Confira a entrevista realizada pelo canal Orgânico Simples com Claudio Spinola, da Morada da Floresta, sobre compostagem.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Comunidade agroecológica
Confira a entrevista realizada pelo canal Orgânico Simples com Claudio Spinola, da Morada da Floresta, sobre compostagem.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Nesse vídeo você vai ver que é possível produzir suas próprias sementes orgânicas em casa e de forma bem simples.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Nesse vídeo você vai saber se uma Horta Agroflorestal é pra você ou não. Confira!
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Há alguns anos, eu pesquisava locais de ecoturismo na Costa Rica para um grupo chamado Ecoteach, que leva professores e estudantes em aventuras maravilhosas, onde eles se voluntariam para ajudar na proteção de tartarugas marinhas, no resgate de animais silvestres e na restauração da floresta tropical. Ao investigar possíveis locais, notei que a maioria das pequenas propriedades e casas que visitávamos misturavam plantas comestíveis e ornamentais nos mesmos canteiros. As plantas comestíveis, em grande profusão, não eram segregadas em áreas específicas ou plantadas em fileiras, mas dispostas de forma natural. Logo aprendi que, na zona rural da Costa Rica, a maioria das pessoas utiliza espécies nativas comestíveis em plantações tradicionais chamadas agrofloresta, ou agricultura florestal. As casas são integradas à vegetação nativa da floresta ou da selva, com bananas e gengibres, maçãs e orquídeas, café e cacau crescendo lado a lado.
Onde os norte-americanos cultivariam gramados, a agrofloresta utiliza coberturas vegetais fixadoras de nitrogênio — algumas nativas, outras importadas. Vacas e ovelhas pastam em gramíneas ricas em proteínas em clareiras modestas, onde galinhas e patos circulam livremente. O resultado é ao mesmo tempo encantador e eficiente: nos últimos cinquenta anos, a agrofloresta se desenvolveu em um sistema sofisticado e altamente produtivo, capaz de suprir grande parte das necessidades alimentares das famílias sem o uso de pesticidas tóxicos ou fertilizantes caros. Em áreas onde florestas haviam sido desmatadas e o solo degradado por grandes fazendas de gado, pequenos proprietários restauraram plantas nativas e curaram solos exauridos por meio de plantações em sucessão planejada. Estima-se que sejam necessários cerca de 300 anos para restaurar completamente ecossistemas de floresta nublada ou selva, mas a agrofloresta acelera consideravelmente esse processo de cura.
Em regiões de clima temperado, um sistema semelhante chamado permacultura está ganhando espaço. O cofundador Bill Mollison, ecologista e biólogo australiano, definiu a permacultura como um sistema altamente adaptável que incorpora elementos da agrofloresta, da agricultura sustentável e da agricultura orgânica com um design inspirado na natureza. O projeto em permacultura começa com a observação — conhecer a terra, o clima e a fauna do local. Depois, entra a captação de energia: vento, água e energia solar são utilizados e reutilizados de forma passiva e ativa. Cultivos comestíveis — de árvores e arbustos a ervas perenes e hortaliças anuais — são integrados sempre que possível.
Assim como médicos, os praticantes da permacultura se comprometem a não causar danos, deixando a terra em melhores condições do que a encontraram. Abordam soluções de baixa tecnologia: cavalos fornecem não apenas força, mas também esterco valioso. Nada é desperdiçado — compostagem, minhocários e adubação orgânica transformam resíduos em ouro para o jardim. O máximo de água possível é captado no solo e em recipientes, de barris de chuva a grandes reservatórios. O solo é restaurado com coberturas orgânicas e culturas de cobertura, embora a permacultura substitua canteiros e fileiras por clareiras abertas. Árvores e arbustos fornecem frutas, nozes e abrigo para a fauna silvestre, enquanto cercas vivas oferecem lenha e madeira de fogo.
Na permacultura, a interdependência é mais valorizada do que a independência; construir comunidades é tão importante quanto construir solo, e o compartilhamento promove a economia de esforço e recursos. A diversidade de cultivos substitui as monoculturas, cercas-vivas substituem muros, e novas ideias como o plantio direto (sem revolvimento do solo) estão ganhando espaço frente às “práticas padrão” destrutivas. Os permacultores pensam a longo prazo, trabalhando por um futuro que talvez nem vejam, incluindo as necessidades da fauna e da flora em todo o planejamento, seja de curto ou longo prazo. Assim, os cultivos que alimentam e abrigam aves, animais e insetos benéficos são tão valiosos quanto qualquer alimento humano.
Uma das maiores belezas da permacultura é que seus princípios podem orientar projetos em qualquer escala, inclusive no quintal. A permacultura de quintal pode guiar os designs mais simples, criando soluções elegantes que atendem a múltiplas necessidades. Em vez de um gramado de grama convencional, considere criar caminhos através de um tapete de plantas rasteiras comestíveis e flores amigas dos polinizadores, entrelaçadas com trevos fixadores de nitrogênio. Ao escolher árvores ornamentais, opte por aquelas que fornecem abrigo e alimento para aves e insetos, como macieiras silvestres (crabapples) e espinheiros nativos (em vez das variedades europeias invasoras).
Polinizadores nativos naturalmente preferem plantas nativas, mas também visitam plantas aliadas. Por isso, cultive tanto mirtilos (blueberries) quanto huckleberries, salmonberries e framboesas, avelãs nativas e castanheiras (filberts). Use morangos nativos como cobertura do solo e também suas variedades preferidas de morango perene para consumo. Você e a fauna local podem usufruir da sombra de amieiros e salgueiros, ambos importantes para a nidificação e alimentação de pica-paus, corujas, sabiás, esquilos nativos e muitos insetos benéficos. A uva-do-Oregon floresce cedo, fornecendo néctar para muitos polinizadores e frutos para os pássaros. A groselha-de-flores (Ribes) é um arbusto lindo que abriga uma variedade de aves, abelhas e borboletas.
Um ponto importante para quem deseja criar um jardim mais natural, onde insetos e animais sejam bem-vindos, é lembrar que todos os seres precisam de água, alimento e abrigo. A menos que haja fontes naturais de água, pode ser necessário fornecer recipientes rasos para banho e mantê-los limpos e cheios de água fresca. O alimento será abundante se houver diversidade de plantas, mas oferecer alimento e abrigo também significa aceitar alguns “danos” visíveis em plantas queridas. Também significa deixar parte do jardim em repouso no inverno, quando borboletas, sapos e outros animais estão hibernando. Se você tende à organização e limpeza, isso pode ser difícil, então uma forma de se adaptar é deixar que uma “doce desordem” reine em áreas que você não veja todos os dias. Mantenha sua entrada e os caminhos principais arrumados como preferir — e conforte seu lado perfeccionista com o pensamento de que abrir mão de um pouco de controle agora trará um jardim mais vivo e exuberante no futuro.
Fonte: Blog Loh House Plants
Agricultura Sintrópica é o termo designado para um sistema de cultivo agroflorestal (SAF) baseado no conceito da sintropia. É caracterizada pela organização, integração, equilíbrio e preservação de energia no ambiente.
Esta vertente agrícola se inspira na dinâmica natural dos ecossistemas que não sofreram interferência humana, buscando proporcionar um manejo mais sustentável. Foi idealizada e difundida por Ernst Götsch, agricultor e pesquisador suíço, nascido em Raperwilsen em 1948. Enquanto trabalhava com pesquisa em melhoramento genético na instituição Zurique-Reckenholz, começou a se questionar se não era mais sensato prezar pelo melhoramento das condições de vida das plantas, ao invés de alterá-las geneticamente de modo que sobrevivam à escassez de nutrientes e boas condições climáticas, aos quais são submetidas nas monoculturas. Assim, começou a redirecionar seus estudos para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Veio para o Brasil em 1982, e em 1984 adquiriu a então Fazenda “Fugidos da Terra Seca”, localizada em Piraí do Norte-BA, hoje conhecida como Fazenda Olhos D’água, em razão à grandes quantidades de nascentes que foram recuperadas graças ao trabalho sintrópico desenvolvido.
No modelo SAF, as plantas são cultivadas de forma associada, intercalando sempre espécies de portes e características diferentes, também conhecidas como consórcios. São dispostas em linhas paralelas, visando o aproveitamento máximo do terreno, levando em consideração a manutenção e reintrodução das espécies nativas. Além das pesquisas de Ernst Götsch, outros estudos científicos também confirmam que o ciclo temporal dos consórcios é um fator fundamental para o bom funcionamento dos SAFs, assim como a compreensão do mecanismo de sucessão ecológica em uma floresta não manipulada; a ideia geral deste manejo é justamente acelerar o processo de sucessão natural.
Acelerar o processo de sucessão natural também faz parte da ideia geral, no qual é possível em cerca de 30 dias ter altas probabilidades de coleta de produção. Isto é possível através de técnicas a capina seletiva, através da remoção de plantas nativas pioneiras de pequeno porte e da poda de árvores e arbustos, distribuindo estas em seguida sobre o solo. A técnica é denominada mulch, que proporciona maior disponibilidade de nutrientes ao solo. As partes removidas das plantas que não são comercializáveis retornam ao solo com o objetivo de adubá-lo, e funcionam como uma injeção de NPK natural. Faz-se, portanto, fundamental o conhecimento e uso adequado dos instrumentos de poda para um bom desenvolvimento da vegetação.
É importante salientar que nos SAFs não é praticado o uso de controladores químicos como inseticidas e herbicidas, assim como o uso contínuo de fertilizantes químicos ou mesmo orgânicos que não sejam originários da própria área cultivada. Os insetos e organismos vivos que povoam as áreas sintrópicas não são vistos como pragas das lavouras, mas sim como sinalizadores de deficiências no sistema, que ajudam o produtor a compreender as necessidades ou falhas daquele cultivo.
Os SAFs permitem a recuperação de solos que sofreram degradação em um curto período, transformando os mesmos em sistemas altamente produtivos de modo que quando os ciclos de plantio ocorrem, há um enriquecimento do solo devido à disponibilidade de matéria orgânica remanescente das colheitas, das podas e da queda natural de folhas, flores e ramos. Ao contrário do que acontece na monocultura (cultura tradicional) onde, na medida em que o ciclo de plantação e colheita acontece, o solo vai se degradando e perdendo seus nutrientes.
Uma das principais dificuldades para implantação de sistemas agroflorestais é a resistência por parte dos produtores e técnicos à adoção de novas tecnologias que não são praticadas em larga escala na região. Ela nem tão pouco é divulgada nas faculdades, nas lojas agropecuárias ou nos programas de televisão sobre tecnologias rurais.
Fonte: Meli Bees
A história que nos leva à Agricultura Sintrópica e aos chamados sistemas agroflorestais de sucessão, é um conto de transformação cultural, das tribos indígenas em sua relação com a floresta, passando por métodos agrícolas tradicionais, até atingir a visão de vanguarda de Ernst Gotsch. Neste passeio, influências de figuras como Masanobu Fukuoka estão entrelaçadas com o não-ramo e observação da natureza, os conceitos de permacultura criados por Bill Mollison e David Holmgren, culminando em uma abordagem holística e regenerativa que busca a simbiose entre natureza e agricultura.
A história da agricultura é quase tão antiga quanto a própria humanidade. Nas origens, tribos ou sociedades humanas eram nômades que dependiam da coleção de frutas, nozes, raízes e animais de caça para sua subsistência em harmonia com a natureza. Com o tempo, os humanos começaram a perceber o movimento da floresta, a entender o estímulo através da dinâmica natural e começaram a imitar essas dinâmicas construindo a vida de forma colaborativa.
Com a domesticação de plantas e animais, o sedentaryismo e o avanço da tecnologia surgiu o desenvolvimento da monocultura, especialização e massificação para populações em crescimento. Esse progresso foi em troca da erosão e degradação da qualidade do solo, o que gradualmente exigiria mais insumos na forma de fertilizantes e agrotóxicos, gerando grandes impactos nos ecossistemas e na saúde humana. Essa dinâmica se aprofundou multiplicando-se com a Revolução Verde após a Segunda Guerra Mundial, com a popularização do uso de grandes máquinas e produtos químicos tão eficazes quanto prejudiciais à vida e à sustentabilidade global.
Embora esta chamada Revolução ainda esteja em expansão imparável com a globalização agrícola hiperprodutiva em todo o planeta até hoje, na década de 1970 do século XX, duas filosofias renovadoras emergem quase em paralelo e interconectadas que estão subindo em uma mudança tão sutil quanto profunda. Ele destaca no Japão a filosofia da não-brambrance e imitação da natureza pela mão de Fukuoka e o design da permacultura com Bill Mollison e David Holmgren para observar, aprender e recuperar um equilíbrio e conexão com a natureza. A permacultura desenvolveu doze princípios de design e três princípios éticos que também são encontrados na maioria das sociedades tradicionais: cuidar da terra, cuidar das pessoas e compartilhar recursos.
Na década de 1980, o suíço Ernst Gotsch iniciou no Brasil a experimentação da Agricultura Sintrótropia recuperando espaços desertos para transformá-los em vegetais produtivos e regeneradores do habitat natural com flora, fauna e sistemas fluviais. Baseia-se no projeto de ecossistemas de alta densidade e biodiversidade, onde a intervenção humana acelera os ritmos de fertilidade e ajuda a reproduzir e regenerar ciclos naturais.
Essas novas filosofias e técnicas representam uma esperança na capacidade do ser humano de se integrar aos ecossistemas em uma relação de respeito, harmonia e benefício mútuo. Com essas novas referências e a diversidade de culturas regenerativas emergentes, a agricultura pode contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e restauração de terras degradadas, enquanto cresce alimentos saudáveis e nutritivos.
Então faremos um tour pelas diferentes fases evolutivas do desenvolvimento agrícola.
Durante séculos, as tribos indígenas americanas mantiveram uma conexão profunda e sustentável com seus ambientes naturais. Essas culturas ancestrais desenvolveram sistemas de produção de alimentos em harmonia com a natureza, aproveitando a rica biodiversidade florestal e respeitando os ciclos naturais.
Essas tribos forjaram uma relação produtiva e respeitosa com a floresta. Suas práticas agroflorestais incorporaram o plantio de culturas juntamente com o manejo de árvores frutíferas e medicinais, criando sistemas diversificados e eficientes, muito antes do termo “grofloresta” ser cunhado. Policultura ou policultura foi essencial para a sua diversidade alimentar, cultivo de milho, feijão e abóbora em combinação para melhorar a saúde do solo e a prevenção de pragas.
A sustentabilidade foi um princípio orientador na sua abordagem. Tribos indígenas caçam, pescam e coletam plantas silvestres de maneira cuidadosa, aproveitando os recursos florestais não esgotados. Práticas como queimaduras controladas foram usadas para limpar áreas e incentivar o crescimento de plantas úteis, além de manter habitats saudáveis para a vida selvagem.
Essas culturas respeitavam os ciclos naturais, seguindo ritmos como a migração de animais e as estações de crescimento. Essa conexão com os ciclos naturais permitiu que eles tomassem decisões informadas sobre quando semear, colher e realizar outras atividades agrícolas.
A relação com as florestas foi além da mera produção de alimentos. As florestas eram consideradas sagradas e fundamentais para a cultura e espiritualidade das tribos. Esse profundo respeito influenciou suas práticas agrícolas e seu compromisso com a conservação e gestão sustentável dos recursos.
A transição da captação florestal para os primeiros passos na agricultura tradicional marcou um ponto crucial na evolução das sociedades e na relação do ser humano com a terra. Essa mudança gradual ocorreu ao longo de milhares de anos e foi caracterizada pela domesticação de plantas e animais, a criação de assentamentos permanentes e a transformação de formas nômades de vida em sistemas agrícolas mais sedentários. Uma das mudanças mais notáveis foi a transição para a monocultura e especialização na produção de alimentos.
Algumas das primeiras plantas cultivadas incluem trigo, cevada, ervilhas, lentilhas e leguminosas. Durante séculos, as comunidades humanas praticaram a agricultura de subsistência, desenvolvendo técnicas adaptadas aos seus ambientes locais. No início, a agricultura tinha uma relação próxima com a natureza, com métodos como rotação de culturas e pecuária natural.
Conforme as comunidades cresciam e as demandas de alimentos cresciam, as sociedades começaram a adotar sistemas agrícolas que se concentravam na produção em massa de uma única cultura em grandes áreas de terra. Embora isso possibilitado maior eficiência em termos de manejo e colheita, também resulta em menor diversidade alimentar e uma maior vulnerabilidade a pragas e doenças que possam afetar a cultura dominante.
Além disso, a agricultura tradicional incorporou práticas agrícolas mais intensivas. A preparação do solo através de aragem e trabalho tornou-se comum para facilitar o plantio e o cultivo. Embora essas técnicas visassem aumentar a produtividade, elas também poderiam ter efeitos negativos a longo prazo, como a erosão do solo e a degradação de sua qualidade.
Outro aspecto distintivo da agricultura tradicional foi o aumento do uso de insumos externos. A introdução de fertilizantes químicos e pesticidas permitiu que os agricultores melhorassem o rendimento das culturas e controlassem as pragas, mas também teve implicações em termos de impacto ambiental e saúde humana. Esses insumos, proporcionando benefícios imediatos à produção, contribuíram para a degradação do solo e o esgotamento dos recursos naturais essenciais.
Ao mesmo tempo, a agricultura tradicional também sofreu mudanças na propriedade e gestão da terra. Como as sociedades se tornaram mais complexas, as estruturas de propriedade evoluíram. A terra tornou-se frequentemente um recurso comercializável, registrado por indivíduos ou entidades com a capacidade intelectual ou técnica de registrar fazendas e o poder econômico para sustentá-las e comercializá-las. Isso teve implicações tanto na forma como a terra foi tratada quanto na relação das pessoas com seu ambiente. Essas relações de poder ao redor da Terra e sua exploração se concretizam até hoje e com maior concentração, se possível, com as propriedades.
O desenvolvimento da agricultura permitiu um suprimento mais estável de alimentos, o que, por sua vez, levou a um aumento da população humana. Os assentamentos agrícolas cresceram em tamanho e complexidade, levando à formação de civilizações antigas. Com o tempo, ferramentas e tecnologias agrícolas mais avançadas foram introduzidas, como o arado com tração animal. Essas inovações aumentaram a eficiência da produção de alimentos e permitiram o cultivo em maior escala.
A nova indústria de alimentos cresceu impulsionada pelos novos impérios, promovendo um modelo agrícola em massa, baseado em cereais e outras plantas anuais, o que facilitou um maior controle da produção. Isso levou a uma mudança cultural que levou à redução de alimentos e frutos de proximidade, de maior valor, sustentabilidade e autonomia para a população, como a alfarroba ou a bolota.
Após a Segunda Guerra Mundial, a chamada Revolução Verde chegou na década de 1940. Com o legado da grande indústria militar, a agricultura foi drasticamente transformada com o uso maciço de insumos químicos e máquinas mais pesadas. Os tanques flutuaram em tratores e armas químicas em fertilizantes. Embora essa revolução tenha aumentado a produção de certos alimentos, em detrimento de outras alternativas valiosas, também trouxe problemas em uma escala maior, como degradação da terra, perda de biodiversidade e dependência agroquímica.
A Revolução Verde envolveu o desenvolvimento e a introdução de variedades de culturas de alto rendimento, como o trigo anão e o arroz IR8. Essas variedades eram mais resistentes a doenças e respondiam melhor aos fertilizantes. No entanto, envolveu o uso mais intensivo de produtos químicos, como fertilizantes e pesticidas, para aumentar a produção agrícola, o que significou a introdução de tóxicos mais poderosos nas cadeias biológicas do ecossistema e consequências dramáticas para a saúde das pessoas.
Essa dinâmica tem continuado a buscar o objetivo da rentabilidade com maior produção alimentar, com o controle e redução das espécies e a consequente necessidade de aditivos de maior toxicidade. Isso se repetiu nas últimas décadas na agricultura, de forma teimosa e economicamente bem-sucedida para a indústria alimentar e agroquímica, mas tem sido feito contra as leis naturais, em detrimento das pessoas e da vida dos ecossistemas.
Masanobu Fukuoka, técnico, agricultor e filósofo japonês, desafiou as práticas convencionais e até mesmo as correntes científicas predominantes, com sua abordagem de “Sem Labranza” ou “Médio da Agricultura Natural”. Em 1975, ele publicou o icônico livro “A Revolução de uma Brizna de la Paja”, onde apresentou sua observação, experiência, prática e conceitos filosóficos.
Fukuoka defendeu o não-filiado. Ele observou que é uma prática humana contraproducente, pois o lavrador do solo perturba seu equilíbrio, sua vitalidade natural e causa erosão. Em vez de cultivar, ele promoveu o plantio direto em solos cobertos com materiais orgânicos, o que preserva a umidade, reduz as ervas daninhas e incentiva o crescimento saudável das culturas. Também introduziu a “cultura sintile”, semeando sementes em bolas de argila e compostagem (chamadas Seladas, Bolinhos de Argila ou Dorogan em japonês) em áreas negligenciadas para ajudar a restaurar paisagens degradadas, aumentando a eficiência do plantio, protegendo as sementes durante a germinação e facilitando o crescimento precoce.
A policultura e a biodiversidade foram fundamentais em sua abordagem, pois acreditava que o cultivo de várias espécies juntas imitava ecossistemas naturais e diminuía o risco de pragas e doenças. Sua abordagem incluiu técnicas como plantio direto e mistura de culturas, e focada no respeito aos processos naturais. Fukuoka rejeitou o uso de aditivos químicos e incentivou a fertilidade do solo, incorporando matéria orgânica.
Masanobu defendeu trabalhar em harmonia com a natureza, minimizando a intervenção humana e promovendo a biodiversidade. Ele adotou uma filosofia holística que conectava a agricultura com a espiritualidade e a relação humana com a natureza. Eu pensei que a maneira como tratamos a Terra reflete nossa conexão com o mundo e entre nós. Sua abordagem transcendeu as fronteiras do Japão, inspirando agricultores, ambientalistas e pensadores em todo o mundo.
Permacultura ou cultura permanente foi desenvolvido por Bill Mollison e David Holmgren e disseminado em todo o mundo com a publicação do livro “Permacultura Um” em 1978. Esta filosofia de design integral natural, a partir da qual muitas áreas derivam e múltiplas técnicas foram desenvolvidas, foi uma influência fundamental no caminho para a Agricultura Sintrópica.
Este sistema, que incorpora chaves agrícolas, econômicas, políticas e sociais, baseia-se em doze princípios de design observados na natureza e busca criar sistemas produtivos sustentáveis e harmoniosos, que aproveitem eficientemente os recursos disponíveis e imitem padrões e processos naturais. Integra princípios éticos, como o cuidado da terra, o cuidado com as pessoas e a distribuição justa, com princípios de design que vão desde a observação detalhada até a maximização da diversidade, feedback e minimização de resíduos.
A Permacultura contempla uma visão holística, que tem uma infinidade de ramos, incluindo design ecológico, engenharia ecológica, design ambiental, construção e gestão integrada de recursos hídricos, que desenvolve arquitetura sustentável e sistemas agrícolas auto-regulamentados inspirados em ecossistemas naturais.
No desenvolvimento da agricultura, a permacultura introduziu a ideia de criar jardins e sistemas agrícolas mais resilientes e autônomos. Promoveu a interação simbiótica entre plantas, animais e microorganismos, promovendo a biodiversidade e a eficiência ecológica. Também popularizou a agrofloresta, a integração de árvores e culturas, e técnicas como canteiros elevados, pomares em terraços ou bancos e captação de água da chuva. Desde a sua criação, a permacultura tem sido definida como uma resposta positiva à crise ambiental e social.
Ernst Gotsch, agricultor, agrônomo e pesquisador suíço-brasileiro, é a figura central no desenvolvimento da Agricultura Sintrópica. Nasceu em 13 de setembro de 1949 em Schaffhausen, Suíça. Iniciou sua carreira profissional como agrônomo, estudando e trabalhando em questões relacionadas à agricultura e silvicultura na Suíça.
Em 1980, aos 31 anos, Ernst decidiu emigrar para o Brasil em busca de novas oportunidades e desafios. Foi estabelecido no estado da Bahia, no nordeste do Brasil, onde adquiriu uma propriedade de 500 hectares localizada em Piraí do Norte, no estado da Bahia, conhecida como Fazenda da Toca e na qual sua conexão com a terra e a agricultura começou no contexto tropical. Esta propriedade que passou de um aspecto quase deserto para se tornar um vergel, tem sido um laboratório vivo onde Gotsch aplicou e aperfeiçoou seus princípios e técnicas agrícolas ao longo de décadas.
Sua abordagem é baseada na observação detalhada dos sistemas naturais e na criação de sistemas agrícolas que imitam a estrutura e as funções dos ecossistemas florestais. Gotsch introduziu a ideia de sucessão dinâmica de plantas, com a interação de diferentes espécies e estratificação de culturas verticais na agricultura, bem como a importância do acúmulo de biomassa e matéria orgânica no solo.
A agricultura sintrópica faz parte da filosofia projetada por Ernst Gotsch que, com base no conhecimento e na combinação de correntes anteriores, nos fornece soluções tão ousadas quanto necessárias. É composto por um conjunto de técnicas e gestão em pleno desenvolvimento e expansão, que evolui graças à aprendizagem e experiência compartilhada. Até a chegada da Sintropina, o ser humano construiu ecossistemas que dependiam de si mesmo. A Agricultura Sintrópica projeta ecossistemas onde a intervenção humana acelera os ritmos de fertilidade.
Baseia-se em princípios fundamentais, como diversidade de plantas, estratificação vertical, acúmulo de biomassa, cobertura do solo, rotação de culturas, sucessão de plantas, sistemas agroflorestais, ciclo de nutrientes, observação e adaptação e uso eficiente da água. Esses princípios derivam da combinação de experiências e aprendizados da agricultura tradicional, o não-sangrão de Fukuoka e permacultura, e são integrados em uma abordagem abrangente e regenerativa.
A sintropia refere-se à acumulação, ordem e estruturação. Trata-se de gerar um sistema autossustentável, potencializando o processo de transformação energética do solo, implantando uma alta densidade de plantas com diferentes estratos que maximizam a fotossíntese, a retenção de água e a geração de matéria orgânica, o que aumenta a fertilidade do solo.
O objetivo deste sistema é produzir alimentos saudáveis de uma forma que beneficie os ecossistemas e sua biodiversidade. Graças à grande diversidade de espécies e culturas, a produção é obtida ao longo do ano. Tudo isso elimina a necessidade de irrigação, fertilizantes industriais e tratamentos de pragas. Além disso, solos saudáveis, cheios de vida e altamente produtivos são alcançados.
A Agricultura Sintrópica e os sistemas agroflorestais de sucessão, com uma abordagem inspirada na inteligência e eficiência da natureza, representam uma resposta inovadora e revolucionária, que tem o potencial de transformar a agricultura e fornecer soluções para os atuais desafios ambientais e agrícolas.
Restauração do solo, promoção da biodiversidade e resiliência são pilares da agricultura sintrópica. Ao adotar práticas que incentivem o acúmulo de biomassa e a estratificação vertical das culturas, a fertilidade do solo é regenerada e é criado um ecossistema autossustentável que nutre a terra e a vida selvagem.
Essas chaves têm o potencial de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, restaurar terras degradadas, melhorar a segurança alimentar e a qualidade de vida das comunidades agrícolas.
Em termos de mudança climática, essa abordagem funciona como um sumidouro de carbono, armazenando carbono na biomassa e no solo. Além disso, reduz a necessidade de agrotóxicos e o preparo do solo, mitigando as emissões de CO2 e melhorando a resiliência das culturas a eventos climáticos extremos.
A segurança alimentar e a nutrição também se beneficiam, já que a agricultura sintrópica se adapta a vários climas e otimiza recursos para produzir variedades de alimentos. Isso promove a produção local e melhora o acesso a alimentos frescos e saudáveis, crucial para uma população mundial crescente e uma maior conscientização sobre a soberania alimentar, o cultivo autônomo e próximo.
Em um mundo onde a escassez de resíduos e água são problemas prementes, a agricultura sintrópica se destaca ao usar os recursos de forma eficiente. Ao cobrir o solo com matéria orgânica, a umidade é retida e a necessidade de irrigação intensiva é reduzida.
Além de seus benefícios ambientais e alimentares, a agricultura sintrópica fortalece as comunidades e as economias locais, gerando emprego e construindo resiliência econômica. Nesta prática, destaca também a conexão entre os seres humanos e a natureza, honrando os princípios éticos e culturais de respeito e equilíbrio.
Quanto mais pessoas no campo da agricultura, ciência, comunidades e administrações públicas adotam a Agricultura Sintrópica, a porta se abre para um futuro onde a agricultura e a natureza trabalham em harmonia, garantindo a saúde do planeta e das gerações futuras.
Ao adotar esses princípios, a agricultura pode contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade e a restauração de terras degradadas, cultivando alimentos saudáveis e nutritivos.
A agricultura sintrópica é uma resposta integral aos desafios atuais da nossa civilização. Com sua abordagem regenerativa, este método oferece a oportunidade de restaurar o equilíbrio entre a humanidade e a natureza, alimentar as gerações presentes e futuras, e traçar um caminho para a sustentabilidade e harmonia em nosso planeta compartilhado. Sua adoção e promoção representam um chamado à ação que pode moldar o destino da humanidade e o futuro do mundo em que habitamos.
Fonte: Blog Ariwake
Uma das consequências da aplicação massiva dos modelos intensivos de agricultura é a progressiva degradação do solo e a queda de sua produtividade. Atualmente, existem diversas correntes que buscam reverter esse efeito e tornar o solo cultivado o mais eficiente possível. Uma dessas técnicas é conhecida como agricultura sintrópica, um método regenerativo que há mais de quarenta anos vem trazendo resultados em diferentes regiões do mundo.
A origem da agricultura sintrópica está ligada à figura de Ernst Götsch, suíço que emigrou para o Brasil e, já em 1982, desenvolveu as bases de seu pensamento após passar temporadas de trabalho na Costa Rica. Em essência, seus princípios propõem que os processos agrícolas se assemelhem ao máximo aos processos naturais, por meio do restabelecimento da essência mais pura de um ecossistema. Em suas próprias palavras:
“A base é a ideia de que as áreas se recuperam por meio do uso. A vida é sintrópica por natureza e nossos sistemas agrícolas devem refletir suas múltiplas características.”
O trabalho de Götsch começou em pequenas propriedades e, aos poucos, passou a ser implementado com sucesso em diversos lugares do planeta. Em termos práticos e resumidamente, trata-se de provocar, por meio da interação humana, os processos regenerativos naturais de uma área florestal.
As bases do sistema de Götsch
Para começar a implantar sistemas de agricultura sintrópica, é fundamental conhecer profundamente o terreno — seu funcionamento, suas características, sua diversidade biológica, o papel de cada planta e como os diferentes elementos (sejam animais ou vegetais) interagem entre si. Após essa etapa, deve-se escolher as espécies vegetais que irão compor o ambiente, sendo essencial que sejam compatíveis com as características do solo.
Os sistemas de agricultura sintrópica se destacam por apresentarem altíssima densidade de espécies diversas, com diferentes ciclos de vida, alturas e tamanhos. A chave está na relação entre essas espécies, que permite que tudo funcione de forma natural e que o solo atinja as condições de efetividade desejadas.
Dessa forma, as plantas convivem e interagem entre si e com os demais elementos do ambiente de maneira natural, tal como fariam em um ecossistema livre da intervenção humana. Nesse sistema, os cultivos próximos se apoiam mutuamente, enquanto as plantas se protegem umas às outras e criam ecossistemas de convivência.
Um sistema de agricultura sintrópica pode se orgulhar de um altíssimo grau de autossuficiência, pois nem a quantidade de maquinário necessário para sua implantação e manutenção é grande, nem ele demanda grandes volumes de irrigação ou o uso de insumos agrícolas. O solo nunca fica exposto e são as próprias plantas, através de seu ciclo natural, que regeneram o terreno.
Naturalmente, a implementação desse tipo de sistema requer estudos prévios aprofundados e um aprendizado intensivo. Nada aqui funciona como nas plantações convencionais, pois, embora a ação humana tenha papel importante, as regras que regem o sistema são, em sua maioria, as regras da natureza.
Fonte: Blog Repuestos Fuster
A agricultura sintrópica, também conhecida como agrofloresta sintrópica ou agricultura de sucessão ecológica, é uma abordagem de cultivo que busca imitar os processos naturais encontrados em ecossistemas florestais. Desenvolvida inicialmente pelo agricultor suíço Ernst Götsch na década de 1980 no Brasil, essa prática agrícola integra princípios de ecologia, botânica e agronomia para criar sistemas agroflorestais altamente produtivos, regenerativos e sustentáveis.
A ideia central da agricultura sintrópica é promover a sucessão ecológica, ou seja, a evolução natural de um ecossistema, por meio da combinação inteligente de plantas de diferentes tamanhos, funções e ciclos de vida, de forma a criar um sistema autossustentável que melhora a qualidade do solo, aumenta a biodiversidade e otimiza a captura de água, luz solar e carbono. Continue lendo para entender mais sobre esse tipo de cultivo/manejo.
Um sistema agroflorestal (SAF) é uma forma de manejo sustentável da terra que combina elementos florestais, da agricultura e, algumas vezes, pecuária em um mesmo sistema integrado. Essa abordagem também visa restaurar áreas degradadas, melhorar a saúde do solo e reduzir o uso de químicos na plantação ao mesmo tempo em que promove a conservação dos recursos naturais e a biodiversidade.
O SAF é um sistema produtivo regenerativo. Ele envolve o cultivo de culturas agrícolas combinado com o plantio de árvores ou arbustos concomitantemente ou um após o outro. Essas árvores e arbustos podem ser nativos ou não, frutíferos e/ou madeireiros.
A abordagem procura imitar os padrões ecológicos encontrados em ecossistemas naturais, aproveitando os benefícios da sinergia entre os diferentes componentes. Os sistemas agroflorestais são vistos como contraste aos sistemas de monocultura porque adotam uma abordagem mais holística e ecológica, promovendo a preservação dos ecossistemas, resiliência agrícola e a promoção de práticas agrícolas mais equilibradas.
Os sistemas agroflorestais funcionam com base na interação harmoniosa entre as diferentes espécies presentes na área de cultivo.
As árvores desempenham múltiplos papéis, como fornecer sombra, proteger o solo da erosão, atrair polinizadores, fornecer habitat para a fauna local e, em alguns casos, produzir madeira, frutas, castanhas ou outros produtos de valor comercial ou para o consumo próprio.
Os cultivos agrícolas são plantados entre as árvores, aproveitando os benefícios da sombra, da ciclagem de nutrientes, do enriquecimento do solo por matéria orgânica e da proteção contra pragas e doenças promovida pela diversidade.
Além disso, existem sistemas silvipastoris, que também integram a agrofloresta como com a presença de galinhas, porcos ou gado e que podem complementar a produção, contribuindo para o ciclo de nutrientes e fornecendo uma fonte adicional de renda para os agricultores.
As diferentes espécies presentes no SAF interagem de maneira complementar, criando sinergias que beneficiam o ecossistema como um todo e promovem o uso eficiente de recursos como água e nutrientes do solo.
Os sistemas agroflorestais têm o potencial de gerar uma série de impactos positivos tanto do ponto de vista ambiental quanto socioeconômico, como a diversificação da produção agrícola e florestal na propriedade, recomposição da paisagem, reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, aumento da capacidade produtiva do solo, segurança alimentar e aumento de renda para o produtor e sua família, conservação ambiental, biodiversidade da flora e fauna, redução do desmatamento, das queimadas e dos impactos nas mudanças climáticas globais.
Assim como já mencionado, eles contribuem para a conservação do meio ambiente, mas vão além disso: promovem também a segurança alimentar.
Sistemas agroflorestais e a compensação de carbono
Outro ponto de destaque é que os SAFs podem ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. As árvores plantadas do cultivo absorvem dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera durante o processo de fotossíntese, armazenando carbono em sua biomassa e no solo. Isso ajuda a reduzir a quantidade de CO₂ na atmosfera e contribui para diminuir o aquecimento global.
Esse processo faz com que os sistemas agroflorestais sejam também, ótimas ferramentas de geração de crédito de carbono ou certificados de compensação de gases de efeito estufa. Ambos não fomentam apenas a economia como também facilitam e estimulam empresas e indústrias a reduzirem a quantidade CO₂ na atmosfera do planeta.
No Brasil, o sistema agroflorestal tem sido cada vez mais adotado em diferentes regiões do país. A diversidade climática e ambiental do Brasil proporciona um ambiente propício para a implementação de SAFs adaptados às condições locais e às necessidades dos agricultores. O fato de a economia ter como um de seus pilares o agronegócio, potencializa ainda mais a disseminação desse método.
Segundo o último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE em 2017, o número de agroflorestas no Brasil era de 491.400, sendo a Bahia a região com mais sistemas. Essa era a quantidade há sete anos. Atualmente esse número aumentou, principalmente com a urgência causada pelo aquecimento global e o avanço das tecnologias, trazendo assim, a necessidade de um novo Censo Agropecuário.
Existem políticas públicas de âmbitos federal, estadual e municipal que fomentam esse sistema. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) tem uma linha de crédito para atender aos SAFs com taxa de juros de 3%. Ainda, o governo quer lançar programa de incentivos a agroflorestas, projeto que está sendo discutido com o BNDES, BID e Petrobras; informações pronunciadas pelo ministro do Ministério do Desenvolvimento Agrário em uma entrevista ao Poder 360, em outubro de 2023.
Também existem bastantes iniciativas privadas e independentes que estimulam esses sistemas. As climate techs, os projetos institucionais e as ONGs são pioneiros nos incentivos a agroflorestas, principalmente na relação com pequenos agricultores. Essas iniciativas geralmente se atrelam à compensação de carbono na atmosfera, beneficiando a tríade: produtores, meio ambiente e empresas.
As climate techs são empresas que juntam inovação e tecnologia para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, além de impulsionar o desenvolvimento de uma economia sustentável e de baixo carbono. Com relação aos SAFs, as climate techs trabalham para viabilizar a existência e o manejo do sistema, impactando os pequenos agricultores e acessibilizando a remoção/redução de carbono para as empresas.
A Agroforestry Carbon é uma plataforma ESG conectada ao mercado de créditos de biodiversidade agroflorestal (CBA). Essa startup tem como objetivo unir pequenos produtores de todo o Brasil a empresas interessadas em compensar suas emissões de carbono. Por meio da plataforma, as empresas podem escolher a quantidade de carbono que desejam compensar e financiar pequenos produtores agroflorestais no plantio e manejo das árvores, utilizando planos de assinatura e outros serviços, como Inventário GEE (Gases de Efeito Estufa) e calculadora de CO₂.
Com um crescimento notável, a Agroforestry Carbon registrou um faturamento de R$ 56 mil em 2022, valor que saltou para R$ 2,3 milhões em 2023. Além disso, recebeu reconhecimento como uma das startups com maior potencial de impacto pela Pequenas Empresas Grandes Negócios, da Rede Globo.
Em 2021, a Agroforestry Carbon recebeu um investimento inicial de R$ 300 mil da Regenera Ventures, que foi fundamental para concretizar a startup. Em fevereiro deste ano, a agtech lançou uma nova rodada de captação de recursos para continuar expandindo suas operações e impacto. Você pode saber mais a respeito da rodada clicando no banner abaixo.
A Belterra Agroflorestas é uma startup dedicada a colaborar com pequenos e médios produtores para promover práticas agroflorestais para a recuperação de áreas degradadas. O foco da sua solução é oferecer ao produtor um projeto de SAF estruturado e personalizado para a área analisada além de recursos técnicos e financeiros, podendo fazer parceria por arrendamento de terras não utilizadas, parceria rural para quem quer começar ou integração a sistemas já existentes. O capital e a monetização da operação vêm de fundos de financiamentos e grandes empresas que querem melhorar seus indicadores ESG, já que podem comprar os produtos agroflorestais ou se atrelar à compensação de carbono.
Fundada com recursos da mineradora Vale, que tem como meta restaurar 100 mil hectares até 2030, a startup possui grandes nomes como parceiras, como Cargill, JBS, Natura e Amazon. Os próximos passos é fazer uma rodada de equity para captar até R$ 50 milhões.
A WayCarbon é uma empresa especializada em consultoria e desenvolvimento de soluções tecnológicas e inovadoras voltadas para a sustentabilidade. Suas principais atividades são: avaliação de emissões de gases de efeito estufa, desenvolvimento de projetos de mitigação, gestão de energia e recursos naturais e certificações ambientais.
Ela atende clientes de diversos setores, como empresas privadas, governos e ONGs. Sua última captação foi em 2023, numa Series B, com um valor de US$ 50 milhões.
Os Sistemas Agroflorestais representam uma abordagem inovadora e sustentável para a agricultura que tem ganhado destaque como uma alternativa viável e promissora para a produção de alimentos de forma equilibrada. Além disso, o estudo da WRI Brasil, estimou que o país tem cerca de 30 milhões de hectares degradados, e a melhor chance que temos de recuperar todas essas áreas é pelas agroflorestas.
Pesquisas recentes mostram também que os Sistemas Agroflorestais podem exercer um importante papel na adaptação a eventos climáticos extremos. As alterações nos padrões do clima são uma ameaça à produção agrícola em todo o mundo. Estimativas indicam que as mudanças climáticas podem reduzir a produtividade global da agricultura em 17%. O IPCC identificou o plantio em sistemas agroflorestais como uma das medidas mais interessantes para a adaptação climática, tornando as propriedades rurais mais resilientes e resistentes a pragas, secas e inundações.
As iniciativas existentes são potentes e demonstram que é possível conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. No entanto, é crucial que haja um esforço contínuo de todos os setores da sociedade, incluindo governos, empresas e sociedade civil, para promover e expandir os sistemas agroflorestais em larga escala. Somente assim poderemos superar os desafios ambientais e sociais que enfrentamos atualmente, garantindo o futuro das próximas gerações.
Fonte: Blog Arara Seed
Em um mundo onde a viticultura enfrenta crescentes desafios ambientais, a agricultura sintrópica surge como um farol de inovação e esperança. Essa prática agrícola, idealizada pelo agricultor e cientista suíço-brasileiro Ernst Götsch, propõe uma aliança entre a produção e a regeneração dos ecossistemas, oferecendo um futuro mais sustentável para os vinhedos ao redor do mundo.
Ernst Götsch dedicou sua vida ao desenvolvimento de sistemas agrícolas que funcionam em harmonia com a natureza. Baseando-se na observação minuciosa dos processos naturais, Götsch criou um conjunto de princípios agrícolas que imitam os ciclos e estruturas dos ecossistemas naturais, promovendo a biodiversidade, a regeneração do solo e a eficiência produtiva.
A aplicação da metodologia de Götsch ao cultivo de uvas implica uma reestruturação radical na gestão dos vinhedos:
A agricultura sintrópica na viticultura busca maximizar as interações benéficas entre as diferentes espécies vegetais e os microrganismos do solo:
Vinhedos que adotaram a agricultura sintrópica relatam resultados promissores. Estudos mostram que esses vinhedos não apenas mantêm, como também melhoram a qualidade da produção de uvas, ao mesmo tempo em que restauram a saúde de seus ecossistemas. A viticultura sintrópica está se tornando um modelo tanto para a pesquisa agrícola quanto para a prática sustentável.
O legado de Ernst Götsch e o desenvolvimento da agricultura sintrópica oferecem uma estrutura poderosa para uma viticultura mais sustentável e produtiva. Ao aplicar esses princípios nos vinhedos, os viticultores não apenas melhoram a saúde das videiras e a qualidade do vinho, mas também contribuem para a saúde global do planeta, promovendo a biodiversidade e a regeneração do solo.
Vinhedos que implementaram práticas sintrópicas tornam-se estudos de caso vivos de como a agricultura pode coexistir em harmonia com os ecossistemas naturais. Esses sistemas não apenas oferecem um habitat rico e diverso que protege e nutre as videiras, como também representam um modelo replicável, que pode ser adaptado e adotado em diferentes regiões e contextos vitivinícolas.
Fonte: Viticultura Regenerativa
Nesse vídeo você vai saber como lidar com a situação de sombra no local onde você quer fazer a sua horta e aprender o que pode fazer para dar a volta por cima e ter sua tão sonhada Horta Agroflorestal.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Nesse vídeo você vai ver mais detalhes da cobertura de solo e o que ela pode fazer para a sua horta.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Nesse vídeo você vai entender como usar os princípios da agrofloresta nos vasos da sua horta.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Será que é possível plantar e colher mais sem sair de casa? Nesse vídeo eu te conto como eu fiz pra que isso se torna-se realidade através de uma horta agroflorestal. Você vai se surpreender.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
A agricultura orgânica visa principalmente produzir alimentos saudáveis e proteger o meio ambiente, uma vez que não usa insumos químicos como fertilizantes e agrotóxicos, além de sementes modificadas e mecanização intensa.
A ideia da agricultura orgânica surge em oposição aos modelos convencionais, que são conhecidos por poluir cursos d’água, esgotar os nutrientes do solo, não oferecer condições de trabalho justas e salários dignos aos trabalhadores e, por fim, produzir alimentos que não fazem bem ao organismo humano.
Os alimentos orgânicos não se resumem apenas a agricultura, mas também fazem parte na pecuária, de modo que os animais não recebem hormônios.
O foco da agricultura orgânica não é a quantidade de alimentos, mas sim, a qualidade deles.
Geralmente possuem mais vitaminas, minerais e antioxidantes do que os convencionais. Ou seja, a agricultura orgânica preza muito pela saúde dos consumidores.
Para exemplificar, podemos citar menos gorduras saturadas no gado orgânico, maior nível de ômega-3 em frango orgânico, acréscimo de 29% de magnésio em vegetais orgânicos e aumento de resveratrol em vinhos orgânicos. Como você pode perceber, esses alimentos são mais saudáveis, e assim contribuem para a prevenção de doenças (inclusive o câncer) e fortalecem o sistema imunológico.
Ao eliminar o uso de agrotóxicos, o agricultor tem economia financeira. A agricultura convencional faz um forte uso de máquinas, que acabam substituindo o trabalho humano.
Portanto, a agricultura orgânica também tem o benefício de empregar muitos trabalhadores, e muitas vezes é praticada por famílias.
A desvantagem é que para produzir alimentos nesse modelo, os custos são mais elevados, e o preço final dos alimentos nos mercados e feiras acaba ficando mais caro também, podendo ficar até 40% mais caro. Mas de uma forma geral, os alimentos orgânicos não são acessíveis a boa parte da população.
O Brasil é um dos países que mais usa agrotóxicos no mundo. Muitas substâncias proibidas em diversos países são permitidas por aqui. Por outro lado, a produção orgânica vem crescendo no país. Atualmente, existem cerca de 15 mil propriedades certificadas e alguns estados que se destacam são Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Além dos produtores que cultivam para vender, também vêm crescendo o número de pessoas que cultivam alimentos orgânicos dentro de casa para o consumo próprio.
O cultivo pode acontecer em quintais ou até mesmo no interior da residência, sob a forma de um jardim vertical, por exemplo.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
O tema da irrigação nas lavouras merece atenção, pois 70% da água potável utilizada no mundo é pela agricultura.
Você sabia que se a agricultura economizasse 10% de água isso seria suficiente para abastecer duas vezes a população mundial?
Felizmente é possível economizar água e ao mesmo tempo manter a produtividade nas plantações.
É muito comum que haja desperdício ou então carência do recurso na agricultura. Ou seja, algumas plantações sofrem com estiagens, enquanto outras desperdiçam muita água. A irrigação adequada também é importante para render boas colheitas.
É importante captar e usar água das chuvas para irrigar as plantações. A água da chuva é rica em nutrientes benéficos para as plantas. Por exemplo, é rica em nitrogênio, que é um nutriente essencial para o desenvolvimento das plantas. Uma técnica é a instalação de cisternas para captar a água que cai nos telhados da propriedade. Assim o produtor pode economizar com abastecimento. A água das chuvas também pode ser usada para lavar máquinas.
Cada espécie de planta possui uma necessidade de irrigação, algumas necessitam mais, outras menos.
Por isso é importante ter esse conhecimento. Por exemplo, cactos e suculentas conseguem se desenvolver com pouca água, enquanto plantas tropicais e de folhas largas necessitam de mais.
Além das características das plantas, outros fatores determinam a quantidade de regas.
Por exemplo, em dias mais quentes a água tende a evaporar, sendo necessário regar mais.
Plantas em épocas de floração necessitam de mais água do que em épocas de dormência. Solos argilosos retêm mais água do que os arenosos.
Uma boa técnica para economizar água na agricultura e usá-la de forma eficiente é a irrigação por gotejamento. Tubos com pequenos furos são instalados de modo que esses furos fiquem bem próximos às raízes das plantas, aplicando apenas algumas gotas. Assim é possível economizar até 60% de água.
A irrigação em excesso pode encharcar o solo e prejudicar as plantas. A oferta de oxigênio para as plantas pode ficar reduzida e as raízes podem ser sufocadas.
Existem sensores de umidade do solo que indicam quando as plantas estão precisando de mais água. O uso de telas para sombrear as plantas pode reduzir a evaporação da água no solo.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
O adubo orgânico é produzido a partir da compostagem. A compostagem é uma técnica que transforma resíduos de origem animal e vegetal em adubo. É uma alternativa barata para os agricultores. Além do adubo orgânico fertilizar o solo, pelo fato de ser produzido a partir de resíduos vegetais e animais, evita que esses resíduos sejam destinados a aterros sanitários e lixões, onde produzem gás metano e chorume, que possuem graves impactos ambientais.
O adubo orgânico serve principalmente para fornecer nutrientes às plantas. Serve também para corrigir, conservar e recuperar a fertilidade do solo.
Além dos macronutrientes fósforo, potássio e nitrogênio, também fornece micronutrientes como cálcio, magnésio e enxofre. Pode ser aplicado em qualquer cultura e o ideal é que seja adicionado após uma análise de solo, pois assim é possível identificar quais nutrientes estão mais em falta e escolher o tipo de adubo mais adequado.
Outro tipo de adubo é o químico, que é produzido a partir da extração mineral ou refino do petróleo. Entre os tipos de adubos químicos mais conhecidos estão os carbonatos, cloretos e fosfatos.
Os adubos químicos são muito utilizados pois são absorvidos de forma mais rápida que os orgânicos, porém podem causar danos e desequilíbrio aos solos.
Também podem ser escoados pela água da irrigação, ficam disponíveis por menos tempo e os nutrientes podem ser perdidos para a atmosfera.
De uma forma geral, podemos dizer que o adubo orgânico favorece o crescimento das raízes, a floração, a frutificação e a resistência a doenças e pragas.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Para plantar cerejas com sucesso, é importante entender as necessidades específicas dessa fruta. As cerejas são uma fruta delicada e requerem uma atenção especial para crescerem saudáveis e saborosas. Neste artigo, você aprenderá os passos necessários para plantar cerejas em sua própria casa e colher frutas frescas e deliciosas.
Antes de começar a plantar, é importante escolher o local certo para o seu pomar de cerejas. As cerejeiras precisam de solo bem drenado e rico em nutrientes para crescerem saudáveis.
Além disso, elas precisam de muita luz solar direta para florescer e produzir frutas.
Se você não tem um espaço adequado em seu quintal, considere plantar cerejas em vasos ou recipientes grandes. Com as técnicas adequadas, é possível cultivar cerejas mesmo em áreas urbanas.
Ao plantar cerejas, a escolha das mudas é um passo importante para garantir o sucesso no cultivo. Nesta seção, abordaremos alguns pontos importantes a serem considerados na escolha das mudas.
Existem dois tipos principais de mudas de cereja: enxertadas e produzidas por sementes. As mudas enxertadas são mais recomendadas, pois apresentam maior resistência a doenças e pragas, além de produzirem frutos de melhor qualidade e mais cedo do que as mudas produzidas por sementes.
O plantio de mudas de cereja deve ser realizado no outono ou no inverno, quando as temperaturas são mais amenas e a planta está em dormência.
Isso permite que a planta se estabeleça melhor no solo antes do início da primavera, quando ocorre a brotação e o início do crescimento.
Ao escolher as mudas de cereja, é importante observar a qualidade das raízes e da parte aérea da planta. As raízes devem estar bem desenvolvidas e saudáveis, sem sinais de podridão ou doenças. A parte aérea da planta deve apresentar um bom equilíbrio entre o sistema radicular e a copa, com ramos fortes e saudáveis.
Lembre-se de escolher mudas de cereja de variedades adequadas ao clima e ao solo da sua região, para garantir um cultivo saudável e produtivo.
Antes de plantar cerejas, é importante preparar o solo corretamente para garantir o desenvolvimento saudável das plantas. Nesta seção, vamos discutir a análise do solo, a adubação e o pH.
Para o cultivo de cerejas, é importante que o solo tenha um pH entre 6,0 e 6,5.
Se o pH do solo estiver abaixo desse intervalo, é necessário corrigi-lo adicionando calcário ao solo. É importante lembrar que a correção do pH do solo deve ser feita com antecedência, cerca de seis meses antes do plantio.
Além disso, é importante adubar o solo com fertilizantes ricos em potássio e fósforo para garantir o desenvolvimento saudável das plantas. A adubação deve ser feita com antecedência, cerca de três meses antes do plantio, para que os nutrientes possam se incorporar ao solo.
Lembre-se de seguir as recomendações específicas para o seu tipo de solo e para as variedades de cerejas que você pretende plantar. Com o preparo do solo correto, você estará dando o primeiro passo para uma colheita de cerejas saudáveis e saborosas.
O plantio da cereja é uma etapa crucial para garantir uma boa colheita. É importante escolher um local com solo bem drenado e fértil, com pH entre 6,0 e 7,0. Além disso, é necessário escolher mudas saudáveis e com boa procedência.
O espaçamento entre as mudas de cereja deve ser de 5 a 6 metros na linha e 3 a 4 metros entre as linhas. Isso garante que as plantas tenham espaço suficiente para se desenvolverem e que a colheita seja facilitada.
A cereja é uma fruta que necessita de um bom suprimento de água para se desenvolver bem. Durante o plantio, é importante fazer uma irrigação abundante para que as mudas se estabeleçam bem. Depois disso, é necessário manter a irrigação regular, especialmente em períodos de estiagem.
É importante lembrar que o excesso de água pode prejudicar o desenvolvimento das raízes e favorecer o aparecimento de doenças. Por isso, é recomendado fazer a irrigação de forma moderada e evitar encharcar o solo.
Com essas informações, você está pronto para realizar o plantio da cereja e garantir uma colheita saudável e abundante.
Após plantar suas cerejeiras, é importante tomar alguns cuidados para garantir que elas cresçam saudáveis e produzam frutos saborosos. Nesta seção, vamos falar sobre a poda e o controle de pragas.
As cerejeiras podem ser afetadas por diversas pragas, como pulgões, cochonilhas e ácaros. Para evitar infestações, é importante manter suas árvores saudáveis e bem nutridas. Além disso, você pode utilizar produtos naturais, como óleo de neem e sabão de potássio, para controlar as pragas.
Outra técnica eficaz é a utilização de armadilhas adesivas para capturar insetos voadores, como moscas-das-frutas. As armadilhas devem ser colocadas próximo às cerejeiras e trocadas regularmente.
Lembre-se de sempre seguir as instruções dos produtos utilizados e não exagerar nas doses. Com esses cuidados, suas cerejeiras vão crescer saudáveis e produzir frutos deliciosos.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Nesse vídeo você vai ver que tamanho de área e local são necessários para se ter uma horta agroflorestal.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Os sistemas silvipastoris oferecem uma alternativa para a diversificação de rendimentos e uma abordagem mais sustentável à pecuária. Ao combinar intencionalmente a produção animal e forrageira com as árvores, este sistema contribui para o aumento da produtividade, do retorno financeiro, do aumento da diversidade biológica e da preservação dos processos ecológicos nas áreas utilizadas para a pecuária.
Os sistemas silvipastoris caracterizam-se por integrar árvores, pastagens e animais em uma mesma área, visando a obtenção de produtos e serviços a partir desses componentes. Servem como uma valiosa ferramenta de gestão da paisagem, ajudando a mitigar os impactos negativos da agricultura e a promover a conservação da biodiversidade e a estabilidade dos processos ecológicos.
Supondo que o agricultor já possua produção animal baseada em pastagens, podem ser seguidos os seguintes passos:
Apesar dos inúmeros benefícios, é fundamental considerar o custo de implementação dos sistemas silvipastoris. Embora as mudas de árvores possam ser obtidas gratuitamente, a construção de cercas acarreta um custo. Contudo, a introdução de árvores gera rendimentos adicionais, compensando estes custos iniciais ao longo do tempo.
Ao implementar um sistema silvipastoril, avaliar a compatibilidade das espécies forrageiras com a sombra. Evite cobrir todo o pasto com sombras e escolha espécies tolerantes à sombra. É importante manter partes do campo abertas (sem sombra) para que os animais possam ficar ao sol para se aquecerem nos dias frios.
Exemplos amplamente utilizados de sistemas silvipastoris incluem a integração de árvores de eucalipto plantadas em fileiras (devem ser preferidas grandes distâncias de plantio) em pastagens. Os eucaliptos funcionam como quebra-ventos e proporcionam sombra aos animais. Após a maturação, essas árvores podem ser vendidas para produção de madeira e novas mudas são plantadas no local. A diversificação de espécies de árvores, como a combinação da produção de madeira com bananeiras, proporciona múltiplas fontes de rendimento, mas requer espécies adaptadas à região.
Os sistemas silvipastoris aumentam a produtividade ao combinar a produção animal com o cultivo de plantas na mesma área. A inclusão de árvores nas pastagens serve como segunda fonte de rendimento, quebra-vento e sombra para os animais, ao mesmo tempo que contribui para a redução da erosão do solo, conservação da água e da umidade e diminuição da dependência de fertilizantes minerais. Se for devidamente gerido, este sistema também pode capturar e fixar carbono, abordando preocupações de sustentabilidade e emissões de dióxido de carbono.
Fonte: Portal WikiFarmer
Nesse vídeo você vai ficar sabendo as 6 coisas que são proibidas na horta e que devemos dentro do posspivel evitá-las.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
O Biofertilizante é um adubo orgânico líquido que pode ser produzido dentro de qualquer propriedade rural, com materiais fáceis de encontrar na própria propriedade (esterco de animais e restos vegetais). Seu preparo é muito fácil e ocorre em um tempo relativamente curto, sendo ideal para complementar a fertilização com adubo.
Produzido e composto a partir de organismos vivos, é um fertilizante natural que contém os principais minerais que alimentam diretamente as plantas, aumentando a absorção de nutrientes e a biomassa radicular ao mesmo tempo em que auxilia as plantas no controle de pragas e doenças.
O biofertilizante é inofensivo ao ser humano, aos animais e ao meio ambiente em geral e é definido como: economicamente viável, ecologicamente correto, socialmente justo, culturalmente adequado, tecnologicamente adequado e cientificamente comprovado.
Assim, torna-se ideal para pequenos produtores e/ou agricultores familiares, principalmente aqueles que produzem alimentos básicos e fundamentais para consumo humano.
A utilização crescente de fertilizantes químicos e pesticidas, como motivação para o alegado aumento da produção agrícola, tem provocado uma acumulação nociva de pesticidas nos alimentos e a contaminação da água, do solo e da atmosfera, envenenando sobretudo os próprios agricultores, mas também as populações em geral. Paralelamente, destaca-se a seleção perversa de pragas resistentes e a consequente necessidade de doses maiores ou de novos produtos ainda mais tóxicos.
A crescente demanda atual por alimentos saudáveis e livres de tóxicos e a necessidade de utilização de insumos agrícolas que não tragam riscos à saúde humana, aos animais e ao meio ambiente em geral aumentaram e se constituem em uma questão premente que impulsiona mudanças significativas no setor.
Nesse contexto, os Biofertilizantes e Biopesticidas surgem mais uma vez como soluções seguras para a produção de alimentos saudáveis e proteção socioambiental.
Os biofertilizantes, em princípio, têm baixíssima toxicidade para pessoas, animais e meio ambiente. Mesmo assim, recomenda-se não entrar em contato com a boca, nariz, ouvido e olhos e, como medida de precaução, lavá-los com água limpa se entrarem em contato com a pele. Recomenda-se prioritariamente manter as crianças afastadas quando os biofertilizantes são produzidos, manuseados, armazenados e utilizados. Adultos que estiverem manuseando biofertilizantes, mesmo que não haja contato aparente, devem lavar as mãos, braços e todo o rosto com água limpa após manusear os biofertilizantes. Se houver contato com qualquer parte do corpo, esta parte deve ser lavada com água limpa.
ATENÇÃO: Estas recomendações são apenas preventivas. Em princípio, os biofertilizantes têm baixíssima toxicidade.
Os biofertilizantes podem ser usados em qualquer cultivo, mas seu uso deve ser controlado para evitar o uso excessivo
Apesar de suas inúmeras vantagens, o uso excessivo de Biofertilizantes pode causar desequilíbrios químicos, físicos e biológicos, tornando o solo impróprio para o cultivo de determinadas espécies, da mesma forma que os fertilizantes químicos.
De qualquer forma, o agricultor deve aplicaro biofertilizante após as regas ou chuvas e nas horas mais frescas do dia.
A frequência e o tempo de aplicação dependem da espécie. A melhor forma de decidir o momento da aplicação de biofertilizantes na lavoura é observando o desenvolvimento das plantas. Em geral, essas aplicações podem ser repetidas semanalmente até o segundo mês de cultivo. A partir do terceiro mês, o agricultor pode aplicá-los a cada 15 dias.
Aplicações foliares não são recomendadas durante a floração das plantas. As aplicações são recomendadas antes da floração ou após a fertilização e podem ser aplicadas em frutas em crescimento. Quando pulverizado diretamente sobre as folhas de hortaliças ou sobre frutos a serem colhidos em breve (quase maduros), deve-se permitir um mínimo de 45 dias para o consumo humano dessas matérias-primas. Mesmo assim, recomenda-se lavar legumes e frutas com uma solução de vinagre a 2% em água potável antes de consumi-los. Produtos minimamente processados com fervura, torrefação, panificação ou outros são mais seguros.
Suponha que o biofertilizante seja obtido apenas de produtos vegetais, ou seja, SEM o uso de esterco animal*. Nesse caso, os produtos vegetais crus podem ser consumidos após um período de carência de sete dias e após terem sido suficientemente lavados com água corrente limpa. No entanto, como mencionado anteriormente, o ideal é usar uma solução de vinagre a 2% para lavá-los antes do consumo.*Biofertilizante SEM esterco animal é uma alternativa viável para comunidades que rejeitam o biofertilizante com esterco animal, mas desejam praticar Agroecologia para eliminar o uso de agrotóxicos.
No caso dos biofertilizantes serem produzidos apenas com esterco animal, os prazos de carência para consumo são rígidos. Assim, em caso de dúvida ou desconfiança do agricultor: para hortaliças de consumo imediato, recomendamos apenas a FERTIRRIGAÇÃO, ou seja, a aplicação de qualquer biofertilizante diretamente no solo, diluído (Diluir 1L de biofertilizante em 05 a 10L de água limpa) em água limpa. Na forma de Fertirrigação, o biofertilizante aplicado diretamente no solo também proporciona excelente crescimento das plantas. O consórcio “SPRAYING + FERTIRRIGATION” é possível e altamente recomendado.
Em pastos: Recomenda-se um período de carência de sete dias antes que os animais residentes voltem a pastar no local de aplicação.
Sementes: Também podem ser tratadas com biofertilizante puro antes do plantio, imergindo-se na calda pura por 20 minutos. Antes da semeadura, as sementes tratadas precisam secar (em local ventilado e à sombra) antes da semeadura.
Por fim, não é recomendável aplicar toda a quantidade de biofertilizantes em uma única aplicação, pois podem ocorrer perdas de nutrientes por erosão e lixiviação.
Recomenda-se aplicá-lo até o início da colheita para cobrir as necessidades da planta ao longo das fases de crescimento. Lembre-se sempre que a dose de diluição é o que diferencia o “remédio” do veneno.
Fertirrigação: Para uso direto no solo. Diluir 1 litro de biofertilizante em 0,5 a 10 litros de água limpa. Aplicar uniformemente a mistura diluída com regador manual até que se observe um contínuo molhamento superficial do solo cultivado, sem escorrimento.
Spraying: Para uso foliar. Diluir 1 litro de Biofertilizante em 10 a 20 litros de água limpa. Aplique a mistura diluída com um pulverizador costal comum banhando a planta sem escorrimento.
Você pode usar materiais vegetais facilmente disponíveis no local, ou seja, não necessariamente todos listados abaixo.
De fato, poderemos produzir biofertilizantes com quantidades de material vegetal que variam de 0 (zero) a 40L, e com a quantidade de esterco animal sempre mantida em 20L nos mesmos 200L de água.
MUITO IMPORTANTE: Se na propriedade do agricultor houver plantas resistentes a doenças da lavoura e que possam crescer facilmente mesmo em solos pobres, então é altamente recomendável usar suas folhas na mistura e aplicá-las como aditivo vegetal.
ATENÇÃO: O biofertilizante filtrado e engarrafado não deve mais entrar em contato com o ar atmosférico e pode ser armazenado por um ano, até o momento exato de seu uso no campo, quando será diluído em água limpa conforme explicado anteriormente.
NOTE: A parte sólida do biofertilizante (o material retido na peneira ou no tecido após a filtragem) também é uma excelente fonte de matéria orgânica e nutrientes para as plantas e pode ser utilizada diretamente no solo cultivado.
Por fim: O uso contínuo de biofertilizante e biofertilização ALIADO À COMPOSTAGEM permitirá que cada comunidade adapte sua produção às suas necessidades, encontrando os componentes ideais bem como suas respectivas quantidades.
Biopesticídas:
Se você deseja um biofertilizante com função de defesa natural, basta adicionar no tanque plantas inteiras (folhas, flores, frutos, raízes, cascas e caules finos) que sejam reconhecidas por suas propriedades inseticidas/bactericidas/fungicidas/nematicidas/acaricidas, etc.. Tais plantas são: tithonia, calêndula, etc, e até folhas de tabaco.
ATENÇÃO: Você não deve usar folhas de tabaco repetidamente porque causa dependência química. Deve ser usado apenas ocasionalmente.
Informamos também que o biofertilizante puro pode ser utilizado como auxiliar no combate a formigas e insetos mastigadores. Basta inundar os formigueiros ou ninhos de insetos com o produto puro até que fiquem totalmente encharcados de dentro para fora.
O diálogo permanente entre os produtores e a extensão rural possibilitará a resolução de todas as dúvidas de fabricação e uso, bem como de todos os assuntos correlatos.
Outros importantes aliados do agricultor para a produção sustentável de alimentos são: Controle Biológico e Associativo (Cooperativismo), que serão abordados em futuras publicações.
Fonte: Portal WikiFarmer
Nesse vídeo você vai saber como a Agrofloresta é capaz de ajudar na restauração da terra, desertificação e resiliência à seca.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
O desafio em adaptar um pomar produtivo aos conceitos de agricultura sintrópica e agrofloresta.
Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube
Resumidamente, sintropia é o oposto complementar da entropia. Enquanto a entropia governa as transformações termodinâmicas que libertam energia à custa da complexidade, a sintropia governa a vida, que acumula e organiza a energia. A agricultura sintrópica se apoia nos processos cumulativos de vida (tendência sintrópica) para restaurar a fertilidade dos agroecossistemas.
A Agricultura Sintrópica é um conjunto de princípios e práticas – criados pelo geneticista e agricultor suíço Ernst Götsch – que ajudam os agricultores a aprenderem a ler as estratégias naturais de regeneração de cada determinado local e a traduzi-las na forma de intervenções agrícolas. A Agricultura Sintrópica é uma prática que respeita e imita a natureza, tal como muitas outras práticas afirmam fazer. A diferença, porém, é que para os praticantes da Agricultura Sintrópica é bastante claro qual o aspecto natural que deve ser respeitado: a tendência da vida a acumular e organizar a energia, o que se expressa sob a forma de maior diversidade e complexidade, tal como acontece em uma floresta natural.
Principais pilares conceituais:
Práticas em destaque:
Principais objetivos perseguidos:
Todo ecossistema natural equilibrado é composto por diversas plantas que crescem juntas. Nessa diversidade, existem espécies com diferentes ciclos de vida e diferentes exigências de luz ou resistência à sombra. Apesar de cada planta ter suas características específicas, elas não só crescem juntas como também estabelecem uma relação dinâmica de colaboração mútua. As espécies de crescimento rápido protegem e alimentam as de crescimento mais lento de forma que cada grupo de plantas cria condições para o aparecimento do grupo seguinte. Este é o processo natural de regeneração de florestas. A Agricultura Sintrópica traduz estas características – na sua forma, função e dinâmica – em práticas agrícolas que organizam a distribuição das plantas no espaço, tanto horizontal como verticalmente e também no tempo, de acordo com os ciclos de vida. Isto é feito de uma forma que otimiza a fotossíntese e a produção de biomassa, aumentando a fertilidade total do campo.
Os parâmetros que orientam esta organização são Sucessão e Estratificação.
Organização das Plantas no Espaço – A Estratificação
A distribuição das plantas num plantio sintrópico considera não só a ocupação horizontal, mas também os andares verticais. Cada espécie ocupa o seu próprio estrato de acordo com a posição em que ocorre em condições naturais. Existe também uma proporção ideal de ocupação de cada andar, de forma a otimizar a captação da luz solar e, portanto, a fotossíntese total da área. Imagine a copa das plantas como se fossem painéis solares. Se quiséssemos instalar diferentes painéis solares em um mesmo espaço, esta seria a maneira mais eficiente de o fazer.
As classificações por estratos e as taxas de ocupação são:
A soma das taxas de ocupação mostra que o espaço útil do campo aumenta para aproximadamente 220% devido às sobreposições entre diferentes estratos, como se pode ver na imagem abaixo (figura 1). Isto significa um melhor aproveitamento da área produtiva.
A Sucessão na Agricultura Sintrópica acontece em etapas. O ciclo de vida das plantas é a característica fundamental para a sua classificação em: Placenta, Secundária, Clímax e Transicionais.
Cada passo da sucessão conta com uma composição completa de espécies com o seu respectivo ciclo de vida, mas esta ainda não é a história completa. Em uma perspectiva temporal mais ampla, sucessivos consórcios fazem parte de um determinado estágio de desenvolvimento dos Sistemas – estes classificados de acordo com o nível inicial de fertilidade do local. Estamos falando dos grandes passos sucessionais que Ernst Götsch classifica da seguinte maneira:
Em todo o mundo, a maioria das terras agrícolas encontra-se em algum estágio dos Sistemas de Acumulação. Isto significa que, nessas condições, não podemos cultivar a grande maioria (se não todas) das nossas culturas, a menos que utilizemos muitos insumos (sejam eles de origem sintética ou orgânica). Ao invés de utilizar insumos externos, a abordagem da Agricultura Sintrópica propõe começar com as espécies adequadas para aquele estágio de fertilidade. A ideia é que com a sucessão de consórcios, acelerados por meio dos manejos, será possível acumular capital natural e ativar as dinâmicas naturais de disponibilização de nutrientes, empurrando assim o ecossistema para estágios mais avançados de fertilidade, rumo aos Sistemas de Abundância, como representado na Figura 2.
Não se trata de uma “corrida” ou uma competição. Trata-se de sincronização. A constante poda e organização da matéria orgânica são práticas chave para garantir uma constante produção de biomassa e para manter o solo coberto durante todo o ano. Isso alimenta a microvida do solo, evita o superaquecimento e o protege do impacto direto da chuva e da erosão. Essa prática também substitui a necessidade do uso de herbicidas, uma vez que a ocupação de todos os estratos e a cobertura por matéria orgânica oriunda de poda não deixam nenhum nicho para o aparecimento de plantas não desejadas.
Um plantio sintrópico ideal inclui um consórcio estratificado de plantas para cada etapa sucessional (exemplos na Figura 3). Portanto, os agricultores devem identificar as espécies adequadas para preencher todas as lacunas no espaço e no tempo, com base no seu comportamento e ciclo de vida. Todos os consórcios – seja placenta, secundária, ou clímax – devem ter espécies que ocupem a maior parte dos andares: baixo, médio, alto e emergente – na taxa de ocupação acima já descrita. Idealmente, todas as espécies de todos os estratos e fases da sucessão são plantadas ao mesmo tempo, de modo a causar o mínimo de distúrbio no solo e as melhores condições para que as relações sinérgicas se estabeleçam.
Por exemplo, um consórcio de placenta de rúcula ou feijão preto (estrato médio-baixo), alface (médio), brócolis (alto), e crotalária (emergente) pode ser sucedido por um consórcio de ciclo mais longo composto por melancia (baixo), cenoura (médio), tomate (alto) e milho ou girassol (emergente). Ainda é possível ir mais longe na fase da placenta com gengibre ou abacaxi (baixo), alho, inhame, pimentão (médio), mandioca (alto), mamona e/ou papaia (emergente). Após a fase de placenta, que pode demorar até 24 meses, as plantas secundárias tomam conta da área, seguindo o mesmo padrão de estratificação – por exemplo, alecrim (baixo), romã (médio), abacate (alto), e eucalipto (emergente), e assim sucessivamente até atingir o próximo consórcio de ciclo de vida mais longo.
A poda técnica pode ser necessária para sincronizar o crescimento e/ou produção das plantas e para estimular a produção de biomassa suficiente para manter o solo coberto durante todo o ano. Em ambientes deciduais e semideciduais, é possível incluir espécies de placenta todos os anos à medida que as árvores naturalmente perdem suas folhas. Nas florestas perenifólias, a repetição de ciclos de placenta (anuais e bianuais) é possível, embora nem sempre recomendado. Nestes casos é necessária a intervenção por meio de podas drásticas para garantir uma maior entrada de luz no sistema.
Antes de ficar conhecido como Agricultura Sintrópica, o trabalho de Ernst Götsch foi também descrito sob diferentes terminologias, tais como Agrofloresta Sucessional, Agrofloresta Dinâmica, e Agrofloresta Analógica Regenerativa. Especialmente na América do Sul (onde sua abordagem começou a ser disseminada nos anos 90), é possível reconhecer uma forte influência das ideias de Götsch em muitas experiências agroflorestais. Um novo impulso de difusão da agricultura sintrópica de Ernst Götsch ocorreu após 2015, quando foi lançado o mini vídeodocumentário Life in Syntropy. Desde então, a prática tem sido adotada em diferentes ecossistemas na América Latina (Bolívia, Colômbia, Chile, México), Caribe (Martinica, Ilhas Curaçao), Europa (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Grécia), África (Moçambique, Gana), e Oceania (Austrália).
Fonte: Portal WikiFarmer
Nesse vídeo você vai entender melhor como pode aproveitar mais o espaço da sua horta e como se planta o consórcio MILPA.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Multi-Cropping é o cultivo de duas ou mais culturas sucessivamente na mesma trama na mesma estação de crescimento. Os agricultores aplicam essa prática, pois sua renda é impulsionada pela segunda safra que será cultivada. Geralmente, os campos capazes de várias culturas dentro do ano são as áreas irrigadas.
Um exemplo bem-sucedido de Multi-Cropping é o cultivo do milho de maturidade precoce após a colheita de uma leguminosa, como a ervilha. O cultivo do milho se beneficia da fixação de nitrogênio da ervilha, enquanto o produtor se beneficia financeiramente dessas duas culturas. Outro exemplo de Multi-Cropping é o crescimento de vegetais folhosos após os vegetais do verão.
Fonte: Portal WikiFarmer
O plantio de companhia é uma prática agrícola, segundo a qual agricultores ou jardineiros cultivam plantas nas proximidades.
Um exemplo típico de plantio de companheiros é a combinação de feijão, milho e abóbora. Nesta técnica, o milho e o feijão são semeados nas proximidades em montes para o feijão subir no pistalo de milho, enquanto os feijões fornecem nitrogênio ao milho, graças à fixação de nitrogênio. A abóbora é semeada entre os montes para aproveitar o sombreamento, enquanto mantém a umidade do solo e compete com as ervas daninhas.
O plantio complementar promove a sustentabilidade, produzindo maior rendimento total e melhor qualidade e reduzindo as populações de pragas.
Fonte: Portal Wikifarmer
O alagamento é a condição de saturação completa do solo com água e desaparecimento da fase gasosa. A saturação do solo depende da sua composição granular, da sua profundidade, da compressão a que foi submetido e da intensidade da chuva.
O desenvolvimento de condições anaeróbias causa danos às raízes, pois necessitam do oxigênio da fase gasosa para sua respiração. As raízes e toda a planta correm risco de morte se a saturação persistir. A condição adversa de excesso de água favorece o desenvolvimento de doenças nas lavouras.
Fonte: Portal Wikifarmer
Os sistemas agroflorestais têm um papel crucial na conservação ambiental, especialmente quando se trata da saúde do solo e do clima. Em contraste com a agricultura convencional, que frequentemente degrada a terra, as agroflorestas promovem a regeneração natural ao incorporar árvores, arbustos e culturas em um sistema integrado.
Uma das grandes vantagens é o aumento da fertilidade do solo. As árvores em sistemas agroflorestais capturam nutrientes das camadas profundas do solo e os redistribuem para a superfície através de suas folhas e galhos em decomposição. Além disso, as raízes de diferentes espécies ajudam a reduzir a compactação do solo e promovem a infiltração de água, prevenindo a erosão.
No contexto climático, as agroflorestas são verdadeiras campeãs no sequestro de carbono. As árvores absorvem grandes quantidades de CO2, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, esses sistemas ajudam a regular a temperatura local e a umidade, criando um microclima mais ameno e favorável ao cultivo.
Ao unir produção agrícola com restauração ambiental, as agroflorestas demonstram que é possível produzir alimentos de maneira sustentável enquanto se combate a degradação ambiental e as mudanças climáticas.
A agricultura sintrópica é uma abordagem revolucionária que imita os processos naturais para promover a produção sustentável e a regeneração ambiental. Desenvolvida pelo agricultor e pesquisador Ernst Götsch, essa técnica se baseia em princípios como a sucessão natural, que respeita o ciclo de vida das plantas, e a estratificação, que organiza diferentes espécies em camadas que coexistem e se beneficiam mutuamente.
Um dos pilares da agricultura sintrópica é a utilização de plantas pioneiras e adubadoras para recuperar solos degradados. Essas plantas enriquecem o solo com nutrientes, criando condições ideais para o desenvolvimento de espécies mais exigentes. Além disso, a prática da poda constante é essencial, pois o material orgânico gerado serve como adubo natural e protege o solo contra a erosão.
Outro conceito-chave é a cooperação entre as espécies. Em vez de competir, as plantas em um sistema sintrópico colaboram para o bem-estar do ecossistema. Essa sinergia permite maior produtividade e resiliência, além de criar um habitat favorável para a fauna local.
A agricultura sintrópica vai além da produção de alimentos; é uma forma de regenerar ecossistemas e restaurar o equilíbrio ambiental. Seu impacto positivo não se limita ao meio ambiente, mas também melhora a qualidade de vida dos agricultores, tornando-a uma prática essencial para o futuro.
Para plantar cajá, é importante seguir alguns passos simples, mas essenciais para garantir que a planta cresça saudável e dê frutos saborosos. Primeiramente, escolha um local adequado para plantar. O cajazeiro precisa de bastante luz solar e solo bem drenado, por isso, escolha um lugar onde ele possa receber sol pleno durante a maior parte do dia e onde a água não fique acumulada.
Ao escolher a muda de cajá, verifique se ela está saudável e sem danos. Em seguida, prepare o solo, adicionando adubo orgânico e misturando bem. Faça um buraco no solo com profundidade e largura suficientes para acomodar a muda. Coloque a muda no buraco e preencha com terra, apertando levemente para firmar.
Depois de plantar, é importante regar a muda regularmente, especialmente nos primeiros meses. Mantenha o solo sempre úmido, mas não encharcado. Com os cuidados adequados, em alguns anos você poderá desfrutar dos deliciosos frutos do cajazeiro.
Ao plantar cajá, é importante escolher um local adequado para garantir o bom desenvolvimento da planta. Aqui estão algumas considerações que você deve ter em mente ao escolher o local ideal.
O cajazeiro se adapta bem a solos arenosos, argilosos ou mistos, desde que sejam bem drenados e ricos em nutrientes.
Evite solos encharcados, pois isso pode levar ao apodrecimento das raízes.
Se você não tem certeza sobre o tipo de solo em seu quintal, é recomendável fazer um teste de solo para determinar a acidez e os nutrientes presentes. Isso pode ajudá-lo a escolher as melhores práticas de adubação e irrigação.
O cajazeiro prefere sol direto, mas também pode crescer em áreas parcialmente sombreadas.
Certifique-se de que o local escolhido receba pelo menos 6 horas de sol por dia. Se você mora em uma região muito quente, pode ser necessário fornecer alguma sombra para a planta durante as horas mais quentes do dia.
Além disso, evite áreas com ventos fortes e constantes, pois isso pode prejudicar o crescimento da planta. Escolha um local protegido, mas que ainda permita uma boa circulação de ar.
Antes de plantar cajá, é importante preparar o solo com adubação orgânica. Você pode utilizar esterco de gado, aves ou suínos, ou ainda adubos orgânicos compostados. A quantidade de adubo a ser utilizada depende do tipo de solo e da idade da planta no momento do plantio.
O espaçamento ideal para o plantio de cajá é de 5 a 6 metros entre as plantas e 6 a 7 metros entre as linhas. A profundidade do plantio deve ser de cerca de 50 centímetros, para garantir que as raízes se desenvolvam adequadamente.
Após o plantio, é importante irrigar as mudas de cajá regularmente, especialmente durante os primeiros meses.
A irrigação deve ser feita de forma a manter o solo sempre úmido, mas sem encharcá-lo. À medida que as plantas crescem, a frequência de irrigação pode ser reduzida, mas é importante continuar monitorando a umidade do solo e irrigando sempre que necessário.
Para colher cajás, você deve esperar até que as frutas estejam maduras e com uma cor amarela ou laranja.
As frutas maduras são mais doces e suculentas. É importante colher os cajás com cuidado para não danificar a polpa.
Após a colheita, os cajás devem ser armazenados em local fresco e seco, protegidos da luz solar direta. As frutas podem ser mantidas por até uma semana em temperatura ambiente. Se você precisar armazenar os cajás por mais tempo, é recomendável congelá-los.
Antes de armazenar os cajás no freezer, lave-os e seque-os cuidadosamente. Em seguida, retire a polpa da fruta e coloque-a em um recipiente hermético. A polpa pode ser armazenada no freezer por até seis meses.
Lembre-se de que os cajás são frutas delicadas e devem ser manuseados com cuidado para evitar danos à polpa. Seguindo essas dicas simples, você poderá desfrutar de cajás frescos e saborosos por mais tempo.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Plantar damasco é uma atividade gratificante e pode ser feita com sucesso em pequenos espaços. Se você está pensando em plantar damasco, é importante escolher a variedade certa e preparar o solo adequadamente. Neste artigo, vamos guiá-lo pelo processo de plantio de damasco, desde a escolha da variedade até a colheita.
Antes de começar a plantar damasco, é importante escolher a variedade que melhor se adapta ao seu clima e solo. Existem muitas variedades de damasco disponíveis, cada uma com suas próprias características. Alguns são mais resistentes a doenças e pragas, enquanto outros são mais adequados para climas quentes ou frios. Além disso, é importante escolher uma variedade que produza frutas de qualidade e saborosas.
Antes de plantar damasco, é importante escolher o local adequado para garantir o bom desenvolvimento da planta e a produção de frutos saudáveis.
O damasco se adapta bem a solos profundos, bem drenados e ricos em matéria orgânica. É importante evitar solos compactados e com excesso de umidade, pois isso pode comprometer o crescimento da planta e a qualidade dos frutos.
O damasco é uma planta que necessita de muita luz solar para se desenvolver bem e produzir frutos.
Portanto, escolha um local com exposição direta ao sol durante a maior parte do dia. É importante lembrar que a falta de luz solar pode afetar o crescimento da planta e reduzir a produção de frutos.
Para garantir o sucesso no cultivo do damasco, é fundamental escolher um local com solo adequado e exposição solar adequada. Com essas condições favoráveis, você poderá desfrutar de frutos saborosos e saudáveis.
Para plantar damasco, é necessário um solo bem preparado e rico em nutrientes. Antes de tudo, é importante fazer uma análise do solo para verificar seu pH e nutrientes disponíveis. Com essa informação, é possível fazer a correção do solo, se necessário.
Uma boa opção é utilizar um adubo orgânico rico em matéria orgânica, como esterco de gado ou de galinha. Além disso, é importante adicionar fósforo e potássio, que são nutrientes essenciais para o desenvolvimento das raízes e frutos.
Após a adição de adubo, é necessário preparar o solo para o plantio. Para isso, é indicado fazer sulcos com cerca de 20 cm de profundidade e espaçamento de 3 a 4 metros entre as linhas de plantio. Em seguida, é preciso nivelar o solo e compactá-lo levemente.
Uma dica importante é evitar o plantio em áreas com excesso de umidade, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das raízes e causar doenças nas plantas. Além disso, é fundamental manter o solo sempre úmido, mas sem encharcá-lo.
Com essas medidas, você estará preparando o solo de forma adequada para o plantio de damasco e garantindo um bom desenvolvimento das plantas.
O plantio do damasco é um processo relativamente simples, mas que requer alguns cuidados para garantir o sucesso da colheita. Nesta seção, vamos abordar a época ideal e o método de plantio para que você possa cultivar damascos em sua propriedade.
O plantio do damasco deve ser realizado durante o outono ou inverno, quando a planta está em dormência e as temperaturas estão mais amenas.
O período ideal para o plantio é entre maio e agosto, evitando-se dias chuvosos ou muito quentes.
Para plantar damascos, siga os seguintes passos:
Lembre-se de que o damasco é uma planta que requer cuidados especiais, como poda e irrigação adequadas. Com os cuidados certos, você poderá desfrutar de uma colheita abundante de damascos frescos e saborosos.
Depois de plantar seus damascos, é importante cuidar bem deles para garantir que cresçam saudáveis e fortes. Aqui estão alguns cuidados pós-plantio que você deve ter em mente:
Os damascos precisam de água regularmente para crescerem bem. Durante os primeiros anos, regue suas árvores pelo menos uma vez por semana.
Certifique-se de que o solo esteja úmido, mas não encharcado. Se você mora em uma área com clima seco, pode ser necessário regar com mais frequência.
Os damascos precisam de nutrientes para crescerem bem. Adube suas árvores pelo menos uma vez por ano, no início da primavera.
Use um adubo orgânico de liberação lenta para fornecer nutrientes gradualmente ao longo da temporada de crescimento. Certifique-se de seguir as instruções do fabricante e não exceder a quantidade recomendada.
Com esses cuidados pós-plantio, seus damascos devem crescer fortes e saudáveis, proporcionando uma colheita abundante de frutas deliciosas.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Você já se perguntou como plantar gergelim? O gergelim é uma semente rica em nutrientes e é amplamente utilizada na culinária em todo o mundo. É fácil de cultivar e pode ser uma adição valiosa ao seu jardim. Neste artigo, vamos fornecer um guia passo a passo sobre como plantar gergelim em seu próprio jardim.
Antes de começar, é importante entender que o gergelim é uma planta que prefere climas quentes e secos.
É uma cultura anual que pode ser cultivada em solos bem drenados e ricos em nutrientes. Se você vive em uma área com invernos frios e úmidos, pode ser necessário cultivar gergelim em vasos em um ambiente interno controlado. Com essas informações em mente, vamos começar a explorar como plantar gergelim com sucesso.
A escolha do local para plantar gergelim é muito importante para garantir uma boa colheita. Você deve procurar um local que tenha boa exposição solar e seja bem drenado.
O solo ideal para plantar gergelim é aquele que é bem drenado, fértil e rico em matéria orgânica.
É importante evitar solos muito argilosos ou muito arenosos, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das plantas.
O gergelim é uma planta que se adapta bem a diferentes condições climáticas, mas prefere climas quentes e secos. É importante evitar locais com muita umidade ou que sejam muito frios, pois isso pode afetar o desenvolvimento das plantas.
O gergelim é uma planta que se adapta bem a diferentes tipos de solo, desde que sejam bem drenados e ricos em matéria orgânica. Antes de plantar, é importante preparar o solo adequadamente para garantir uma boa colheita.
A adubação é uma etapa crucial para o sucesso do plantio de gergelim. Recomenda-se aplicar adubo orgânico antes do plantio, misturando-o bem ao solo. É importante seguir as instruções de dosagem e aplicação do adubo para evitar danos às plantas.
O espaçamento entre as plantas deve ser de aproximadamente 30 cm, e entre as linhas, de 50 cm. As sementes de gergelim devem ser semeadas a uma profundidade de 2 a 3 cm. Recomenda-se semear as sementes em sulcos, para facilitar o manejo e a colheita.
Após o plantio, é importante manter o solo úmido, mas sem encharcar. A germinação das sementes ocorre em cerca de 7 a 14 dias, dependendo das condições climáticas. Quando as plantas atingirem cerca de 10 cm de altura, é recomendado fazer o desbaste, deixando uma planta a cada 30 cm.
Após o plantio do gergelim, é importante tomar alguns cuidados para garantir um bom desenvolvimento das plantas e uma colheita satisfatória. Nesta seção, vamos abordar os principais cuidados pós-plantio que você deve ter ao cultivar gergelim.
A irrigação é um fator importante para o desenvolvimento do gergelim. As plantas precisam de água regularmente para crescerem bem e produzirem sementes de qualidade.
É recomendável que você faça a irrigação pelo menos uma vez por semana, dependendo das condições climáticas e do solo.
Para evitar o desperdício de água e garantir que as plantas recebam a quantidade adequada, é recomendável que você faça a irrigação pela manhã ou no final da tarde, quando a temperatura é mais amena e a evaporação é menor. Além disso, é importante evitar o encharcamento do solo, pois isso pode prejudicar o desenvolvimento das raízes.
Após o plantio do gergelim, você precisará aguardar cerca de 90 a 110 dias para que as cápsulas das sementes comecem a amadurecer. Quando as cápsulas começarem a se abrir, é hora de colher o gergelim.
A colheita do gergelim é feita manualmente, cortando as plantas na base e deixando-as secar ao sol por alguns dias. Em seguida, as sementes são retiradas das cápsulas e colocadas em sacos de juta para serem armazenadas.
É importante armazenar o gergelim em local seco e fresco, para evitar a proliferação de fungos e insetos. As sementes também devem ser mantidas em sacos de juta ou em recipientes de vidro ou plástico bem fechados, para evitar a exposição à umidade e ao ar.
Ao armazenar o gergelim, é necessário verificar regularmente as condições de armazenamento e descartar as sementes que apresentarem sinais de deterioração, como manchas ou mau cheiro. Mantendo o gergelim adequadamente armazenado, você poderá desfrutar de suas propriedades nutricionais por um longo período.
O gergelim cresce melhor em solos bem drenados e com pH entre 6,0 e 7,5. Ele precisa de sol pleno e água suficiente para manter o solo úmido, mas não encharcado. O gergelim é uma planta resistente à seca, mas precisa de água suficiente para germinar e crescer.
O gergelim está pronto para a colheita quando as cápsulas começam a se abrir e as sementes ficam expostas. As cápsulas devem ser colhidas antes que as sementes comecem a se soltar, para evitar perdas. As sementes devem ser deixadas para secar ao sol por alguns dias antes de serem armazenadas.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
A experiencia da implantação de um sistema agroflorestal no semiárido, dentro do projeto gerenciado pela We World Brasil, intitulado Projeto Alimento no Semiárido. O projeto tem o objetivo de construir espaços educativos de experimentação, integrados à produção de alimentos e à prática de uma agricultura agroecológica e participativa, na busca da redução de vulnerabilidade às mudanças climáticas.
A implantação ocorreu na Escola Família Agrícola Dom Fragoso, criada em 2002 , no município de Independência/CE, a EFA Dom Fragoso atua em 42 comunidades e assentamentos de 12 municípios do estado do Ceará. Realiza curso técnico de nível médio integrado, presencial, com habilitação em agropecuária para jovens.
Fonte: Canal Ecoar Floresta / YouTube
Conheça um projeto de agrofloreta que visa, além das espécies vegetais, também a produção de espécies animais, como as galinhas caipiras e as abelhas nativas sem ferrão.
Fonte: Canal Ecoar Floresta / YouTube
Acompanhe dois cursos, em Mangaratiba e Nova Friburgo no Rio de Janeiro, onde diversas pessoas participaram de atividades que mudaram suas vidas para sempre.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Episódio da série documental “Diário de Agrofloresta”. Nele, você vai saber como a agrofloresta pode ajudar Portugal com os incêndios.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Veja o que a agrofloresta pode fazer pela educação e como esse sistema pode ser implantado em diversas escolas.
Fonte: Canal Orgânico Simples / YouTube
Nesse vídeo você vai entender como aplicar os principios de uma agrofloresta em sua horta e potencializar a sua horta orgânica.
Este vídeo demonstra a manutenção do huglekultur, mostrando como está o solo e se realmente vale a pena enterrar madeira.
Livros de referência:
Deixar as florestas se regenerarem por si só – contando com um pouco de assistência humana – em muitos casos é a forma mais eficiente de restaurar paisagens e florestas no Brasil e no mundo. Essa abordagem, conhecida como Regeneração Natural Assistida (RNA), possibilita que as pessoas usem o conhecimento local para remover barreiras e permitir que as árvores voltem a crescer naturalmente.
WRI Brasil, Imazon, ICV e Suzano lançaram o estudo “O papel da regeneração natural assistida na aceleração e no ganho de escala da restauração de florestas e paisagens”. A publicação traz estudos de casos de projetos na Amazônia, na Mata Atlântica e em outros países com florestas tropicais ao redor do mundo. A publicação mostra o potencial de acelerar o progresso da recuperação de ecossistemas de forma a atender necessidade das comunidades rurais, respeitar o meio ambiente e com bom custo-benefício.
A nota prática tem como objetivo compilar e disseminar casos potencialmente bem-sucedidos de regeneração natural assistida (RNA) em ecossistemas florestais, apontando os fatores-chave que incentivam e facilitam a sua implementação.
A abordagem da regeneração natural encontra apoio em métodos que procuram remover distúrbios ambientais causados por humanos, como o fogo e a supressão da vegetação, a fim de facilitar e acelerar esse processo de regeneração. A RNA se encontra no ponto intermediário entre a regeneração natural e os diferentes níveis de assistência, a depender do grau de intervenção a que a área foi submetida anteriormente e de sua resiliência.
Fonte: Canal WRI Brasil / YouTube
Nesse vídeo, você vai entender que é possível ter uma horta seguindo os princípios da agrofloresta até na laje da sua casa.
A rotação de culturas consiste no cultivo de diferentes culturas de forma alternada em uma mesma região agrícola. O principal benefício é a conservação do solo. O que acontece é que cada espécie tem necessidades nutricionais diferentes, portanto, quando cultivadas de forma alternada, não esgotam os nutrientes do solo. Outro grande benefício dessa técnica é a menor incidência de pragas, pois os insetos costumam infestar em cultivos de monocultura.
Vamos agora a um bom exemplo. Suponha que o agricultor queira impulsionar o crescimento da cana-de-açúcar, e esse tipo de cultura necessita de muito nitrogênio. O feijão por sua vez adiciona muito nitrogênio ao solo, portanto, uma boa ideia é alternar o cultivo de feijão e cana-de-açúcar em uma mesma região. Como você pode perceber, as diferentes espécies de plantas interagem de formas distintas com o solo, liberando e absorvendo nutrientes específicos. Na verdade existem diversos outros fatores a serem levados em consideração na hora de escolher quais cultivos alternar, como características físicas, padrões de crescimento, épocas de colheita, etc.
Os benefícios da rotação de culturas não param por aí! Essa prática melhora a aeração do solo, aumenta a retenção de água no solo, conserva a biodiversidade, aumenta a atividade biológica do solo e evita a erosão. Quando a técnica é combinada com a adubação orgânica, os ganhos são potencializados. Essa técnica não pode ser feita de qualquer maneira, é preciso considerar aspectos como clima e condições do solo, por exemplo. A escolha da sequência das espécies a serem cultivadas requer conhecimentos técnicos. Ou seja, é necessário realizar um bom planejamento, se possível com a ajuda de um engenheiro agrônomo.
Além de ter o objetivo de conservar o solo, a escolha das espécies também deve ser pensada de acordo com os interesses comerciais dos agricultores, ou seja, não adianta fazer bem ao solo mas não ter retorno financeiro.
Muitos agricultores resistem à rotação de culturas pois muitas vezes um tipo de cultivo está dando bons lucros e assim não há intenção de mudar o cultivo.
Mas por outro lado, o fato de não depender de apenas um tipo de cultura, também faz com que o agricultor tenha menos riscos econômicos. Muitos dos benefícios da rotação de culturas são obtidos a longo prazo.
A monocultura consiste no cultivo de uma única cultura na mesma região por um tempo prolongado. Essa prática, a longo prazo, acarreta em degradação do solo e logo em redução da produtividade. Quando a monocultura é praticada, costuma esgotar o solo, e assim é necessário realizar desmatamento para abrir novas áreas para o plantio.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Regenerar as porções degradadas das Terras Indígenas (TIs) brasileiras com sistemas agroflorestais (SAFs) poderia gerar uma receita de R$ 153 bilhões em produtos agrícolas como frutas e legumes, afirma estudo do Instituto Escolhas publicado esta semana.
A pesquisa estima em 1,3 milhão de hectares a área de TI que, após ser invadida e prejudicada por atividades como o garimpo e a extração de madeira, não teria condições de se regenerar sozinha. O total de área degradada em áreas indígenas é de 2,4 milhões de hectares.
As TIs do Brasil ocupam pouco mais de 118 milhões de hectares e abrigam as áreas de florestas mais preservadas do país. De 1985 a 2023, estes territórios perderam menos de 1% de sua vegetação nativa, enquanto em terras privadas foram 28% de “encolhimento” das áreas naturais, apontam dados recentes da plataforma MapBiomas.
Segundo a pesquisa, a Amazônia é o bioma que se destaca pelo alto potencial de regeneração natural, abrigando 82% de toda a área com essa característica entre as terras degradadas no território brasileiro.
No Cerrado, por exemplo, a situação se inverte: 96% das áreas que podem ser restauradas em TIs nesse bioma (ou 650 mil hectares) apresentam baixo potencial de regeneração natural da vegetação, e portanto necessitam de intervenção humana, gerando custos maiores.
Segundo cálculos do instituto, a adoção de sistemas agroflorestais com foco na produção de alimentos exigiria um investimento de R$ 27,7 bilhões que gerariam R$ 153,3 bilhões de receita líquida.
Na mesma área das TIs considerada pelo estudo, o potencial de produção de alimentos é de 317,8 milhões de toneladas ao longo de 30 anos, sendo 88% espécies perenes, como frutos in natura, polpa de frutas, amêndoas, sementes e palmitos. Apenas 12% da produção dos SAFs, ou 38 milhões de toneladas, teriam origem em culturas anuais como milho, feijão e mandioca.
“Nesse contexto, a produção média de alimentos será de 248,2 toneladas por hectare em 30 anos”, detalha a pesquisa.
A regeneração de áreas degradadas nas TIs tem potencial também de geração de créditos de carbono. O levantamento do Instituto Escolhas afirma que, caso toda a área disponível para a recuperação nas TIs do país seja de fato recuperada, seriam removidas 798,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera em até 30 anos.
A remoção de carbono anual das TIs, com regeneração e agroflorestas, seria equivalente a mais de seis vezes a poluição de gases estufa gerada pela cidade de São Paulo no mesmo período.
Fonte: Portal Um só Planeta
A associação de dois tipos de plantas, como gramíneas e árvores, já pode ser considerada um sistema agroflorestal, embora se possa atingir complexidades muito maiores, com uma dúzia ou mesmo 30 espécies diferentes em uma única agrofloresta, apontam especialistas.
As mudanças climáticas pelas quais passa o planeta vêm impondo consequências severas à agricultura, provocadas por fenômenos extremos como tempestades, secas e inundações, por exemplo. Culturas uma vez consideradas absolutas, como café e vinho, hoje se reinventam em diferentes pontos do globo, buscando novas técnicas de plantio, manejo e comercialização de forma sustentável. Outro exemplo são as plantações de cacau.
Ao adotar um sistema agroflorestal, o produtor vai aliar árvores (que podem ser frutíferas e também de boa qualidade de madeira, por exemplo) a plantas de menor porte, como legumes, hortaliças, cereais e leguminosas. Como aponta o instituto WRI Brasil, as diferentes culturas enriquecem o solo e melhoram a qualidade dos alimentos e da água, trazendo benefícios também no viés econômico.
“Hoje, áreas extensas de monocultivo têm risco de se tornar improdutivas. Plantios como o de algodão, que demanda muita água, vão aos poucos se tornado inviáveis [como monocultura]. Então, produtores de grande escala também estão apostando em aumentar a sua biodiversidade”, afirma Márcio Armando, analista da Embrapa em Brasília com 30 anos de experiência em SAFs.
Apesar de a monocultura ter potencial produtivo inegável, a exaustão do solo e o uso insustentável de recursos naturais, principalmente a água, além da pressão do desmatamento, são alguns dos fatores apontados como características que fazem com que esta forma de produção esteja com os dias contados, afirmam especialistas.
Dentro do escopo da agricultura regenerativa, que busca preservar a saúde do solo e sua riqueza mineral, grandes marcas mundiais sinalizam investimentos de grande porte para gradualmente mudar seus métodos de produção com foco na sustentabilidade e adaptação climática.
O Brasil ocupa uma posição de protagonista neste movimento, com grande corpo de pesquisa no assunto e vasta área de cultivo. Contudo, grandes mercados como Estados Unidos e União Europeia já têm no radar as agroflorestas dentro de um repertório de soluções para a produção de alimentos e matéria-prima.
Talvez o maior desafio para os SAFs seja garantir a produtividade na comparação com as monoculturas. A vantagem econômica das agroflorestas está em sua diversidade, apontam especialistas. Ao planejar o plantio de espécies adequadas à região escolhida, é possível ter colheitas variadas, além da opção da madeira de qualidade fornecida pelas árvores cultivadas.
“Os sistemas agroflorestais são uma sofisticação do manejo. Você pode ter 30 espécies, com quatro potencialmente comerciais e outras fazendo a sua função no ecossistema”, observa Armando.
A Courageous Land, empresa com projetos de agricultura florestal em Roraima, Bahia e São Paulo, é especializada em levar a modalidade para a larga escala usando tecnologia para monitorar produtividade e lucratividade de forma sustentável. O CEO do escritório destaca que, além de produzir frutos, hortaliças e madeira de impacto positivo, uma propriedade com sistemas agroflorestais ainda tem potencial para lucrar no mercado de créditos de carbono.
“Uma novidade no mercado é consorciar a produção da agrofloresta com financiamento atrelado aos créditos de carbono. Este mercado surgiu para estimular projetos que sequestram carbono e não sairiam do papel sem esse incentivo. As agroflorestas dividem sua biodiversidade com a atratividade financeira do crédito de carbono”, avalia Philip Kauders, CEO e cofundador da Courageous Land.
Transformar a monocultura em uma produção sombreada, por exemplo, com pasto e eucalipto, pode ser considerado agrofloresta. Porém, mais atraente pode ser cultivar na propriedade árvores que produzam castanhas, frutas, além da madeira e da absorção de carbono. Comparado à monocultura, é possível que haja queda de produtividade, mas a sua resiliência econômica aumenta com variedade de produção, afirma Kauders.
Outro ponto observado pelo executivo é de que não é preciso radicalizar, ou ter uma “selva” para iniciar um sistema agroflorestal. Em uma plantação de soja em larga escala, por exemplo, pode-se colocar a cada 400 metros uma fileira de árvores, que já terão poder de impactar a biodiversidade de fauna e flora no local, entre outros benefícios.
Sobre o caráter socioeconômico dos SAFs, um destaque é o estímulo à geração de postos de trabalho no campo no Brasil, dada à escassez de mão de obra vivida pelo setor.
No país, a maior parte das agroflorestas hoje está em pequenas propriedades rurais. Porém, o desenvolvimento deste modelo como forma de descarbonização de grandes empresas, e da própria economia brasileira, faz com que os SAFs sejam um candidato ao título de “agricultura do futuro”.
Fonte: Portal Um só Planeta
A prática da agricultura nas cidades, que pode ser individual ou coletiva, é bem diversa. Ela acontece tanto em espaços privados (quintais, lajes das casas, áreas cedidas por empresas ou pessoas físicas) quanto em espaços públicos (escolas, unidades básicas de saúde, canteiros centrais, parques, entre outros ambientes).
Além de ser realizada em diferentes locais, chama atenção o fato de uma única iniciativa de agricultura agroecológica na cidade poder gerar variados benefícios sociais, econômicos e ecológicos. A experiência do grupo Mulheres do Gau, que acontece há 12 anos no Bairro União de Vila Nova, região Leste de São Paulo (SP), nos ajuda a entender a relação da agricultura urbana com uma grande diversidade de atividades e temas.
O trabalho do grupo começou no início do processo de urbanização do bairro, quando alguns moradores se organizaram para dialogar com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) e reivindicar um espaço para fazer a horta. O local conseguido pelo grupo, que era destinado para descarte de entulho e lixo, foi limpo e deu lugar à horta.
“Os moradores se uniram e restauraram o espaço para poder plantar, porque antes falavam que não dava para plantar nada, devido à degradação do solo. Hoje, a gente pede para fazer exame de solo no laboratório e o resultado dá super satisfatório”, explica a agricultora urbana e integrante do grupo Aldineia Pereira da Silva, mais conhecida como Leia.
A agricultora conta que, depois de certo tempo, as mulheres buscaram outras formas para ampliar a renda das integrantes do grupo, já que o valor arrecadado na horta não era suficiente. Aos poucos, começaram a produzir mudas em um viveiro. “Na verdade, o viveiro se tornou uma agrofloresta, porque tem árvores frutíferas, PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), ervas medicinais. A gente tem uma diversidade muito grande de plantas em um espaço que chega a aproximadamente 2 mil metros quadrados”, descreve Leia.
E a diversificação dos trabalhos do grupo não parou por aí. Após a horta e o viveiro, as Mulheres do Gau tiveram a ideia de implantar uma cozinha, aproveitando os alimentos que são produzidos no local. Os almoços e lanches são servidos tanto no espaço do grupo quanto em eventos ou atividades de instituições de São Paulo que contratam os serviços. “A mulherada se desdobra em várias atividades pra conseguir ter a renda no final do mês”, justifica Leia, acrescentando que, no momento, o dinheiro arrecadado é dividido entre oito mulheres.
Além da produção de alimentos sem agrotóxicos e da geração de renda, as atividades de agricultura urbana também podem ser analisadas sob o viés da promoção da saúde. No município de Paulista, Região Metropolitana de Recife (PE), a iniciativa do Centro de Educação e Formação em Medicina Popular (Cefomp), criado há 30 anos, associa o trabalho da medicina popular com o cultivo de alimentos agroecológicos em área urbana.
Segundo Gerlúcia José dos Santos, coordenadora do Centro, a instituição desenvolve um trabalho de promoção da saúde com os remédios à base de plantas medicinais. Além disso, tem uma forte atuação de mobilização social para garantia de direitos nas áreas da saúde, educação, cultura e meio ambiente, principalmente quando estão relacionados à questão da agroecologia.
“A instituição está no Centro de Paulista, em uma área urbana. Eu digo que é um pontinho verde, porque a gente tem uma horta, tem algumas árvores nativas e ervas que a gente planta. E a gente tem uma área verde muito grande atrás do Cefomp, que estamos cercando para construir um SAF (Sistema Agroflorestal). Vamos plantar milho, feijão e outras árvores, como urucum, angico, barbatimão, que a gente utiliza na produção dos remédios”, relata Santos.
O Cefomp tem sete pessoas trabalhando mais ativamente, todas voluntárias, sendo que seis são mulheres. E a manutenção do Centro se dá, principalmente, por meio da comercialização dos remédios fitoterápicos na própria instituição, nas feiras agroecológicas e em eventos esporádicos nos quais participam. “O Cefomp tem um laboratório. Então, colhemos da nossa horta agroecológica, manipulamos as ervas, fazemos os remédios e vendemos”, explica Santos.
As ações desenvolvidas pelo Centro incluem, ainda, a realização de rodas de conversa e oficinas sobre temas como boas práticas de manipulação e técnicas de plantio. De acordo com Gerlúcia Santos, os depoimentos das pessoas dizendo que melhoram a saúde depois que se envolveram nas atividades do Cefomp são um grande estímulo para seguirem trabalhando.
E a melhora na saúde não acontece somente por meio do uso dos remédios de plantas medicinais. “A gente tem muitos depoimentos nessa questão da alimentação saudável. Pessoas dizendo que mudaram totalmente o hábito alimentar, porque participaram com a gente das oficinas. E tem também muita gente que vai pra instituição para ajudar na horta, porque diz que é uma terapia”, analisa Santos.
A coordenadora do Cefomp ressalta ainda como o trabalho realizado com a agroecologia teve impacto na alimentação da própria família. “Veja a mudança: na minha casa, a gente consumia 20 kg de açúcar por mês, numa família de 6 pessoas. Hoje, a gente consome só 2 kg. A gente traz a agroecologia pra vida da gente. Não é só como a gente planta, é como você convive com as pessoas, é o que você faz ao seu redor. Eu digo sempre que viver agroecologia não é só plantar de forma saudável, é você viver de forma saudável onde está inserido”, avalia Santos.
Gerlúcia Santos lembra que os remédios produzidos são importantes para manutenção do Centro e que as hortaliças são utilizadas, principalmente, para consumo na instituição. Mas sempre que chega alguém precisando, sem condições de pagar, os produtos são distribuídos gratuitamente. “A gente sempre distribui para nossos voluntários e para comunidade do entorno, que precisa. Temos essa preocupação na questão social”, argumenta.
Em São Paulo, as Mulheres do Gau também estão engajadas em projetos na comunidade, participando de iniciativas onde doam ou comercializam seus produtos com preços mais acessíveis e incentivando a adoção de práticas de alimentação saudável. Entre as atividades realizadas pelo grupo estão as aulas de educação ambiental, palestras e oficinas nas escolas.
Além dos laços de solidariedade, que são criados com as comunidades e entre as integrantes de um mesmo grupo, a articulação entre as organizações também é um ponto que deve ser destacado. Leia conta que o grupo Mulheres do Gau faz parte da Rede de Agricultoras Paulistanas Periféricas de São Paulo (RAPPA) e da Associação dos Agricultores da Zona Leste (AAZL). Segundo ela, esses são espaços importantes, pois fomentam a troca de experiências e de informações, a participação em editais de financiamento e a mobilização para reivindicarem coletivamente ações do poder público.
Já em Pernambuco, o Cefomp integra, com outros quatro Centros, a Associação dos Manipuladores de Remédios Fitoterápicos Tradicionais e Semiartesanais (AMARFITSA/PE). Também participam do fórum de economia solidária e de uma rede de agroecologia da Região Metropolitana de Recife.
Para Santos, as ações em rede são muito relevantes para os grupos se conhecerem e se fortalecerem: “Existem muitas pessoas que fazem agricultura urbana dentro do município de Paulista. Hoje, a gente conhece nossos pares e se sente um pouco mais forte.”
A atuação articulada com outras organizações também favorece a incidência na construção de leis e políticas públicas nos municípios. Em 2021, por exemplo, o prefeito de Paulista (PE) sancionou a Lei 5014/2021, que instituiu a Política Municipal de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana, após uma ação coletiva de várias organizações e agricultoras e agricultores do município.
“A gente também conseguiu 16 emendas no orçamento do município, tanto para agricultura urbana como para farmácia viva, que é o trabalho do Cefomp. Agora, a gente está se reunindo pra ver como vamos fiscalizar pra que essa lei seja efetivada de fato”, planeja Santos.
O Agroecologia em Rede (AeR) lançou uma plataforma de consulta com informações sobre agroecologia, reunindo cerca de três mil experiências acerca do tema no Brasil e na América Latina.
De acordo com o site, na plataforma estão registradas “experiências de agricultoras e de agricultores, seus relatos de vida, as memórias de projetos e organizações, entre outras informações sobre os movimentos pulsantes da agroecologia em diferentes territórios e temporalidades”.
A construção da plataforma começou ainda em 2018, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Agora é possível acessá-la de três maneiras: por meio de um mapa interativo, através da listagem completa dos cadastros e por panoramas e esquemas gráficos que “possibilitam um olhar amplo e completo da potência da agroecologia no Brasil”.
“Além disso, o novo sistema de consulta possibilita a pesquisa por meio de diversos filtros, podendo visualizar as experiências por identidade dos sujeitos envolvidos, pela abrangência territorial, pela data em que foi cadastrada na plataforma, pelos temas relacionados à agroecologia e muito mais! Agora, ficou muito mais fácil, dinâmico e completo a busca por informações e a possibilidade de ampliar ainda mais a construção coletiva do conhecimento agroecológico”, descreve a organização em seu site.
Como o acúmulo de saberes agroecológicos pode ajudar outras localidades do país e do mundo? Foi a partir desse questionamento que nasceu o Agroecologia em Rede (AeR), uma plataforma interativa que em abril de 2021 já registrava mais de 3 mil experiências agroecológicas no Brasil e na América Latina.
Ao longo de duas décadas de existência, o Agroecologia em Rede manteve sua essência na perspectiva de uma ecologia de saberes, ou seja, na perspectiva de uma horizontalidade na área do conhecimento. Além do acervo de experiências do campo e da cidade, o AeR registra políticas públicas conquistadas pelo movimento agroecológico nos municípios.
Fonte: Brasil de Fato
Em resposta à crise do atual modelo agroindustrial dominante, que produz em larga escala para consumo em massa, o abastecimento de alimentação escolar com produtos frescos e orgânicos oriundos da agricultura local e familiar é uma promessa para uma transição ecológica para novos modelos de produção, os chamados Sistemas Agroalimentares Alternativos (SAA) que causam menor impacto ambiental. Essa foi a constatação de uma pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, feita em parceria com a Université Paris 8 Vicennes-Saint-Denis (França), que analisou duas leis, uma brasileira e outra francesa, de incentivo ao abastecimento sustentável de escolas em várias regiões de São Paulo e Paris.
Os SAA surgiram nos anos 2000 a partir de reivindicações de movimentos sociais. Segundo a pesquisa, o termo agrupa diferentes iniciativas que se caracterizam por práticas agrícolas de comercialização e de consumo que buscam soluções frente aos problemas causados pelo sistema agroindustrial vigente.
A agroecologia, por exemplo, inclui a substituição do uso de agrotóxicos e adubos químicos por insumos naturais e orgânicos em suas produções, e os agricultores devem estar comprometidos com inúmeros procedimentos técnicos que vão desde a conservação do solo, manejo ecológico de pragas e doenças à destinação adequada de resíduos sólidos.
Além da questão agrícola, os SAA propõem a construção social de um mercado orgânico agroecológico, que privilegia agricultores locais e familiares em pequenas propriedades rurais próximas a grandes regiões metropolitanas, de forma a diminuir a distância entre quem produz e quem consome.
O estudo franco-brasileiro foi baseado na análise comparativa de duas leis promulgadas em 2009 que apoiam a agricultura alternativa, uma do Brasil e outra da França, países agroexportadores e cuja balança comercial tem se mantido equilibrada pelo setor agrícola. Um dos objetivos do estudo foi compreender em que medida as políticas públicas que incentivam o abastecimento sustentável das escolas, implementadas nas duas regiões metropolitanas, contribuem para a mudança do modelo agroindustrial para sistemas agroecológicos alternativos.
Ao analisar as duas leis, a engenheira agrônoma e autora da pesquisa, Morgane Isabelle Hélène Retière, avaliou que lei brasileira é mais avançada que a francesa, por trazer orientações mais claras e objetivas sobre a aquisição de produtos locais e orgânicos.
No Brasil, a Lei 11.947, que diz respeito ao programa de alimentação escolar, impõe, por exemplo, que no mínimo 30% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação, sejam destinados à compra direta da agricultura familiar.
Já na França, a Lei Grenelle 1 é mais genérica e sugere que no mínimo 20% das aquisições nas escolas sejam feitas de produtos orgânicos, bem como daqueles com baixo impacto ambiental, mas não especifica de que sistemas tais produtos provêm. Na lei francesa, a pesquisadora verificou também que a vinculação entre a alimentação escolar e a política alimentar governamental não aparece de forma tão clara quanto na lei brasileira.
Os textos da política alimentar francesa, ao contrário da lei brasileira, não recomendam explicitamente a redução do consumo de alimentos industrializados, embora se reconheça que os produtos possam conter teores excessivos de açúcar, sal e gordura.
Outra ressalva positiva feita pela pesquisadora em relação à lei brasileira foi a dispensa de licitação pública para a compra de alimentos da agricultura familiar, um processo que, em geral, é burocrático e demorado, tendo como um dos critérios o menor preço. Pela Lei 11.947, a aquisição dos alimentos pode ser realizada por chamada pública, procedimento administrativo mais rápido, utilizado para firmar parcerias com organizações da sociedade civil, como ONGs. “Na hora da aquisição dos produtos, ficam em primeiro plano outros critérios que não o preço, como a origem geográfica, a produção ecológica e a inclusão social”, diz.
Sobre a trajetória das duas leis, Morgane Retière diz que a brasileira teve origem em movimentos de combate à fome e à desigualdade social, no início nos anos de 1940, foi intensificada após a redemocratização do País e ganhou apoio institucional durante o governo do Partido dos Trabalhadores, em 2003.
Já a lei francesa foi criada a partir do controle de segurança sanitária dos alimentos, principalmente os de origem animal e, a partir dos anos 2000, passou a ter enfoque também no combate à má alimentação do ponto de vista nutricional, que culminou no aumento da obesidade populacional gerada pelo consumo de alimentos industrializados.
Por fim, a engenheira agrônoma analisou a implementações destas leis em nível local. Ela observou que, apesar dos objetivos ambiciosos das leis favoráveis aos sistemas alternativos, as escolas de ambas as regiões (São Paulo e Paris) também recorreram a uma modalidade chamada “sistema agroindustrial renovado”, que são os atacadistas e a grandes cooperativas que funcionavam dentro do modelo do sistema agroindustrial vigente.
A pesquisadora explica que pelo sistema agroindustrial renovado, apenas uma dimensão alternativa dos SAA é considerada. No caso da França, foi a aquisição de produtos orgânicos, porém, não local; e no Brasil, a compra da agricultura familiar, porém não local. “Esta predominância de lógicas agroindustriais renovadas pode ser explicada pelas características das grandes cidades onde as áreas de produção estão localizadas a uma distância geográfica significativa, enquanto que o setor de alimentação escolar está afastado do mundo agrícola”, diz. “No entanto, muitas estruturas situadas no coração da metrópole poderiam compensar a distância geográfica criando cargos de agentes públicos dedicados especificamente à implementação de sistemas territorializados”, avalia.
O Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC-2019) aponta que as atividades agropecuárias e industriais estão entre as principais causas de mudanças climáticas. De acordo com o relatório, se a dinâmica agroindustrial se mantiver no patamar nos próximos anos – promovendo desmatamento, usando indiscriminadamente fertilizantes e agrotóxicos e promovendo monoculturas -, é altamente provável que a insegurança alimentar no mundo se amplifique.
Morgane Retière explica que as políticas públicas (baixos impostos, subsídios, normas específicas) bem estruturadas são essenciais para o desenvolvimento dos “nichos verdes”. “E é nesse contexto que os mercados institucionais como escolas, creches, hospitais, restaurantes populares, sacolão e lar de idosos se tornam alavanca para o desenvolvimento de sistemas agrícolas alternativos, porque apresentam vantagens para os agricultores familiares no que diz respeito à negociação de volumes maiores de produtos, na obtenção de melhores preços e menos tempo nos circuitos curtos entre o produtor e o consumidor”, diz.
Para Paulo Eduardo Moruzzi Marques, um dos orientadores da pesquisa e professor da Esalq, o trabalho de Morgane Retière é rico e muito consistente, além de permitir a renovação de parcerias internacionais como aquela do Programa de Pós-Graduação Interunidades (Cena-Esalq) em Ecologia Aplicada com a Université Paris 8, Vincennes-Saint Denis. Ele considera o percurso acadêmico de Morgane exemplar e isso pode ser confirmado pela atribuição à sua tese do Prêmio Tese USP Destaque, 2023, na categoria Grande Área Interdisciplinar, que premiou trabalhos originais e relevantes para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social.
Logo após a defesa da tese, Morgane se tornou professora da Université Paris 10 Nanterre, passando a atuar no Laboratoire Mosaïques, unidade de investigação reconhecida pelo Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS).
Quanto ao conteúdo da tese, o professor Marques diz se tratar de um estudo estimulante sobre a ação pública relativa à alimentação escolar, que pode ser considerada como alavanca indutora de processos de transição social e tecnológica para sistemas agroalimentares alternativos.
Escrita em português e francês, a tese “Políticas de abastecimento da alimentação escolar no Brasil e na França: a transição dos sistemas agroalimentares posta à prova das metrópoles” foi elaborada sob a orientação do professor Paulo Marques (PPGI-EA/USP) e Nathalie Lemarchand (Université Paris 8).
Para Morgane Retière, os resultados do estudo mostram a importância de se ter um marco legal que seja favorável ao desenvolvimento territorial sustentável. Isso aparece particularmente nas áreas metropolitanas que estão distantes do mundo agrícola em termos geográficos e relacionais e cujos recursos locais nem sempre são suficientes, por si só, para impulsionar a relocalização dos sistemas de abastecimento. Estas leis aumentariam as margens de manobra dos atores locais e legitimariam alternativas agroalimentares que precisam de apoio para existir frente às logicas agroindustriais que estão em posição dominante.
Fonte: Revista Analytica
Promover uma agricultura mais sustentável. Esse é um dos objetivos do curso de Agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS). Desenvolvido no campus Restinga da instituição, a graduação estará disponível a partir do primeiro semestre de 2025 e surgiu de uma demanda dos próprios estudantes.
A Agroecologia já é lecionada como um curso técnico no IFRS desde 2017, mas a grande oferta de temas de estudo fez com que os alunos quisessem um maior aprofundamento na área;
— Nós vimos que os estudantes que faziam o técnico almejavam fazer o superior na área, pois queriam aprender mais assuntos relacionados à agroecologia. A demanda, então, foi surgindo aos poucos — descreve Jovani Zalamena, futuro coordenador do curso.
O curso, que terá 15% da carga horária desenvolvida por meio da Educação à Distância (EAD), será composto por seis semestres, que correspondem a três anos de graduação. As disciplinas trarão uma perspectiva de cuidado ao meio ambiente no cotidiano da agricultura, como no plantio de produtos sem agrotóxico, na criação de hortas comunitárias e no desenvolvimento da compostagem, por exemplo. Jovani ainda destaca que os temas que serão discutidos em sala de aula serão multidisciplinares, o que contribui para a construção de um profissional mais qualificado:
— Terão aquelas disciplinas voltadas à informática básica, biologia dos organismos, matemática para agroecologia, comunicação e expressão aplicados à agroecologia. Então, não é só agroecologia no sistema de produção, são várias disciplinas que vão auxiliar.
Extensão
Um dos diferenciais do curso é a contribuição com a comunidade. Com uma alta carga horária de extensão, os alunos terão que realizar projetos externos para finalizar os estudos.
— O plano é que, no final do curso, eles implementem algo e criem um produto final, como uma horta comunitária — exemplifica Jovani.
E, para o coordenador, encontrar espaços com maior vulnerabilidade socioeconômica para atuar, tanto na graduação, quanto depois de formados, como na própria Restinga, é uma forma de contribuir ativamente para o desenvolvimento da comunidade:
— Muitos dos estudantes vão ser do entorno do bairro e podem ajudar a fortalecer as famílias. Muitas delas têm um pequeno terreno e vão começar a aprender na teoria e na prática como produzir seu próprio alimento. E isso é muito importante em uma comunidade periférica.
Somado a isso, além da extensão, o coordenador explica que, desde 2018, estão sendo feitos investimentos na infraestrutura do campus, para que as aulas sejam cada vez mais práticas e proveitosas:
— Estamos preocupados em criar espaços de educação no campus, de inclusão, para possibilitar espaços de aulas práticas, como estufas, hortas, locais para criação de abelhas sem ferrão, laboratórios e pomares.
Do lazer à profissão
A artesã Jussara Elisabete Farias, 65 anos, sempre gostou de plantar, mas com o curso técnico de Agroecologia aprendeu a aperfeiçoar esse hobby. Depois de finalizar seu Ensino Médio, por meio do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA), iniciou os estudos e se apaixonou pela área. Agora, está inscrita no processo seletivo do curso de graduação para continuar sua jornada no ramo de agricultura sustentável.
— Quando eu entrei, eu até me assustei, porque gostei demais do curso técnico. Agora quero a faculdade. Para isso, terei que fazer a prova, mas vai valer a pena todo o sacrifício e a luta — relata Jussara.
Entre as atividades do curso técnico que mais agradaram a artesã está a criação de hortas comunitárias em escolas em áreas de vulnerabilidade socioeconômica. Para ela, um dos seus objetivos com o curso é passar o conhecimento que adquire no IFRS para as comunidades, ensinando a importância do cuidado com a natureza:
— Nós vamos lá e ensinamos as crianças, ajudamos elas a plantar. Eu adoro essa troca. Em casa, eu planto bastante coisa e passo adiante, até pra manter a natureza viva, que é o que eu mais gosto.
De volta à sala de aula
O estudante Cleberson Silva Baumgarten, 29 anos, viu no curso de Agroecologia uma oportunidade de retomar seus estudos. Diferentemente de Jussara, a única relação que tinha com as plantas eram algumas mudas cuidadas por sua mãe. Assim, pôde utilizar o conhecimento adquirido na sala de aula para expandir seus horizontes sobre qual graduação seguir. Cleberson é bolsista no IFRS e, no seu projeto de pesquisa, está criando uma semeadeira, para agilizar o processo de construção de mudas. Além disso, está inscrito no processo seletivo da graduação em Agroecologia.
— Estamos estudando para trabalhar na área. Então, tivemos aulas e práticas sobre solos, técnicas de cultivo e maneiras de fazer as podas corretamente, por exemplo. Ainda aprendemos a utilizar bioinsumos no combate de pragas e a fazer compostagem — diz o estudante.
Com os aprendizados adquiridos, Cleberson também transformou sua rotina dentro de casa. Para ter um cotidiano mais sustentável, o estudante começou a prestar mais atenção no descarte dos seus resíduos, o que o fez perceber como a Agroecologia contribui para a preservação da natureza.
— Eu comecei a fazer a separação do lixo, o orgânico eu junto e levo no campus para fazer a compostagem e tento também fazer a reciclagem de materiais que iriam pro lixo normalmente. A Agroecologia nos ensina a sermos mais conscientes no cuidado que temos que ter com o nosso planeta — finaliza Cleberson.
Conheça a Forests4Farming (ou Florestas para a Agricultura), instituição sem fins lucrativos criada para ensinar sobre a implantação e manejo de agroflorestas reais, com agricultores profissionais, que produzem floresta e comida ao mesmo tempo, tudo explicado nos mínimos detalhes para que todos possam ter a independência a as florestas que o mundo precisa.
Fonte: CEPEAS / Youtube
O descontrole do clima se torna mais evidente a cada ano. Muitas regiões do mundo, que por séculos foram locais propícios para diversas culturas agrícolas, sofrem agora com as mudanças climáticas e estão se tornando áreas impróprias para agricultura. Quando uma região chega nesse ponto, o próximo passo é a expulsão dos seres humanos desse lugar, e assim nossa civilização criou milhares de quilômetros de desertos. Precisamos despertar e agir, vivemos uma urgência climática que clama por socorro.
Fonte: CEPEAS / YouTube
Sustentabilidade, cuidado com o meio ambiente, manejo adequado de culturas, combate a pragas e produtos saudáveis. Com essas características um projeto de pesquisa desenvolvido pelo Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA), Câmpus II da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado em Lagoa Seca, tem mostrado como o conhecimento pode mudar a realidade da região, ajudar a identificar, manejar pragas e doenças, além de promover a sustentabilidade a partir do cultivo orgânico de tomate.
Resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do curso de Agroecologia, a pesquisa consiste no cultivo de tomate orgânico consorciado com coentro em ambiente protegido (estufa agrícola) na area Agroecológica. O projeto é desenvolvido pela estudante de Agroecologia, Maria Valdeane Caetano da Silva, orientado pela professora Elida Barbosa Corrêa e conta com muitos colaboradores, entre discentes e técnicos(as) administrativos(as) da Universidade.
A pesquisa faz parte dos estudos quanto a produção agroecológica de alimentos realizados pelo Grupo de Pesquisa Agrobiodiversidade do Semiárido, coordenado pela professora Elida Barbosa. A primeira colheita do plantio superou as expectativas de toda equipe. O tomate, conforme explicou a docente é uma das hortaliças mais consumidas e também uma das mais contaminadas por resíduos de agrotóxicos, pelo uso intensivo de agrotóxicos no ciclo da cultura.
Diante da problemática de saúde coletiva devido à contaminação por agrotóxicos, pesquisas vêm sendo realizadas na UEPB e em propriedades rurais do Agreste, Cariri e Seridó paraibano desde o ano de 2019, com a aprovação do Centro Vocacional Tecnológico Agrobiodiversidade do Semiárido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Conforme explicou a professora Elida, os estudos realizados pelo grupo de pesquisa evidenciaram a broca como principal praga da cultura, causando perdas de até 90% da produção em campo aberto. No entanto, a mariposa, que coloca o ovo na flor do tomateiro, onde eclode a larva e penetra no fruto jovem, não consegue passar pela tela da estufa, sendo o cultivo protegido como uma forma de controle da praga.
No experimento de produção de tomate orgânico está sendo avaliada a capacidade de bactérias benéficas (Bacillus spp.) quanto à promoção de crescimento e de produção das plantas. O estudo é pioneiro na região, visto que está sendo utilizado o tomate híbrido, que tem elevada demanda nutricional, e o manejo das doenças e pragas em ambiente estressante para o desenvolvimento da planta, com temperaturas de até 48 graus.
O cultivo do tomateiro está sendo realizado com irrigação por gotejamento, aplicação de biofertilizante, húmus líquido, calda bordalesa e calda de cal e cinza para o controle de doenças. Uma aplicação foi feita para o controle de ácaro branco com óleo de nim. A pesquisa, segundo a professora Elida, demonstrou que apesar dos desafios e pontos a serem melhorados no cultivo, quanto à nutrição e manejo de doenças, é possível produzir tomate orgânico de elevada qualidade em estufa agrícola no Agreste paraibano.
Fonte: UEPB
A Courageous Land lançou nesta terça-feira (25) sua nova plataforma de inteligência agroflorestal durante a Semana do Clima de Nova York. A iniciativa promete transformar o setor ao oferecer suporte completo a proprietários de terras e organizações para implementação de sistemas agroflorestais.
A proposta da plataforma é fornecer diagnósticos, planejamento, financiamento, assistência técnica e acesso ao mercado para produtos e créditos de carbono. Além disso, a ferramenta também apoia empresas parceiras no processo de descarbonização de suas cadeias produtivas. Com o apoio financeiro de R$ 6 milhões do Fundo Vale, o objetivo é aprimorar a tecnologia e expandir o capital humano necessário para sua operação.
A empresa está em discussões com a ONU para implementar projetos de restauração em larga escala na Mata Atlântica, começando com 100 mil hectares e com potencial de expansão global para milhões de hectares. Segundo a Courageous Land, as agroflorestas desempenham um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas, na segurança alimentar e na preservação da biodiversidade, além de contribuírem para a redução da pobreza.
As agroflorestas contribuem para mitigar as mudanças climáticas, aumentar a segurança alimentar, manter a biodiversidade, além de apoiar a retirada das pessoas da pobreza.
“A agrofloresta, quando implementada em larga escala, é a única solução que conheço que pode simultaneamente enfrentar as mudanças climáticas, a pobreza, a segurança alimentar e hídrica, e a perda de biodiversidade, ao mesmo tempo em que oferece retornos financeiros atraentes. Agradecemos a doação e a parceria com o Fundo Vale para escalar as agroflorestas o mais rápido possível, e alcançar nossa missão de mitigar as mudanças climáticas”, diz Philip Kauders, CEO e cofundador da Courageous Land.
O grande diferencial da plataforma é unir tecnologia e capital humano para apoiar todas as fases da implementação de agroflorestas, desde a identificação de áreas até a comercialização de produtos.
O mercado global para as soluções agroflorestais é vasto. No Brasil, onde a agricultura é responsável por mais de 70% das emissões de CO2, a conversão de 90 milhões de hectares de pastagens degradadas em agroflorestas poderia gerar bilhões de dólares em receita, além de sequestrar grandes quantidades de carbono da atmosfera.
Gustavo Luz, diretor executivo do Fundo Vale, destacou que a parceria com a Courageous Land é uma continuidade dos esforços da Vale para promover uma economia florestal mais sustentável e inclusiva. Ele afirmou que a plataforma é uma ferramenta essencial para acelerar a escala de agroflorestas, conectando produtores a mercados e financiamento, e gerando valor compartilhado por meio do uso sustentável do solo.
A parceria também contribui para a Meta Florestal da Vale, que tem como objetivo recuperar e proteger 500 mil hectares até 2030. Destes, 100 mil hectares serão destinados à restauração de áreas degradadas. Até o momento, a Courageous Land já contribuiu com 82,45 hectares, com planos de atingir 10 mil hectares até o fim da década.
O evento de lançamento foi organizado pela UpLink, plataforma de inovação do Fórum Econômico Mundial. A Courageous Land foi reconhecida como um “Top Innovator” e o Fundo Vale como um “Top Investor”, exemplificando o impacto positivo que a união de tecnologia e investimentos pode gerar no combate às crises climáticas e ambientais.
Fonte: ECOA Uol
Na corrida pela diminuição de gases de efeito estufa na atmosfera, grandes iniciativas de regeneração florestal vêm despontando no Brasil, movimentando bilhões de reais em créditos de carbono em uma verdadeira indústria de plantio de árvores nativas. Paralelo a esse movimento, startups de sistema agroflorestal complementam o cenário com projetos focados no impacto, melhorando a qualidade de vida de agricultores com áreas menores, produzindo alimentos de alta qualidade e movimentando milhões de reais.
A Agroforestry Carbon é um exemplo deste nicho e seu potencial de crescimento rápido. A empresa pulou de um faturamento inicial de R$ 56 mil em 2022 para R$ 2,5 milhões no ano passado, e agora arrisca uma expansão na Europa em busca de clientes com cheques maiores.
Em vez de seguir o caminho dos créditos de carbono, que requer investimentos de milhões na aprovação de projetos, compra de áreas e capacitação de pessoal, por exemplo, a startup com base em Santa Catarina se coloca como um intermediador entre empresas que precisam compensar suas emissões e agricultores com prática comprovada em sistemas agroflorestais (SAF). Atualmente são quase 500 propriedades rurais parceiras, produzindo sete toneladas de alimentos ao ano. A meta é chegar a 70 mil agricultores cadastrados até 2030.
Ano após ano, estudos vêm enfatizando a produtividade da agrofloresta. Neste mês de agosto, o Instituto Escolhas publicou pesquisa que aponta que apenas na parte degradada de terras indígenas no país (1,3 milhão de hectares), os SAFs gerariam uma receita anual de R$ 153 bilhões em produtos agrícolas como frutas e legumes, com potencial de produção de 10 milhões de toneladas de alimentos por ano. O Brasil tem a meta de recuperar 12 milhões de hectares de florestas degradadas até 2030.
Agosto foi o mês de conclusão da primeira rodada de investimento da startup, que finalizou arrecadando R$ 1,08 milhão, vindo de 101 investidores diferentes. A empresa optou por uma modalidade de investimento em que os interessados podiam entrar no negócio com aportes pequenos, a partir de R$ 1.000.
A opção mirou um investidor que, além do lucro, buscasse também uma motivação maior. “Várias pessoas questionaram a escolha de financiamento, mas acho que foi uma escolha muito legal, pois quando a gente fala de impacto, ter pessoas advogando pela causa é muito importante”, explica a diretora de operação, Clara Johannpeter.
Esse dinheiro é o segundo aporte da história da empresa, que operou em seus dois primeiros anos com o investimento-anjo de R$ 300 mil da Regenera Ventures, investidora ligada ao grupo Viva Regenera, de produtos de origem natural. O CEO da Agroforestry, Gabriel Neto, literalmente bateu na porta dos investidores durante um passeio de bicicleta em Palhoça (SC), sem saber exatamente do que se tratava. Viu a palavra “regenera” no letreiro, pensou que ia achar um cliente, e acabou com seu primeiro investidor.
A verba dos novos investidores deve estruturar o aumento de escala nos negócios da empresa, que pretende expandir sua atuação para 100 mil hectares até 2030, com potencial de produção de 900 mil toneladas anuais de alimentos e um plantio total de 10 milhões de árvores. A Europa é um passo importante nesse caminho, explica Neto. “É onde vamos nos transformar em unicórnio”, aposta, com uma agenda que inclui pítches em bancos, instituições de governos e também ONGs na Holanda, primeiro mercado aberto pela startup no Velho Mundo. A ideia é compensar no Brasil o carbono emitido por companhias europeias, trazendo esse recurso para os pequenos agricultores parceiros.
O mais recente produto da empresa, em fase de desenvolvimento no time de tecnologia, é o rastreamento dessa cadeia de suprimentos que todo o projeto da Agroforestry Carbon ajuda a fomentar. Uma vez que possui controle digitalizado sobre tudo que produz em suas agroflorestas, o próximo passo será acompanhar esses alimentos colhidos e explorar oportunidades comerciais, que podem estar tanto na medição de emissões de escopo 3, por exemplo, para empresas que querem cortar o impacto também de seus fornecedores, quanto entregar produtos ao consumidor com garantia de origem, com a possibilidade de selos atestando a neutralidade de carbono, por exemplo, além do cultivo orgânico.
“Falar em cadeias produtivas é importante, pois precisamos de empresas consumindo e fazendo produtos de floresta, e não de monocultura. Quando a gente fala de cadeia, fala na verdade de gerar incentivos econômicos para que a floresta fique em pé, para que as pessoas vivam de floresta. Quanto mais marcas fazendo produtos com matéria-prima de floresta, e não fontes esgotáveis, mais florestas vamos ter preservadas, por isso trazer o supply chain, temos que conectar a indústria e gerar matéria-prima de florestas para gerar produtos florestais”, analisa Johannpeter.
A Agroforestry Carbon entrou no mercado como provedora de projetos de compensação, administrando serviços florestais, no caso, os SAFs, pagos por companhias que precisam abater suas emissões de gases intensificadores do aquecimento global e dos eventos extremos das mudanças climáticas. Além de fornecer agroflorestas com selo de certificação, em que todo esse processo é auditado e certificado, a startup faz o levantamento das emissões das companhias clientes, e assim oferece projetos que equivalem ao impacto ambiental negativo registrado. A equipe atende ainda a projetos personalizados, sob encomenda.
“É importante salientar o foco em resolver problemas crônicos de desigualdade, uma crise alimentar pior que a climática, em que ficamos ou sem comida ou com comida envenenada. É algo que atinge a todos, independentemente da classe social, e a agrofloresta trabalha as duas crises em suas duas frentes, social e ambiental”, destaca o CEO.
O mercado de soluções baseadas na natureza, especialmente no nicho do crédito de carbono, vem sendo questionado há anos, pela dificuldade em medir seu impacto real na diminuição de gases estufa, ou ainda por ser uma forma de empresas poluidoras pagarem seus “pecados” sem de fato, diminuírem suas emissões.
Escândalos no Brasil, como a recente descoberta de uma quadrilha que teria movimentado R$ 180 milhões usando terras públicas na Amazônia, abalam a confiança e o bolso de investidores, enquanto analistas afirmam que há um lado bom, quando as más práticas são reveladas e coibidas.
No caso da Agroforestry Carbon, a qualidade dos créditos oferecidos, que seriam melhor enquadrados como créditos de sociobiodiversidade, considerando redução de emissões e também a geração de impacto social e na produção de alimentos saudáveis, é feita a partir de investimento em tecnologia.
A startup mantém uma equipe dedicada ao monitoramento de dados geoespaciais, que analisa a evolução das agroflorestas cadastradas usando imagens de satélite, que permitem também analisar possíveis irregularidades de terreno, como instruções em áreas indígenas e terras públicas. A análise de documentação de parceiros em potencial compõe o processo de cadastro, que conta também com times contratados para atender todas as regiões e biomas do Brasil, sendo que a empresa atua em todos. “Sabemos a data do plantio, espécies, nome do agricultor, da propriedade, dados futuros de incremento de biomassa, índice de vegetação, análise da propriedade, cadastro rural, tudo que possa dar credibilidade”, explica Neto.
“Nossa diferença é que nosso foco é impacto, valor real, economia real, e colocar recursos financeiros, educacionais e emocionais para quem realmente está regenerando, em vez de fazer grandes áreas. Sempre temos coisas para ser melhoradas, e a tecnologia está ajudando com rastreabilidade e confiança”, avalia a diretora de operações.
Fonte: Portal Um Só Planeta
Entrevista realizada pela Ecoar Agrofloresta com Eduardo Carrica, que junto com sua esposa Gabriela Scolari, são o coração da Terra Planta Orgânicos. @terraplantaorganicos
A Terra Planta é referência em Sistemas Agroflorestais no Sul do Brasil. Além de produzir hortaliças, frutas e madeira, tem agora como foco a produção de café sombreado em larga escala em sistema agroflorestal. É uma das 20 salas de aulas do MAIS (Movimento de Agroflorestores e Inclusão Sintrópica) no Brasil.
Já recebeu professores como Juã Pereira, Nat Muguet, Cobi Shalev, Namastê Messerschmidt e Ernst Gotsch. Ao todo são mais de 15 cursos, e esse ano seriam realizados 23 eventos relacionados a alimentação, educação e agrofloresta.
Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube
Neste vídeo, você vai acompanhar a implantação de um sistema agroflorestal voltado para hortaliças, dividido em 8 partes:
Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube
Você já ouviu falar em ‘Plantar capim para não ter capim?’
Essa prática consiste em plantar uma espécie de gramínea nas entrelinhas do sistema e usá-la para a produção de biomassa.
O capim cortado é usado como cobertura nas linhas de árvore e os seus benefícios são:
Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube
Neste vídeo, Alexandre Caíque fala sobre como é o manejo da família da bananeira em sistemas agroflorestais.
Como funciona a família? Como escolher quais bananeiras que iram sair do sistema? Como fazer o corte para evitar a broca?
Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube
Curso realizado pela Fundação CEPEMA de forma virtual, no ano de 2021 , devido às limitações para atividades em campo
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Módulo 4
Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube
O fruto não cai longe do pé. Ao fazer valer o dito popular, o agrofloresteiro Namastê Messerschimidt repete a história do pai, um alemão criado no nordeste brasileiro, que começou a plantar respeitando os ciclos da natureza e devolvendo ao solo aquilo que produz. Baseado nessa lógica, o paulista que aprendeu a semear aos 16 anos está rodando o mundo para ensinar a técnica da sintropia e, com ela, instigar produtores rurais a repensarem a sua relação com o ambiente.
De facão em punho, ele corta, capina e revolve a terra. A lógica é nutrir sem aditivos. Em plantio associado com árvores – agrofloresta –, as mudas seguem o ciclo e cada planta só pode dá fruto na época ditada pela natureza. Para manter o solo úmido, usa cobertura de folhas e material decomposto.
– A agrofloresta tem a cara de seu dono. Trará frutos de acordo com os cuidados que a ela foram destinados – diz o agricultor que já estagiou com índios do Xingu e hoje é consultor da Fazenda Da Toca, de propriedade do ex-piloto e empresário Pedro Paulo Diniz, e do Instituto Socioambiental (ISA).
Namastê é um dos disseminadores do conceito criado pelo suíço Ernst Götsch, que coloca a árvore como componente decisivo na produtividade. A sintropia recupera solos seguindo a lógica de nutrir a plantação com biomassa da poda de árvores do próprio terreno.
Na Europa, Götsch estudou e trabalhou com melhoramento vegetal até a década de 1970, antes de vir ao Brasil e encontrar araucárias centenárias sendo derrubadas para dar lugar a lavouras de soja. Anos depois, o cientista voltou e, em parceria com donos de fazendas, trabalhou até ter sua própria terra e fazer dela um laboratório experimental. Passados 15 anos, a propriedade, em Piraí do Norte, na Bahia, deixou de ser infértil para dar lugar a 350 hectares de reserva particular de patrimônio natural, 120 hectares de reserva legal e 10 hectares de lavouras.
A fazenda, além de gerar alimento para a família, serve de exemplo para pesquisas e estudos internacionais. São 3,5 mil quilos de cacau por safra, produto de maior qualidade exportado com valor quatro vezes superior ao tradicional. O destino é a Amedei, na Itália, fabricante de um dos melhores chocolates do mundo. Antes chamada Fugidos da Terra Seca, a área recuperou fauna e flora e reativou mananciais hídricos, o que a fez ser rebatizada como Fazenda Olhos D´água. Dizem ainda que a presença de árvores e biodiversidade também “produziu” chuva, mudando o microclima do local.
– Buscamos a otimização de processos de vida de todo o ecossistema. E trabalhamos para que a nossa participação se transforme em fator benéfico e enriquecedor para o macroorganismo Planeta Terra – diz o suíço.
Foi nesse ambiente que Namastê entendeu que manter a agrofloresta produtiva é como fazer a própria casa funcionar:
– Se cuidar bem, tratar, arrumar, tudo dá – afirma.
O local onde a cooperação é diretriz para a produção de alimentos serve de berço para o aprendizado de novos empreendedores da sustentabilidade agrária.
Felipe Villela, 24 anos, estudante paulista criado no Rio Grande do Sul, pretende aplicar a tecnologia em sistemas agroflorestais. Criador do projeto Foodrone, planeja usar drones para a dispersão de sementes (aos moldes do americano Lauren Fletcher, da BioCarbon Engineering). Após viagem para a Amazônia, deixou o curso de Engenharia na UFRGS para ir à Holanda aprender técnicas de plantio. Agora, junto com colegas e incentivo do governo holandês, testará o uso da água em um hectare na cidade de Den Bosch, e ver como a sintropia evita os efeitos das mudanças climáticas.
Na Europa Vilella teve contato com Götsch. Seu propósito agora é usar a tecnologia para viabilizar a agricultura sintrópica em larga escala, e com isso, buscar recursos estrangeiros para desenvolver projetos no Brasil.
– Eles estão mais conscientes lá fora, entendem que a economia não existe sem os recursos naturais. Aqui, as pessoas ainda apresentam resistência a essa corrente por colocarem o lucro na frente – afirma o estudante.
Fonte: Zero Hora
Plantar respeitando os ciclos da natureza e devolvendo ao solo parte do que ele produz. Baseado nessa lógica, a técnica da sintropia instiga produtores rurais e consumidores a repensarem a sua relação com o ambiente.
Foi de fora do país que a arquiteta Ana Livi e o administrador Mauro Weber Rosito trouxeram a vontade de dedicar-se à terra. Fundadores do sítio Arvor(e)Ser e do clube orgânico Horta Alegre, viabilizam o cultivo sintrópico de alimentos com a cultura de relacionamento com os consumidores – a Community Supported Agriculture (CSA). Após viajarem por países da África e da Ásia, fincaram raízes na propriedade da família no bairro Aberta dos Morros, zona rururbana (ocupação urbana mesclada com produção primária) da Capital, e lá vivem da agroecologia.
Aos poucos, aplicam o que aprenderam e, por meio de cursos de eco alfabetização, ensinam outras pessoas. Foi lá que Namastê Messerschimidt compartilhou seus conhecimentos durante aula para estudantes e agricultores do Estado, no final de julho. E é lá também que eles tentam reinventar a agricultura para criar a filha Ananda, 10 meses, e experienciar um estilo de vida mais natural.
– Não abrimos mão da tecnologia, mas vivemos no campo, onde é possível fazer essa reconexão pelo alimento. Queremos mudar a cara do consumo na cidade, e mostrar que esse estilo de vida é possível – disse Ana, durante palestra no festival de inovação Black Sheep Project.
Eles já começaram a colher os frutos. Criada há nove meses, a iniciativa tem 30 associados, para quem realizam entregas de cestas semanais em cinco diferentes pontos da cidade. Atualmente, os kits incluem hortaliças, temperos, frutas da estação e flores comestíveis. Tudo fresco e orgânico.
Um dos associados e motivadores do Horta Alegre é o consultor de negócios Eduardo Tremarim que, a partir de um problema de saúde em 2014, buscou entender sobre como os alimentos chegavam a sua mesa. O primeiro passo foi buscar um local para produzir. Depois, ajudou a criar o sistema onde o consumidor compromete-se com o trabalho do agricultor a longo prazo, inspirado no CSA:
– Os associados devem permanecer, pelo menos, cinco meses, que é o tempo dos ciclos. É um meio inovador que envolve saúde, praticidade, consciência e logística.
O contato com a agricultura sintrópica trouxe para Tremarim novidades que ele aplica na horta do apartamento onde mora, no bairro Bela Vista, e na casa da família, em Nova Prata.
– Entendo que a sintropia é a tentativa de usar a natureza como proteção. Em vez de brigar com a formiga, que ataca a alface, você alimenta ela com outra planta de modo que ela deixe suas alfaces em paz – brinca.
Manejo integrado de pragas e diversificação de variedades fazem o controle fitossanitário. A prática segue o que ensina o idealizador Ernst Götsch: “não existe praga, existem espécies com funções distintas”. O nível máximo de interação entre o agricultor e o meio é que determinará o grau da prosperidade do ecossistema.
Manejo integrado de pragas e diversidade de variedades fazem o controle fitossanitário. A prática segue o que ensina o idealizador Ernst Götsch: “não existe praga, existem espécies com funções distintas”. O nível máximo de interação entre o agricultor e o meio é que determinará o grau da prosperidade do ecossistema.
É o que acontece na propriedade de Iara Dutra, agricultora de Santiago, na Região Central. Ela investe tempo conhecendo e administrando cada tipo de planta que aparece na terra, por acreditar que esse manejo faz toda a diferença na qualidade do produto:
– Você precisa interagir, conhecer, saber as causas de algum desequilíbrio que exista na produção. Tem de criar condições diferenciadas para driblar a falta ou excesso de água, por exemplo.
A produtora acredita que a fruticultura trabalhada de forma integrada com a floresta garante mais sanidade para a lavoura e para o agricultor.
Fonte: Zero Hora
Estratificação do solo e associação de culturas. A mesma técnica que aplica em pequenas propriedades ou em assentamentos onde presta consultoria, Namastê Messerschimidt desenvolve na Fazenda Da Toca, de Pedro Paulo Diniz, onde foi criado o Núcleo Agroflorestal de Pesquisa Aplicada em Agricultura Sintrópica. Testes mostraram como se comportavam as laranjeiras no sistema florestal e, nas palavras do próprio Diniz, “a lavoura custa menos e produz mais”.
– As agroflorestas sequestram mais carbono, e geram mais energia para o solo – detalha Namastê.
Como a matéria orgânica mantém a umidade do solo, a irrigação torna-se quase desnecessária ou até 75% inferior à agricultura convencional. Assim, o alimento produzido por meio da sintropia que chega ao consumidor está financiando toda a floresta.
Se para o público leigo o tema é novidade, no campo o sistema ganha notoriedade. Técnico da Emater que auxilia produtores na Região Metropolitana do Rio Grande do Sul, o agrônomo Luís Paulo Ramos diz que a agricultura sintrópica é a grande tendência na produção de orgânicos:
– Trata-se de um consórcio de cooperação e interação entre plantas, homem e animais e pode ser utilizada também para recuperar florestas e áreas degradadas.
Ramos recorda experiências em sistemas agroflorestais no Estado, algumas originadas com a ajuda do acaso, como pomares de citros abandonados onde cresceram árvores e arbustos nativos, que passaram a ser manejados juntamente com o pomar.
No Litoral Norte do RS, agricultores observaram que as bananeiras conviviam bem com a palmeira-juçara e outras árvores, produzindo e tornando-se menos suscetíveis às doenças.
Fonte: Zero Hora
Você já ouviu falar que as galinhas são seres de floresta? Você já comprou ovos que tem dizeres como ‘galinhas livre de gaiolas’ ou ‘galinhas criadas soltas’?
E se eu te falar que existem sistemas agroflorestais com o foco na criação de galinhas?
Na Vioaves Caipiras os piquetes das galinhas tem árvores, frutas e capins para as aves, proporcionando um ambiente mais parecido com o original de onde os parentes mais próximos das galinhas que conhecemos vieram.
Mesmo sendo um dos animais mais trabalhados industrialmente, ainda sim tem memórias genéticas em seu DNA sobre sua origem, e se sente muito mais feliz e satisfeita em ambientes assim.
Fonte: Canal Ecoar Agrofloresta / YouTube
Esse é o primeiro episódio da série “Diário de Agrofloresta” e nele você vai conhecer os princípios dessa agricultura de processos que é capaz de salvar o planeta.
Confirma o passo a passo para salvar uma nascente com o método Caxambu.
Nesse vídeo monto o minhocário no tubo de poço, com o objetivo de fazer húmus de minhoca, as crianças me ajudaram nesse trabalho. Como fazer húmus de minhoca e seu próprio adubo?
Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube
No vídeo coloco a telha no abrigo para as minhocas. Tudo no melhor estilo DIY, faça você mesmo! Depois de termos colocado as pilastras principais precisávamos colocar as travessas de suporte para o telhado. Usamos telhas de fibrocimento de reaproveitamento, e travamos também com madeiramento de reaproveitamento, que já tínhamos pelo Sítio.
Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube
Nesse vídeo começamos a estrutura para o minhocário, um abrigo todo feito com material que já tínhamos no Sítio. Telhas, mourão de eucalipto, madeira de reaproveitamento. Um abrigo com telhado no melhor estilo DIY- Faça você mesmo! Tudo para garantir o melhor bem estar possível para as minhocas, que irão concluir a última etapa da compostagem transformando o esterco em húmus.
Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube
A polinização é um fenômeno de extrema importância, pois possibilita que as plantas se reproduzam, fornecendo assim sementes e frutos para os humanos.
Para se ter uma ideia, estima-se que 75% da alimentação humana depende da ação dos insetos polinizadores.
Existem duas formas de transferência do pólen: a biótica, que é por meio de animais como aves, mamíferos (como os morcegos) e insetos, e a abiótica, que é por meio do vento e da água.
A principal forma de transferência do pólen biótica é por meio das abelhas, ou seja, elas são os principais animais polinizadores.
A polinização pelas abelhas acontece da seguinte forma: esses insetos são atraídos pelas cores, cheiros e a presença do néctar, que é um líquido doce cheio de energia. Ao pousar sob a flor, seu corpo fica cheio de pólen, e ao visitarem outra flor o pólen é recebido por ela e assim acontece a fecundação.
A polinização pelas abelhas é tão importante que o benefício pode gerar 43 bilhões de reais para a agricultura brasileira.
Alguns exemplos de cultivos que são altamente dependentes da polinização são café, laranja, maçã e soja.
A polinização por animais está ameaçada devido a fatores como perda de habitat, agrotóxicos, mudanças climáticas e espécies invasoras. Isso pode ameaçar seriamente a produção agrícola mundial.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Fonte de alimentos, nutrientes, água e diferentes formas de vida, o solo é um dos recursos naturais que mais tem sofrido com a degradação causada por uso inadequado. Problemas como erosão, perda de matéria orgânica e de biodiversidade desafiam produtores e especialistas a desenvolver técnicas sustentáveis de plantio e manejo para preservar os diferentes tipos de solo do país.
Nesta segunda-feira, 15 de abril, é celebrado o Dia Nacional de Conservação do Solo. A data foi instituída pela Lei Federal 7.876/1989 como homenagem a Hugh Hammond Bennett, considerado o pai da conservação do solo nos Estados Unidos. O objetivo é promover uma reflexão sobre a necessidade de utilizar o solo de forma adequada e sustentável.
Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) mostra que mais da metade do solo da América Latina sofre algum tipo de degradação. No mundo, o percentual de degradação é de 33%. Os prejuízos mais evidentes são a compactação da terra, que agrava os impactos de enchentes, a perda de fertilidade e a menor captação de carbono da atmosfera.
Segundo Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cocais) e que integrou o Painel Intergovernamental de Solos da ONU, os solos brasileiros também estão sofrendo com degradação de diferentes tipos.
“Não é só erosão, é salinização, poluição, perda de nutrientes, acidificação. Por exemplo, se você cultiva e não faz uma adubação orgânica mineral, só retirando, sem repor, o sistema não fica em equilíbrio. Quando produz um alimento, você retira nutrientes do solo. E o desequilíbrio criado é um tipo de degradação”, explica.
A especialista pondera que a evolução da agricultura brasileira tem proporcionado o desenvolvimento de boas práticas, como cultivo em rotação de culturas, plantio direto, Integração Lavoura Pecuária e Florestas, fixação biológica de nitrogênio, entre outras. Algumas dessas práticas também ajudam a reduzir o volume de insumos e defensivos aplicados.
O Brasil tem seguido as recomendações do manual voluntário de práticas sustentáveis de manejo do solo, criado no âmbito da Aliança Global pelo Solo, segundo o especialista em ciência do solo, Jefé Leão Ribeiro, integrante da Coordenação de Conservação do Solo e Água, da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“O Brasil sofre dos mesmos problemas globais. Com certeza há problemas de degradação, mas temos um diferencial, porque os sistemas produtivos fomentados pelo governo são sustentáveis. Agora, tem que ampliar o alcance das boas práticas”, disse Ribeiro.
O principal cuidado a ser adotado para preservar o solo é protegê-lo da exposição à chuva, vento e produtos que levam à perda de matéria orgânica e à redução da capacidade de cultivo. “Se a gente não conservar os solos, não vamos ter a produção de alimentos de que necessitamos para a população em crescimento”, comenta Maria de Lourdes.
O engenheiro agrônomo Maurício Carvalho, que também integra a Coordenação de Conservação do Solo e Água do Mapa, reforça que a cobertura do solo, seja com palha ou capim, é essencial quando se trata de conservação. “É preciso manter o solo coberto para permitir a reciclagem de nutrientes”, explica.
Foi com esse objetivo que, há cinco anos, a fazenda “Amigos do Cerrado”, situada no Núcleo Rural Casa Grande, em Ponte Alta do Gama, a cerca de 50 km do centro de Brasília, fez a opção por um sistema de plantio orgânico seguindo os princípios de uma floresta de alimentos.
O carro chefe da produção da fazenda é a fruticultura, com destaque para o limão e a mexerica. Por semana, a fazenda comercializa em média cem caixas com duas toneladas de frutas orgânicas para grandes redes de supermercado e indústrias de sucos naturais.
Junto com o limão e a mexerica são plantados mandioca, banana, eucalipto e mogno. Em alguns pontos, também foram plantadas espécies nativas do cerrado, como baru, e frutos típicos de outras regiões, como o avocado. A fazenda usa capim para proteger as leiras (sulcos) onde são plantadas as sementes. Todo tipo de material orgânico é utilizado para reforçar a cobertura do solo, inclusive restos de poda da cidade que iriam para o lixo. “A gente chega a utilizar 140 toneladas de material para cobrir a leira”, explica Raul Monteiro, engenheiro agrônomo e responsável técnico da fazenda.
Equipe do Mapa visitou a fazenda um dia depois de um temporal e não havia nenhum sinal de terra arrastada pela água da chuva. Embaixo da cobertura de capim, roçado seis vezes por ano, a presença de muitas minhocas e outros animais indicam a alta fertilidade da terra.
Para imitar um ambiente florestal, foram intercaladas aos pés de limão e mexerica outras plantas de maior porte, como eucalipto e bananeiras, que dão sombra, geram insumos e reservam água. O objetivo é que o sistema seja autossustentável e que produza mais recursos do que consome.
“Aqui é um sistema agroflorestal mais voltado para agricultura sintrópica, onde misturamos uma diversidade de plantas, que têm raízes diferentes e emitem seiva para os micro-organismos do solo, permitindo a infiltração da água. Esse solo se torna uma esponja, uma caixa d’água, que vai alimentar o lençol freático e o rio”, explicou Carvalho.
A técnica de plantar diferentes culturas e proteger o solo permite que, mesmo no período de estiagem, o solo continue úmido e não necessite de irrigação diária com a água do poço.
“Eu costumo falar que se você planta banana, você planta água. Na seca, eu exploro a banana e uso como adubadeira. No auge da seca, eu molho por 20 minutos cada ramal por semana”, comenta Pedro.
Buscando viabilidade econômica, a escolha da fazenda Amigos do Cerrado pela variedade de plantas trouxe ainda o benefício de afastar o ataque de pragas e doenças. Antes, a área da fazenda servia apenas para plantio convencional em larga escala de milho e mandioca e boa parte do custo de produção era para comprar defensivos químicos.
“Eu não quero nem pensar naquele tempo, porque eram 150, 200 litros de agrotóxico. No convencional, a gente trabalha com o solo pelado, explorando o solo. Aqui estamos protegendo o solo e conseguindo mais matéria orgânica. Isso significa custo mais baixo e benefício pra terra. Hoje, rende mais pra gente e sem contar o privilégio de trabalhar numa área dessa e a qualidade de vida”, comemora Pedro Monteiro Filho, gerente da Fazenda.
A estratégia de mesclar as culturas também colabora para o surgimento de novas plantas no ambiente, além de diversificar a renda da propriedade. Apesar de ser uma agrofloresta urbana para larga escala, também pode ser replicável na agricultura familiar.
“É um sistema que com potencial muito grande para ajudar a agricultura familiar. Isso aqui é solução para conservação de solo, de água, diversidade e fontes de renda diversas”, comentou Carvalho.
O trabalho da fazenda é desenvolvido com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A fazenda promove visitas guiadas para compartilhar experiência e as conquistas com o novo sistema e almeja dobrar a área de produção este ano.
No interior do Maranhão, outra técnica tem feito a diferença no uso do solo. Em parceria com a Embrapa Meio Norte, a Fazenda Santa Luzia, situada em São Raimundo das Mangabeiras, adota a chamada Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILFP) há mais de anos. Desde que iniciou o processo, a fazenda, que planta basicamente milho e soja, aumentou o percentual de matéria orgânica do solo e aumentou em pelo menos 50% a produtividade.
Basicamente, a prática consiste em fazer o rodízio de diferentes culturas e intercalar os espaços de pastagem do gado com capim braquiária, que forma uma palhada e protege o solo da ação degenerativa. No último veranico que atingiu a região, em que se passaram 32 dias sem chuva, a palhada evitou prejuízos.
“Quando colhe o milho, a braquiária já está grande, aí a gente traz o gado. A palhada traz benefícios para o solo e para os animais. Tem sempre capim para o animal em época de escassez e o solo não fica exposto. Quando vem o próximo plantio, a semente aguenta mais, retém umidade e germina”, explica a técnica agropecuária da fazenda, Marcileia Guimarães.
A fazenda adota a integração na área total de seis mil hectares e se tornou referência na técnica na região. Atualmente, está desenvolvendo de forma mais intensa a pesquisa na área de floresta, plantando eucaliptos e outras árvores que fazem sombra ao redor das palhadas para evitar que o solo e os animais fiquem expostos ao sol.
O grupo também tem feito, em parceria com a Embrapa, cruzamentos de várias raças de boi para chegar ao chamado ‘boi tropical’, que é mais adaptado às pastagens naturais da região Nordeste e não degrada tanto o solo, pois consome menos recursos. “O boi tropical tem rusticidade, precocidade e outras características, come de tudo e não precisa de um pasto especial”, explicou a técnica.
Um dos maiores gargalos do Brasil para garantir o cuidado mais efetivo do solo é a ausência de um levantamento detalhado sobre as características do território brasileiro. Segundo pesquisadores da área, a falta de dados sobre o recurso natural dificulta a formulação de políticas de conservação e recuperação de áreas degradadas.
“As escalas de conhecimento do nosso solo estão muito defasadas. Nós precisamos de informações mais detalhadas para tomar decisões mais acertadas a respeito do uso, manejo e conservação. O conhecimento é a base da conservação. Em conhecendo os solos, você pode definir o que é melhor para a agricultura, para a paisagem, para conservação”, afirma Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Embrapa.
Para preencher essa lacuna, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha para acelerar o Programa Nacional de Solos (Pronasolos). Liderado pela Embrapa Solos e composto por várias instituições de pesquisa, o programa tem como objetivo desenvolver no prazo de 30 anos um mapeamento que permita conhecer as propriedades do solo, as suas aptidões e os principais riscos a que está exposto.
“Os Estados Unidos, que são nossos concorrentes na balança comercial, já têm isso há muito tempo. Eles conhecem seus solos na escala de um para 20 mil, enquanto que no Brasil nós não temos nem uma escala de um para 100 mil. Ou seja, eles têm informações de solos cinco, dez, cem vezes mais detalhadas do que nós temos, dependendo da região”, comenta a pesquisadora.
Segundo a Embrapa, menos de 5% do território brasileiro conta com mapas de solos em escala de um para 100 mil ou maior. Em alguns estados brasileiros, como o Paraná, já é possível acessar dados sobre o solo na escala de 1 para 25 mil. Mas, na região Norte, por exemplo, os mapeamentos disponíveis ainda são da década de 80, com informações de um para um milhão.
O Pronasolos foi criado em 2015 e ainda aguarda a instalação dos comitês executivo e gestor. O Ministério da Agricultura já recebeu indicações de órgãos parceiros e deve finalizar neste semestre a composição do conselho para dar andamento ao programa.
A expectativa dos pesquisadores é de que o programa permita a formação de uma base de dados para subsidiar políticas públicas no meio rural e nas cidades, como a identificação dos solos e locais mais adequados para construção de casas, rodovias; previsão de catástrofes, planejamento do uso da terra e plantio cada cultura, entre outros benefícios.
No escopo de ações que devem favorecer a qualidade e fertilidade do solo, o Ministério também está ampliando o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e recentemente criou o grupo de trabalho para desenvolver o Programa Bioinsumos, que visa organizar o marco legal dos insumos biológicos para agricultura orgânica.
Fonte: Portal CompreRural
Foto: Antonio Araujo/Mapa
A prática da coivara, método que utiliza o fogo para preparar a terra antes de um plantio, começou com populações ancestrais, mas até hoje acompanha agricultores na Amazônia. Os índios, no entanto, levavam décadas para retornar a uma mesma área, dando tempo para a floresta se regenerar. Hoje, o fogo frequente acaba por gerar degradação de terras na região.
A partir do empoderamento das filhas mulheres pelo acesso a estudo e conhecimento técnico, a Família Soares descobriu que havia uma solução mais interessante para produzir na Amazônia: os sistemas agroflorestais. Os Soares são responsáveis por uma caprichada casa de farinha e, aos poucos, estão investindo em outros produtos além da mandioca, em um plantio integrado com árvores frutíferas e nativas da Amazônia, capaz de aliar produção e preservação e gerar mais renda para a família.
Fonte: Canal WRI Brasil / YouTube
Este vídeo mostra o manejo do esterco para adubação orgânica, integrado ao minhocário. Foram utilizados esterco de galinha do galinheiro e o esterco de cavalo. Todo esse material é misturado com serragem ou pó de serra, buscados em uma madeireira. Na última etapa, o material é levado para as minhocas, para que elas o transformem em húmus — um material muito rico e muito fértil. Assim, o solo é o nosso próprio fertilizante orgânico.
Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube
Acompanhe a manutenção e manejo de um SAF (Sistema Agroflorestal). Essa área está com o solo fraco e faltou manejo para que estivesse melhor. Então, a opção foi roçar e passar o tratorito nas entrelinhas, entrando com um pouco de calcário para preparar a área para o plantio quando entrar a chuva.
Manejo é tudo!
Fonte: Canal Quintal Florestal / YouTube
O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, apenas atrás da água. Com mais de 2 milhões de hectares plantados, o Brasil é líder na produção mundial, no entanto, esta superprodução tem um preço. O método empregado pelo agronegócio está empobrecendo o solo, acabando com a água, a biodiversidade e produzindo alimento envenenado.
Porém, existem produtores que já perceberam isso e vão na contra mão deste pensamento, produzindo em um Sistema Agroflorestal. O café é plantado em meio a uma grande diversidade de plantas, garantindo proteção contra doenças e alta produtividade, além de revitalizar nascentes e trazer de volta a vida silvestre.
Com os fertilizantes e a água cada vez mais escassos, o sistema agroflorestal tem se mostrado como a única solução para salvação da agricultura no futuro. Produtores de café do Espírito Santo e Minas Gerais, os dois estados onde mais se produz café no Brasil, já compreenderam que podem melhorar de vida e agregar valor ao produzir desta forma. Os compradores locais e internacionais estão priorizando quem produz assim, ninguém quer participar da destruição da natureza.
A mensagem que fica: O futuro será agroflorestal, ou não será nada.
Fonte: Canal Heitor Delpupo / Youtube
Documentário produzido como Trabalho de Conclusão de Curso.
Curso de Comunicação Social / Universidade Federal Fluminense
2022
Vídeo aula do Projeto Cadeias Produtivas Sustentáveis, no extremo sul da Bahia. Uma parceria entre o Programa Arboretum, PretaTerra e WRI Brasil. Com apoio do Instituto humanize.
Fonte: Canal WRI Brasil / Youtube
Vídeo aula do Projeto Cadeias Produtivas Sustentáveis, no extremo sul da Bahia. Uma parceria entre o Programa Arboretum, PretaTerra e WRI Brasil. Com apoio do Instituto humanize.
Fonte: Canal WRI Brasil / Youtube
Vídeo aula do Projeto Cadeias Produtivas Sustentáveis, no extremo sul da Bahia. Uma parceria entre o Programa Arboretum, PretaTerra e WRI Brasil. Com apoio do Instituto humanize.
Fonte: Canal WRI Brasil / Youtube
Ernst Götsch é o criador da agricultura sintrópica, prática que visa harmonizar as atividades humanas com os processos naturais de vida existentes de cada lugar. A técnica se baseia na sucessão e estratificação natural de cada espécie considerando o ciclo de vida e o espaço de cada ser vivo.
Fonte: Canal Agenda Gotsch / YouTube
Vídeo aula do Projeto Cadeias Produtivas Sustentáveis, no extremo sul da Bahia. Uma parceria entre o Programa Arboretum, PretaTerra e WRI Brasil. Com apoio do Instituto humanize.
Fonte: Canal WRI Brasil / Youtube
A Amazônia está próxima do ponto de não retorno, ou seja, com a destruição de suas florestas o ambiente se torna mais seco e muito susceptível ao fogo. Sua degradação cria alças de reforço negativo, que nos distanciam cada vez mais das possibilidades de recuperá-la.
Mas existem soluções que podem reverter esse processo, uma delas é a agricultura sintrópica, tecnologia criada pelo pesquisador e agricultor, Ernst Götsch.
Neste filme, Ernst apresenta uma de suas propostas de como recuperar pastos e capoeira degradados com o intuito de recuperar a forma e a função da floresta original, ao mesmo tempo que produzimos muita comida. Sua proposta é digna de um prêmio Nobel, pois pode resolver muitos dos problemas criados por nós mesmos.
Fonte: Canal CEPEAS / YouTube
Você provavelmente já ouviu falar sobre compostagem, mas sabia que esse processo vai muito além de apenas jogar restos de comida em uma pilha de terra?
A compostagem é uma técnica milenar que transforma resíduos orgânicos em nutrientes valiosos para o solo e as plantas. Neste post, vamos explorar algumas curiosidades fascinantes sobre a compostagem e descobrir por que ela é tão importante para o nosso planeta.
A compostagem é muitas vezes chamada de “ouro negro” devido à sua capacidade de transformar resíduos em um material rico em nutrientes que pode melhorar a fertilidade do solo e aumentar a produtividade das plantas.
A compostagem ajuda a reduzir o desperdício de alimentos e resíduos orgânicos, que são uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa nos aterros sanitários.
Na compostagem, microrganismos como bactérias e fungos são os verdadeiros heróis. Eles quebram a matéria orgânica em compostos mais simples, transformando-a em um material rico em nutrientes para o solo.
Você não precisa de um grande espaço para compostar. A compostagem doméstica pode ser feita em pequenas pilhas ou com composteiras específicas para apartamentos e casas sem quintal.
Além da compostagem doméstica, existem usinas de compostagem em grande escala que processam resíduos orgânicos de cidades inteiras, transformando-os em adubo para áreas agrícolas, hortas e jardins. Nós do Ciclo Orgânico, compostamos resíduos residênciais, de empresas, escolas, creches, escritórios etc.
Compostagem bem-feita não causa mau cheiro. A presença de ar no processo de compostagem ajuda a evitar a formação de odores desagradáveis.
Agricultores têm usado compostagem por séculos para melhorar a saúde do solo e aumentar a produção de culturas. O composto ajuda a reter a umidade do solo, reduzindo a necessidade de irrigação.
A compostagem é um processo natural que ocorre na natureza quando folhas caídas, galhos e outros resíduos orgânicos se decompõem, enriquecendo o solo das florestas e ecossistemas.
A compostagem reduz significativamente as emissões de metano, um poderoso gás de efeito estufa, que é produzido quando os resíduos orgânicos apodrecem em aterros sanitários.
A compostagem completa um círculo virtuoso, onde os alimentos que consumimos são cultivados em solos saudáveis, enriquecidos pelo composto resultante da decomposição de resíduos orgânicos.
A compostagem é uma prática simples, acessível e com imensos benefícios para o meio ambiente e nossa própria qualidade de vida. Ao adotar a compostagem em casa ou apoiar iniciativas de compostagem em larga escala, estamos fazendo nossa parte para reduzir o desperdício, enriquecer o solo e preservar os recursos naturais do nosso planeta. Vamos juntos fazer a diferença e abraçar essa técnica valiosa que nos conecta com a natureza e nutre o futuro sustentável que buscamos.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Pedro Bial deu voz à Floresta na série a “A Natureza está Falando”, da Conservação Internacional em 2016, fazendo um aviso: “A natureza não precisa das pessoas. As pessoas precisam da natureza”. Hoje Pedro volta para dar voz às florestas que estão sendo consumidas pelas chamas, trazendo cientistas renomados como Carlos Nobre, Thomas Lovejoy e Felipe Pasini para debater sobre o futuro. Não da floresta, mas da espécie humana.
Fonte: Canal Life in Syntropy / YouTube
O Vale do Paraíba Paulista já foi uma das regiões econômicas mais importantes do país. Hoje, no entanto, há um grande passivo de áreas degradadas. Essas áreas podem ser restauradas e reflorestadas com espécies nativas e com modelos de produção como os sistemas agroflorestais.
Patrick, produtor rural do Vale, mostra que a agrofloresta e a restauração não são um sonho distante: é possível diversificar a produção e gerar renda, ao mesmo tempo em que se recupera o solo, a água e se planta florestas na fazenda.
Patrick começou sua jornada com o reflorestamento do guanandi, uma espécie de madeira nativa. Hoje, o guanandi pode ser usando para agregar valor em produtos de móveis de designers que, até pouco tempo, não sabiam que era possível usar madeira que não fosse de desmatamento. Depois, embarcou em projetos de agroflorestas, combinando o plantio de árvores com produção agrícola.
Com esse modelo, Patrick espera disseminar os sistemas agroflorestais e incentivar a restauração de 40 mil hectares em todo o Vale do Paraíba, promovendo a economia e criando uma nova Era de Ouro da produção sustentável.
Saiba mais na página:
O Brasil é o país das florestas. Mas a relação com elas precisa mudar. Chegou a hora de restaurar. A série As Caras da Restauração conta cinco histórias de brasileiros que estão plantando árvores e transformando sua relação com a terra a partir da restauração das florestas.
São pessoas de diferentes classes sociais e regiões do país que mostram como estão fazendo a restauração acontecer, vencendo desafios e gargalos, renovando a paisagem e suas histórias de vida. Cada história contém um episódio em vídeo e uma longa reportagem. O Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. A família Soares, Bruno Mariani, Silvany Lima, Patrick Assumpção e o casal Emerson e Viviane ajudam a mostrar como isso é possível.
Acompanhe em wribrasil.org/ascarasdarestauracao
Fonte: WRI Brasil / YouTube
Produzido pela Agenda Gotsch, este episódio apresenta o trabalho de Juã e Rômulo, dois jovens que têm demonstrado que serviços ambientais são a consequência de uma boa agricultura.
A agricultura sintrópica pode ser definida como um modelo em que os processos agrícolas se assemelham aos processos naturais, tanto no que diz respeito à sua função como à sua dinâmica.
Ao contrário do que acontece na entropia, a sintropia é a passagem de algo mais simples para um mais complexo, ou seja, engloba uma série de ações completamente conscientes que têm como finalidade potencializar a reestruturação, o equilíbrio e a aceleração metabólica de um organismo ou sistema concreto.
Em suma, a agrossilvicultura é uma forma de cultivo múltiplo em que se procura satisfazer uma série de condições básicas que são a existência de várias espécies, pelo menos duas, que interagem biologicamente; geralmente pelo menos um dos componentes é uma planta lenhosa perene; e, finalmente, pelo menos dois dos componentes são geridos de forma a atingir os objectivos do agricultor que gere a exploração agrícola.
Os diferentes componentes estão distribuídos em diferentes estratos a nível espacial e temporal. As formas de produção agroflorestal podem ser aplicadas tanto em ecossistemas frágeis como naqueles mais estáveis e à escala desde uma pequena propriedade apenas para fins de subsistência, até grandes áreas cujo objectivo é a comercialização dos produtos obtidos. Los objetivos, por tanto, son lograr una diversificación de la producción, aumentar el nivel de materia orgánica en el suelo, fijar nitrógeno atmosférico, reciclar los nutrientes, optimizar al máximo la producción del sistema y modificar, en parte, el microclima donde están establecidos os cultivos.
Este sistema foi desenvolvido por Ernst Götsch, que da Suíça mudou-se para o Brasil em 1982, após ensinar métodos de agricultura sustentável a refugiados nicaraguenses na Costa Rica, durante a guerra civil nicaraguense, onde se dedicou a aconselhar o proprietário de uma área improdutiva que estava localizado na Bahia e onde comprou a fazenda que se propunha recuperar, por meio de reflorestamento e implantação do cultivo do cacau. Ao longo dos anos treinou diversos agricultores, que estão difundindo seus conhecimentos sobre manejo sintrópico. Embora inicialmente este método só fosse aplicado em pequenas propriedades, em algum momento Ernst mudou para a agricultura em grande escala, com sucesso.
No vídeo, Ernst Götsch fala brevemente sobre os princípios de vida nos quais se baseia a agricultura sintrópica.
Fonte: Ecoportal
Especialistas destacam boas práticas agropecuárias, preservação do solo e a necessidade de mapeamento do território brasileiro.
Fonte de alimentos, nutrientes, água e diferentes formas de vida, o solo é um dos recursos naturais que mais tem sofrido com a degradação causada por uso inadequado. Problemas como erosão, perda de matéria orgânica e de biodiversidade desafiam produtores e especialistas a desenvolver técnicas sustentáveis de plantio e manejo para preservar os diferentes tipos de solo do país.
Nesta segunda-feira, 15 de abril, é celebrado o Dia Nacional de Conservação do Solo. A data foi instituída pela Lei Federal 7.876/1989 como homenagem a Hugh Hammond Bennett, considerado o pai da conservação do solo nos Estados Unidos. O objetivo é promover uma reflexão sobre a necessidade de utilizar o solo de forma adequada e sustentável.
Estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) mostra que mais da metade do solo da América Latina sofre algum tipo de degradação. No mundo, o percentual de degradação é de 33%. Os prejuízos mais evidentes são a compactação da terra, que agrava os impactos de enchentes, a perda de fertilidade e a menor captação de carbono da atmosfera.
Segundo Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cocais) e que integrou o Painel Intergovernamental de Solos da ONU, os solos brasileiros também estão sofrendo com degradação de diferentes tipos.
“Não é só erosão, é salinização, poluição, perda de nutrientes, acidificação. Por exemplo, se você cultiva e não faz uma adubação orgânica mineral, só retirando, sem repor, o sistema não fica em equilíbrio. Quando produz um alimento, você retira nutrientes do solo. E o desequilíbrio criado é um tipo de degradação”, explica.
A especialista pondera que a evolução da agricultura brasileira tem proporcionado o desenvolvimento de boas práticas, como cultivo em rotação de culturas, plantio direto, Integração Lavoura Pecuária e Florestas, fixação biológica de nitrogênio, entre outras. Algumas dessas práticas também ajudam a reduzir o volume de insumos e defensivos aplicados.
O Brasil tem seguido as recomendações do manual voluntário de práticas sustentáveis de manejo do solo, criado no âmbito da Aliança Global pelo Solo, segundo o especialista em ciência do solo, Jefé Leão Ribeiro, integrante da Coordenação de Conservação do Solo e Água, da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“O Brasil sofre dos mesmos problemas globais. Com certeza há problemas de degradação, mas temos um diferencial, porque os sistemas produtivos fomentados pelo governo são sustentáveis. Agora, tem que ampliar o alcance das boas práticas”, disse Ribeiro.
O principal cuidado a ser adotado para preservar o solo é protegê-lo da exposição à chuva, vento e produtos que levam à perda de matéria orgânica e à redução da capacidade de cultivo. “Se a gente não conservar os solos, não vamos ter a produção de alimentos de que necessitamos para a população em crescimento”, comenta Maria de Lourdes.
O engenheiro agrônomo Maurício Carvalho, que também integra a Coordenação de Conservação do Solo e Água do Mapa, reforça que a cobertura do solo, seja com palha ou capim, é essencial quando se trata de conservação. “É preciso manter o solo coberto para permitir a reciclagem de nutrientes”, explica.
Foi com esse objetivo que, há cinco anos, a fazenda “Amigos do Cerrado”, situada no Núcleo Rural Casa Grande, em Ponte Alta do Gama, a cerca de 50 km do centro de Brasília, fez a opção por um sistema de plantio orgânico seguindo os princípios de uma floresta de alimentos.
O carro chefe da produção da fazenda é a fruticultura, com destaque para o limão e a mexerica. Por semana, a fazenda comercializa em média cem caixas com duas toneladas de frutas orgânicas para grandes redes de supermercado e indústrias de sucos naturais.
Junto com o limão e a mexerica são plantados mandioca, banana, eucalipto e mogno. Em alguns pontos, também foram plantadas espécies nativas do cerrado, como baru, e frutos típicos de outras regiões, como o avocado. A fazenda usa capim para proteger as leiras (sulcos) onde são plantadas as sementes. Todo tipo de material orgânico é utilizado para reforçar a cobertura do solo, inclusive restos de poda da cidade que iriam para o lixo. “A gente chega a utilizar 140 toneladas de material para cobrir a leira”, explica Raul Monteiro, engenheiro agrônomo e responsável técnico da fazenda.
Equipe do Mapa visitou a fazenda um dia depois de um temporal e não havia nenhum sinal de terra arrastada pela água da chuva. Embaixo da cobertura de capim, roçado seis vezes por ano, a presença de muitas minhocas e outros animais indicam a alta fertilidade da terra.
Para imitar um ambiente florestal, foram intercaladas aos pés de limão e mexerica outras plantas de maior porte, como eucalipto e bananeiras, que dão sombra, geram insumos e reservam água. O objetivo é que o sistema seja autossustentável e que produza mais recursos do que consome.
“Aqui é um sistema agroflorestal mais voltado para agricultura sintrópica, onde misturamos uma diversidade de plantas, que têm raízes diferentes e emitem seiva para os micro-organismos do solo, permitindo a infiltração da água. Esse solo se torna uma esponja, uma caixa d’água, que vai alimentar o lençol freático e o rio”, explicou Carvalho.
A técnica de plantar diferentes culturas e proteger o solo permite que, mesmo no período de estiagem, o solo continue úmido e não necessite de irrigação diária com a água do poço.
“Eu costumo falar que se você planta banana, você planta água. Na seca, eu exploro a banana e uso como adubadeira. No auge da seca, eu molho por 20 minutos cada ramal por semana”, comenta Pedro.
Buscando viabilidade econômica, a escolha da fazenda Amigos do Cerrado pela variedade de plantas trouxe ainda o benefício de afastar o ataque de pragas e doenças. Antes, a área da fazenda servia apenas para plantio convencional em larga escala de milho e mandioca e boa parte do custo de produção era para comprar defensivos químicos. “Eu não quero nem pensar naquele tempo, porque eram 150, 200 litros de agrotóxico. No convencional, a gente trabalha com o solo pelado, explorando o solo. Aqui estamos protegendo o solo e conseguindo mais matéria orgânica. Isso significa custo mais baixo e benefício pra terra. Hoje, rende mais pra gente e sem contar o privilégio de trabalhar numa área dessa e a qualidade de vida”, comemora Pedro Monteiro Filho, gerente da Fazenda.
A estratégia de mesclar as culturas também colabora para o surgimento de novas plantas no ambiente, além de diversificar a renda da propriedade. Apesar de ser uma agrofloresta urbana para larga escala, também pode ser replicável na agricultura familiar.
“É um sistema que com potencial muito grande para ajudar a agricultura familiar. Isso aqui é solução para conservação de solo, de água, diversidade e fontes de renda diversas”, comentou Carvalho.
O trabalho da fazenda é desenvolvido com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A fazenda promove visitas guiadas para compartilhar experiência e as conquistas com o novo sistema e almeja dobrar a área de produção este ano.
No interior do Maranhão, outra técnica tem feito a diferença no uso do solo. Em parceria com a Embrapa Meio Norte, a Fazenda Santa Luzia, situada em São Raimundo das Mangabeiras, adota a chamada Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILFP) há mais de anos. Desde que iniciou o processo, a fazenda, que planta basicamente milho e soja, aumentou o percentual de matéria orgânica do solo e aumentou em pelo menos 50% a produtividade.
Basicamente, a prática consiste em fazer o rodízio de diferentes culturas e intercalar os espaços de pastagem do gado com capim braquiária, que forma uma palhada e protege o solo da ação degenerativa. No último veranico que atingiu a região, em que se passaram 32 dias sem chuva, a palhada evitou prejuízos.
“Quando colhe o milho, a braquiária já está grande, aí a gente traz o gado. A palhada traz benefícios para o solo e para os animais. Tem sempre capim para o animal em época de escassez e o solo não fica exposto. Quando vem o próximo plantio, a semente aguenta mais, retém umidade e germina”, explica a técnica agropecuária da fazenda, Marcileia Guimarães.
A fazenda adota a integração na área total de seis mil hectares e se tornou referência na técnica na região. Atualmente, está desenvolvendo de forma mais intensa a pesquisa na área de floresta, plantando eucaliptos e outras árvores que fazem sombra ao redor das palhadas para evitar que o solo e os animais fiquem expostos ao sol.
O grupo também tem feito, em parceria com a Embrapa, cruzamentos de várias raças de boi para chegar ao chamado ‘boi tropical’, que é mais adaptado às pastagens naturais da região Nordeste e não degrada tanto o solo, pois consome menos recursos. “O boi tropical tem rusticidade, precocidade e outras características, come de tudo e não precisa de um pasto especial”, explicou a técnica.
Um dos maiores gargalos do Brasil para garantir o cuidado mais efetivo do solo é a ausência de um levantamento detalhado sobre as características do território brasileiro. Segundo pesquisadores da área, a falta de dados sobre o recurso natural dificulta a formulação de políticas de conservação e recuperação de áreas degradadas.
“As escalas de conhecimento do nosso solo estão muito defasadas. Nós precisamos de informações mais detalhadas para tomar decisões mais acertadas a respeito do uso, manejo e conservação. O conhecimento é a base da conservação. Em conhecendo os solos, você pode definir o que é melhor para a agricultura, para a paisagem, para conservação”, afirma Maria de Lourdes Mendonça, pesquisadora da Embrapa.
Para preencher essa lacuna, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) trabalha para acelerar o Programa Nacional de Solos (Pronasolos). Liderado pela Embrapa Solos e composto por várias instituições de pesquisa, o programa tem como objetivo desenvolver no prazo de 30 anos um mapeamento que permita conhecer as propriedades do solo, as suas aptidões e os principais riscos a que está exposto.
“Os Estados Unidos, que são nossos concorrentes na balança comercial, já têm isso há muito tempo. Eles conhecem seus solos na escala de um para 20 mil, enquanto que no Brasil nós não temos nem uma escala de um para 100 mil. Ou seja, eles têm informações de solos cinco, dez, cem vezes mais detalhadas do que nós temos, dependendo da região”, comenta a pesquisadora.
Segundo a Embrapa, menos de 5% do território brasileiro conta com mapas de solos em escala de um para 100 mil ou maior. Em alguns estados brasileiros, como o Paraná, já é possível acessar dados sobre o solo na escala de 1 para 25 mil. Mas, na região Norte, por exemplo, os mapeamentos disponíveis ainda são da década de 80, com informações de um para um milhão.
O Pronasolos foi criado em 2015 e ainda aguarda a instalação dos comitês executivo e gestor. O Ministério da Agricultura já recebeu indicações de órgãos parceiros e deve finalizar neste semestre a composição do conselho para dar andamento ao programa.
A expectativa dos pesquisadores é de que o programa permita a formação de uma base de dados para subsidiar políticas públicas no meio rural e nas cidades, como a identificação dos solos e locais mais adequados para construção de casas, rodovias; previsão de catástrofes, planejamento do uso da terra e plantio cada cultura, entre outros benefícios.
No escopo de ações que devem favorecer a qualidade e fertilidade do solo, o Ministério também está ampliando o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e recentemente criou o grupo de trabalho para desenvolver o Programa Bioinsumos, que visa organizar o marco legal dos insumos biológicos para agricultura orgânica.
Fonte: Compre Rural
Fotos: Antonio Araujo/Mapa
A prática da agricultura é aprofundada quando reconhecemos o papel fundamental das plantas e dos animais. Viver de maneira conectada com a natureza nos leva a exercitar o corpo e a mente no sentido mais pleno.
Vídeo produzido pelo canal Agenda Gotsch / Youtube.
Trabalhar em equilíbrio com a natureza é foco de sistema que tem destaque a formação do solo, regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo da água Estabelecimento de áreas altamente produtivas e independentes de insumos externos tem como consequência a oferta de serviços ecossistêmicos, com especial destaque para a formação de solo, a regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo da água.
Trabalhar a favor da natureza e não contra ela, associar cultivos agrícolas com florestais, recuperar os recursos ao invés de explorá-los e incorporar conceitos ecológicos ao manejo de agroecossistemas são algumas das características da Agricultura Sintrópica, mas não são exclusivas dela.
Variações desses fundamentos podem estar associados respectivamente à Permacultura, à Agrofloresta, à Agricultura Regenerativa e à Agroecologia, por exemplo.
Certamente encontraremos aderência de objetivos e convergência de práticas entre essas e muitas outras práticas com bases ecológicas e, diante dos desafios ambientais que hoje enfrentamos, são todas muito benvindas e devem ser devidamente celebradas e estimuladas.
Uma primeira e simples distinção que poderíamos fazer seria relativa ao fato de que dentro desse universo de conceitos, alguns se referem a sistemas de uso da terra enquanto que outros são sistemas de design e outros ainda uma ciência ou um movimento social e político.
Detalhes da Agrofloresta Sintrópica
Na Agricultura Sintrópica cova passa a ser berço, sementes passam a ser genes, a capina é a colheita, concorrência e competição dão lugar à cooperação e ao amor incondicional e as pragas são, na verdade, os agentes-de-fiscalização-do-sistema. Esses e outros termos não surgem por acaso, mas sim, derivam de uma mudança na própria forma de ver, interpretar e se relacionar com a natureza.
A Agricultura Sintrópica é constituída por um conjunto teórico e prático de um modelo de agricultura desenvolvido por Ernst Götsch, no qual os processos naturais são traduzidos para as práticas agrícolas tanto em sua forma, quanto em sua função e dinâmica.
Na Agricultura Sintrópica o estabelecimento de áreas altamente produtivas e independentes de insumos externos tem como consequência a oferta de serviços ecossistêmicos, com especial destaque para a formação de solo, a regulação do micro-clima e o favorecimento do ciclo da água.
Fonte: Compre Rural
O Distrito Federal tem sido o berço de projetos sociais e ecológicos que buscam formas alternativas para cuidar das comunidades usuárias do sistema público de saúde. Pacientes têm a possibilidade de participar dos cuidados no plantio e cultivo de ervas medicinais diretamente nos hortos e se beneficiarem dessa produção. A distribuição ocorre tanto das plantas produzidas pelo próprio paciente, como o insumo é enviado para farmácias, a fim de serem manipulados e distribuídos como fitoterápicos.
Nilda Sena, 66 anos, é uma das participantes do Projeto Terraterapia, na Unidade Básica de Saúde 1 de Águas Claras. “Frequento desde 2021, quando fui ao clínico geral, por questões de saúde, e ele me direcionou à nutricionista, que me convidou para cuidar da horta”, contou. Desde então, ela tem feito parte ativamente dos cuidados com as plantas medicinais. “Plantamos e colhemos para uso próprio. As ervas me ajudam bastante, principalmente a carqueja, que me auxilia com o problema que tenho de retenção de líquido na região das pernas. Além da espinheira santa, que tem efeito diurético e antidepressivo, que eu preparo em forma de chás e consumo.”
Estando frequentemente na horta, ela percebe os efeitos positivos dentro da comunidade que participa. “O pessoal mexe diretamente nos cuidados com a terra e plantam as próprias verduras. As meninas ficam muito felizes em recolher um pé de alface, ver crescer, pôr um cuidado ali”, partilhou sobre a relação das pessoas com o cultivo.
Jesuana Lemos, 45, nutricionista e uma das coordenadoras do projeto, explica que o ato do cuidado com a terra faz parte de um dos objetivos principais da Terraterapia. “O nosso intuito aqui na horta é deixar um espaço interativo em que o paciente tem autonomia para tomar decisões. A horta é deles e a decisão é tomada sempre em conjunto, inclusive o nome Terraterapia foi decidido assim.”
Nos hortos medicinais agroflorestais biodinâmicos ocorre o cultivo e produção de plantas medicinais que se tornam fitoterápicos e são distribuídas para a população, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelo Distrito Federal. “Tudo começou em 2017/2018 quando o Lago Norte teve uma situação de epidemia de dengue muito grave e, junto à comunidade, nós buscamos estratégias para fazer um projeto que pudesse, a longo prazo, enfrentar a transmissão da doença e de outras zoonoses”, afirmou o médico Marcos Trajano, 43, um dos idealizadores do projeto.
Um dos primeiros territórios escolhidos para a limpeza e retirada do lixo, que poderia ter focos do mosquito da dengue, foi a UBS do Lago Norte. Por isso, os idealizadores do programa decidiram integrar o espaço, como uma forma de combate ao Aedes aegypti. “Com a ajuda da Fundação Oswaldo Cruz e de outros parceiros, como a Companhia da Nova Capital (Novacap) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), o projeto se expandiu e, hoje, o Distrito Federal conta com 14 unidades do horto localizadas em regiões administrativas, como em Ceilândia, Taguatinga, Brazlândia, Samambaia, e Santa Maria”, destacou.
Marcos Trajano explica que o horto nasce da iniciativa de integrar o cuidado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) para além dos procedimentos de saúde oferecidos pelo sistema (consultas, tratamentos e cirurgias), e de poder fazer isso de forma ecológica. A comunidade participa ativamente do cultivo e plantio dos insumos que são destinados à Farmácia Viva, para que sejam remanejados e distribuídos de forma segura. “É um encontro da ciência com o nosso compromisso de atuar contra os problemas causados pela emergência climática. Há o cuidado com a flora e com a fauna no desenvolvimento dos insumos que podem se transformar em medicamentos para a população”, diz Trajano.
Renata Esotico, fisioterapeuta integral e terapeuta floral, especializada em fitoterapia, explica que o uso das ervas medicinais e fitoterápicos ocorrem de formas variadas, incluindo com pílulas ou chás preparados em casa, e os benefícios são variados. “Por serem naturais, têm um melhor benefício orgânico, gerando o efeito que nós precisamos sem afetar o organismo com o resquício de toxicidade da medicação alopática.” Entre as possibilidades de ação das ervas no organismo, a terapeuta cita as propriedades anti-inflamatórias, antibióticas, calmantes e, em contrapartida, estimulantes.
“Pela visão da medicina tradicional chinesa, há ervas tranquilizantes como a cidreira e camomila que podem auxiliar no tratamento de questões psicológicas, acalmando em situações de frustração e rotinas estressantes. Além de auxiliar no bom funcionamento do fígado.” No entanto, há contraindicações em relação ao uso das plantas, e, segundo a terapeuta, a superdosagem das ervas pode ter um efeito prejudicial ao organismo. “Os riscos vão desde uma intoxicação e sobrecarga do organismo até agitação e insônia, comuns no uso excessivo de ervas estimulantes, como a ginseng e raízes como cúrcuma e gengibre.”
A fisioterapeuta reforça a importância de buscar orientação antes do uso dos fitoterápicos.
Atualmente, o horto trabalha com mais de 120 espécies de plantas diferentes, dentre elas, nove plantas que dão origem a 13 fitoterápicos diferentes, produzidos pelas Farmácia Viva do Riacho Fundo 1 e de Planaltina. Entre eles:
Fonte: Correio Brasiliense
A crise climática tem provocado debates em diferentes setores em economias do mundo todo. Um dos principais é o de produção de alimentos, no qual existem esforços para garantir itens de qualidade para todos, causando o menor impacto possível ao meio ambiente. Os sistemas agroflorestais (SAFs), caracterizados pela diversidade de culturas em um mesmo canteiro, apresenta-se como uma dessas alternativas ao método convencional.
Produção de alimentos orgânicos, geração de renda, conservação do solo e aumento da biodiversidade são algumas das vantagens do modelo, de acordo com Hamilton Favilla, assessor especial da Subsecretaria de Gestão de Águas e Resíduos Sólidos, da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do Distrito Federal. Ele também enumera como aspectos positivos a melhoria na qualidade de vida dos agricultores, a ampliação da ciclagem de nutrientes e o aumento da disponibilidade de água.
Hamilton detalha que o uso dessa tecnologia contribui para reordenar e restaurar o ambiente natural, por meio de uma produção em comunhão com a floresta. O sistema reúne, em uma mesma área, o plantio de hortaliças, de frutas e de madeiras, o que possibilita a recuperação de espaços degradados, a proteção do ecossistema e dos mananciais de água.
“Nesse tipo de agricultura, não é necessário o uso de defensivos químicos ou agrotóxicos. O ponto principal é a aplicação de adubos orgânicos de origem animal, principalmente oriundos do manejo das próprias agroflorestas”, destaca Favilla.
O projeto CITinova, coordenado pela Sema, implantou 20 hectares de sistemas agroflorestais mecanizados em 37 propriedades rurais do Distrito Federal. A iniciativa, financiada pelo Global Environment Facility — GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente) e implementada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), também desenvolveu equipamentos agrícolas, como enxada rotativa subsoladora; ceifadeira-enleiradeira; e podadora em altura. Foram plantados 1.100 indivíduos de 25 espécies de árvores nativas do Cerrado — gerando 52 variedades de alimentos produzidos —, 10.298 árvores frutíferas e 9.424 eucaliptos.
A professora aposentada Gedilene Lustosa, 51 anos, foi uma das contempladas pelo CITinova. Ela, que vem de uma família de assentados da reforma agrária e o marido é agricultor familiar desde os anos 1980, enveredou pelo caminho do magistério, mas sempre quis ter uma agrofloresta na propriedade onde vive, no Caub, sonho que começou a ser realizado em 2020.
Na chácara, a agrofloresta coexiste com canteiros de agricultura convencional, mas a nova forma de cultivo alterou hábitos no trabalho do marido. “A principal mudança é que não usamos mais pesticidas. Ele ainda usa fertilizante, coisa que eu não faço no meu SAF”, detalha. Para o combate de pragas, Gedilene lança mão de repelentes biológicos, como óleo de neem, calda de fumo, boveril e dipel.
O sonho foi motivado, principalmente, pela busca da preservação das nascentes da região. “Agora, o poço não seca mais na época de estiagem, e tenho maior diversidade de alimentos produzidos”, comemora.
O canteiro é um mosaico de culturas. Crescem, lado a lado, milho, banana, maracujá-pérola, laranja, mandioca, urucum, cúrcuma, cenoura e inhame. A renda da empreendedora foi impactada positivamente, sobretudo, após começar a comercializar cestas de vegetais encomendadas por pessoas de outras cidades do DF.
O Coletivo Aroeira adotou a agroecologia como forma de promover saúde mental e educação ambiental. O público-alvo das ações inclui profissionais do sexo, usuários de drogas, pessoas que passaram pelo sistema penitenciário e quem esteve em situação de rua.
No momento, o grupo, fundado em 2018, está em processo de instalação de uma agrofloresta no Parque Ecológico do Riacho Fundo, gerido pelo Instituto Brasília Ambiental, restaurando uma área que estava degradada. “Nosso objetivo é proporcionar diversidade de plantas, de frutas e de ervas medicinais para a população do Riacho Fundo 2. Em 16 de março de 2023, começamos a parte do plantio junto à comunidade, também oferecendo atividades de educação ambiental”, detalha Ana Cavalcanti, psicóloga integrante do coletivo.
A previsão é de que a estrutura tenha mais de 50 espécies, como milho, inhame, abóbora, mandioca, plantas medicinais, espécies frutíferas e nativas do Cerrado. “A vantagem do SAF é que ele nos permite que criemos uma floresta com todos os serviços ecológicos que esse espaço proporciona, como captação de água, limpeza do ar, mais qualidade de vida no solo e para a fauna local — abelhas e outros insetos —, conservação de espécies nativas e criação de um microclima”, elenca.
A psicóloga destaca, ainda, que, fora os benefícios para a comunidade, a educação ambiental, que é imperativo da agricultura agroflorestal, é um elemento central na discussão da crise climática. “Agroecologia sem debate político é apenas apenas jardinagem”, avalia a psicóloga.
Fonte: Correio Brasiliense
A restauração de paisagens e florestas é uma das medidas mais importantes para combater a emergência climática. Ao mesmo tempo em que é uma medida eficaz para proteger o solo, recuperar nascentes, deixar o ar mais limpo e a temperatura mais amena, a restauração também traz oportunidades de trabalho e retorno financeiro.
Além do plantio ecológico, existem modelos de restauração que atuam em conjunto com sistemas econômicos, gerando renda no meio rural, desenvolvendo uma economia florestal e, assim, beneficiando toda a sociedade.
Silvicultura de nativas é o plantio e cultivo de árvores de espécies nativas brasileiras para uso econômico. São plantios planejados para colheita e comercialização de madeira ou produtos florestais não madeireiros, gerando emprego e renda no campo.
Além da sua relevância econômica, a silvicultura de nativas tem presente um importante componente de sustentabilidade: por se tratar de espécies de árvores brasileiras, a atividade traz benefícios para a biodiversidade e contribui com serviços ecossistêmicos como a melhora da qualidade da água e do solo e o fornecimento de abrigo para fauna.
Também desempenham um papel fundamental no combate à emergência climática. Estudo recente publicado na revista Science identificou as florestas como partes importantes na mitigação das mudanças climáticas. Florestas plantadas capturam o carbono da atmosfera, que fica retido na madeira, ajudando a mitigar efeitos das emissões de gases de efeito estufa. A madeira de espécies nativas brasileiras é um produto de alto valor agregado que, em geral, tem um tempo de crescimento maior do que as espécies exóticas tradicionais. Por isso, essas árvores estocam carbono por um período mais longo, tanto durante o crescimento no campo quanto nos produtos de madeira sólida originados destas árvores. O período de crescimento mais prolongado também reduz a quantidade de intervenções que podem causar impactos no ambiente, como a colheita e a manutenção de estradas rurais.
Por fim, ao colocar madeira que foi plantada e cultivada para fins comerciais no mercado, a silvicultura de nativas ajuda a aliviar a pressão do desmatamento em áreas de florestas naturais. O plantio de espécies nativas pode ser feito mais próximo dos centros consumidores, eliminando desperdícios no processamento da madeira, empregando diferentes materiais genéticos, e ainda oferecendo outros benefícios. Dessa forma, o reflorestamento com nativas desempenha o papel duplo de impulsionar a economia por meio da comercialização de madeira de origem responsável e de ampliar a proteção das florestas ao desincentivar que árvores centenárias sejam utilizadas para o mesmo fim.
Se os benefícios ambientais do reflorestamento com nativas estão bem estabelecidos, podemos dizer os mesmos dos resultados econômicos da silvicultura de nativas? Por que um produtor deveria investir em plantar florestas?
A resposta é positiva. O WRI Brasil vem trabalhando nos últimos anos em identificar empresas, produtores rurais e organizações que plantam nativas para fins econômicos, e avaliar o resultado econômico dessas operações.
O projeto Verena, por exemplo, conduzido pelo WRI Brasil em parceria com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e com a Fundação GoodEnergies, desde 2016 trabalha para demonstrar o potencial econômico do reflorestamento com nativas. Em um estudo com 12 propriedades rurais da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, o projeto comprovou que a atividade é competitiva. A análise comparativa mostrou que o uso de espécies nativas gera um retorno econômico maior do que a silvicultura com espécies exóticas, visto que a taxa interna de retorno mediana obtida na análise foi de 12,9% dos modelos com nativas, contra 11% para cultivo de eucalipto.
São vários os modelos de plantio que um produtor rural pode implantar para apostar na silvicultura de nativas. Alguns dos modelos de negócios identificados pelo projeto Verena são:
Algumas das árvores nativas madeireiras mais utilizadas nos modelos são o paricá, o jequitibá-rosa, o louro-pardo, o louro-freijó, o mogno, o guanandi, a tatajuba e a família dos ipês. Já entre as espécies nativas de produtos não madeireiros estão o cacaueiro, o açaizeiro, a macaúba, a erva-mate, o cumaru, a candeia e a palmeira juçara.
Um dos nomes de sucesso na silvicultura de nativas no Brasil é Bruno Mariani. O empresário está à frente da Symbiosis Investimentos, empresa que trabalha com o reflorestamento comercial de espécies nativas da Mata Atlântica para produzir madeira serrada de alta qualidade. Bruno e sua empresa aliam tecnologia ao plantio com fins econômicos, trazendo da ciência e do mercado os instrumentos necessários para instaurar uma economia florestal ao mesmo tempo produtiva e sustentável.
A Symbiosis move uma bioeconomia de produtos florestais madeireiros, promove a restauração da Mata Atlântica, ajuda a recuperar serviços ambientais e realiza a captura de carbono tanto na madeira quanto no solo, sem perder a produtividade e o lucro. A empresa opera em um modelo que mantém 40% das áreas destinadas para conservação e 60% para a produção. Áreas de pastagem pouco produtivas empregam poucas pessoas; a Symbiosis, em comparação, mantém mais de 40 pessoas trabalhando em todas as etapas da cadeia da restauração.
Bruno Mariani não é o único. Empresas como a Futuro Florestal, a Amata e a Fazenda Nova Coruputuba também estão mostrando que é possível obter retorno financeiro com o plantio de árvores nativas.
Exemplos como o de Bruno Mariani sugerem o quanto a silvicultura com espécies nativas poderia ser beneficiada com mais investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Para suprir essa lacuna, uma rede de organizações parceiras, entre as quais o WRI Brasil, vem atuando ao longo dos últimos anos em diferentes projetos, estudos e iniciativas.
Investir em P&D pode alavancar ainda mais esse potencial. Para demonstrar o quanto, o WRI Brasil conduziu o estudo “Prioridades e Lacunas de Pesquisa & Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas no Brasil”, analisando diferentes cenários de investimento para estabelecer uma plataforma de P&D para espécies nativas da Amazônia e da Mata Atlântica. Um dos cenários, incluindo 30 espécies de árvores nativas, apontou um retorno de US$ 2,39 para cada dólar investido em um período de 20 anos.
Na esteira desse trabalho, em abril de 2021 a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura lançou o Programa de Pesquisa & Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas (PP&D-SEN). É o primeiro programa nacional de P&D para árvores nativas e vai conectar instituições de pesquisa, universidades, empresas, governos, sociedade civil e financiadores, formando uma rede inicial de 20 sítios para o desenvolvimento de pesquisas de espécies da Amazônia e da Mata Atlântica.
O PP&D-SEN vai abranger pesquisas em três áreas principais: produção florestal; meio ambiente e paisagem; e dimensões humanas. Estudar as relações entre essas áreas vai ajudar a compreender como elas influenciam a restauração na prática e, consequentemente, a promover a silvicultura com árvores nativas.
Silvicultura de nativas: bom para o clima, para a economia e para as pessoas
O Brasil tem o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas, de acordo com Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). A restauração florestal, por meio da silvicultura com espécies nativas, é uma das medidas mais eficazes para alcançarmos esse objetivo.
O investimento em Pesquisa & Desenvolvimento e a parceria entre o projeto Verena, empreendedores e entidades do setor podem ajudar a aumentar a escala da restauração e atrair os investimentos de que atividade precisa para se desenvolver e fazer parte da solução contra as mudanças climáticas. A silvicultura com espécies nativas é um ganho para o clima, para a economia e para as pessoas: a atividade tem o potencial de incentivar uma economia florestal pujante, gerar renda e oportunidades de trabalho no meio rural, além dos evidentes benefícios ambientais, como a captura de carbono e a melhora da qualidade do solo, da água e do ar que respiramos.
Fonte: WRI Brasil
O Brasil tem uma grande oportunidade no setor agropecuário: a de expandir seu rebanho bovino ao mesmo tempo em que cumpre o Código Florestal, protege florestas e regenera áreas naturais. Estudo publicado na revista científica Royal Society Open Science, de Londres, mostrou que a recuperação de pastagens degradadas pode aumentar o rebanho bovino brasileiro no tamanho de um Uruguai.
Para isso, é preciso melhorar a qualidade dos 69 milhões de hectares de pastagens degradadas no país. Recuperar essas áreas pode aumentar a produtividade da pecuária sem colocar em risco as florestas e a biodiversidade, gerando oportunidades de trabalho no meio rural e retornos econômicos para o país. Uma das formas de fazer isso é por meio da integração entre áreas de cultivo com pecuária e florestas.
Em uma série de três artigos, o WRI Brasil mostra modelos de restauração de paisagens e florestas com fins econômicos, identificando o importante papel que eles exercem dos pontos de vista ambiental, econômico e social. Neste texto, entenda o que é e como funciona a integração de lavoura e pecuária com as florestas, conhecida como iLPF.
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), também conhecida como sistema silvipastoril, é uma estratégia de produção sustentável que integra pecuária, atividades agrícolas e florestais, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes e otimizando aumentos da produtividade com a conservação de recursos naturais. Essa integração pode ser feita ao mesmo tempo ou de forma sucessiva, plantando um tipo de cultura que é, depois, substituído pela criação de animais ou pela plantação de vegetação nativa. São quatro os arranjos possíveis:
Em um país onde a pecuária é responsável por uma parcela importante do PIB do agronegócio, adotar a iLPF permite aumentar a produtividade sem a necessidade de abrir novas áreas de pastagens. Também é uma alternativa atrativa para a restauração porque, assim como a silvicultura de nativas e os sistemas agroflorestais, alia benefícios econômicos e ecológicos.
Segundo nota técnica da Embrapa, entre os benefícios ambientais da iLPF há a melhora os nutrientes no solo, o bem-estar dos animais e a proteção dos recursos naturais, além dos ganhos com o cultivo de alimentos saudáveis. Em termos econômicos, a técnica aumenta a produção de grãos, fibras, carne, leite e produtos madeireiros e não madeireiros e, com isso, gera empregos diretos e indiretos e contribui para a renda dos produtores.
Além disso, a iLPF pode ser uma ferramenta eficaz para que produtores rurais se protejam de eventos climáticos extremos. O estudo Papel do Plano ABC e do Planaveg na Adaptação da Agricultura e da Pecuária às Mudanças Climáticas avaliou o impacto de uma série de tecnologias agrícolas previstas no Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), incluindo os sistemas integrados. A análise da iLPF mostra que ela melhora o clima local e a qualidade do solo, reduz eventos extremos e pragas, além de trazer ganhos em produtividade.
A integração Lavoura-Pecuária-Floresta está prevista nas políticas públicas brasileiras, como o Plano ABC e o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). Além disso, o país se comprometeu com uma meta de implementar 5 milhões de hectares de iLPF em todo o país até 2030.
Segundo a Rede iLPF, há no Brasil cerca de 17 milhões de hectares com produção em sistemas integrados. A maior parte (em torno de 80%) integra lavoura e pecuária, sem introduzir árvores no sistema. A parte que integra o componente florestal utiliza predominantemente o eucalipto, pelo seu rápido crescimento e outros fatores que facilitam a implantação pelo produtor. A Rede projeta uma meta de atingir 35 milhões de hectares com o sistema iLPF até 2030, mostrando que há ainda uma grande oportunidade para restaurar e integrar florestas nas produções agropecuárias.
Com a grande biodiversidade e o potencial agrícola que o Brasil tem, é possível aproveitar esta oportunidade com ainda maiores ganhos ecológicos e, inclusive, econômicos, ao se utilizar espécies florestais nativas nos sistemas iLPF. O WRI Brasil levantou mais de 50 fazendas que utilizam diversas espécies nativas em sistemas iLPF.
Um caso piloto de como as árvores podem impulsionar a pecuária é o caso bem-sucedido de Vila Velha (ES), com a experiência de Jurandir Melado na Fazenda Ecológica. A fazenda faz o manejo de pastagens ecológicas utilizando o Sistema Voisin Silvipastoril, técnica adaptada por Jurandir a partir do método Voisin, que possibilita o equilíbrio entre solo, pasto e gado, aliado à introdução de árvores para conforto térmico dos animais. A experiência tem apoio do projeto Renovando Paisagem, que em uma de suas frentes de ação implementa unidades demonstrativas utilizando técnicas de produção sustentável.
Outro projeto piloto de pecuária com árvores acontece em Teixeira de Freitas, na Bahia. O Ministério Público Estadual da Bahia, com apoio do WRI Brasil, desenvolve o projeto Pecuária Sustentável, que utiliza a mesma técnica para estimular a atividade pecuária a partir do manejo sustentável das pastagens. Ao permitir a rotatividade do gado em áreas delimitadas previamente, aliando o bem-estar dos animais ao descanso necessário do solo e do pasto, o projeto espera aumentar a produtividade dos produtores locais sem gerar danos ao meio ambiente. Segundo técnicos contratados pelo projeto, a expectativa é que o sistema Voisin Silvipastoril consiga aumentar em até 20% a produção de leite e aumentar em até quatro vezes os ganhos no gado de corte.
A pecuária bovina é uma atividade importante para a economia brasileira, e recuperar áreas de pastagens degradadas sem aumentar a pressão sobre os recursos naturais, por meio de alternativas como a iLPF, é a melhor estratégia para expandir o setor.
Segundo estudo da iniciativa Nova Economia para o Brasil, a recuperação de pastagens degradadas é peça-chave para uma retomada econômica verde. O estudo demonstrou que o esforço de recuperação custaria em torno de R$ 25 bilhões – apenas 10% do montante do Plano Safra – e, em dez anos, esse valor não apenas seria compensado como resultaria em um retorno de R$ 19 bilhões.
A recuperação de pastagens degradadas e a expansão da integração Lavoura, Pecuária e Floresta andam juntas. A pecuária bovina é uma atividade altamente produtiva em diversas regiões do Brasil, mas sistemas extensivos e de baixa tecnologia ainda fazem com que o setor não alcance todo o seu potencial de eficiência. Modelos que aliam a produção de alimentos saudáveis à criação de animais e ao cultivo de espécies arbóreas, como a iLPF, ajudam a promover essa mudança mantendo ou aumentando a produtividade, conciliando crescimento econômico e o cuidado com a natureza.
Fonte: WRI Brasil
O Brasil tem pela frente o grande desafio de restaurar florestas e paisagens, recuperando milhões de áreas degradadas e regenerando florestas. Essa restauração é crucial para cumprir com os compromissos climáticos e ajudar o país a fazer a transição para uma economia de baixo carbono.
Para que essa restauração florestal ganhe escala, é importante que ela gere oportunidades no campo para agricultores e agricultoras familiares, produtores e produtoras rurais, comunidades e empresas. Há formas de gerar melhorias ambientais e, ao mesmo tempo, criar oportunidades de trabalho e renda no campo. Em uma série de três artigos, o WRI Brasil mostra alguns desses modelos, identificando o importante papel que eles exercem dos pontos de vista ambiental, econômico e social. Neste primeiro texto, conheça mais sobre os Sistemas Agroflorestais, também conhecidos como SAFs ou agroflorestas.
Um sistema agroflorestal é uma forma de uso e ocupação do solo em que árvores são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras. Em outras palavras, é um sistema em que o produtor planta e cultiva árvores e produtos agrícolas em uma mesma área, garantindo a melhora de aspectos ambientais e a produção de alimentos e madeira.
Para ser um sistema agroflorestal efetivo, é importante que esse sistema seja desenhado seguindo uma lógica de produção, levando em consideração solo, clima, mercado, composição de espécies, arranjos, operação, objetivo com a produção, custos e a legislação. O objetivo é garantir que as espécies trabalhem juntas. Por exemplo, algumas espécies agrícolas já consolidadas, como cacau, café ou erva-mate, crescem bem na sombra de árvores. O produtor pode combinar esses plantios com árvores como araucárias, seringueiras, açaizeiros, entre outras.
Os benefícios econômicos para os produtores são múltiplos. Primeiro, eles garantem renda ao longo do tempo, porque podem comercializar primeiro as espécies agrícolas de crescimento rápido, depois espécies de médio prazo, como as frutíferas e, no longo prazo, as espécies madeireiras de alto valor agregado. As árvores plantadas no sistema também podem funcionar como uma “aposentadoria” para agricultores familiares – elas podem demorar décadas para crescer e serem comercializadas, mas quando chega a hora da colheita, proporcionam um bom retorno do investimento inicial.
As vantagens ambientais também são grandes. As árvores têm importante papel na redução da degradação, melhora da qualidade do solo e da água da propriedade, entre outros.
Pesquisas recentes mostram também que os Sistemas Agroflorestais podem exercer um importante papel na adaptação a eventos climáticos extremos. As alterações nos padrões do clima são uma ameaça à produção agrícola em todo o mundo. Estimativas indicam que as mudanças climáticas podem reduzir a produtividade global da agricultura em 17%. O IPCC identificou o plantio em sistemas agroflorestais como uma das medidas mais interessantes para a adaptação climática, tornando as propriedades rurais mais resilientes e resistentes a pragas, secas e inundações.
Os sistemas agroflorestais já são uma realidade no Brasil. Há milhares de iniciativas de agricultores familiares produzindo e restaurando ao mesmo tempo no país todo. Na Amazônia, por exemplo, a Aliança pela Restauração da Amazônia identificou mais de 1.600 iniciativas de restauração por meio de SAFs no bioma. Na Mata Atlântica, o podcast Tom da Mata, do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, teve um episódio exclusivo sobre as agroflorestas. E movimentos sociais também apostam nos SAFs: o MST, por exemplo, colocou as agroflorestas como elemento-chave de seu plano de plantar 1 milhão de árvores.
A série As Caras da Restauração, do WRI Brasil, contou algumas histórias de pessoas que estão fazendo a restauração acontecer – muitas delas se utilizando dos modelos de sistemas agroflorestais. Em Juruti, no Pará, a mandioca, principal fonte de renda, é cultivada junto com árvores em um sistema integrado. A família Soares é uma das que mudaram sua relação com a terra e hoje colhem os frutos do cultivo utilizando SAFs. A família substituiu as práticas de monocultura e o uso do fogo para limpar a terra pelo consórcio entre diferentes espécies. Com isso, deixaram de depender apenas da mandioca. A família está gerando renda com a venda de frutas, óleos, essências e outros produtos agrícolas que oferecem mais segurança alimentar, renda e resiliência.
Outra história de sucesso é a de Patrick Assumpção. Em Pindamonhangaba (SP), Patrick comanda a Fazenda Nova Coruputuba, onde testou diferentes modelos de sistemas agroflorestais. Os testes combinaram o plantio de madeira nativa com leguminosas; madeira, leguminosas e frutas; ou, ainda, o plantio de plantas com valores culturais ou tradicionais. Os resultados indicam quais modelos tiveram melhor desempenho na região, e podem ser adaptados e espalhados por todo o Vale do Paraíba, desencadeando um movimento pela restauração.
Muitas iniciativas já mostram que SAFs são um bom negócio tanto para os produtores quanto para o meio ambiente. Mas como impulsionar esse modelo para que ganhe escala e se espalhe pelo país? O primeiro passo é aprofundar conhecimentos sobre fatores como taxa de crescimento, produtividade e mercado, além de identificar bons modelos (de negócios e de plantio) para atrair investimentos. Empreendimentos que trazem inovação para o setor também são essenciais para implementar transformações com base nos conhecimentos aprofundados.
Em parceira com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o WRI Brasil criou a ferramenta de investimento VERENA, que permite analisar o retorno financeiro de modelos de reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais. Na mesma linha, a Metodologia de Avaliação de Oportunidades de Restauração (tradução da sigla em inglês ROAM) avalia os fatores da paisagem que podem favorecer a restauração e ajuda a engajar e articular os agentes e entender suas necessidades e desafios, identificando o quê, como e onde empreender esforços de restauração. A metodologia parte da análise de dados para indicar boas oportunidades, avaliando o custo-benefício e assinalando possíveis fontes de recursos públicos e privados.
Fonte: WRI Brasil
Caminhando de mãos dadas, nossos direitos à saúde e à alimentação têm sido atropelados pelos governos que deveriam promovê-los. Principalmente por meio dos intermináveis incentivos públicos a um sistema alimentar que comprovadamente envenena nossas terras e águas, gera desmatamento e promove injustiças sociais. Tudo isso enquanto joga nas prateleiras dos supermercados alimentos ultraprocessados e banhados de agrotóxicos.
Não é por acaso que os cientistas vêm alertando sobre o risco de surgirem novas pandemias como a da COVID-19, por conta dos desequilíbrios ecológicos gerados com grande contribuição de um modelo de agricultura baseada no lucro. E não é coincidência que as principais causas de morte hoje, no Brasil e no mundo, são doenças ligadas à alimentação: problemas cardíacos, câncer, diabetes e AVC geram gastos à saúde pública que chegam à casa dos trilhões de dólares globalmente.
Ancorado em um agronegócio que mira nos lucros altos e nas exportações de commodities (dá uma olhada neste vídeo com a atriz Alice Braga!), o atual modelo brasileiro de produção de alimentos adoece e mata. Seja pela boca, ou pela devastação que provoca ao meio ambiente e à nossa diversidade cultural.
Já faz algumas décadas e crescem cada vez mais as evidências e recomendações científicas confirmando o que povos tradicionais já defendem e praticam há milênios: para garantir a saúde e o bem viver de todas as pessoas, precisamos fortalecer os caminhos de transição para sistemas de produção, distribuição e consumo de alimentos que sejam aliados da natureza, não inimigos. Que sejam diversos, não homogêneos. Que sejam justos, não desiguais. E que sejam saudáveis, não tóxicos.
A boa notícia é que esse modelo já existe, e é colocado em prática em todos os cantos do Brasil, pelas mãos da agricultura familiar, camponesa, e dos povos tradicionais e originários. Com a bênção da ciência e dos saberes populares, esse modelo tem nome: AGROECOLOGIA.
Segue o fio que a gente te apresenta abaixo 4 contribuições fundamentais da agroecologia para fortalecer a saúde da população brasileira – e, quem sabe, do mundo todo.
O Brasil está encharcado de agrotóxicos: a cada ano, cerca de 500 mil toneladas de veneno são despejados em território nacional. Desde o início do governo Bolsonaro, mais de 1.228 novos produtos químicos foram autorizados no país. Estamos reféns de um modelo de produção agrícola quimicamente dependente.
Inúmeros trabalhos científicos associam o uso de agrotóxicos a problemas gastrointestinais, respiratórios, malformação congênita de fetos, câncer e inúmeras outras doenças. No Brasil, pelo menos 8 pessoas são intoxicadas a cada dia. Em 2017, o Ministério da Saúde fez um levantamento em 2.600 municípios brasileiros para detectar a presença de agrotóxicos na água distribuída à população: foram encontrados resíduos de veneno em 92% das cidades monitoradas.
Vivemos uma verdadeira ‘epidemia’ do veneno. E ela é insustentável no longo prazo. Não é por acaso que entre 2000 e 2014 o uso de agrotóxicos no Brasil deu um salto de 134%: quanto maior a devastação dos ambientes naturais, mais aditivos químicos são necessários para compensar esse desequilíbrio. E neste ciclo sem fim, os solos ficam cada vez mais pobres, assim como os alimentos que nascem ali.
Mas a agroecologia vem justamente romper com esse sistema que acaba com as terras e com a saúde da população. Afinal, ela tem como princípio a produção de alimentos em solo rico, vivo, saudável. Busca incansavelmente o equilíbrio ambiental, a justiça e a harmonia entre todos os seres visíveis e invisíveis. E é justamente esse equilíbrio fino da natureza que garante uma produção livre de agrotóxicos e aditivos químicos.
“Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio”. A dica da agrônoma Ana Primavesi é o ponto de partida da prática agroecológica. Enquanto o modelo atual de produção de alimentos precisa desmatar para produzir, a agroecologia depende de uma relação harmônica com a natureza para existir – não é à toa que ela carrega ECOLOGIA em seu nome, né?!
É por isso que os sistemas agroecológicos não esgotam os solos, não desperdiçam água e não contaminam o ambiente com venenos. Ninguém força a barra pro arroz e o feijão crescerem mais rápido, ou para mandioca ganhar mais peso: nesse grande organismo vivo, os ciclos naturais são respeitados, e é da cooperação mútua entre as plantas e demais seres vivos que nasce a proteção natural contra doenças e infestações de insetos, por exemplo. Ou seja: é da diversidade que nasce o equilíbrio.
Ali, quem comanda o expediente não é o lucro: é a natureza e a saúde das pessoas. Colocada em prática por milhões de agricultoras e agricultores familiares e povos tradicionais no país todo, a agroecologia tem um imenso potencial de transformar os sistemas agroalimentares e fortalecer os territórios, promovendo a saúde e melhorando as condições de vida de todo mundo.
Na história da humanidade, aprendemos a comer guiados pela cultura. E atravessamos gerações acumulando conhecimentos sobre o que devemos plantar e ingerir para estar com a saúde em dia. Mulheres, em especial, até hoje guardam saberes profundos sobre práticas de cuidado e saúde por meio da agricultura, da alimentação e do uso de plantas medicinais – que atire as primeiras rodelas de gengibre e limão quem nunca tomou aquele xarope ou aquela sopinha revitalizante da avó.
Mas de algumas décadas para cá, as corporações das indústrias farmacêutica e de alimentos nos afastaram desse conhecimento milenar do que é comida, do que nos alimenta e do que nos mantém saudáveis. O agronegócio padroniza e empobrece nossa dieta alimentar porque produz com os olhos voltados para o mercado, não para a saúde e as necessidades da população. A cada campo de monocultura semeado, os tratores vão apagando a diversidade de memórias, gostos, histórias, nutrientes e saberes que teimam em permaencer vivos em todas as regiões do Brasil.
Enquanto isso, a agroecologia vai reacendendo essas lamparinas de conhecimento e saúde por onde passa. Com as mulheres na linha de frente, o movimento agroecológico vem resgatando e tornando visível em todos os cantos do país os saberes e sabores tradicionais que costuram inovação, agricultura, comida, saúde e cuidados que vão além da alimentação. Seja rebrotando sementes esquecidas, espalhando as maravilhas das plantas medicinais ou fincando na terra alimentos que fazem parte da identidade brasileira.
A agroecologia existe para que as pessoas se alimentem bem e vivam com saúde (alô segurança e soberania alimentar e nutricional!). Já o agronegócio está no mundo com outros objetivos. Como o próprio nome já entrega, ele existe para fazer negócios e gerar lucro com as mercadorias agrícolas que produz.
Partindo daí fica mais fácil de entender porque metade da população brasileira adoece com os sintomas da fome enquanto o agronegócio comemora suas cifras bilionárias e seus novos recordes de produção e exportação. Fica mais evidente ainda quando a gente olha para os dados do IBGE e nota que as áreas plantadas de arroz e feijão no Brasil encolheram 53% e 37%, respectivamente, enquanto a soja – a rainha das exportações – expandiu 162% entre os anos 2000 e 2019.
A fome é uma escolha política. E para acabar com ela, precisamos de um modelo de produção que exista para alimentar pessoas, não empresas. Um modelo operado não por corporações, mas por milhões de famílias que valorizam a sociobiodiversidade local e fortalecem a economia solidária para produzir alimentos. Alimentos que vão alimentar outras famílias e a si mesmas.
Fonte: e-Cycle
Ao participar do REDESER, Auzileide aprendeu sobre cultivo sustentável e ressignificou a relação com o meio ambiente. Ela foi uma das agricultoras envolvidas na iniciativa de combate à desertificação realizada pela FAO e pelo MMA.
Enquanto caminha entre pés de mamão, banana e macaxeira, Auzileide Bezerra da Costa descreve com admiração as transformações ocorridas naquele lugar. O mamoeiro é alto e carregado de frutos. Nas hortas, as folhas verdes de couve, salsinha e alface de vários tipos e tamanhos se destacam em meio ao terreno rochoso do sertão cearense. Há 8 meses, a roça da dona Auzileide era outra. “O papaya era muda. A gente não tinha esses pés de coco, a bananeira era pequena”, conta.
“É gratificante ter em nosso dia a dia alimentos sem agrotóxicos. Tudo o que a gente produz é para o consumo da família. Eu nunca pensei em ver isso aqui na nossa área. Para mim, é um orgulho!”, comemora.
Próxima ao município de Crato, a propriedade de 3 mil m2 cultivada por Auzileide e sua família se tornou exemplo de agrofloresta ao integrar as ações do REDESER, projeto implementado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Ali, as atividades são realizadas com o apoio da Associação Cristã de Base (ACB). Financiada pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), a iniciativa visa o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental em áreas suscetíveis à desertificação em cinco estados da região Nordeste por meio da introdução de sistemas agroflorestais para a recuperação dessas zonas. A agrofloresta é uma prática de cultivo que ajuda a recompor a cobertura vegetal e restaurar a saúde do solo degradado, principalmente pelo desmatamento. Permite também que agricultoras e agricultores tenham garantia de segurança alimentar e nutricional, melhor produção e geração de renda.
Na plantação de dona Auzileide, tudo serve de adubo para a terra: espiga de milho, palha, sabugo, casca do feijão, da fava, de laranja, da banana, folhas e galhos. Já o capim não é mais arrancado, mas cortado para forrar o chão e oferecer uma cobertura que resfria o solo, facilita a retenção das águas da chuva durante os meses de estiagem e aumenta a disponibilidade de micronutrientes. Essa tecnologia é conhecida como roça perene.
“A gente trabalhava do jeito tradicional. Antes eu limpava o caminho com a enxada. Às vezes, quando era uma área maior, colocava fogo. Hoje em dia, não. Veio esse outro modo de a gente trabalhar e estamos trazendo a natureza de volta”, explica.
A mudança na forma de cultivar a terra também transformou a vida do filho de Auzileide. Henrique Costa aprendeu como limpar a área, realizar a poda, entendeu o que se deve ou não plantar e decidiu se tornar técnico do projeto. Agora, ele compartilha com agricultoras e agricultores rurais novos métodos de manejar o solo. “Ensinamos o passo-a-passo para quando a gente não estiver mais ali, a pessoa saiba plantar e multiplicar o que aprendeu”, conta.
Ao descrever as etapas para se implementar uma agrofloresta, Henrique relembra o início dos trabalhos na propriedade da família: “Aqui era um mato enorme. Foi feita uma limpeza geral. Viram que meu foco era hortaliça. Começaram por implementar os canteiros e a roça perene, que liberta o agricultor da enxada, ensina a usar somente o facão, e cada vez mais vai enriquecendo o solo com o capim”.
De lá para cá, ele e a família colheram “5 ou 6 ciclos” de coentro e alface. Cada ciclo leva em média entre 40 e 45 dias. Quando sobram hortaliças, conseguem oferecer para a vizinhança. Hoje, Auzileide planta pimenta dedo-de-moça e Henrique prepara um molho para vender e incrementar a renda.
Enquanto fala com orgulho do filho e da agrofloresta, Auzileide faz questão de afirmar que segue à risca todo o conhecimento adquirido. “Henrique dizia: ‘mãe, quando varrer o terreiro, junte as folhas e jogue onde a gente plantou. E assim estou fazendo. A gente coloca ali para refazer e fazer uma natureza melhor”, comemora.
O projeto REDESER: “Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil – Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade” é fruto de parceria entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), tem como objetivo interromper e reverter a desertificação em áreas críticas do semiárido nordestino por meio de ações para enfrentar as causas cada vez mais fortes da degradação do solo e da perda de biodiversidade na Caatinga. Realizada em 14 municípios dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Alagoas, a iniciativa busca promover a gestão sustentável dos recursos naturais, implementando localmente práticas que incentivam a conservação ambiental e uma agricultura resiliente ao clima.
A agroecologia é um pacotão do bem para a nossa saúde, meio ambiente e justiça social. Entenda por que você deve apoiar essa forma de produzir alimentos.
Falar sobre boa alimentação está em alta nos últimos anos, mas, para muitas pessoas, o termo “agroecologia” ainda soa como um palavrão. Fizemos este blog para você entender melhor sobre esse conceito e como sistemas alimentares ecológicos podem contribuir para o bem viver das pessoas e do planeta.
Nada melhor do que se alimentar com algo que faz bem não apenas para o nosso mundo interno (nosso corpo), como também para nosso mundo externo (o planeta). A Adriana Charoux, nossa estrategista sênior de Agricultura, Alimentação e Floresta, gosta de dizer que a agroecologia nutre a um só tempo as pessoas e a terra. Ela explica:
“Ainda que tenham diferenças entre si, os sistemas agrícolas de base ecológica colaboram para cuidar de nossa saúde e, ao mesmo tempo, têm enorme capacidade de aliviar os pesados impactos das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, além de contribuírem com a segurança alimentar e nutricional”.
Vantagens para a sua saúde:
Vantagens para o meio ambiente:
Para quem pode escolher o que comer, optar por alimentos saudáveis e sem veneno já é muito bom. Agora, se você também puder desviar da porta dos grandes supermercados para comprar diretamente de agricultores e agricultoras familiares, melhor ainda!
Vantagens de encurtar o caminho entre a roça e o seu prato:
Sobre isso, Adriana reforça: “Quando você elimina intermediários entre produtor e consumidor, é provável que gaste menos com alimentação de qualidade. Sem contar que, ao comer de forma saudável, diminui a chance de usar seu dinheiro com remédios de farmácia”.
Além disso, alimentos livres de agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas (os polêmicos transgênicos) significam mais autonomia para o agricultor familiar e produtos mais baratos para você, porque esses insumos externos e tóxicos encarecem a produção e deixam os produtores dependentes de empresas ligadas ao agronegócio.
A agricultura de base orgânica e agroecológica é totalmente capaz de alimentar as pessoas no Brasil e mundo afora. Mais do que isso, este tipo de produção é a forma mais segura e sustentável de produzir comida de verdade, saudável para as pessoas e para o meio ambiente no longo prazo.
“Infelizmente, a lógica da produção agrícola atual está concentrada em produzir e exportar commodities, e não em fornecer alimentos saudáveis. Por isso, essa transição precisa acontecer de forma imediata!”, alerta Adriana.
Argumentos em defesa da agroecologia:
Um exemplo de sucesso:
Hoje, o Brasil é o maior produtor de arroz agroecológico da América Latina. Grande parte dessa produção é garantida pelas mãos de 363 famílias assentadas do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), em áreas de reforma agrária distribuídas em 13 municípios do Rio Grande do Sul. Na safra de 2018/2019, a área plantada foi de 3.433 hectares (o equivalente a mais de 4.800 campos de futebol), divididos em 15 assentamentos. A estimativa de colheita foi de cerca de 16 mil toneladas de arroz!
O que parece mágica não aconteceu da noite para o dia. A produção de arroz nos assentamentos começou de forma convencional, há 20 anos. De acordo com Emerson Giacomelli, um dos produtores de arroz da região, motivos bem sérios levaram os camponeses à transição para a agroecologia: “a profunda crise econômica do setor, o surgimento de inúmeros problemas de saúde, a poluição nos assentamentos, o manejo inadequado de recursos naturais devido ao uso abusivo de agrotóxicos e a busca de autonomia no plantio, beneficiamento e comercialização”.
Agroecologia é sinônimo de diversidade
O Brasil é super reconhecido por suas comidas típicas, pelas tradições alimentares com sabores tão particulares e variados, de acordo com a região do país. Em tempos de mudanças climáticas e em que a agricultura industrial vem ditando os sistemas alimentares, essa mistura e variedade têm se perdido. Ou, pelo menos, não está presente nos supermercados. Temos milhares de espécies conhecidas, documentadas, centenas delas comestíveis, mas nossa dieta do dia a dia tem ficado cada vez mais empobrecida.
Na produção familiar, especialmente a de base agroecológica, seja qual for a técnica utilizada, o que reina são sistemas que se beneficiam da biodiversidade, do manejo combinado de alimentos e cultivo de floresta.
Vantagens da diversidade na produção de alimentos:
A diversificação também é chave para garantir a sobrevivência de quem produz. Se um alimento não estiver em sua época de colheita ou não tiver valor interessante, o produtor poderá ofertar outros, ao longo das diferentes estações.
A agricultura de base ecológica é o único caminho possível para uma recuperação econômica que garanta também justiça social e ambiental. Quando incentivamos a transição da agricultura convencional para a agricultura ecológica, estimulamos uma economia baseada na diversidade — biológica e de saberes.
Vantagens da agricultura com a floresta em pé:
Fonte: Greenpeace
Agroecologia é uma forma de agricultura sustentável que agrega conhecimentos científicos e tradicionais.
A agroecologia surgiu em 1934 como um conceito desenvolvido pelo pesquisador Howard. No entanto, a partir de 1950, o termo “agroecologia” foi adotado pelo pesquisador Lysenko e passou a ser ensinado em cursos de agronomia até 1964. Nessa época, após o acordo MEC-Usaid, o termo foi removido do ensino.
Entre as décadas de 1960 e 1980, surgiu um movimento em busca de práticas agrícolas sustentáveis. Nesse período, o termo “agroecologia” começou a ser usado para descrever uma abordagem agrícola que leva em consideração aspectos sociais, culturais, éticos e ambientais na utilização dos recursos naturais. Essa abordagem estava presente na agronomia antes do acordo MEC-Usaid, conforme explicado por Carlos Pinheiro Machado em seu livro “Dialética da Agroecologia”.
Além disso, a agroecologia busca soluções para os problemas provocados pela monocultura, que prejudica tanto a biodiversidade quanto a sociedade. Ela se apresenta como uma ferramenta importante para o desenvolvimento sustentável.
Os métodos utilizados na agroecologia envolvem a adoção da agricultura orgânica e o uso de tecnologias sustentáveis, resultando em menos impactos ambientais prejudiciais.
A agroecologia é uma abordagem necessária para lidar com os problemas ambientais, sociais e políticos decorrentes do atual modelo econômico. Ela propõe uma revisão dos métodos convencionais de agricultura em larga escala.
De acordo com pesquisas citadas no livro “Dialética da Agroecologia“, a produção agroecológica tem capacidade para produzir cerca de 6% a 10% a mais do que o agronegócio, sendo mais limpa e barata.
Entretanto, mesmo sendo mais produtiva, a agroecologia refere-se ao estudo da agricultura a partir de uma perspectiva ecológica, tendo como objetivo não só maximizar a produção, mas otimizar o agroecossistema total — incluindo seus componentes socioculturais, econômicos, técnicos e ecológicos.
Em outras palavras, um sistema agrícola pautado pela agroecologia é o principal objetivo da agricultura sustentável, sobretudo para o desenvolvimento rural com a produção de alimentos saudáveis e a melhoria da qualidade de vida.
Em outras palavras, um sistema agrícola pautado pela agroecologia é o principal objetivo da agricultura sustentável, sobretudo para o desenvolvimento rural com a produção de alimentos saudáveis e a melhoria da qualidade de vida.
O termo “agroecologia” abrange diferentes perspectivas, indo além de uma simples disciplina científica ou prática agrícola, abrangendo também um movimento social e político. A essência da agroecologia reside na integração e sinergia entre conhecimentos científicos e tradicionais.
É uma ecologia dos saberes que reúne diferentes fontes de conhecimento, incluindo o saber popular e tradicional transmitido ao longo de gerações por agricultores familiares, comunidades indígenas e camponesas.
Assim, a agroecologia é uma prática da agricultura que se fundamenta na sistematização e consolidação desses saberes, que podem ser tanto empíricos e tradicionais quanto embasados em evidências científicas. O objetivo é promover uma agricultura que seja ambientalmente sustentável, economicamente eficiente e socialmente justa.
A agroecologia busca aliar o respeito aos processos naturais, a preservação da biodiversidade, o uso responsável dos recursos naturais e a valorização das comunidades rurais, garantindo sua autonomia e segurança alimentar.
Ao reunir a ciência e o conhecimento tradicional, a agroecologia proporciona uma abordagem holística que considera a interação entre os sistemas agrícolas e o meio ambiente, bem como os aspectos sociais, culturais e econômicos envolvidos na produção de alimentos. Essa integração de saberes permite o desenvolvimento de práticas sustentáveis, que buscam equilibrar as necessidades humanas com a preservação dos ecossistemas e a promoção da justiça social no campo.
A proposta da agroecologia faz contraposição a produção centrada na monocultura, na dependência de insumos químicos e na alta mecanização da agricultura, além da concentração da propriedade de terras produtivas, a exploração do trabalhador rural e o consumo não local da produção.
A homogeneização das paisagens de cultivo gerada pela prática da monocultura colocou em risco a biodiversidade, gerando uma crise não somente na diversidade biológica, mas também, e como consequência dessa, no próprio desenvolvimento da sociedade.
Enquanto a agricultura industrial tem, cada vez mais, limitado a diversidade de espécies alimentares disponíveis, a produção agroecológica conta com sistemas que se beneficiam da biodiversidade, do manejo combinado de alimentos e cultivo de floresta.
A diversidade biológica causa impacto social, econômico e ambiental positivos. A prática da agroecologia aumenta a disponibilidade de nutrientes no solo, tornando a alimentação também mais nutritiva; além de auxiliar na manutenção dos ciclos biológicos, uma vez que viabiliza culturas de diferentes de espécies de plantas.
A agroecologia ainda fortalece a soberania e a segurança alimentar, já que, enquanto alguma variedade de alimento estiver em risco, outras podem se manter resistentes e sobreviver. Outro benefício é a valorização de alimentos nativos de cada região, o que possibilita a competitividade econômica para o país em questão, não se limitando à exportação de commodities, como soja, milho e algodão.
A agroecologia fornece diversas vantagens para a saúde e o meio ambiente. Ela vê a natureza como aliada, respeitando os processos naturais do ecossistema e dependendo menos de combustíveis fósseis. Além de oferecer uma variedade de nutrientes, há menos exposição a agrotóxicos e outros produtos químicos nocivos e utilizados na agricultura convencional.
Isso porque na agroecologia e produção orgânica, o controle de pragas é feito por técnicas adaptadas às condições locais. Ademais, não são necessários fertilizantes tóxicos, pois é feita a adubação verde do solo.
A segurança alimentar também é impactada pela agroecologia. A agricultura de produção orgânica e agroecológica é capaz de alimentar as pessoas no Brasil e no mundo de forma saudável, sustentável e segura. A maior produção agroecológica no País, por exemplo, produz cerca de 70% da comida dos brasileiros. Entretanto, há carência de um plano governamental que envolva um sistema de produção, distribuição, comercialização e consumo desses alimentos, funcionando de forma justa para garantir alimentação adequada para toda a população.
As técnicas de monocultura são amplamente adotadas, mas é necessário realizar a transição agroecológica em solos degradados pela agricultura convencional.
No entanto, para que a agroecologia, no Brasil e no mundo, se estabeleça como prática convencional de manejo do solo, são necessários fatores como conscientização pública, organização, mercados e infraestrutura. É essencial promover a conscientização sobre os benefícios da agroecologia, fomentar a organização de produtores e criar mercados viáveis para produtos agroecológicos. Além disso, investimentos em infraestrutura adequada, como armazenamento e transporte, são fundamentais para apoiar essa abordagem sustentável.
A pesquisa e a extensão rural também desempenham um papel crucial na geração de conhecimento e no suporte aos agricultores durante a transição agroecológica. Garantir uma distribuição justa de recursos, tanto financeiros quanto técnicos, é necessário para que todos tenham acesso igualitário às práticas agroecológicas.
Por fim, a iniciativa política desempenha um papel fundamental ao estabelecer políticas e regulamentações que promovam a agroecologia e incentivem a transição sustentável da agricultura convencional. Abordar esses desafios possibilitará impulsionar a agroecologia como um modelo de manejo do solo amplamente adotado e benéfico tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade.
Fonte: e-Cycle
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma abordagem sustentável para o controle de pragas na agricultura. Essa estratégia busca minimizar os danos causados por pragas de forma ambientalmente responsável, promovendo o equilíbrio dos ecossistemas agrícolas.
O MIP começa com um monitoramento preciso sobre as pragas. Isso envolve a observação regular das pragas para determinar possíveis riscos.
Com base nas informações coletadas neste monitoramento, os agricultores podem tomar decisões assertivas.
O MIP faz o uso de predadores naturais às pragas, ou seja, insetos que se alimentam de pragas.
Além disso, outras medidas são a rotação de culturas e o uso de espécies resistentes a pragas.
O MIP utiliza barreiras físicas, como redes de proteção, para evitar a infestação de pragas.
Quando necessário, são usados produtos naturais, como óleos essenciais, extratos de plantas e feromônios para controlar pragas.
É importante ressaltar que o MIP não faz uso de produtos químicos para conter pragas.
As condições climáticas influenciam diretamente na presença de pragas. Os agricultores podem monitorar a temperatura e umidade para prever picos de pragas e tomar medidas preventivas.
Também é possível observar alguns sinais de pragas, como folhas danificadas, frutas roídas ou galhos murchos.
Também é preciso monitorar as quantidades de predadores naturais a pragas. O aumento da presença de inimigos pode ajudar a controlar as pragas.
Muitas espécies de insetos se alimentam de pragas, e a inserção desses insetos na área da agricultura pode evitar o uso de insumos químicos. Por exemplo, as joaninhas são predadoras naturais de pulgões.
Em alguns casos, inimigos naturais podem ser criados em laboratório e liberados em áreas afetadas por pragas. Isso é conhecido como liberação de inimigos naturais e é uma estratégia eficaz para o controle de pragas em cultivos.
Algumas plantas são mais naturalmente resistentes a pragas e isso pode evitar a necessidade do controle.
A rotação de culturas é uma prática agrícola que envolve o cultivo de diferentes plantas em diferentes temporadas. Isso pode ajudar a interromper o ciclo de vida de pragas e reduzir sua presença.
Práticas de preparo do solo, como aração e gradagem, podem enterrar pragas de solo e interromper seu ciclo de vida. Isso é particularmente eficaz para pragas que passam parte de seu ciclo de vida no solo.
Algumas plantas, devido ao seu cheiro ou substâncias liberadas, têm a capacidade de afastar pragas. Por exemplo, o alho e a cebola são plantas conhecidas por suas propriedades repelentes. O odor ou as substâncias químicas liberadas por essas plantas podem afastar insetos prejudiciais, como pulgões e ácaros.
Algumas plantas repelentes também atraem inimigos naturais das pragas, como joaninhas e vespas parasitóides.
A instalação de barreiras físicas é uma técnica eficaz. Isso pode incluir o uso de telas, redes ou mantas que cobrem as plantas para evitar a entrada de pragas.
A limpeza e remoção de resíduos agrícolas também são essenciais para eliminar possíveis abrigos e fontes de alimento para pragas.
Em situações de infestação localizada, a eliminação manual de pragas, como a coleta de insetos à mão, pode ser uma técnica eficaz e sustentável.
Muitas pragas se desenvolvem em ambientes de muita umidade. Técnicas de irrigação como gotejamento podem reduzir a umidade e afastar pragas.
Muitas plantas contêm compostos que têm propriedades inseticidas naturais. Extratos de plantas como neem, piretro e sabugueiro são usados para criar produtos que combatem pragas de forma eficaz.
Extratos de alho e cebola são utilizados para repelir pragas.
Algumas espécies de plantas são naturalmente resistentes a pragas.
A hibridização envolve o cruzamento controlado de duas variedades de plantas diferentes para criar descendentes com características desejadas, como resistência a pragas. Esse processo permite combinar características de diferentes variedades para criar plantas mais resistentes.
Algumas espécies de pragas podem desenvolver resistência a plantas que até então eram naturalmente resistentes a pragas, o que pode gerar a necessidade de adaptação.
Agricultores e profissionais agrícolas precisam ser treinados em como plantar, cuidar e manter as variedades resistentes. A má gestão pode prejudicar a eficácia da resistência.
A educação dos agricultores ajuda a tomada de decisões assertivas. Eles aprendem a avaliar a gravidade do ataque de pragas e a escolher métodos de intervenção apropriados.
Os agricultores são treinados para adotar práticas preventivas, como rotação de culturas, seleção de variedades resistentes e otimização de condições de cultivo que reduzam o risco de infestação por pragas.
O MIP resulta em economia de dinheiro para os agricultores, pois reduz a necessidade de insumos químicos caros.
A gestão eficaz de pragas pode levar a colheitas mais abundantes e ao aumento da produtividade agrícola.
Em todo o mundo, consumidores estão buscando alimentos cultivados de forma sustentável. Isso representa um maior mercado para esses agricultores.
O MIP é um sistema complexo que envolve muitos fatores, como identificação de pragas, monitoramento, tomada de decisão e implementação de várias estratégias de controle. Isso pode ser desafiador para os agricultores e requer treinamento adequado.
A eficácia do MIP depende de um monitoramento constante das pragas e de seus inimigos naturais. Isso pode ser intensivo em termos de tempo e recursos.
A implementação do MIP pode exigir custos iniciais, como treinamento, equipamento de monitoramento e educação dos agricultores. Esses custos podem ser vistos como uma barreira.
As condições climáticas podem atrapalhar o MIP. Secas e chuvas intensas podem criar desafios adicionais.
Fonte: Blog Ciclo Orgânico
Começou a primavera! E, por aqui, a primavera vem com muito trabalho. É hora de por a mão na massa — ou melhor, na terra — e suar a camisa com muitos plantios. O objetivo é abrir duas novas áreas de SAF (a terceira e a quarta área de agrofloresta aqui de casa).
Esse é o vídeo desse plantio:
A minha área de Agrofloresta não tem irrigação. Por isso, o início da primavera é tão importante. Aqui no Sudeste é quando as chuvas se tornam mais regulares e é possível fazer alguns plantios anuais de “safra”.
Normalmente, costumamos chamar esse tipo de plantio de “roça”. Ele se diferencia de um plantio de horta pois o foco é em espécies mais resistentes, de ciclo um pouco mais longo, e não em hortaliças — que são mais frágeis e de ciclo curto.
Para o plantio de roça entram várias espécies como, por exemplo, a mandioca, milho, feijão, inhame, batata doce, soja, girassol, cana-de-açucar, entre outras. Mas, como aqui é agrofloresta, as árvores entram na jogada também.
Agrofloresta não tem receita, mas tem algumas dicas que podem ajudar, e a ideia aqui é dividir um pouco dos meus desafios e objetivos nessa área.
Para começar, um dos meus focos esse ano é o feijão. Ano passado, plantei bastante feijão e foi um sucesso. Garantimos nossa alimentação de feijão por uns 6 meses. Esse ano quero plantar feijão pro ano inteiro.
Outro foco nesse plantio é estabelecer árvores frutíferas, e estou investindo em cítricas e macadâmia. A escolha dessas duas tem dois motivos principais: um é eu pessoalmente gostar dos frutos; o outro é por que já temos pés no sítio que se adaptaram bem a região e produzem bem.
Então, nessa área, o plantio foi organizado da seguinte forma:
Canteiros de 80 cm intercalando as culturas e, a cada 3 canteiros, uma linha de árvore.
O plano era esse:
O plantio ficou assim:
E assim por diante.
Outra linha que também vai entrar é batata doce sozinha, em um canteiro.
A Linha 4 e 5 são novos testes. Nunca plantei essas variedades dessa forma e quero ver como se adaptam nesse sistema.
As minhas linhas de árvore foram desenhadas assim:
Houve algumas mudanças na hora do plantio, principalmente porque eu não tinha as mudas de eucalipto e cedro australiano que queria colocar. Então, para as emergentes usei: Gonçalo Alves, Jequitiba, Figueira e Araucária. O Eucalipto funciona bem no sistema Agroflorestal porque ele cresce rápido, sombreando rapidamente as mudas de estratos mais baixos. E fornece muita matéria orgânica. Mas é preciso podas constantes.
Na linha de árvore vão duas linhas de feijão na lateral, que são super importantes para ocupar o solo. Nesse primeiro momento, entre as mudas, coloquei milho, feijão guandu e crotálaria. Outra opção aqui seria o inhame.
Agora é ver brotar e esperar a colheita.
Três semanas depois do plantio, o feijão já brotou e as árvores estão bem.
Quer ver o como estruturei os canteiros do SAF2?
Bora plantar!
Fonte: Quintal Florestal
Já estava passando da hora de podar os eucaliptos. Nas duas áreas iniciais de agrofloresta, SAF1 e SAF2, temos diversos eucaliptos — tanto para matéria orgânica, quanto para madeira.
Na área 1, havíamos podado a cabeça dos eucaliptos no meio do ano passado, com uma altura média de uns 5 metros.
Na área 2, alguns eucaliptos já estavam passando de 7 metros e optamos por cortar mais alto, perto de 6 metros.
Na roça, uma das dificuldades é medir. Mas fizemos umas boas estimativas.
Essa poda é muito importante para aumentar a entrada de luz, regenerar o ambiente e liberar matéria orgânica.
Nosso foco nesta área não é necessariamente o eucalipto, mas ele está ali para contribuir com o sistema.
Nas linhas de árvore, temos também diversos pés de açafrão e, nessa época — outono/inverno — é hora de começar a colheita.
Um indicador do ponto de colheita do açafrão é quando as folhas ficam amarelas e secam.
Os rizomas são um santo remédio, antibiótico e antiinflamatório. Vamos cortar em tiras e colocar para secar no desidratador. Depois, ele passa no processador para virar pó.
Com o açafrão em pó, costumamos fazer o melhor remédio para gripe: uma colher de chá de açafrão, meia colher de pimenta do reino e uma colher de mel. Mistura-se e toma-se aos primeiro sintomas.
A pimenta do reino melhora a absorção das propriedades do açafrão, o mel ajuda a ficar mais fácil de comer e dá seu toque com suas propriedades.
Fonte: Quintal Florestal