrópica dispensam o uso de qualquer agroquímico, seja ele um fertilizante ou biocida. Se implementado de maneira correta, o sistema deixa de exigir até mesmo a aplicação de adubos orgânicos externos e irrigação. A ideia é diminuir o aporte de qualquer insumo externo ao sistema, como o próprio Ernst explica no vídeo abaixo:

Além de produzir uma ampla variedade de plantas alimentícias, como frutas, hortaliças, tubérculos, grãos e cereais, a correta implementação dos sistemas agroflorestais baseados na sintropia permite não apenas a manutenção dos recursos naturais adjacentes, mas também a recuperação do solo, o restabelecimento progressivo da biodiversidade na propriedade e até mesmo o ressurgimento de nascentes de água.

Por esses e outros motivos, a produção agrícola guiada pelos preceitos da Agricultura Sintrópica pode ser uma alternativa bastante viável para suprir a demanda por alimentos sem destruir ou prejudicar a biodiversidade e, mais do que isso, recuperando-a.

Para saber mais, vale a pena assistir aos vídeos produzidos pelo Projeto Agenda Götsch.

Fonte: Ciência em si

7 Problemas mais comuns em minhocários e como resolve-los!

1. Seu minhocário está muito unido e com cheiro forte?

É um sinal que seu minhocário está com muitos resíduos orgânicos e pouca matéria seca, quando isso acontece, a matéria orgânica fica muito compactada e o oxigênio não entra nos espaços vazios e é isso que produz os gases que dão um cheiro ruim! 🙁

O segredo é adicionar mais matéria seca: serragem, folhas secas, papel picado (sem tinta) ou até mesmo a fibra de coco, e misturar bem com os resíduos e cobri-los, mas atenção para não colocar demais e deixa-lo excessivamente seco, as minhocas precisam de umidade para sobreviverem.

2. Como parar de atrair as mosquinhas de banana?

A drosophila, mais conhecida como mosquinha das frutas se alimentam de leveduras presentes em frutas em decomposição e por isso o seu minhocário é um prato cheio para elas e apesar de não apresentarem um risco a nossa saúde podem ser um grande incomodo em casa.

O primeiro passo para se livrar delas, é garantir que você colocou matéria seca em boa quantidade no seu minhocário, você também pode cobrir os resíduos com duas folhas de papel ou jornal (de preferência a parte preta e branca) de forma que nenhuma casca fique exposta e assim ela não consiga se alimentar dos seus resíduos.

Outra dica é fazer um spray de capim limão (essencial de capim limão diluída em água) e borrifar sempre que achar necessário!

3. Encontrou larvas no seu minhocário?

Não entre em pânico, é um problema relativamente frequente, mas simples de se resolver! Não é incomum encontrarmos as larvas da mosca soldado em minhocarios que estão extremamente úmidos, as larvas são ótimas para a compostagem, mas geralmente causam repulsa e muitas vezes elas conseguem sair do minhocário.

O segredo está em diminuir a umidade colocando mais matéria seca e uma boa cobertura. Quando isso acontecer, vale a pena parar de alimentar seu minhocário por alguns dias até que a infestação esteja controlada. Você também pode espalhar 2 colheres de sopa de açafrão ou neem em pó, que ajudam a evitar as larvas.

4. Nada parece estar acontecendo na sua compostagem?

Você tem alimentado regularmente o seu minhocário, mas tem percebido que os resíduos parecem continuar intactos e não estão se decompondo? Isso provavelmente é o problema oposto dos 3 primeiros casos, seu minhocário está muito seco.

Com a falta de umidade, a atividade das minhocas e dos microrganismos reduz bastante e temos a impressão que os resíduos não estão se transformando em húmus. Nesse caso, o ideal é borrifar água ou até mesmo colocar mais resíduos orgânicos. Muitas fezes os fungos são ótimos indicadores de que sua compostagem precisa de mais umidade.

5. Minhas caixas estão todas cheias, e agora?

Talvez o seu minhocário seja pequeno para a quantidade de resíduos que você gera, nesse caso você consegue adicionar mais um andar “caixa digestora” nele, iniciar um segundo minhocário ou fazer a assinatura de um dos nossos planos de coleta domiciliar dos resíduos orgânicos.

Ou o seu processo de compostagem está muito lento, em média, são 90 dias para que você consiga um bom húmus, mas a falta de umidade ou o excesso dela podem atrasar bastante o processo.

Caso o seu húmus mais antigo já esteja com o aspecto de terra, sem cheiro e você não consiga mais identificar os resíduos, é um sinal que ele já está estabilizado e você pode deixar que ele termine de se decompor no seu jardim, assim você consegue esvaziar mais uma caixa e voltar a alimentá-la.

6. Estou sem matéria seca! O que fazer?

Ter um bom estoque de matéria seca é essencial para não ter imprevistos, mas as vezes acontece e na emergência você pode alimentar suas minhocas papel picado (papel de pão, jornal preto e branco ou papelão sem tinta!) ou você consegue comprar a serragem pelo nosso site, que a gente te entrega em no máximo 3 dias úteis!

7. As minhocas estão querendo fugir?

Em 90% dos casos é o calor que faz com que elas tentem fugir pelas paredes do minhocário, as minhocas californianas sobrevivem em temperaturas entre 12ºC e 24ºC e o nosso clima tropical não ajuda muito nesse caso, por isso o ideal é colocar o seu minhocário no local mais fresco e arejado da casa. Agora em casos extremos de calor, a melhor dica é congelar uma garrafa de água e enterrá-la no seu minhocário, tem um efeito de ar condicionado para elas!

Em outros casos o calor não vem de fora e sim do próprio minhocário, quando os resíduos entram em decomposição ocorre a liberação de calor e normalmente as minhocas vão para um local mais fresco do minhocário, mas quando o minhocário recebe uma quantidade muito grande de resíduos, ele todo fica quente e elas tendem a querer fugir, por isso é importante alimentá-las em pequenas quantidades e com maior frequência, alternando o local onde você colocou os resíduos. Assim seu minhocário ficará sempre com locais mais quentes e outros mais frescos.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Como plantar espinafre

O espinafre é fácil de cultivar. Pode ser cultivado durante todo o ano, mas há épocas que são melhores que outras e pode ser comido numa grande variedade de prato, tanto crus como cozidos. Atualmente é uma das verduras mais congeladas, uma vez que mantém as suas características intactas.

Os espinafres são ricos em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício.

Porém, também são ricos em ácido oxálico, razão pela qual não se aconselha seu consumo cru, especialmente para aquelas pessoas que têm problemas de cálculos renais ou de vesícula, assim como não se aconselha o uso da sua água de cozimento para fazer sopas. Todo espinafre, assim como toda planta rica em ácido oxálico (como as acelgas, as taiobas e outras mais) devem ser cozidas bem, sua água deve ser descartada, não devem ser consumidas requentadas (se sobrou, coma frio) e não devem ser consumidas cruas, apesar de serem bastante saborosas.

O ácido oxálico dificulta a absorção do ferro, maior riqueza dos espinafres, pelo que vale temperá-lo com limão ou vinagre, ácidos, para aumentar a disponibilidade deste mineral. Pela sua riqueza em ferro, espinafres são usados nas medicinas populares para tratar pessoas com anemia e desnutrição. Mas, seu excesso em ferro não o faz uma hortaliça adequada para aquelas pessoas que sofrem de hipertensão arterial assim como, já o dissemos acima, seu conteúdo em ácido oxálico o faz inadequado para as pessoas que sofrem dos rins ou vesícula.

Como cultiva-lo em sua horta

1. A hortaliça é fácil de plantar, pois não exige muito espaço. Uma opção para locais com pequena área disponível é o uso de caixas com altura de 20 a 25 centímetros ou você pode plantar em vasos ou jardineiras.

2. O espinafre é rústico e tem resistência a muitas pragas e doenças. Contudo, fungos e insetos são seus maiores inimigos. Eles comem as folhas ou sugam a planta. Deixar a horta sempre limpa ajuda a evitar a presença dos invasores.

3. O espinafre tem seu pleno desenvolvimento em regiões com temperatura entre 13°C a 20°C. Quando em temperaturas elevadas é comum seu florescimento precoce.

4. Ao escolher o local para plantio, opte por lugares com a incidência de luz solar direta ou naqueles que contenham sombra parcial durante o dia.

5. Em regiões de clima quente, é necessário que o espinafre seja plantado em locais nos quais, durante as horas mais quentes do dia, ele fique sob sombra.

6. Certifique-se que o solo tenha boa drenagem. E não esqueça de usar o seu composto orgânico do Ciclo!

7. Por não gostar de encharcamentos, procure irrigar o solo de forma que fique sempre e apenas úmido.

8. Quando plantado em horta, respeite o espaçamento entre as mudas. se desejar, você também poderá propagá-lo em vasos.

9. Adube, uma vez por mês, para que as plantas se desenvolvam bem.

10. A colheita das folhas poderá ser feita de 40 a 120 dias após o plantio. Certifique-se de que a planta tenha pelo menos 6 folhas antes de iniciar a retirada.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

A dieta das minhocas de minhocário: uma jornada pelo cardápio ideal

As minhocas de minhocário, cientificamente conhecidas como Eisenia fetida ou minhocas vermelhas, são verdadeiras recicladoras naturais. Quando se trata de alimentação, essas pequenas criaturas têm um apetite voraz por resíduos orgânicos, transformando restos de comida em composto valioso para o solo. Vamos explorar em detalhes o cardápio ideal para as minhocas de minhocário e como suas preferências alimentares contribuem para a compostagem eficiente.

O que as minhocas de minhocário comem

  • Cascas de frutas e vegetais: As minhocas adoram cascas de frutas como maçãs, bananas e melancias, além de cascas de vegetais como cenouras, abobrinhas e pepinos. Esses resíduos são ricos em nutrientes e são facilmente quebrados pelas minhocas.
  • Borras de café e saquinhos de chá: Borras de café e saquinhos de chá usados são uma adição bem-vinda à dieta das minhocas. Eles fornecem nitrogênio e outros nutrientes essenciais.
  • Restos de alimentos cítricos em pouca quantidade: Cascas de cítricos, como limão, cebola e laranja, podem ser oferecidos às minhocas. Evite colocar em grande quantidade.
  • Casca de ovo: Casca de ovo triturada é uma ótima fonte de cálcio para as minhocas, ajudando a regular o pH do sistema.
  • Papel e papelão: Papel não colorido e papelão podem ser adicionados à dieta das minhocas. Certifique-se de rasgá-los em pedaços pequenos para facilitar a decomposição.

O que evitar

  • Carne, laticínios e alimentos processados: Minhocas não digerem bem produtos de origem animal, como carne e laticínios, além de alimentos altamente processados.
  • Alimentos oleosos ou gordurosos: Evite alimentos muito gordurosos, pois eles podem causar problemas de decomposição e atrair pragas.
  • Alimentos condimentados: Alimentos muito condimentados podem ser desagradáveis para as minhocas e afetar a qualidade do composto.

Dicas para uma Dieta Balanceada

Uma dieta balanceada é fundamental para o bem-estar das minhocas e para a eficiência do sistema de compostagem. Aqui estão algumas dicas:

  • Variedade: Ofereça uma variedade de resíduos orgânicos para garantir que as minhocas obtenham uma ampla gama de nutrientes.
  • Tamanho das partículas: Triture ou pique os resíduos em pedaços pequenos. Quanto menor o tamanho, mais fácil será para as minhocas processá-los.
  • Moderação: Alimente as minhocas de acordo com a taxa em que elas conseguem processar o material. Evite superalimentar, o que pode levar ao acúmulo de resíduos não processados.

As minhocas de minhocário têm um apetite saudável por uma variedade de resíduos orgânicos. Oferecer a elas uma dieta balanceada não apenas mantém suas minhocas felizes e saudáveis, mas também resulta em um composto rico em nutrientes para suas plantas e jardins. Ao compreender suas preferências alimentares e ajustar a alimentação conforme necessário, você estará otimizando a compostagem em seu minhocário doméstico.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Como cultivar agrião em casa

O agrião da terra é uma planta cientificamente chamada de Barbarea verna que faz parte das espécies da família das Brassicaceae. Uma planta de origem do continente asiático e europeu, mas que pode ser cultivada em qualquer lugar do mundo, desde que apresentando as condições ideais para isso. Popularmente o agrião da terra recebe outros nomes como, por exemplo, agrião de horta, agrião dos jardins, erva dos carpinteiros, agrião de santa bárbara, agrião rinchão, erva de santa bárbara, erva de são julião, entre outros. Esses nomes vão variar de acordo com o local que o agrião da terra for cultivado.

Quando floresce, esta planta atinge de 30 a 90 cm de altura, mas durante seu período útil de cultivo geralmente não ultrapassa os 15 cm de altura. Suas folhas têm um agradável sabor e podem ser consumidas cruas em saladas e sanduíches, ou podem ser utilizadas em sopas e outras receitas culinárias.

O cultivo do agrião da terra deve ser feito preferencialmente em solo fértil, rico em matéria orgânica, com irrigação regular e sempre sob o sol pleno. É muito importante, na hora do plantio, aumentar bem a quantidade de substrato que vai a terra para facilitar bem a germinação e o crescimento da planta. Se você quiser, pode plantar o seu agrião da terra, diretamente no solo, em canteiros ou sementeiras que ele se desenvolve bem. No caso da sementeira, é bom cultivar apenas se você fizer um transplante posteriormente. Em climas mais quentes, cultive em sombra parcial com uma boa luminosidade.

A germinação do agrião da terra é irregular, as sementes podem germinar em menos de uma semana, mas também podem permanecer dormentes por um longo período de tempo.

O espaçamento entre as sementes podem ser de 10 a 20 cm entre as plantas. O agrião-da-terra também pode ser facilmente cultivado em vasos e jardineiras. Há a possibilidade de cultivo para produção de brotos também.

O tempo de colheita é de a partir de 60 dias se for cultivada no verão e a partir de 80 dias se for cultivada no inverno.

O uso das sementes desta planta tem propriedade benéficas no tratamento do reumatismo e da artrite por conter ácidos graxos insaturados mantendo as articulações lubrificadas.

Também tem efeitos benéficos no funcionamento do fígado, na regulação do ácido úrico, tuberculose, raquitismo, pedras no rins, cistites e diminui o efeito tóxico do consumo do tabaco. É ainda indicado como digestivo e diurético.

O suco fervido da planta com leite elimina o catarro e para combater a bronquite é só misturar com mel.

E podemos usar as folhas de agrião de modo geral quando é broto em saladas, sopas, sanduíches, refogados e purés. É rico em vitamina A, vitaminas do complexo B , Vitamina C , fósforo, ferro, iodo e enxofre.

Fonte: Blog Ciclo Orgânico

Conheça a Fazenda Anauá, vencedora do 7° Prêmio Fazenda Sustentável

Em julho de 2023, ocorreu a 7ª edição do Prêmio Fazenda Sustentável, promovido pela Globo Rural, que reconheceu o compromisso com as boas práticas agropecuárias. O evento de premiação teve lugar em São Paulo e contou com a presença de 150 convidados, incluindo produtores rurais, líderes do setor agropecuário e representantes de diversas cadeias produtivas.

Na categoria ‘Pequenas propriedades’, a Fazenda Anauá, localizada em Caravelas (BA), foi agraciada como a mais sustentável do Brasil. Hudson Freire Laviola Filho, sócio-proprietário da fazenda, demonstrou sua satisfação com o reconhecimento: “Estou muito feliz de estar aqui. São grandes projetos, não só porque o Brasil precisa, mas o mundo. Temos a maior riqueza do planeta. O que a gente precisa é incentivo para continuar”, destacou ele, acrescentando que o prêmio serve como estímulo para futuros projetos.

Nesta edição, o Prêmio Fazenda Sustentável avaliou 44 propriedades rurais de diferentes regiões do Brasil em suas atividades ambientais, sociais e econômicas. O evento contou com o apoio da Fundação ECO+ e Rabobank, e patrocínio da Cargill.

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